Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

Programas de Aprendizagem 25 de junho de 2008

A Germinal Consultoria acumulou uma experiência consistente no desenvolvimento de Programas de Aprendizagem.

A Aprendizagem é uma modalidade de educação profissional. É caracterizada por combinar situações de aprendizagem que ocorrem na empresa e em ambientes especificamente destinados à educação, simultânea ou alternadamente. Destina-se aos jovens com vínculo empregatício caracterizado pelo contrato de aprendizagem, previsto em lei.

“Contrato de aprendizagem é o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de quatorze anos e menor de 18 anos, inscrito em programa de aprendizagem, formação técnico-profissional metódica, compatível com seu desenvolvimento físico, moral e psicológico, e o aprendiz, a executar com zelo e diligência, as tarefas necessárias a essa formação”(1). Posteriormente, o limite de idade para o contrato de aprendizagem foi ampliado para 24 anos(2).

A lei também determina que a validade do contrato de aprendizagem exige a  inscrição em programa de aprendizagem, desenvolvido sob orientação de entidade qualificada em formação técnico-profissional metódica. Desenvolver uma aprendizagem metódica é a principal razão para se desenhar um Programa de Aprendizagem em qualquer ramo de atividade.

Programa Jovem Aprendiz Rural

O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional de São Paulo (SENAR/SP), como entidade qualificada na formação técnico-profissional metódica, colocou à disposição das empresas de sua base de contribuição, desde 2006, um projeto educacional que possibilita o atendimento das determinações legais.

O Programa “Jovem Aprendiz Rural” foi integralmente desenvolvido pela Germinal, com supervisão dos técnicos do SENAR, entre 2004 e 2006. A primeira implementação aconteceu em 2006, em cinco cidades do Estado de São Paulo (Batatais, Jundiai, Itapetininga, Botucatu, Santa Fé do Sul, São Manuel,  Ribeirão Bonito). Houve a ampliação, em 2007, para mais trinta e oito cidades do Estado, totalizando um atendimento de mil jovens. A partir de 2008, previa-se o atendimento a cerca de 100 cidades no Estado de São Paulo e para mais de 3.000 jovens entre 14 e 17 anos de idade.

Referências na internet

 Na internet existem, entre muitas outras, as seguintes referências sobre o Programa:

1. “Por se tratar de uma parceria, a prefeitura de Batatais, com o empenho do prefeito José Luis Romagnoli, disponibilizou o espaço e os materiais necessários para dar viabilidade ao projeto. O Sindicato Rural e o Senar oferecem pessoal capacitado e o material didático. “A implantação desse curso é mais um sonho que se torna realidade”, destacou o prefeito Zé Luis.” Matéria no site da Prefeitura de Batatais(SP) informando sobre a início da primeira Turma do Programa Jovem Aprendiz Rural na cidade, em 2006.

 2. “Em 2007 participam 35 alunos, com um total de 600 horas de curso e 150 dias letivos. São alunos da EMEF Sebastião de Camargo Pires, EMEF Basílio Consoline, EMEF Profª Mara Cabral Simões Alegre e EMEF Profª Vera Lúcia Carride Palma.” Informação publicada no site da Secretaria de Educação da Prefeitura Municapal de Itatiba (SP).

3.”Preparar o futuro homem do campo, e colocá-lo em contato com o uso de novas tecnologias e métodos de trabalho. Estes são os objetivos do Programa Jovem Aprendiz Rural , fruto da parceria entre a escola José Inocência Moreira , em Bernardino de Campos, na região de Ourinhos, e o Sindicato Rural de Bernardino de Campos (SRBC). Matéria publicada, em 2007, no site da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo.

4. “O Sindicato Rural de São Manuel e o SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem rural) com parceria das Prefeituras de São Manuel e Pratânia informam aos interessados que estão abertas as inscrições  para o Programa jovem Aprendiz Rural, sendo uma turma em São Manuel e outra em Pratânia”. Notícia no site da Prefeitura de Pratânia (SP), em 2008, mostrando um pouco da forma como o Programa se expande.

5. “A grande novidade para este ano, porém, é o lançamento do Programa Jovem Aprendiz, que está previsto para começar em março nas cidades de Agudos e Presidente Alves. “Como este é o primeiro ano do programa na região, começaremos aos poucos”, explica o presidente do sindicato, Maurício Lima Verde, adiantando que, para os próximos anos há a intenção de implementar a iniciativa em outras cidades, inclusive Bauru”. Notícia de 2008, no Jornal Cidade de Baurú.

Laboratório de informática da Associação Anália Franco que será usado pelo “Jovem Aprendiz Rural” – Sorocaba (SP)

6. “Numa cerimônia realizada na tarde do último sábado, 1º de dezembro, a Associação Anália Franco celebrou, em Itapetininga, seus 106 anos de fundação. Na ocasião, a entidade apresentou aos pais, convidados e autoridades presentes os trabalhos que as crianças atendidas produziram ao longo do ano, os vencedores do Ateliê de Fotografia (concurso fotográfico) e o Laboratório de Informática, que também será utilizado pelos participantes do Programa “Jovem Aprendiz Rural”. Notícia publicada no Diário de Sorocaba (SP), em 2008.

