Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

Educadores do Brasil: Maurício Tragtenberg 31 de maio de 2009

Postamos abaixo pequenos excetos de um artigo de Antônio Ozaí da Silva: Maurício Tragtenberg e a Pedagógia Libertária. O texto começa assim:

Nosso objetivo é resgatar o pensamento político-pedagógico de Maurício Tragtenberg. De um lado, a crítica incisiva que desvenda o modelo pedagógico burocrático fundado na vigilância e na punição, na relação de dominação, no saber formal transformado em mercadoria de consumo, uma pedagogia que predomina na maioria das nossa escolas e universidades. De outro, o itinerário de uma alternativa pedagógica libertária, recuperada e sintetizada na práxis do educador contemporâneo. No final do percurso, a certeza da sua atualidade.
Alguns excertos do desenvolvimento do trabalho de Ozaí:
“A fusão de um saber, constantemente acumulado e renovado pela própria natureza da instituição escolar, com as técnicas disciplinadoras-burocráticas herdados dos presídios avultam os efeitos da concentração do poder de dominação e controle. A escola, através do saber, aperfeiçoa os meios de controle, podendo dar-se ao luxo de dispensar o recurso à força. A própria prática de ensino pedagógica-burocrática permite-o, na medida em que reduz o aluno ao papel de mero receptáculo de conhecimento, fixa uma hierarquia rígida e burocrática na qual o principal interessado encontra-se numa posição submissa e desenvolve meios para manter o aluno sob vigilância permanente (diário de classe, boletins individuais de avaliação, uso de uniformes modelos, disposição das carteiras na sala de aula, culto à obediência, à superioridade do professor etc.).
Nesta estrutura escolar, o poder de punir é legitimado e concebido como natural. Como salienta Tragtenberg: “Na escola, ser observado, olhado, contado detalhadamente passa a ser um meio de controle, de dominação, um método para documentar individualidades. A criação desse campo documentário permitiu a entrada do indivíduo no campo do saber e, logicamente, um novo tipo de poder emergiu sobre os corpos”. (Idem)”
(…)
“Os próprios alunos se tornam agentes fomentadores deste sistema pedagógico. Imbuídos dos valores que enfatizam o individualismo e não a coletividade, a competição e não a solidariedade, a autoridade e não a liberdade, o saber formal-professoral e não o saber como algo socialmente construído, doutrinados e viciados desde a infância em procedimentos que ora legitimam a pedagogia-burocrática, ora são formas negativas de resistência, os alunos têm dificuldades de assumirem-se enquanto sujeitos ativos do processo educativo, em estabelecer uma relação não-autoritária com seus professores, em desenvolverem processos de aprendizagem que objetivem a produção do conhecimento e não apenas a memorização de conteúdos.”
(…)
“A alternativa pedagógica libertária
Não sejamos pessimistas. Se a realidade atual exacerba os elementos críticos da pedagogia burocrática apontados por Tragtenberg, ainda é possível pensar e agir de forma diferenciada. O mestre nos oferece as pistas para uma nova pedagogia fundada na solidariedade, na autonomia e liberdade dos indivíduos e na autogestão. Trata-se da reapropriação do saber pelos trabalhadores, de desnudá-lo e resgatar seu caráter social e coletivo. Não mais o saber formal ingressado pela instituição escolar: a própria escola precisa ser transformada.”
Por fim um excerto da conclusão:

“Tragtenberg firma-se pelo exemplo de coerência entre o discurso e a prática. Seu relacionamento com os sindicalistas combativos, as oposições sindicais, os trabalhadores e seus colegas de trabalho e os estudante comprova-o. Seus artigos na coluna “Batente” e em outros jornais revelam uma permanente valorização do conhecimento operário, uma constante disposição, rara entre nossos intelectuais, de ‘dar uma força’, de servi-lo. Seu carinho e dedicação aos intelectuais orgânicos dos trabalhadores é outra prova viva de uma pedagogia fundada na verdade e na convicção de que os indivíduos são capazes de se apropriarem do saber.”

Informamos que as ilustrações foram incluídas por nós. Para quem a leitura desses excertos sobre Maurício Tragtenberg foi estimulante, o acesso ao texto integral pode ser obtido clicando aqui.

 

Trilha Jovem: eles estão empregados 24 de maio de 2009

 

O site  H2FOZ, em 22 de maio de 2009, veicula a seguinte matéria enviada pelo Ministério do Turismo.

 

O programa Trilha Jovem – Turismo e Responsabilidade Social, do Ministério do Turismo (MTur), dá condições para que jovens de baixa renda desenvolvam competências básicas e possam atuar no mercado de trabalho. Em novembro passado, durante a implementação do programa em Natal (RN), o jovem potiguar Pablo Lopes, 16 anos, participou do curso Viagens e Turismo. Hoje, trabalha na agência CVC Natal.

 

 “O curso não só me abriu as portas para o mercado profissional, mas também para as minhas atitudes e ações. Por causa do programa, consegui mudar minha postura que não era correta para o mercado profissional. Só tenho a agradecer a cada educador, a cada pessoa envolvida no projeto”, diz Lopes. E acrescenta: “O Trilha Jovem foi uma oportunidade única de conhecer a fundo a área de turismo. Conhecer cada segmento em si, cada macete para que tudo saia com a organização, excelência e qualidade que os professores tanto ensinam”.

 

 Lançado em 2004, o programa já formou 2.400 estudantes de vários destinos brasileiros. Este ano, outros 720 alunos que cursam o ensino médio em escolas públicas participaram do programa no Recife (PE), em São Luís (MA), Natal (RN) e Brasília (DF). Entre eles, 668 já concluíram a etapa de formação e agora se encontram em processo de encaminhamento para o mercado de trabalho. Lopes é um dos 64 jovens concluintes da etapa de formação que estão ocupados. 

 

  Durante a etapa de formação do programa, os participantes desenvolvem competências nas áreas de Alimentos e Bebidas, Hospedagem e Viagens e Turismo por meio de atividades teóricas, oficinas práticas e vivência profissional supervisionada em empreendimento turístico. O programa de formação tem duração de 580 horas. Entre as oficinas oferecidas estão a de prestação de serviços de salão, de bar, de cozinha, de segurança dos alimentos, de recepção, de turismo emissivo e receptivo, e a de inglês.

 

 Segundo a coordenadora geral de Projetos de Estruturação do Turismo em Áreas Priorizadas do MTur, Kátia Silva, a parceria entre o poder público e a iniciativa privada é fundamental para associar geração de trabalho e renda no turismo com busca de excelência no atendimento e na prestação de serviços. O jovem Melquíades Falcão, 21 anos, participante do Trilha Jovem no Recife, conta que está empregado. Falcão trabalha em um restaurante da cidade. Para o jovem, o programa proporcionou a base para que pudesse iniciar a vida profissional. “Com as aulas, pude aprender tudo sobre o universo do turismo. Aprendi a lidar com grandes desafios, pois cada projeto era único. Hoje, levo comigo a convicção de que sou um profissional e estou apto para exercer qualquer função na área de alimentos e bebidas.”

