O material apresentado neste post refere-se um excerto retirado do Manual do Instrutor, da Estação de Trabalho de Apresentação Pessoal, Moda e Beleza, um dos componentes curriculares de uma versão alternativa ao Programa de Educação para o Trabalho (PET), do Senac/SP. O programa é destinado a jovens em situação de busca do primeiro emprego. A versão alternativa foi criada pela Germinal e não chegou a ser publicada e implementada na forma aqui apresentada. O excerto deve ser encarado como uma amostra do trabalho que pode ser desenvolvido pela Germinal Consultoria.
Movimento 3: A Estética de Si Mesmo
Objetivos:
Incentivar a inserção de cada um e do grupo como um todo em um processo de subjetivação (fazer da própria vida uma obra de arte) ou em processos de singularização (ver nota).
Relacionar e escolher regras éticas e estéticas (incluindo formas de apresentar-se) que configurem, ao longo da vida, um modo de existir no trabalho e um modo de viver o trabalho que seja belo e apaixonante.
Possibilitar a experimentação dramática da incorporação de tais regras.
Subsidiar uma ampla revisão e ampliação nos planos de desenvolvimento pessoal e profissional que estão sendo elaborados no Núcleo Central.
Nota (…) “processos de singularização: uma maneira de recusar todos esses modos de encodificação preestabelecidos, todos esses modos de manipulação e telecomando, recusá-los para construir, de certa forma, modos de sensibilidade, modos de relação com o outro, modos de produção, modos de criatividade que produzam uma subjetividade singular. Uma singularização existencial que coincida com um desejo, com um gosto de viver, com uma vontade de construir o mundo no qual nos encontramos, com a instauração de dispositivos para mudar os tipos de sociedade, os tipos de valores que não são os nossos.”
In: Guattari, Félix, Rolnik, Suely, Micropolítica- Cartografias do Desejo, Editora Vozes, Petrópolis, 1994, p.17.
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Atividade 10: A vida como arte
Descrição: ao iniciar a sessão o poema de Cora Coralina está projetado (Cora Coralina, Aninha e suas pedras (1981). In: http://www.marpoesias.net/framep.htm.)
Não te deixes destruir… Ajuntando novas pedras e construindo novos poemas. Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça. Faz de tua vida mesquinha um poema. E viverás no coração dos jovens e na memória das gerações que hão de vir. Esta fonte é para uso de todos os sedentos. Toma a tua parte. Vem a estas páginas e não entraves seu uso aos que têm sede
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O poema é lido e discutido pelos participantes. O coordenador encaminha a discussão para uma possibilidade de superação das regras codificadas do saber e das regras coercitivas do saber nas formas de apresentar-se: a escolha de regras éticas e estéticas que signifiquem um projeto de existir que transforme a vida em uma obra de arte. Ou seja, “fazer de sua vida um poema”, como diz Cora.
Definindo regras facultativas
A seguir, o coordenador retoma à sessão anterior e apresenta a gravação em vídeo dos vídeo-clips produzidos pelos grupos. Orienta, para que, no assistir aos vídeos, os participantes, pelo verso e reverso, tentem extrair regras que poderiam ser assumidas e que produziriam uma bela existência.
O coordenador interrompe a projeção após a exibição de cada vídeo-clip para que os participantes possam efetuar anotações. Divididos em pequenos grupos, os participantes compartilham e discutem as anotações acrescentado outras regras éticas e estéticas que possam surgir do debate.
As regras são transcritas em tarjetas. Os grupos apresentam suas conclusões, que são debatidas. Não há um fechamento.
Vendo um caso
O coordenador projeta o filme “Feitiço do Tempo”.
Após a projeção, a vida do personagem (Phil) como obra de arte e as regras facultativas por ele assumidas são discutidas.