7. “Esta é uma grande oportunidade de capacitação profissional dos jovens, já que os alunos terão à disposição: instrutores especializados, material didático, alimentação, transporte, ferramentas e insumos para as práticas, tudo gratuitamente. Os assuntos abordados serão: agricultura, pecuária e gestão, além de enfatizarem as cadeias produtivas do agronegócios local, como olericultura, cafeicultura, plasticultura, bovinocultura de leite, caprinocultura e ovinocultura. O curso será ministrado na Escola Municipal Agroflora, no Bairro da Bocaina, com aulas diárias, de segunda a sexta, com carga horária de 04 horas, num total de 600 horas, iniciando em março e finalizando em novembro.” Anúncio publicado em 2008, no site da Prefeitura Municipal de Bragança Paulista (SP).

8. “Na “área experimental” aprende-se a lidar com a terra, a plantar e a montar os canteiros, com a ajuda de professores e alunos que já tinham um pouco de conhecimento. No decorrer desse curso, estamos aprendendo a dividir o trabalho em grupo, com cada um fazendo a sua parte e tendo em cada grupo um lider para ajudar no que sabe e aprender com os outros. O lider tem que ser uma pessoa muito correta e tem que saber lidar com seus companheiros. Quem aprende não esquece…”

O texto anterior é do blog da turma de 2007 da cidade de Itu (SP). Cada grupo cria um ou mais blogs como parte das experiências de aprendizagem da Oficina de Informática. Além desse, apresentado como exemplo, na internet é possível rastrear muitos blogs do “Jovem Aprendiz Rural”. Ver, como outro exemplo, o de Catanduva: http://jovemaprendizruralcatanduva.spaceblog.com.br/

Amostras de Trabalho do Jovem Aprendiz Rural

Em outros posts pubicamos excertos do Programa de Aprendizagem “Jovem Aprendiz Rural”. Os excetos devem ser encarados como amostras do trabalho que pode ser desenvolvido pela Germinal. O Programa é composto por cinco projetos (Projeto de Vida, Projeto de Ação Comunitária, Projeto profissional, Projeto de Empreendimento Agrícola e, ainda, um grande projeto articulador denominado Tornar uma Área Produtiva de Forma Sustentável),  que articulam oficinas, relacionadas com as cinco dimensões educativas do Programa: ser pessoa; ser cidadão; ser profissional; ser empreendedor e ser profissional da agricultura e e ser profissional da pecuária.

Para todos os projetos e oficinas foram desenvolvidos Manuais do docente e Cartilhas do aprendiz. Os manuais e cartilhas trazem uma sugestão de desenvolvimento, passo-a-passo, do Programa. Os links a seguir dão acesso a pequenos recortes do complexo trabalho que foi desenvolvido.

  • AMOSTRA I: Porgama Jovem Aprendiz Rural (Competências, Objetivos, Perfil Profissional e Estrutura Curricular
  • AMOSTRA II: Oficina Aprender a Aprender
  • AMOSTRA III: Oficina de Trabalho em Equipe
  • AMOSTRA IV: Projeto Articulador
  • AMOSTRA V: Oficina de Recuperação de Áreas Degradadas
  • AMOSTRA VI: Oficina de Comunicação Oral e Escrita
 

PROGRAMA “JOVEM APRENDIZ RURAL”

Brighton student art - Passing the time

Brighton student art - Passing the time

 

 

 

O material apresentado neste post refere-se à estrutura, competências, objetivos e perfil profissional do Programa Jovem Aprendiz Rural.  O Programa foi totalmente desenvolvido pela Germinal Consultoria para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), Adminstração Regional do Estado de São Paulo. 

 

O que está adainte publicado são partes selecionadas do Plano de Curso que foi desenvolvido com a supervisão de técnicos do SENAR. O material apresentado a seguir foi editado de forma diferente da versão original.  O excerto deve ser encarado como uma amostra do trabalho que pode ser desenvolvido pela Germinal Consultoria.

 

 

Introdução

Para a elaboração do Plano de Curso do “Jovem Aprendiz Rural”, por tratar-se de educação profissional, buscou-se, inicialmente, a identificação das necessidades qualitativas e quantitativas do mercado de trabalho. As características do emprego rural não recomendavam centrar a capacitação em uma ou várias ocupações específicas, desenvolvidas isoladamente. Para fazer a capacitação inicial de profissionais flexíveis, capazes de se moverem em um mercado de trabalho com características peculiares, uma abordagem mais generalista parecia mais recomendável. No entanto, o contrato de aprendizagem é cumprido em uma organização particular e referenciado em uma ocupação específica.

Antes do levantamento mais específico de necessidades era necessário superar essa contradição. Era preciso prover a necessidade de capacitação imediata, que exige uma abordagem referida à ocupação específica. Era preciso atender as necessidades mediatas dos adolescentes e da sociedade, que recomendam uma educação profissional mais ampla. Para dar conta de ambas as demandas, aproveitou-se as próprias características do contrato de aprendizagem, que divide a tarefa educacional entre a empresa e o organismo de aprendizagem. Na proposta desenvolvida, a empresa fica responsável pela formação específica, orientada pelo SENAR.

O Programa de Aprendizagem Rural do SENAR, criado pela Germinal, destina-se ao desenvolvimento das competências básicas necessárias a todo tipo de trabalho; das competências gerais, que são requeridas por todo trabalho na agricultura e na pecuária, mas não referenciadas em uma ocupação, uma cultura agrícola ou uma criação animal específica; e, por fim, das competências de empreendedorismo, requeridas para potencializar o já existente espírito empreendedor rural, seja para estimular mais inovações no interior das organizações já existentes, seja para incentivar o nascimento de novos empreendimentos que assegurem renda e subsistência à população jovem já capacitada.