 

 A coordenadora de Vivência Profissional Local do Recife, Andreza Araujo, encarregada de acompanhar a inserção dos jovens no mercado de trabalho mostra a satisfação com o desempenho do programa. “Os jovens do Trilha realmente estão surpreendendo, tanto a nós do projeto quanto aos empregadores. As vagas que estão surgindo não estão sendo ocupadas por principiantes e sim por pessoas realmente motivadas, capazes e, além de tudo, profissionais. Nossos jovens estão realmente dando um show.”

 
Em Brasília, a jovem Ana Carolina Lino, 18 anos, participou do curso de Hotelaria. Segundo ela, foi a realização de um sonho. “Desde pequena queria trabalhar em hotel. Na verdade, queria ser dona de uma rede hoteleira.” A jovem conta, ainda, que o projeto superou suas expectativas. “Fico feliz de ter participado de um projeto sério. Abriu uma porta de oportunidades para mim. Agora, depois de participar do curso de Hotelaria, acredito que vou conseguir uma vaga no mercado de trabalho”, declara.

 

 José Eleomar de São Luís, 19 anos, conta que o programa contribuiu para o amadurecimento pessoal e profissional. “o Trilha Jovem mostrou que tenho capacidade de vencer, que posso dar uma melhor condição a minha família. O programa me ensinou a ter compromisso com as coisas que quero.”Para participar – Para participar do Trilha Jovem, os candidatos devem ter renda familiar de até três salários mínimos e idade entre 16 e 24 anos. É necessário, ainda, que os jovens estejam matriculados ou tenham concluído o ensino médio na rede pública de ensino há no máximo dois anos e não estejam trabalhando.

 
Memória – Lançado em 2004, em Salvador (BA), o programa Trilha Jovem – Turismo e Responsabilidade Social é uma parceria entre o Ministério do Turismo e o Instituto de Hospitalidade. A iniciativa visa a formação e inserção de jovens de baixa renda no mercado de trabalho do turismo.
 
Uesder Costa Boa Ventura é um dos participantes da turma piloto do programa em Salvador. Uesder, ao concluir a etapa de formação do programa, em 2005, foi contratado como estagiário por uma agência de viagens de Salvador. A partir daí, vem trilhando uma carreira profissional bem sucedida. Atualmente, ocupa o cargo de supervisor em uma das lojas da empresa situada no Aeroporto Internacional dos Guararapes, no Recife. Compartilhou a experiência de ascensão profissional com os colegas de Recife durante a etapa de formação do Trilha Jovem na cidade.

 

As etapas anteriores do programa, realizadas em Salvador (BA), Foz do Iguaçu (PR), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Belo Horizonte (BH) e Porto Alegre (RS), beneficiaram 2.400 jovens.

 
 

 

(Ministério do Turismo)

 

 

 

Passagem secreta - Foto de Laura Peres

Passagem secreta - Foto de Laura Peres

 

 

 

O Projeto Trilha Jovem nasceu de uma proposta curricular desenvolvida, em 2001, pela Germinal Consultoria para o Instituto de Hospitalidade (IH), de Salvador, na Bahia.

 

Essa primeira versão foi alterada pelo IH nas primeiras implementações, em 2004. Depois, em 2006, a versão original e a inicialmente implementada foram fundidas na versão atual, que ganhou dimensão nacional. A Germinal contribuiu nesse trabalho.

 

A partir da crítica, sistematização, reformulação e ampliação dos planos de aula utilizados nas primeiras implementações, a Germinal criou também as Referências para a Ação Docente (Eixos I, II e III), que são manuais que apresentam sugestão, passo a passo, de desenvolvimento de todas as unidades curriculares do Projeto. As Referências para a Ação Docente facilitam e são fundamentais na manutenção da qualidade  da expansão nacional do Projeto.

 

Criando um blog 21 de maio de 2009

Jovem Aprendiz Rual de Santa Albetina (SP)

 

O texto apresentado a seguir é um excerto do Manaul do Instrutor da Oficina de Tecnologia da Informação, do Programa Jovem Aprendiz Rural.

 

O programa foi totalmente desenvolvido pela Germinal Consultoria para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), Administração Regional de São Paulo.

 

Todos os Manuais do Instrutor e as Cartilhas dos Alunos forma desenvolvidos pela Germinal. Deles já postamos alguns excertos que podem ser acessados clicando-se aqui.

 

 

Excerto: Criando um blog

santa albetina3

Pergunte se todos sabem o que é um Blog. Explique rapidamente o que é e como funciona . Oriente-os para que entrem em dois ou três Blogs para conhecerem suas possibilidades e funcionamento. Se quiserem, podem interagir (fazer comentários) com alguns deles.

 

 

Observação importante
Observe que será feito o primeiro acesso orientado do grupo à Internet. É possível que durante a exploração livre da sessão anterior, outros acessos a blogs tenham acontecido. É importante então que você tenha programado, desde o início da Oficina, restrições ao acesso a sites não desejados.

 

 

 Tão logo esteja o Blog da turma criado (isso acontecerá muito rapidamente, no máximo em 10 ou 15minutos), todas as duplas poderão entrar e começar a primeira participação. Comece escrevendo algo sobre a visita do dia anterior.

 

 

 A partir de sua postagem, peça para que cada dupla escreva sobre algum fato ou incidente interessante que aconteceu durante a visita e publique no blog. Também são bem-vindos os comentários, as dicas e as opiniões. Deve também haver espaço para brincadeiras. Uma categoria destinada a isso poderá ser criada. Enfim, o Blog deverá ir se construindode acordo com o interesse de cada turma. Estimule continuamente a alimentação do Blog. Deixe bastante livre a forma de expressão e os assuntos veiculados.

 

Ao encerrar a atividade com o Blog, peça que saiam dele e avise que todos os dias poderão entrar para ler e escrever no Blog. Se houver participantes que tenham acesso à Internet fora do Programa de Aprendizagem, eles poderão entrar e escrever no Blog, em qualquer dia ou horário. Estimule essa prática. Estimule, especialmente, que os participantes usem o Blog para trocar informações sobre o grande desafio da Oficina, apresentado a seguir.

 

 

Lançando o grande desafio da Oficina
Faça uma apresentação solene do grande desafio da Oficina de Tecnologia da Informação: o projeto de criação e realização de uma revista eletrônica. O tema básico da revista eletrônica será o desenvolvimento sustentado e a agropecuária. Colocado como questão, o tema pode ser assim enunciado: Qual o papel da agropecuária no desenvolvimento sustentado?

   

Santa albetina2Em função dessa forma de funcionamento da oficina, todos os anos, são criados muitos blogs de turmas do Jovem Aprendiz Rural .

 

Colocamos, na coluna à direita, muitos links para os blogs criados até o ano de 2008.