Texto de referência (para o coordenador):
Na seqüência final do filme “Feitiço do Tempo”, depois de esgotadas todas as possibilidades de manipulação e negação de sua vivência repetitiva do tempo, Phil imprime à situação dois movimentos inéditos. O primeiro deles é voltado para si mesmo: a busca de auto-aprimoramento, que a existência em eterno presente lhe propicia.
Numa primeira instância, o projeto de auto-desenvolvimento, assumido por Phil, dirige-se a um aperfeiçoamento permanente de sua ação profissional, compreendendo: a) a prestação de serviços à equipe que o auxilia na cobertura do “Dia da Marmota” ( traz ao “set” de gravação café e lanche, ajuda a carregar a câmara…); b) a mudança de postura em relação à equipe de gravação (chega sorrindo, cumprimentando, manifestando autêntica simpatia…); c) o apoio no desenvolvimento da ação dos outros integrantes da equipe (sugerindo uma melhor localização da câmara para gravação) e, por fim, d) o aprimoramento continuo da própria ação específica e sempre repetida, transformando a cobertura num momento de beleza e emoção. Converte em arte o enquadre de ação que antes era tortura e maldição.
Phil, no segundo âmbito de desenvolvimento, procura conhecimentos e desenvolve habilidades, em princípio pouco referenciadas à sua ação técnica específica (lê poesia e clássicos da literatura, aprende a tocar piano e esculpir…). Este esforço de desenvolvimento, embora inespecífico, reflete-se no seu desempenho como repórter. Phil, ainda, envolve-se decisivamente com a comunidade de Punxsutaweney e efetivamente compartilha com ela o seu eterno dia. Por fim, Phil permite-se amar e viver o seu amor.
O segundo novo movimento de Phil dirige-se para fora. Como no “Dia da Marmota” os eventos se repetem, ele pode antecipá-los por já tê-los vivido. Agindo preventivamente, pode evitar a ocorrência de incidentes prejudiciais aos habitantes de Punxsutaweney e estimular os eventos potencialmente positivos. Phil presta serviços.
Os dois movimentos são complementares. À medida em que se desenvolve, Phil pode servir melhor. O engajamento na prestação de serviços é fator de desenvolvimento.
O “Dia da Marmota” termina quando Phil complementa as suas tarefas de desenvolvimento. A mágica repetição cessa. Abre-se a perspectiva do futuro. Com a chegada do dia 3 de fevereiro, reinicia-se a série de amanhãs.
(Küller, José Antonio. Ritos de Passagem – Gerenciando Pessoas para a Qualidade. São Paulo, Editora SENAC, 1997, p.139.)
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Sendo um caso
Os participantes individualmente vão ser envolvidos em dois exercícios:
1) Escrever uma continuidade da autobiografia (atividade 2), agora envolvendo os próximos 10 anos e projetando a vida como se fora uma obra de arte.
2) Criar uma cena dramática, com a duração de um minuto, em ele se apresenta novamente para o grupo, agora 10 anos depois e de forma coerente com o previsto na autobiografia. No desenho da cena, deve considerar todas as formas de apresentar-se (falar, escrever, vestir, pentear-se, linguagem corporal, etc.)
Câmaras, luzes…Ação!
As cenas de 1 minuto são apresentadas e gravadas em vídeo.
Na apresentação da cena, os participantes procuram vestir-se e atuar como se fora 10 anos depois.
Após as gravações, o vídeo é visto por todos. Cada um analisa o seu desempenho.
A Estação de Trabalho é avaliada pelos participantes em função do avanço individual e grupal que o vídeo (espera-se) registrou.
Recursos: Retroprojetor e transparência. Cópia do poema de Cora Coralina para todos os participantes. Vídeo e TV. Fita de vídeo gravadas no movimento anterior. Tarjetas. Caixa de pincéis atômicos. Filme Feitiço do Tempo. Câmara de vídeo.
Duração: 9 horas
I couldn’t understand some parts of this article, but I guess I just need to check some more resources regarding this, because it sounds interesting.