 

 

Observação sobre características peculiares do mercado: Considerou-se que o mercado de trabalho agrícola não é concentrado em grandes propriedades. Quando o é, utiliza intensamente a mão de obra temporária. Na grande propriedade, a mecanização tende a poupar trabalho. No mercado de trabalho agrícola, a pequena propriedade e a agricultura familiar são muito importantes. Existe uma grande variedade de culturas e criações, cada uma delas exigindo uma capacitação específica. A agroindústria e os serviços rurais abrem um outro extenso leque de oportunidades ocupacionais. Grande parte (54%) da população que mora no campo não está trabalhando em ocupações rurais. Grande parte dos trabalhadores rurais mora na cidade.

 

 

O início

 

Wu Guanzhong - Waterway (1991)

Wu Guanzhong - Waterway (1991)

 
      
 

Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.

(Antonio Machado) 

  

O trabalho de análise para a elaboração do programa teve início com a identificação de todos os grupos ocupacionais, famílias ocupacionais e ocupações da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) que são específicas do Setor Primário da Economia. Também foram consideradas as ocupações para as quais o SENAR já desenvolve programações de educação profissional.

O uso da CBO, versão de 2002, apresentou uma vantagem. Ela já tem uma definição de competências por ocupação e por família ocupacional. A CBO define, além das competências técnicas ou específicas, também as competências pessoais que são desejáveis em cada família ocupacional. As famílias ocupacionais da CBO também abrangem os produtores rurais. Assim, ela pode ser suporte na definição tanto das competências básicas, através de uma síntese das competências pessoais. Pode suportar a definição das competências gerais para o trabalho rural, através da identificação das competências específicas que são comuns às várias famílias ocupacionais. Finalmente, a CBO pode dar base à definição das competências de empreendedorismo, a partir das competências mais comuns requeridas aos produtores rurais.

Para um ajuste ao mercado específico do Estado de São Paulo, foi feita, posteriormente, uma seleção das ocupações mais demandadas pelo setor rural do Estado de São Paulo. Na seleção dessas ocupações, utilizou-se as informações disponíveis sobre demandas de recursos humanos pelos diferentes segmentos da agricultura e da pecuária paulista. O Sensor Rural, parte de um amplo estudo da Fundação SEADE encomendado pelo MEC, foi a principal fonte de informações na realização dessa tarefa.

 

 

 As competências básicas

August Marcke - Landscape whit cows, sailing boat and figures

August Marcke - Landscape whit cows, sailing boat and figures

 

Na definição das competências básicas usou-se o conjunto total das competências pessoais exigidas em todas as famílias ocupacionais extraídas da CBO. Em relação a essas competências, relacionadas a todos os saberes (saber ser, saber fazer, saber conviver), considerou-se irrelevante o ajuste a um mercado regional. Mais que isso, procurou-se ampliar a perspectiva. Para tanto, foram feitas a checagem e comparação dessas competências com outras definições nacionais de competências requeridas para o trabalho.Foram consultadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica e as competências apontadas como essenciais para o trabalho em outros países, especialmente o estudo da The Secretary’s Commission on Achieving Necessary Skills (SCANS), da Secretaria do Trabalho do governo americano e as competências fundadoras do currículo da educação básica portuguesa.     

 

 

As competências gerais do trabalho rural 

Na definição das competências gerais para o trabalho rural, derivadas das competências técnicas ou específicas, foram tentadas duas alternativas. Na primeira, adotou-se o mesmo princípio adotado para as competências básicas: todas as ocupações e famílias ocupacionais da CBO foram utilizadas para a definição das competências técnicas mais comuns no conjunto das famílias e das ocupações.  Essas competências técnicas comuns deram origem a uma relação de competências gerais para o trabalho rural.

Em uma segunda alternativa, apenas as ocupações prioritárias identificadas a partir da análise do mercado de trabalho do Estado de São Paulo, foram utilizadas como referência para a extração das competências gerais para o trabalho rural.

Vincente Van Gogh - Field with popies

Vincente Van Gogh - Field with popies

Os resultados obtidos a partir das duas alternativas foram muito similares. Optou-se então por utilizar os resultados derivados do conjunto completo de ocupações e fazer a adaptação ao mercado regional no desenvolvimento do programa, especialmente na escolha das culturas e criações que servirão de base concreta para o desenvolvimento das competências gerais.

 

 

 

 

 

  O procedimento metodológico de definição de competências

Em síntese, foram os seguintes passos que levaram à definição das competências básicas, gerais e de gestão, que são a base do Programa de Aprendizagem do SENAR – Administração Regional de São Paulo:

  1. Seleção, na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) de todas as famílias ocupacionais relacionadas com o trabalho rural
  2. Transcrição das competências pessoais que a CBO aponta como necessárias, por grupo e família ocupacional.
  3. Síntese das competências pessoais requeridas, efetuada a partir da freqüência com que aparecem no conjunto das famílias ocupacionais relacionadas com a agricultura.
  4. Checagem e comparação dessas competências com outras definições nacionais de competências requeridas para o trabalho.
  5. Definição inicial das competências básicas para o trabalho para o Programa de Aprendizagem Rural.
  6. Registro das Grandes Áreas de Competência (GACs) de todas as famílias ocupacionais relacionadas ao trabalho rural, divididas pelos grupos ocupacionais usados pela CBO.
  7. Pesquisa de repetição dos verbos de ação contidos nas competências técnicas previstas em todas as famílias ocupacionais. Essa pesquisa permitiu constatar um conjunto de verbos e suas freqüências, que possibilitou uma primeira e geral definição de competências.
  8. Pesquisa de repetição dos verbos de ação das Grandes Áreas de Competência das ocupações consideradas prioritárias para o Programa de Aprendizagem Rural (Estado de São Paulo) e comparação com a repetição dos verbos de ação das GACs do conjunto total de famílias ocupacionais relacionadas com o trabalho agrícola.
  9. A comparação mostrou não haver uma diferença importante entre o conjunto das ocupações e as ocupações prioritárias, no que tange às definições das competências gerais necessárias para o trabalho agrícola.Assim, as competências do conjunto total de famílias ocupacionais foram utilizadas como uma base para a definição das competências gerais para o trabalho rural e para a definição das competências necessárias para o empreendedorismo rural.
  10. Discussões com os técnicos do SENAR – Administração Regional de São Paulo sobre as competências básicas, gerais e de gestão propostas.