 

Neste mês, começaram a aparecer na blogosfera os primeiros blogs das turmas de 2009. O primeiro que encontrei foi o da turma de Santa Albertina (SP). Para acessá-lo, clique aqui.

 

Qualificação Profissional Básica:Turismo e Hospitalidade 18 de maio de 2009

 


Capa de livro da SENAC editora - autores diversos

Capa de livro da Editora SENAC - autores diversos

O material a seguir é um excerto de um ambicioso projeto de reestruturação dos programas de educação profissional básica do Senac Rio. O trabalho envolveu a revisão da programação de nove áreas profissionais do Senac Rio, entre elas a de Turismo e Hospitalidade.

 

Deste trabalho já publicamos um excerto da área de Administração e Desenvolvimento Empresarial.

 

Uma das caracterísiticas fundamentais do trabalho foi a articulação dos curículos da educação profissional básica com os da formação técnica de nível médio.

 

  O resultado do projeto foi publicado em um CD-ROM denominado O Futuro Começa Aqui. A Germinal Consultoria assessorou a elaboração e o desenvolvimento de todo o projeto.

 

 

 O Processo de Construção do Trabalho

A construção pedagógica do Senac Rio tem como característica primordial estar embasada não apenas nas teorias educacionais, mas na prática diária de uma instituição que respira educação profissional. A Proposta Pedagógica da instituição foi construída aproveitando esta característica.

 

De forma similar, o presente trabalho foi elaborado a partir de vários encontros de toda a estrutura organizacional e operacional do Senac Rio, e partindo de discussões que mobilizaram todas as Unidades, Centros e Gerências. A partir dos problemas identificados, em todos os níveis da Instituição, para a construção de uma programação de qualificação eficiente e com diferencial qualitativo, passou-se a trabalhar com Pesquisa Qualitativa. Ao fazê-lo, tinha-se como objetivos:

· Subsidiar a reformulação dos Programas de qualificação e suplementação adequando-os a nova proposta pedagógica e mantendo-os em sintonia com o mercado;
· Ter uma visão de futuro da área;
· Conhecer a demanda de mercado;
· Definir os contornos valorativos do segmento de mercado a ser atendido por um produto ou serviço;
· Ajustar esses produtos e serviços aos desejos e aspirações do público alvo;
· Definir o perfil adequado dos docentes;
· Ampliar o poder de atuação;
· Identificar as competências necessárias para o profissional de cada área;
· Conhecer a concorrência; e
· Ter uma visão estratégica de ação educacional.

 

Grupo FocalNa realização do trabalho, foram investigados as motivações e as tendências do mercado tanto em relação à oferta quanto á demanda para postos de trabalho, a partir de entrevistas abertas, direcionadas para grupos focais heterogêneos, compostos por docentes, participantes e especialistas do mercado. Nas conclusões finais, outros dados, obtidos em órgãos de referência da área, foram agregados. Também foram utilizadas pesquisas estatísticas e uma variada bibliografia.

 

A pesquisa qualitativa mostrou-se um instrumento bastante eficaz para renovar o olhar para todos os tipos de interesses e atividades humanas e compreendê-los. O desenho de cenários amplos permite a percepção do novo que se encontra em evolução sob o manto do cotidiano. Para a Pesquisa Qualitativa, foram constituídos grupos focais por subárea de atuação. Esta divisão facilitou identificar as características do participante interno e externo, perceber as novas áreas que estão surgindo com as mudanças do mercado, compreender os pontos fortes e fracos da imagem institucional e os pontos sujeitos à reformulação.

 

A Construção da Árvore

A árvore do conhecimento manifesta e sistematiza a visão que uma determinada instituição educacional tem do processo educativo do profissional, do homem e do cidadão.

 

A organização curricular do Turismo e Hospitalidade é flexível, com módulos bem definidos, oferecendo diversificados itinerários de Educação, com possibilidade de exames de certificação das competências, para aproveitamento de estudos, ao longo dos caminhos e ao fim dele. Na organização curricular, os módulos iniciais e comuns, em sintonia com o perfil de saída das qualificações básicas, funcionam como berços para saídas dos Programas de qualificação para ocupações reconhecidas pelo mercado de trabalho.

 

Cada Programa de qualificação básica foi desenhado com as Ações Educativas que o compõe. Algumas dessas Ações Educativas são produtos educativos independentes que podem ser cursados separadamente. Podem, ainda, ser componentes de outro Programa de qualificação básica, criando a desejável flexibilidade dos itinerários. Podem, por fim, somadas com outras Ações Educativas, constituir uma nova alternativa educativa, possibilitando uma construção individualizada dos currículos.

 

A programação de Programas livres do Turismo e Hospitalidade, desta forma, baseia-se em uma articulação de um conjunto de perspectivas. A programação atende a perspectiva de integração sinérgica dos programas (Programas) e das diversas modalidades de programas (habilitação técnica, qualificação técnica, qualificação básica, aperfeiçoamento, e, futuramente, Educação tecnológica).

 

A programação do Turismo e Hospitalidade atende à perspectiva de uma mudança curricular radical ajustada às demandas dos novos tempos, sem perder o contato com a rica tradição do Senac Rio na oferta de educação profissional. A programação está sintonizada com a perspectiva de atender às necessidades de mercado, identificadas a partir de pesquisas qualitativas e outras referências, sem perder de vista a possibilidade de exercer uma ação transformadora em relação a esse mercado.

 

A programação a seguir é mais uma oportunidade de colocar em prática a Proposta Pedagógica do Senac Rio. Atende, nesse sentido, ao conjunto dos dez princípios que resumem a proposta. Contempla especialmente o princípio de manter uma relação dinâmica e transformadora entre o contexto e a educação profissional do Senac Rio para o desenvolvimento de produtos que atendam às necessidades e tendências do desenvolvimento social e do mercado. ( 1 )

 

Dá uma atenção privilegiada ao princípio de ampliar a participação dos atores sociais e as áreas de atuação, atualizando e diversificando permanentemente os programas (princípio 6). Finalmente, é a concretização da perspectiva de desenho curricular inserida na proposta, em especial:

 

Queremos o desenho de um currículo flexível. Um currículo que acompanhe o momento presente e a velocidade das mudanças. Um currículo adequado aos grandes movimentos do trabalho e ajustado às demandas regionais. Entendemos que o desenho ideal de um currículo é aquele que permite ao participante o controle e a responsabilidade pela construção de seu aprendizado. Queremos um currículo modular.

 

 

Apresentação e Justificativa

A apresentação e a justificativa do Plano de Curso do Centro de Turismo, Hotelaria, Entretenimento e Lazer, dado o número e a complexidade das áreas e subáreas abrangidas pelo Centro, será feita contemplando as especificidades das áreas, de um lado, e o processo de elaboração do plano, que foi comum para todas as áreas e subáreas, de outro. De início, são apresentadas as indicações de mercado, divididas pelas subáreas.

 

 

Subáreas de Agenciamento e Condução de Grupos e seu contexto

Embora o mercado de turismo esteja em franca expansão, as áreas de agenciamento e condução de grupos não acompanham este movimento. O trabalho do Guia de Turismo como prestador de serviços para agências de turismo, como dita a legislação em vigor, vem sendo superado pelo trabalho do Guia Agenciador, aquele que organiza, opera, vende seus programas, roteiros e guia seus próprios grupos de turistas.

 

As atribuições do Agente de Viagens vêm sendo transformadas para acompanhar as mudanças no mercado, como por exemplo, os acessos disponibilizados pela Internet para a aquisição de serviços turísticos, a diminuição das comissões, etc. No lugar do intermediador de serviços, vendedor de serviços de terceiros, surge o consultor especializado, o assessor de serviços ao turista, profissional que tem mais responsabilidades junto ao seu participante e mais competências a serem desenvolvidas.

 

As atuações especializadas, dentro dos diversos segmentos turísticos, estão consolidando-se como estratégia de marketing e resposta às exigências cada vez mais diferenciadas do mercado. Podemos constatar agências, operadoras e guias especializados em turismo religioso, ecológico, terceira idade, compras, cruzeiros marítimos, etc.

 

O turismo receptivo vem sendo repensado e reavaliado para que, como modalidade fundamental que é, possa ocupar a sua posição de destaque e empregabilidade potenciais.

 

O mercado assimilou e atua de acordo com a legislação que prevê que o Guia de Turismo tem que ser cadastrado na Embratur. O cadastro de Guia vai ser obtido após a conclusão de Programa credenciado, conforme legislação em vigor.

 

O emissor de bilhetes iniciante tem a certificação como uma carta de referência. Vale ressaltar que neste segmento, a competência na utilização de ferramentas informatizadas de forma geral vem se sobrepondo à necessidade de competência específica referente à emissão de bilhetes. A emissão de bilhetes está sendo informatizada, sendo utilizados softwares cada vez mais simples e accessíveis, tornando a emissão manual cada dia mais obsoleta e dentro em pouco não mais aceita.

 

O agente de viagens e o operador vêm buscar na certificação um embasamento para atender mais a uma necessidade pessoal do que uma exigência do mercado. Observa-se, ainda que de forma incipiente, uma movimentação para que seja exigida uma certificação para o profissional que atua em agência de turismo.

 

Os levantamentos efetuados e as exigências legais existentes permitem identificar as seguintes necessidades de qualificação profissional básica:

· Recepcionista Turístico;
· Operador de Turismo Receptivo;
· Agente de Viagens e Turismo;
· Guia Regional;
· Guia de Excursão Nacional;
· Guia Internacional;
· Guia Especializado em Atrativos Turísticos Naturais;
· Gerente de Agência de Viagens; e
· Emissor de Passagens Aéreas.

 

 

 

A sub-área de Alimentos e Bebidas e o seu contexto

  Alimentos e bebidas

 Se o turismo é uma mola propulsora para o setor terciário movimentando negócios e criando novos postos de trabalho, o setor de A & B é uma das subáreas mais importantes, empregando 60% da força de trabalho do setor de Comércio e Serviços. A demanda por profissionais qualificados é impulsionada pela necessidade de diversificação e sofisticação de cardápios.

 

O mercado de A & B, até recentemente, contratava profissionais com baixo nível de escolaridade e sem qualificação prévia. Atualmente, o nível de exigência vem sendo cada vez maior. Agora já é necessário que os candidatos a tais postos de trabalho tenham, no mínimo, o Ensino Fundamental. Sabe-se, no entanto, que o domínio de uma língua estrangeira deverá ser acrescido a tal exigência.

 

A expansão do setor tem aumentado também o nível de exigência quanto à Educação profissional específica. Hoje, não basta apenas o domínio de competências estritamente ligadas ao fazer diário. O mercado já exige, para o acesso, pessoas capazes não só de atender aos serviços próprios do ofício, mas também com capacidade de exercer funções de planejamento, gestão, promoção e venda de serviços de alimentos e bebidas.

 

Desta forma, a oferta de qualificação para a subárea de Alimentos e Bebidas precisa ter como alvo ampliar o papel dos profissionais da área, exigindo cada vez mais que estejam preparados para dar soluções econômicas, técnicas e sociais às principais questões do setor turístico e hoteleiro.

Na subárea, foram identificadas as seguintes ocupações no mercado:

· Ajudante de Cozinha;
· Cozinheiro Nível I;
· Cozinheiro Nível II;
· Pizzaiolo;
· Chef Internacional;
· Chef Internacional Master;
· Confeiteiro;
· Patissier;
· Garçom;
· Maitre;
· Barman;
· Sommelier;
· Gerente de A & B; e
· Hostess.

 

 

Subárea Hospedagem e seu contexto

 

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  O processo produtivo no setor de Hospitalidade está voltado para a criação e oferta de produtos e prestação de serviços. A evolução das modalidades de hospedagem, o desenvolvimento do setor, os processos eletrônicos de informação acentuam a necessidade de Educação de pessoal para atuação em outros meios, que não apenas os hotéis, bares e restaurantes, mas também hospitais, escolas e outros serviços interligados ou autônomos como clubes, bufês e distribuição de alimentos em pontos de venda.

 

A expansão do setor, portanto, impõe o acesso de pessoas capazes não só de atender aos serviços específicos, mas também com capacidade de exercer funções de planejamento, gestão e promoção e venda de serviços de alimentos e bebidas e de hospedagem.

 

A indústria hoteleira é responsável pela movimentação de U$ 1 bilhão por ano. A expansão deste segmento, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – ABIH, prevê até o ano de 2003 a construção de 220 novos hotéis e o emprego de 14.000 pessoas. No Brasil, existem cerca de 18 mil meios de hospedagem que faturam por ano US$1,5 bilhão. Com esta atividade o governo arrecada mais de US$ 400 milhões com a cobrança de taxas e impostos, de acordo com a ABIH.

 

O mercado nacional de hotelaria e turismo é responsável por 3,5% do PIB, com faturamento anual de R$ 53 bilhões e potencial para R$ 221 bilhões nos próximos dez anos, começa a registrar um boom de investimentos das principais redes do setor. De acordo com a EMBRATUR só nos próximos três anos, desembarcarão no País investimentos da ordem de US$ 6 bilhões. Os 300 hotéis em construção vão gerar cerca de 600 mil empregos diretos e indiretos.

 

Existem cerca de dez mil hotéis instalados no Brasil, dentre esses estima-se que entre 5% e 7% são de marcas internacionais (Embratur). São elas que mais investem em modernização e ampliação do mercado. Entre as redes que mais estão apostando no Brasil, destaca-se a Espanhola Sol Meliá; a francesa Accor e as americanas Marriott e Choice Hotels (comanda as marcas Sleep Inn, Confort, Quality e Clarion).