Em relação às competências técnicas e às competências de empreendedorismo, resultou que, do conjunto das famílias e ocupações descritas pela CBO, priorizou-se as competências relacionadas ao desenvolvimento da agricultura e da pecuária polivalentes, tanto aquelas referentes aos Produtores quanto aos Trabalhadores. Tal opção resultou num quadro de competências gerais para o trabalho rural e para o empreendedorismo que permitirá ao aprendiz uma formação suficientemente ampla para ingressar em diferentes tipos de empresas rurais ou atuar como empreendedor em diferentes atividades. Isso implica em articular as atividades da empresa com as do SENAR, de forma que as necessidades de formação mais específicas sejam atendidas ou complementadas pelas próprias empresas contratantes ou mesmo por módulos mais específicos desenvolvidos pelo SENAR que sejam acrescentados a esta proposta mais geral. 

 

Objetivos do Programa de Aprendizagem Rural

 

Foto postad no blog Criancices

Foto postada no blog Criancices

O Programa de Aprendizagem Rural do SENAR/SP tem como objetivo fundamental: proporcionar ao jovem aprendiz a educação profissional básica e genérica necessária ao trabalho em todas as atividades produtivas do meio rural.

A concretização desse objetivo, tendo em vista as diretrizes já consideradas, requer uma atuação educacional voltada para o desenvolvimento de competências fundamentais para a vida, para o trabalho e para o exercício da cidadania. A formulação mais geral das finalidades do Programa pode ser detalhada nos seguintes objetivos mais específicos a serem perseguidos pelo projeto educacional:

  •  Possibilitar que o jovem adquira uma série de competências relacionadas ao seu desenvolvimento enquanto pessoa autônoma e responsável, com desejos e projetos de vida próprios, capaz de buscar as condições necessárias à concretização de seus objetivos e metas pessoais.
  • Facilitar a aquisição de uma série de competências relacionadas ao desenvolvimento de um profissional que precisa corresponder às exigências do mundo do trabalho de seu tempo. Um tempo caracterizado por mudanças sociais, econômicas e tecnológicas em velocidade crescente, em grande parte provocadas por uma intensa interação, articulação e interdependência dos saberes. Um tempo que exige a capacidade de colaborar com os outros, de aprender o tempo todo e dominar os processos de mudança tecnológica no momento mesmo em que eles afetam a vida em sociedade, o trabalho e o cotidiano de todos.
  • Garantir o domínio de uma série de competências necessárias ao cidadão atuante, compromissado com a ética e com a coletividade, sensibilizado com a questão da recuperação e preservação ambiental, empenhado em melhorar as condições gerais de vida do seu universo de trabalho e de sua comunidade.
  • Criar condições para o desenvolvimento de competências gerais requeridas de um profissional da agricultura. Isso implica em dominar aquelas competências fundamentais necessárias ao planejamento da produção, à preparação do solo e ao manejo, aos cuidados com a sanidade e com a colheita e o armazenamento e à comercialização de todas as culturas.
  • Possibilitar o domínio de competências gerais requeridas de um profissional da pecuária. Envolve desenvolver competências de planejamento; de cuidados com a sanidade, alimentação e reprodução; de manejo e de comercialização necessárias à criação de todos os tipos de animais. Competências que possibilitem uma rápida adaptação às exigências específicas de uma criação particular.
  • Desenvolver o espírito empreendedor. Preparar os aprendizes para o exercício das competências fundamentais necessárias ao empreendedor rural é possibilitar-lhe, já na capacitação inicial, agir como um agente de inovação e mudança organizacional. É descortinar possibilidades de empreendimentos individuais e coletivos. Abrir caminhos de geração de trabalho e renda.

Assim, o objetivo mais geral do Programa de Aprendizagem Rural do SENAR/SP, pode ser enunciado sinteticamente em seis dimensões mais específicas:

  • Ser pessoa
  • Ser profissional
  • Ser cidadão
  • Ser um profissional da agricultura
  • Ser um profissional da pecuária
  • Ser um empreendedor rural

 

 Perfil profissional de conclusão

Salvador Dali - Cubist Self-Portrait

Salvador Dali - Cubist Self-Portrait

Após a realização do Programa de Jovem Aprendiz Rural, o participante estará apto a:

  1. Elaborar e perseguir um projeto de vida, traçando objetivos, metas e estratégias pessoais.
  2. Adotar estratégias de aprendizagem adequadas às características pessoais e aos objetivos a serem atingidos.
  3. Comunicar-se adequadamente, oralmente e por escrito, para viver, trabalhar e melhor exercer a cidadania.
  4. Valorizar e promover a própria saúde e das outras pessoas.
  5. Propor, desenvolver e participar de projetos de ação comunitária.
  6. Escolher caminhos éticos de ação e exercer a cidadania.
  7. Traçar conscientemente um caminho profissional adequado às próprias características, aos próprios valores e à maneira de ser.
  8. Usufruir os benefícios da tecnologia e dos recursos disponíveis, para o desenvolvimento de tarefas profissionais.
  9. Trabalhar produtivamente em equipe.
  10. Surpreender positivamente no atendimento a clientes de todo o tipo.
  11. Planejar e programar a produção agrícola e pecuária.
  12. Preparar o solo, plantar, manejar e colher policulturas.
  13. Colher e fazer o beneficiamento primário da colheita.
  14. Agregar valor aos produtos da colheita.
  15. Preparar instalações e manejar a criação de diferentes tipos de animais.
  16. Agregar valor a animais e produtos de origem animal.
  17. Comercializar animais e produtos da pecuária e da agricultura.
  18. Manejar sustentavelmente recursos naturais e tomar medidas de preservação e recuperação ambiental.
  19. Zelar pela manutenção da propriedade rural e pela preservação do patrimônio.
  20. Participar da gestão de uma propriedade, elaborando plano estratégico e plano de negócio.
  21. Participar da gestão e desenvolvimento de recursos humanos.
  22. Atuar na melhoria da qualidade e da produtividade agrícola e pecuária
  23. Trabalhar através de projetos, a partir de desafios concretos e da busca criativa e autônoma de resultados.

 

 

 A estrutura curricular

A estrutura fundamental do currículo do Programa “Jovem Aprendiz Rural” pode ser visualizada através de uma “árvore do conhecimento”, em seis direções fundamentais: Ser Pessoa, Ser Profissional, Ser Cidadão (que englobam as competências básicas e constituem o Eixo I); Ser um Profissional da Agricultura, Ser um Profissional da Pecuária (que englobam as competências gerais para o trabalho rural – Eixo II); e Ser um Empreendedor Rural (competências de empreendedorismo – Eixo III), estão articuladas por um projeto: Tornar uma Área Produtiva de Forma Sustentável.

 

 

Se estiver interessado em conhecer exempos de situações de aprendizagem do programa “Jovem Aprendiz Rural”, clique no link AMOSTRA II ( Oficina Aprender a Aprender),  AMOSTRA III  (Oficina Trabalho em Equipe), AMOSTRA IV (Projeto Articulador) ou AMOSTRA V (Oficina Recuperação de àreas Degradadas).
 
 

OFICINA APRENDER A APRENDER

O material apresentado neste post refere-se a um excerto da oficina “Aprender a Aprender”,  do Programa Jovem Aprendiz Rural (Eixo I – Competências Básicas para o Trabalho – Dimensão Ser Pessoa). O Programa foi desenvolvido para o SENAR de São Paulo.  A Germinal Consultoria, sob supervisãso da equipe técnica do SENAR, desenvolveu todos os Manuais do Instrutor e as Cartilhas dos Alunos de 19 unidades didáticas (Oficinas e Projetos) do Programa. O excerto foi extraído do Manual do Instrutor. O presente material é uma amostra do trabalho que pode ser desenvolvido pela Germinal Consultoria.

 Oficina de Aprender a Aprender

SESSÃO 1/5

Competências

Situação de Aprendizagem

Recursos

Tempo

 

 

Observar, analisar e refletir sobre a atuação adequada do outro como meio de aprendizagem.

 

 

A partir da reflexão, extrair aprendizagem das próprias experiências positivas e, especialmente, das experiências malogradas.

 

Memórias de Aprender

1. Aquecimento: ser aprendiz hoje

Textos: Jardim da Infância e Pilares

30’

2. Refletindo sobre a experiência de vida.

CD, cartolina branca, lápis, giz ou caneta de cor.

90’

INTERVALO

15’

3, Mapas mentais do aprender

Mapas mentais desenhados

45’

Fazendo, observando, refletindo e aprendendo

4. Escravos de Jó

Latinhas com balas ou pedras ou caixas de fósforo

 

55’

5. Avaliação: a palavra do dia

 

5’

 

 

 

 

 

 

1. Aquecimento: ser aprendiz hoje

Receba os participantes na porta da sala. Cumprimente-os um a um, de acordo com o nível de convivência que tiver com o grupo. Procure chamar cada um pelo nome. Se for o seu primeiro contato com o grupo, apresente-se e procure saber o nome de cada um (Procure, durante toda a sessão, memorizar o nome de cada participante. Isso vai ser importante para atividades da segunda sessão). Solicite que escolham uma cadeira para sentar, dentre as dispostas em semicírculo, previamente arrumadas e em quantidade idêntica ao do número de participantes. Solicite que todos os participantes localizem na Cartilha do Aprendiz o Texto de Apoio 1: Jardim da Infância (Citado no livro “O Empresário Criativo”, de Roger Evans e Peter Russel, São Paulo, Editora Cultrix, pg.169.) e façam uma leitura individual silenciosa.

Alfredo Volpi, Bandeirinha, 1958, têmpera s/ tela, 44,2 x 22,1 cm

Alfredo Volpi, Bandeirinha, 1958, têmpera s/ tela, 44,2 x 22,1 cm

 

 

 

 

 

 

 

Texto de Apoio 1 – Jardim da Infância

 

Grande parte do que eu realmente precisava saber a respeito da vida, de como viver, do que fazer e de como ser, aprendi no jardim de infância. A sabedoria não estava no cume da montanha da faculdade, mas ali na caixa de areia da escola maternal.