 

Para atender a mudança do perfil profissional e as exigências de um turismo em expansão e mais competitivo, a oferta de qualificação para a subárea de Hospedagem precisa ter como alvo ampliar o papel dos profissionais da área, exigindo cada vez mais que estejam preparados para dar soluções econômicas, técnicas e sociais às principais questões do setor turístico e hoteleiro.

 

Na análise do mercado foi identificada a necessidade de qualificação profissional básica para as seguintes ocupações da subárea de Hospedagem:

· Camareira;
· Supervisora de Andar;
· Governanta de Hotéis;
· Recepcionista de Hote;l
· Auxiliar de Reservas;
· Guest Relations;
· Gerente de Pousadas; e
· Taifeiro.

 

 

A área de Lazer e Entretenimento e seu contexto

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A área de Lazer e Entretenimento apresenta como principal cenário o crescente aumento do tempo livre. Essa é uma tendência verificada atualmente em quase todos os países, não obstante os diferentes graus de desenvolvimento.

 

Desde a revolução industrial, a redução da jornada de trabalho é a principal reivindicação dos movimentos sociais. Tal fato se constituiu no principal fator contribuinte para o aumento do tempo livre, e que, hoje, é reservado ao entretenimento e ao lazer nos fins de semana, feriados, férias e aposentadoria.

 

Dessa forma, surgiu a economia do tempo livre. Esse setor econômico está hoje estruturado em três grandes grupos que procuram atender as diferentes necessidades recreativas dos indivíduos. São eles:

· Os meios de comunicação – televisão, cinema, jornais, revistas, jogos eletrônicos, vídeo, publicidade e outros;
· O Turismo e a Hotelaria; e
· A comunicação interpessoal – a chamada área da recreação.

 

Atualmente, os indivíduos são preparados apenas para o trabalho e sentem dificuldades em vivenciar as potencialidades desse tempo livre no cotidiano. Com isso, os governos, as empresas privadas e as empresas do terceiro setor desempenham um papel de destaque na área criando, a todo momento, produtos novos e diferenciados.

 

O entretenimento no dia-a-dia também exige estruturas e apoio, que se configuram como serviços comerciais e não-comerciais onde o indivíduo desfruta o melhor do seu tempo livre em diferentes pontos do espaço antrópico e natural.

 

Existe hoje uma recreação sistematizada pelo setor público em pelo setor privado para grandes, médios e pequenos grupos de todas as faixas etárias. No setor público, a maioria dos cinco mil municípios brasileiros possui um ou mais órgãos que cuidam da criação e da animação de espaços recreativos. No setor privado, os investimentos estão concentrados em parques temáticos, em shoppings centers e shoppings de lazer (casas de jogos eletrônicos).

 

Nesse panorama econômico, que interessa diretamente a esta área, foram identificadas as seguintes necessidades de qualificação profissional básica para as seguintes ocupações:

· Recreador Infantil;
· Recreador para Idosos;
· Recreador para Hotéis;
· Recreador Hospitalar;
· Recreador para Creche;
· Recreador para Portadores de Deficiência;
· Recreador para Empresas;
· Recreador para Parques Temáticos;
· Animador de Festas Infantis;
· Produtor e Marketing Cultural; e
· Animador Cultural.

 

 

Subárea Eventos

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É comum ouvir-se falar ou participar de algum evento de caráter popular, como festas religiosas, cívicas ou comemorativas de datas representativas de um município. Mas os eventos não se restringem apenas a essas manifestações. Evento é qualquer acontecimento social programado para tratar dos mais diversos assuntos, sejam eles políticos, culturais, científicos, comerciais, profissionais, entre outros.

 

Ao longo do tempo, os eventos foram se firmando como sinônimo de sucesso, sendo um excelente meio de divulgação e proporcionando a troca de experiências que pode levar ao enriquecimento do conhecimento. Na sociedade atual, é um rePrograma cada vez mais adotado, quer por associações de classe, quer por empresas, para a difusão de técnicas e conhecimentos ou até como forma de decidir sobre questões de interesse dessas organizações.

 

Seja qual for a sua natureza, os eventos reúnem grupos de pessoas em torno de um mesmo objetivo e muito ajudam a desenvolver o turismo. Afim, atraem pessoas de outras cidades ou regiões, incentivam a economia e enriquecem a vida cultural da cidade onde são realizados. O setor hoteleiro também é beneficiado, o que faz com que grande parte dos hotéis tenha instalações especialmente destinadas a esses acontecimentos.

 

É importante destacar que o crescimento do interesse por essa atividade cria oportunidades para profissionais preparados para as funções de planejamento e organização de eventos, o que representa uma expansão significativa do mercado de trabalho.

 

Considerando o caráter prático da Educação do pessoal para atuar no setor de eventos, o Senac Rio em seus Programas de qualificação na área, trata de todos os elementos fundamentais à organização e promoção de eventos, desde o momento do levantamento das reais necessidades para a sua produção até o fechamento e a avaliação de todo o processo de realização.

 

A Educação do profissional responsável por eventos é complementada por atividades práticas, onde se pode aprimorar cada vez mais. O estudo, o aperfeiçoamento e o trabalho bem realizados certamente irão favorecer suas perspectivas de atuar nesse setor de atividades com um elevado padrão de desempenho profissional.

 

No levantamento de mercado, constatou-se a necessidade de qualificação profissional básica para as seguintes ocupações do mercado:

· Recepcionista de Eventos;
· Coordenador de Eventos;
· Organizador de Eventos; e
· Decorador de Eventos.

 


Notas
(1) Princípio 5 – Em Relação ao Contexto – Proposta Pedagógica do Senac Rio. Ver em: Senac Rio, Construindo a Proposta Pedagógica do Senac Rio, Rio de Janeiro, Editora Senac Rio, 2000.

 

Senac busca parceiros no Programa Educação para o Trabalho 16 de maio de 2009

 

Campos do Jordão - foto de Nandinhazinha

 

 O Portal  Net Campos.com, de Campos de Jordão (SP), veiculou, tempos atrás, a seguinte notícia sobre o Programa Educação para o Trabalho (PET).

 

 

 

 

 

 

 

 

Jovens terão a oportunidade de ampliar suas possibilidades para ingressar no mercado de trabalho

 

Um dos principais objetivos do Programa Educação para o Trabalho, que se inicia dia 5 de março, é capacitar adolescentes de comunidades carentes para ingressar no mercado profissional. Uma oportunidade ímpar para que todos os participantes possam desenvolver competências com valores sociais, promover a cultura de trabalho, além de atuar como agentes transformadores no ambiente familiar.

 

Com metodologia produzida pelo Senac São Paulo, o Programa Educação para o Trabalho é uma formação educacional gratuita e com duração de seis meses que prepara jovens de 15 a 21 anos.

 

Em várias unidades do Senac, o programa, que por 10 anos é considerado referencial de investimento social privado, vem sendo financiado com sucesso por empresas privadas, órgãos públicos e pelo terceiro setor, agregando benefícios institucionais aos seus apoiadores.