Essas são as coisas que aprendi: compartilhe tudo; seja leal; não magoe as pessoas; recoloque as coisas no lugar onde as encontrou; limpe aquilo que sujar; não pegue o que não for seu; peça desculpas quando machucar alguém; lave as mãos antes de comer…

Biscoitos quentes e leite frio são bons para você; leve uma vida equilibrada; aprenda um pouco, pense um pouco, desenhe, pinte, cante, dance, brinque e trabalhe um pouco a cada dia; tire uma soneca todas as tardes; quando sair para o mundo, fique atento no trânsito; dê as mãos e mantenha-se unido; perceba a maravilha…

Pense como o mundo seria melhor se todos nós – o mundo inteiro – tivesse biscoito e leite por volta de três horas de todas as tardes e depois deitasse com suas mantas para tirar um cochilo, ou se tivéssemos uma política básica em nossa nação e em outras nações de sempre recolocar as coisas no lugar onde as encontramos e limpássemos as sujeiras que fizéssemos. E isto continua a ser verdade, não importa a idade: quando sair para o mundo, é melhor dar as mãos e manter-se unido. 

Robert Fulghum, in: Mason, J.G. O Dirigente Criativo, São Paulo, IBRASA, 1974.

Ao final da leitura, estimule os aprendizes a fazerem comentários sobre a compreensão que tiveram. Relacione no quadro as idéias mais importantes identificadas por eles no texto. Depois, rapidamente, apresente os pilares da educação contemporânea, propostos por Jacques Delors.

  

Texto de Apoio 2- Pilares da Educação Contemporânea

 

 Aprender a Conhecer – Aprender a ter prazer no ato de compreender, de descobrir, de construir e de reconstruir o conhecimento. Valorizar a curiosidade, a autonomia e a atenção. Aprender a pensar, a pensar o novo, a reinventar o pensar.
 Aprender a Fazer– Saber preparar-se tecnicamente para o trabalho. Aprender a trabalhar coletivamente, a ter iniciativa, a gostar de uma certa dose de risco, a ser intuitivo, a se comunicar, a resolver conflitos e a ser flexível. 
 Aprender a Conviver– Aprender a viver com os outros, a compreender os outros, a desenvolver a percepção da interdependência, a administrar conflitos, a participar de projetos comuns, a ter prazer no esforço comum. 
 Aprender a ser– Aprender a desenvolver a sensibilidade, o sentido ético e estético, a responsabilidade pessoal, o pensamento autônomo e crítico, a imaginação, a criatividade, a iniciativa. Aprender a ser pessoa, a desenvolver-se integralmente, não negligenciando nenhuma das suas potencialidades.(Ver em Delors, Jacques, Educação: Um Tesouro a Descobrir. Relatório da Comissão Internacional sobre a Educação Para o Século XXI, Bras

Solicite que os participantes classifiquem as aprendizagens citadas no texto “Jardim da Infância”, utilizando os pilares de Delors.

 
 

Observe que é possível defender que, dos quatro pilares, o texto privilegia dois deles. Na primeira relação de aprendizagens, iniciada com “compartilhe tudo”, o foco é no Aprender a Conviver. Na segunda relação (iniciada com “Biscoitos quentes e leite frio são bons para você”) o foco é no Aprender a Ser. Os pilares menos focados no texto são o Aprender a Fazer e o Aprender a Pensar, talvez por serem os pilares mais enfatizados em níveis mais avançados de estudo, aos quais o autor quis fazer um contraponto.

Note, porém, que existem várias classificações possíveis e que o esforço de classificação serve ao intuito de fixação dos conceitos e não deve ser prolongado até uma conclusão consensual.

 

2. Refletindo sobre a experiência de vida

 

Peça que cada participante  feche os olhos reflite sobre em que é bom ou sabe fazer. Depois peça que escolha a sua melhor qualidade ou o que sabe fazer melhor.

Escolhida a melhor qualidade, os participantes permanecem de olhos fechados. Agora, vão viajar no tempo. Na imaginação, vão retroceder na história de vida. Viajam em busca da origem e do desenvolvimento da qualidade escolhida. Vão localizar os momentos e as situações de vida que deram origem e promoveram o desenvolvimento da qualidade. 

Peça que os participantes, no ritmo de cada um, retornem ao ambiente de aprendizagem. Solicite que, lentamente, tomem contato com o corpo: pés, pernas, mão, braços, tronco, pescoço, cabeça, face… Que abram os olhos vagarosamente… Que se estiquem, que se espreguicem… Dê um tempo para que conversem com os colegas do lado.

Agora, divida os aprendizes em cinco grupos de trabalho. É interessante fazer isso de forma aleatória. Por exemplo, numere os participantes de um (1) a cinco (5), os que receberem o número 1 constituirão o Grupo Um, os que receberem o número 2 formarão o Grupo Dois e assim sucessivamente.

Nos grupos, os participantes irão trocar as suas vivências no exercício de imaginação anterior. Em especial, cada um relatará a qualidade escolhida e os caminhos do seu desenvolvimento. Alerte os grupos que a atitude dos que escutam deve ser de atenção e respeito. O que estiver falando não deve ser interrompido, nem julgado. Em sinal de respeito ao outro, não é um momento adequado para brincadeiras ou comentários desrespeitosos.

Observe e esteja atento aos pequenos grupos para garantir a postura de respeito e camaradagem necessária à apresentação de cada história individual. Esteja preparado para possíveis momentos de emoção.  Deixe o próprio grupo tratar deles. Só interfira se for necessário.

Quando em um grupo, todos concluírem suas falas, entregue ao grupo uma folha de cartolina branca e um conjunto de lápis e/ou caneta e/ou giz de cor. Solicite ao grupo que construa um “Mapa Mental”, como no modelo a seguir:

Ilustração 1: Mapa Mental

 

Peça para substituir a expressão “a fazer” por “como aprendemos”, bem como figuras e textos, ajustando-os à pergunta. Mantendo a pergunta, o grupo pode desenhar o mapa da forma mais criativa possível e com o número de respostas que julgar necessárias, não devendo ficar restrito às nove alternativas indicadas na figura. O mapa deve ser elaborado a partir dos relatos das experiências individuais de aprender. Antes da elaboração dos mapas, solicite que os participantes leiam o Texto de Apoio 3: ”Mapas Mentais” (veja em Mapas Mentais na Escola, de Virgílio Vasconcelos Vilela),  também inserido na  Cartilha do Aprendiz.

Texto de Apoio 2  

 

Mapas mentais

 

Mapas mentais são, antes de tudo, ferramentas de organização de pensamento, e têm muitas e variadas de aplicações pessoais e profissionais. Pela sua didática, vamos transcrever aqui a introdução disponível no site www.mapasmentais.com.br  e na apostila de introdução também acessível no site.

O primeiro mapa mental a gente nunca esquece

José Maria é um sujeito ocupado: é analista, professor, aluno, pai e tem um site. Ele costuma ter várias coisas para fazer, e gosta de registrá-las para não esquecer nada. Inicialmente, ele fazia uma lista simples, anotada em um papel qualquer:

– Lavar o carro

– Levar o carro para revisão

– Consertar vazamento da pia da cozinha

– Pagar a conta telefônica

– Tirar dinheiro

– Trocar a lâmpada do quarto

 

Depois, José Maria descobriu que ficava melhor agrupando os itens:

·                        Carro

     – Lavar

     – Levar para revisão

·                        Casa

     – Consertar vazamento da pia da cozinha

     – Trocar lâmpada do quarto

·                        Finanças

     – Pagar conta telefônica

     – Tirar dinheiro

Mas José Maria gostou mesmo quando achou um programa muito legal para fazer mapas mentais, e, depois de uma versão inicial e algumas mexidas, ele fez o seguinte para aquelas mesmas coisas a fazer:

 

E ele, que é analista, professor, aluno, pai e tem um site, usou os mapas de várias maneiras: para planejar aulas e apostilas, apresentar resumos para os alunos, elaborar relatórios e até para organizar melhor sua autocrítica, registrando os vários aspectos e enfoques possíveis. Convicto das vantagens, resolveu organizar as aplicações de mapas mentais também em um mapa, onde considerou cada uma de suas atividades e inseriu mais um tópico para a parte pessoal (veja próximo mapa mental).

 

Ao mostrar esse e outros mapas para as pessoas e alunos, José Maria logo descobriu que muitas tentavam olhar o mapa todo de uma vez, e “arrepiavam”. Mas ele ensinou-as a olhar no início apenas o título e um tópico de cada vez, e logo elas estavam gostando da coisa. Uma delas até comentou a vantagem de “quase não ter artigos e preposições nem blá-blá-blá, só idéias essenciais”.

Não satisfeito, José Maria queria ter para si uma visão bem clara e organizada dos benefícios de usar os mapas mentais, e fez o mapa a seguir. No primeiro nível, o dos tópicos principais, ele colocou os vários aspectos da vida beneficiados: trabalho, aprendizado, memorização e outros, e nos tópicos filhos os benefícios que já percebera. Ele destacou no mapa o que para ele é o mais importante na cadeia de benefícios: os efeitos pessoais que decorrem destes. E pregou o mapa mental em um local bem visível. (Ver texto completo e outras referências em: http://www.mapasmentais.com.br/.) 

 

 Esteja atento ao trabalho dos grupos no transcorrer da atividade.  Reoriente a atividade sempre que sentir que for necessário. Considere que os aprendizes estão enfrentando dois problemas simultâneos: sistematizar o que podem aprender a partir da experiência de cada um e trabalhar com a técnica de Mapas Mentais.

Quando um grupo concluir o seu Mapa Mental, solicite que ele seja fixado na frente da sala. Depois de fixado o Mapa Mental do grupo, os participantes daquele grupo podem sair para o Intervalo que terá uma duração variável, de acordo com o ritmo de cada grupo. O último grupo a sair terá 15 minutos de intervalo.

 3. Mapa Mental do Aprender

clip_image001No retorno do intervalo, peça que os grupos apresentem os seus participantes e os seus mapas mentais. Na apresentação dos grupos, solicite objetividade. Ao final de cada apresentação abra um breve espaço para o esclarecimento de dúvidas. O tempo de cada apresentação, incluindo a apresentação dos participantes e o esclarecimento de dúvidas não deve ultrapassar cinco (5) minutos.

Depois da apresentação dos grupos, relembre os quatro pilares da educação contemporânea: aprender a ser, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a conhecer. Desenhe o centro do Mapa Mental com o qual os aprendizes trabalharam. Coloque os pilares circundando o centro do Mapa Mental, como mostra a figura anterior. Observe que você pode utilizar outros símbolos para os pilares ou não utilizar símbolo algum.