 

O Centro Universitário Senac – Campus Campos do Jordão abre as portas para empresas que estejam interessadas em ser parceiras desta iniciativa social. Na medida em que ampliam a possibilidade de formação para esses jovens, elas contribuem com o aumento de profissionais qualificados no mercado e com o desenvolvimento sustentável do país. E ainda podem ajudar a divulgar a ação para outras empresas aderirem ao programa.

 

O Programa Educação para o Trabalho oferece as seguintes vantagens aos parceiros:

– Recebem o selo Empresa que Educa, que poderá ser aplicado em embalagens, crachás ou peças promocionais do estabelecimento.
– Podem apresentar o compromisso social para seus clientes e colaboradores.
– Obtêm o benefício institucional de prestar um serviço à comunidade na qual estão inseridos.

 

Mais informações podem ser obtidas com a direção do Centro Universitário Senac, pelo telefone (12) 3668-3001

 

O Programa de Educação para o Trabalho (PET) foi desenvolvido pelo SENAC/SP e implementado, na sua forma atual, em 1996. É “voltado ao desenvolvimento de jovens, especialmente daqueles com limitadas oportunidades de acesso aos bens tecnológicos que possibilitam a apropriação do conhecimento, o domínio de competências, bem como de contato e convívio com padrões estéticos requisitados por um mercado de trabalho exigente e seletivo, inflexível a justificativas de natureza sociopolítica” (José Luiz Gaeta Paixão. Introdução do Programa de Educação para o Trabalho. São Paulo, SENAC, 1996).

 

O SENAC desenvolve o Programa de Educação para o Trabalho há cerca de 10 anos. O projeto teve origem após a constatação das dificuldades que jovens tinham em ingressar e permanecer no mundo do trabalho. Até agora, o Programa atendeu mais de 100 mil garotas e rapazes.

 

A GERMINAL participou da concepção do Núcleo Central do PET e da capacitação de todos os docentes (cerca de 1.000) envolvidos na implementação inicial do Programa. Desenvolveu também uma versão alternativa ao Plano de Curso original do Programa, o manual do Núcleo Central e todos os manuais das Estações de Trabalho dessa versão alternativa. Tal versão, por um conjunto de circunstâncias, acabou não sendo implementada, pelo menos em sua totalidade.

 

Em outros posts, pubicamos excertos dessa versão alternativa. Os excertos devem ser encarados como amostras do trabalho que pode ser desenvolvido pela Germinal.  A versão alternativa é composta por um Núcleo Central e por Estações de Trabalho destinadas ao tratamento de áreas específicas do Setor de Comércio e Serviços. Dela já publicamos os seguintes excertos:

  • Estrutura e Objetivos para a Versão Alternativa (extraída do Manual do Núcleo Central)
  • Amostra I: Exemplo de uma Sessão de Aprendizagem (extraído do Manual da Estação de Trabalho de Organização e Administração
  • Amostra  II: Exemplo de mais uma Sessão de Aprendizagem (extraído do Manual da Estação de Trabalho de Organização e Estética de Ambientes)
  • Amostra III: Exemplo de outra Sessão de Aprendizagem (extraído do Manual da Estação de Trabalho de Saúde) 
 

Imobilismo do Ensino Médio e Sistema de Formação de Professores 11 de maio de 2009

Portrait of my art teacher - Peter Powditch

 

 

Em post anterior, Ensino Médio, um problema insolúvel – propusemo-nos a identificar as quatro causas fundamentais que fazem com que o Ensino Médio não mude. Escolhemos quatro grandes pilares de manutenção do status quo do Ensino Médio: o currículo (dividido em disciplinas), o sistema de formação de professores (que consagra a divisão disciplinar do currículo), a facilidade de operação administrativa (com o curículo permitindo um funcionamento taylorista /fordista da adminsitração escolar) e  o pensamento pedagógico dominante (que é, em essência, conservador porque interessado na permanência).

 

Em  outro texto, O Currículo Imutável do Ensino Médio, falamos da primeira causa. Neste post vamos tratar da segunda: o sistema de formação de professores.

 

No texto anterior, talvez com um excesso de crítica , afirmamos que a nova LDBEN (8384/86) e os instrumentos normativos complementares, não avançaram ou avançaram pouco no que se refere à indiscutível necessidade de mudanças no currículo do Ensino Médio.

 

No aspecto legal, em relação à formação dos professores, não podemos dizer o mesmo. A mudança prevista pela LDBEN começa com a definição do papel dos professores. O artigo 13, prescreve que os “docentes incumbir-se-ão de:

 

1. participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;

2. elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;

3. zelar pela aprendizagem dos alunos;

4. estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento;

5. ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;

6. colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade.”

 

É de se destacar, como inovação, a perspectiva de gestão participativa da escola implícita na co-responsabilidade pela elaboração da proposta pedagógica. A transposição do foco no ensinar para o zelo pela aprendizagem, também merece destaque. Por fim, atribui à docência responsabilidades que transcendem os muros da escola, tornando-a agente da integração escola-comunidade.

 

Para atender às exigências desse novo papel, a LDBEN dedica dois artigos, os de número 62 e 63, ao sistema de formação de professores, especialmente focando os tipos e modalidades de cursos de formação docente e a sua localização institucional.  Nos dois artigos, cria duas figuras novas.

 

No campo institucional, cria os Institutos Superiores de Educação, destinados especificamente à formação de professores, em curso de licenciatura plena ou no Curso Normal Superior. Tal curso (Normal Superior) é a segunda criação da lei, esta já no campo específico da formação docente.

 

Acreditamos que as duas criações são tentativas de resposta para dois problemas fundamentais do então e ainda atual sistema de formação de professores.

 

O Curso Normal Superior vinha suprir a necessidade de uma formação específica de professores para a Educação Infantil e para as quatro primeiras séries do Ensino Fundamental. A formação de professores para essa etapa fudamental da educação básica tinha sido desestabilizada desde a lei 5.692/71, com sua tentativa de universalização da formação técnica de nível médio. O fracasso da unversalização do ensino técnico levou consigo, de roldão, o antigo Curso Normal, de nível médio, que, antes do advento da lei 5692/71, formava professores para as quatro primeiras séries do então ensino de primeiro grau.

 

Aliado à destruição do curso normal e das instituições que o abrigavam, o curso de Pedagogia, repaginado pela Reforma Universitária de 1968, passou a capacitar, como uma de suas multiplas habilitações, professores para atuarem junto às crianças em fase de aprendizagem das primeiras letras, visões de mundo e operações matemáticas (Resolução CFE nº 2/1969). Trocou-se um curso de nível médio com tradição de qualidade e foco específico por um curso superior sem esta tradição e sem este foco. Tudo indica que a mudança não foi para melhor. 

 

As mudanças na formação dos professores das quatro primeiras séries do Ensino Fundamental foram concomitantes à universalização da escola pública e à privatização do ensino superior. Por isso, é difícil separar os vários efeitos: o do aumento da complexidade, representada pelas características de uma clientela oriunda de um universo cultural distinto do da escola; o da formação docente mais apressada e menos técnica, decorrente do currículo do novo curso de Pedagogia; e o da perda de qualidade, resultante da pouca exigência feita aos multiplicados alunos de Pedagogia por instituições privadas em acelerado processo de expansão.