 A partir desse centro de Mapa Mental, você coordenará um trabalho de síntese dos Mapas Mentais anteriormente elaborados pelos grupos e que estão fixados na frente da sala. Todos os aprendizes devem participar dessa síntese. Incentive a participação dos mais tímidos. A síntese deve ser um movimento rápido e não precisa ser exaustiva.

Ao final da síntese, peça que os aprendizes julguem o trabalho coletivamente elaborado. Solicite que eles percebam as ênfases e as ausências. Promova uma breve avaliação do que o grupo já sabe sobre o aprender e o que falta ainda a aprender.  

      

    

    4. Escravos de Jó

  Você vai convidar os aprendizes para participar de um jogo chamado Escravos de Jó, onde os participantes, sentados no chão, cantam a canção, a seguir. (A canção tem variações na letra. Alguns dos participantes podem conhecer outra versão. Um dos desafios do jogo é chegar a um consenso unânime sobre a letra da canção.)

 

Escravos de Jó

Jogavam caxangá,

Tira, bota,

Deixa ficar!

Guerreiros com guerreiros

Fazem zigue, zigue, zá.

Guerreiros com guerreiros

Fazem zigue, zigue, zá.

Ao mesmo tempo em que cantam, os participantes movem objetos (Podem ser latinhas de balas, caixas de fósforo, pedras de dominó… O importante é que o objeto produza ruído quando movimentado e, principalmente, quando toca o chão.)seguindo um ritmo determinado. Cada participante tem um objeto. Durante cada rodada de canto e movimento, o objeto que está na mão de cada participante deverá ser passado para o participante à sua direita. O texto de referência(Excerto de texto de João Batista Freire, em www.decorpointeiro.com.bracesso em 23/03/2005.), inserido no quadro abaixo acrescenta informações sobre o jogo.

 

 

 

Texto de referência 1: Escravos de Jó

 

Na sua forma mais tradicional, é uma brincadeira cantada, segundo a tradição, brincada por monges, e incorporada à cultura infantil. Os objetos, passados de mão em mão em uma roda de pessoas em volta de uma mesa ou sentadas no chão, giram sempre para a direita de quem está na roda. Enquanto passam o objeto, os participantes cantam uma canção.

Trata-se de uma prática que educa, entre outras coisas, no sentido da orientação espacial e temporal. Espacial pela direção com que deve ser passado o objeto; temporal porque a ação deve ser guiada por uma seqüência rítmica determinada.

 

Não é uma brincadeira fácil. Quanto maior for o número de integrantes da roda, mais difícil é coordenar os movimentos, porque não basta coordenar os próprios, mas, também, levar em consideração os movimentos de todos os demais.

 

Do ponto de vista social, a importância da brincadeira reside no fato de que cada um é responsável por todos os demais, de tal maneira que o erro de um implica no erro de todos. O êxito da brincadeira nunca é individual, mas coletivo. Trata-se, portanto, de um jogo cooperativo, como quase todos os jogos o são, porém, em alguns casos, bastante marcados por essa característica.

Muitas variações podem ser produzidas por quem orienta a brincadeira. Após certificar-se de que os praticantes já sabem realizar o jogo na forma tradicional, o orientador pode sugerir que o objeto seja passado da direita para a esquerda, por exemplo. Pode-se mudar tamanho, forma ou peso do objeto, e assim por diante.

Você perceberá que o jogo admite dois resultados. Se todos jogam corretamente, o movimento grupal é harmonioso e constante e os objetos fluem de forma ritimada entre os participantes. Se alguém erra, os objetos se acumulam em pontos específicos da roda de participantes. A probabilidade de erro será muito grande nas rodadas iniciais devido à falta de coordenação do grupo.

A cada erro, você deverá suspender a atividade e solicitar uma avaliação da situação pelos participantes. A causa do erro deve ser identificada e sugestões de mudanças serem formuladas pelos próprios aprendizes. Os participantes, em nova rodada do jogo, tentam implementar as mudanças. Novo erro, nova parada, nova avaliação, nova mudança. Depois do acerto do grupo, as rodadas em ritmo crescente são repetidas. Em qualquer momento do jogo, na ocorrência de erros, você deve repetir as paradas, as avaliações e as mudanças.

Dominadas as competências necessárias ao jogo (cantar a música, fazer os movimentos adequados, ajustar seu ritmo ao ritmo dos companheiros e da música, manter a concentração…), convide os aprendizes a experimentarem variações. A música pode deixar de ser cantada e passar a ser murmurada ou assoviada. Por fim, todos jogam silenciosamente, cantando mentalmente a música e o som dos objetos tocando ritmicamente o chão domina o ambiente.

Terminado o jogo, promova uma discussão sobre a experiência vivida. Na discussão deve ficar claro que os participantes viveram uma experiência de aprender a fazer associada à de aprender a conviver. As questões fundamentais que devem orientar a discussão são: como aprenderam a fazer (a cantar a música, as técnicas do jogo) e como aprenderam a conviver (a coordenar seus movimentos com os demais e cooperar com os outros na realização da tarefa comum).

 

Você deve registrar as conclusões da discussão modificando e alterando o Mapa Mental “Como Aprendemos?”, em construção. Informe que o Mapa Mental coletivo que foi desenvolvido nessa sessão será complementado nos próximos encontros. Solicite que um dos grupos ou participante passe-o a limpo e deixe-o preparado para receber novas contribuições nas próximas sessões da Oficina.

 

 5. Avaliação: a palavra do dia

Com uma palavra, escrita em torno do Mapa Mental “Como aprendemos?”, cada participante avalia o dia.

 

 

 
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