 

O fato é que a nova sistemática de fomação não capacitou professores para enfrentar os desafios da universalização do Ensino Fundamental. A antiga formação, ainda hoje existente, perdeu prestígio, foi relegada a um plano secundário e entrou em decadência. Base para o sucesso de toda a educação posterior, a qualidade do ensino nas quatro primeiras séries declinou e muito.

 

O artigo 63 da LDBEN que cria o Instituto Superior de Educação e a legislação complementar, que se seguiu, podem ter tido a intenção de remover ou atenuar os efeitos de outra criação da Reforma Universitária de 1968: a divisão departamental das universidades. A divisão da universidade em departamentos (escolas, faculdades,…) resulta na divisão da responsabilidade pela licenciatura em dois departamentos distintos. Um deles é o de educação. É, em geral, o menos prestigiado dos dois.

 

Resulta da divisão departamental da licenciatura, a manutenção, sem alterações sensíveis, do modelo 3+1 nos últimos 50 anos (pelo menos). Decorre daí a valorização do bacharelado em detrimento da licenciatura, a valorização da formação específica em detrimento da formação docente. A divisão departamental da licenciatura cria a divisão e a justaposição de duas capacitações distintas: a formação específica (bacharelado) e a formação docente.

 

É usual que na licenciatura se aprenda a ensinar de uma forma distinta da que se ensina no bacharelado e mesmo daquela que se pratica, muitas vezes e contraditoriamente, nas matérias específicas para a formação docente. Em geral, a forma de ensinar que fica é a que se pratica em toda a vida escolar do futuro professor: a aula expositiva.

 

Ao definir as diretrizes curriculares para a formação de professores o Parecer CNE/CP nº 9/2001, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena; já afirmava:

 

Entre as inúmeras dificuldades encontradas para essa implementação destaca-se o preparo inadequado dos professores cuja formação de modo geral, manteve predominantemente um formato tradicional, que não contempla muitas das características consideradas, na atualidade, como inerentes à atividade docente,

Isso exige a definição de currículos próprios da Licenciatura que não se confundam com o Bacharelado ou com a antiga formação de professores que ficou caracterizada como modelo “3+1”.

 

Ao lado de propor uma organização curicular própria da licenciatura e para todas as licenciaturas, o Parecer reforçava a necessidade de implementação do Instituto Superior de Educação, no mínimo como instância de coordenação entre os departamentos envolvidos com a licenciatura, na tarefa de preparação dos professores para atuarem nas útimas séries do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.

 

Era previsível que, sem uma instância de coordenação ou mudança organizacional, seria difícil a existência de cursos focados exclusiva ou predominantemente na capacitação de professores. Sem ela, a parte tipicamente pedagógica da licenciatura continuaria como apêndice do bacharelado.

 

O parecer abria uma oportunidade de mudança que facilitaria o desmonte de outra das pernas da estabilidade do ensino médio: o currículo fragmentado em disciplinas. Com a capacitação didática sendo o núcleo da preparação inicial dos docentes (e não a formação técnica), seria mais simples a adoção de organizações curriculares mais flexíveis e criativas, especialmente nas útimas séries do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Facilitaria a operação de um currículo por áreas, como prevê as Direrizes Curriculares do Ensino Médio e como se volta a discutir atualmente (abril/maio de 2009).

 

Jeremy Pantoja - Character Animator.

Jeremy Pantoja - Character Animator.

Não vamos tratar aqui, por ser longa a discussão e porque vamos fazê-lo em outro post, dos motivos que culminaram, no PARECER CNE/CP Nº 5/2006, nas seguintes tomadas de posição:

  • a Formação de Professores de Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental será desenvolvida em curso de Pedagogia ou em Curso Normal Superior;
  • as instituições de educação superior vinculadas ao Sistema Federal de Ensino poderão decidir por qualquer das alternativas indicadas acima, independentemente do ato autorizatório, (…)
  • (…)
  • os cursos de Licenciatura destinados à Formação de Professores para os anos finais do Ensino Fundamental, o Ensino Médio e a Educação Profissional de nível médio serão organizados em habilitações especializadas por componente curricular ou abrangentes por campo de conhecimento, conforme indicado nas Diretrizes Curriculares pertinentes;

 

Os grifos, que são nossos, mostram que o Parecer só veio referendar o que já vinha acontecendo, na prática. Ao permitir a escolha entre o novo e o antigo, facilitou a permanência do velho. Na prática, as grandes universidades e instituições de ensino superior já consolidadas nada tinham avançado em relação à situação anterior. O Parecer  CNE/CP 5/2006 permite que, no sistema de formação de professores, nada mude e tudo continue como antes.

 

Formação de professores será entrave para implantação do novo modelo de ensino médio? 6 de maio de 2009

 

Meti Handmade School – Anna Heringer Arquitecture.

 

 Em post anterior, em que comentamos a nova proposta curricular para o ensino médio, prevíamos um conjunto de dificuldades e reações. O texto do Portal UOL Educação, de 05/05/2009, que reproduzimos abaixo, parece ser a primeira reação da burocracia escolar.

 

 Ela se atém a um dos pilares que sutenta a imobilidade do Ensino Médio, que identificamos em Ensino Médio, um problema insolúvel: o sistema de formação de professores. Sobre esse tema publicaremos um artigo brevemente.

 

A foto que ilustra este post foi incluída por nós. Ela mostra uma bela sala de aula, ocupada por crianças pequenas e adequada à cultura local. Que espaços escolares seriam adequados às áreas temáticas do novo currículo do Ensino Médio e ajustado ao unverso cultural da nossa juventude?

 

Para ler mais sobre Arquitetura e Educação, acesse: https://germinai.wordpress.com/category/arquitetura-escolar/.

 

Da Agência Brasil

A principal dificuldade que os Estados vão enfrentar na reforma
curricular do ensino médio, proposta pelo MEC (Ministério da
Educação), será a falta de professores preparados para atender o
novo modelo, avalia a presidente do Conselho Nacional de
Secretários de Educação (Consed), Maria Auxiliadora Seabra. “A
proposta é interessante em algumas medidas. O ensino médio passa
por uma crise de identidade, hoje, com um amontoado de
disciplinas”,
afirma.

 

 A presidente do Consed diz que, muitas vezes, o professor não
está ainda preparado nem para atender ao atual modelo. Ela
acredita que será necessário um grande esforço das universidades
para atender a formação dos profissionais de ensino em grandes
áreas do conhecimento.

 

“O professor formado em biologia às vezes não domina nem todo
aquele conteúdo, como poderá dar aulas de outras áreas?

 

Precisamos de um esforço conjunto porque as universidades ainda
resistem muito a esse modelo mais amplo de formação”, disse.
O Consed vai montar um grupo de trabalho para debater o projeto
apresentado pelo MEC. Um dos pontos que precisa de maior
discussão, segundo Auxiliadora, é o repasse de verbas do
ministérios para apoiar os projetos em cada estado
.

 

 A princípio, o ministério garantiu verba extra para as cem
escolas que tiveram as piores notas no Enem (Exame Nacional do
Ensino Médio). “Essa questão precisa ser dimensionada. Para a
gente avaliar a eficácia desse novo modelo, ele teria que
funcionar tanto em boas escolas, como em escolas com problemas”,
afirmou.

 

O CNE (Conselho Nacional de Educação) vai realizar audiências
públicas para discutir o novo modelo de ensino médio. O processo
deve ser concluído até julho. Depois dessa etapa, o ministério
começará as negociações com os estados.

 

Amanda Cieglinski

 

Arquitetura escolar: As escolas mais legais do mundo.

 

 

Este post deriva de um texto indicado por Miriam Salles através do Twitter, creio que a propósito da blogagem coletiva proposta pelo Boteco Escola. O texto foi postado em BizRevolution e começa assim:

 

A World Architecture News soltou as finalistas do concurso que vai escolher o Educational Building of the Year. Seis são as candidatas finais para vencer o prêmio. 

 

The Australian Technical College, desenhada por Spowers, está localizada em um local de extremo calor, mas não precisa de nenhum ar condicionado. Ao contrário, a escolha é resfriada por ventilação natural e um canal subterrâneo que traz ar fresco para dentro do edifício. 

 

A foto do belo prédio do Australian Technical College você pode ver acima. Ler a continuidade do artigo em BizRevolution.

 

O  interessante da matéria, e que tenho também observado em todos os sites que tratam da arquitetura escolar, é que a concepção pedagógica raramente anima o projeto da construção escolar. São apresentados vários motivos para a escolha das finalistas: a ventilação, como no caso do Australian Technical College; os materiais utilizados, a configuração estrutural do prédio, a beleza…

 

Apenas uma das finalistas escolhidas o foi estritamente pelo desenho relacionado à concepção pedagógica: a “Jåttå Vocational School, de Henning Larsen, foi desenhada para funcionar com os novos modelos de aprendizado. Grandes salas de aula cercadas por salas menores para lições personalizadas“.

 

Outra observação importante: nos sites que tratam sobre arquitetura escolar e mesmo nas fotos referentes à premiação, a sala de aula aparece pouco. É como se todas as salas de aula fossem iguais e não houvesse nada de diferente para mostrar ali.

 

A sala de aula retratada na foto ao lado é da Britain’s Hazelwood School, desenhada por Gordon Murray + Alan Dunlop Architects, uma outra finalista do Educational Building of the Year.

 

É interessante notar que quando a sala de aula é mostrada e ela é adequada para o desenvolvimento de uma aprendizagem mais criativa, geralmente é destinada às crianças pequenas. Por que será?

 

Ensino Médio: MEC quer trocar matérias por áreas temáticas 4 de maio de 2009

 

 

Nude Descending a Starcase - Marcel Duchamp

 

 

 

 

 

 

Em posts anteriores (Ensino Médio, um problema insolúvel?; O Currículo Imutável do Ensino Médio; Ninguém aprende samba no colégio, infelizmente), começamos a discutir a necessidade e as dificuldades de mudanças no Ensino Médio.

 

Em Ensino Médio um Problema Insolúvel? procuramos as causas das dificuldades para mudanças no ensino médio. Chegamos a identificar quatro causas fundamentais: O currículo imutável, o sistema de formação dos professores, a facilidade de operação administrativa do atual currículo e o pensamento pedagógico dominante no Brasil.

 

Dessas causas, até agora tratamos da primeira: o currículo. Em O currículo Imutável do Ensino Médio afirmamos que o currículo enciclopédico e fragmentado em disciplinas (matérias) é uma das causas, ao mesmo tempo, da baixa qualidade do ensino médio e de sua estabilidade perversa.

 

A constatação não é nova. Tentativas de mudanças também não. Parece que mais uma delas encontra-se em curso. Notícia de hoje (4/05/2009), no caderno Cotidiano, do jornal Folha de São Paulo, informa que o MEC e o Conselho Nacional de Educação pretendem mudar o currículo do Ensino Médio. Para facilitar o acesso e o comentário, postamos a seguir o texto completo da reportagem.

 

 

 

“A intenção é eliminar a atual divisão do conteúdo em 12 disciplinas no ensino médio e criar quatro grupos mais amplos. Proposta será discutida hoje pelo Conselho Nacional de Educação; União planeja incentivos financeiros para obter adesão dos Estados.

FÁBIO TAKAHASHI
 
DA REPORTAGEM LOCAL


O Ministério da Educação pretende acabar com a divisão por disciplinas presente no atual currículo do ensino médio, o antigo colegial. A proposta do governo é distribuir o conteúdo das atuais 12 matérias em quatro grupos mais amplos (línguas; matemática; humanas; e exatas e biológicas).

 
Na visão do MEC, hoje o currículo é muito fragmentado e o aluno não vê aplicabilidade no programa ministrado, o que reduz o interesse do jovem pela escola e a qualidade do ensino.


A mudança ocorrerá por meio de incentivo financeiro e técnico do MEC aos Estados (responsáveis pela etapa), pois a União não pode impor o sistema. O Conselho Nacional de Educação aprecia a proposta hoje e amanhã e deve aprová-la em junho (rito obrigatório).


O novo Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que deverá substituir o vestibular das universidades federais, será outro indutor, pois também não terá divisão por disciplinas.


Liberdade
Segundo a proposta, as escolas terão liberdade para organizar seus currículos, desde que sigam as diretrizes federais e uma base comum. Poderão decidir a forma de distribuição dos conteúdos das disciplinas nos grupos e também o foco do programa (trabalho, ciência, tecnologia ou cultura).

Assim, espera-se que o ensino seja mais ajustado às necessidades dos estudantes.


O antigo colegial é considerado pelo governo como a etapa mais problemática do sistema educacional. Resultados do Enem mostram que 60% dos alunos do país estudam em escolas abaixo da média nacional.
O governo Lula pretende que já no ano que vem, último ano da gestão, algumas redes adotem o programa, de forma experimental. No médio prazo, espera que esteja no país todo.


“A ideia é não oferecer mais um currículo enciclopédico, com 12 disciplinas, em que os meninos dominam pouco a leitura, o entorno, a vida prática”, disse a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar.
Está previsto também o aumento da carga horária (de 2.400 horas para 3.000 horas, acréscimo de 25%).


“A mudança é positiva. Hoje, as disciplinas não conversam entre si”, afirmou Mozart Neves, membro do Conselho Nacional de Educação e presidente-executivo do movimento Todos pela Educação.


“A análise de uma folha de árvore, por exemplo, pode envolver conhecimentos de biologia, química e física. O aluno pode ver sentido no que está aprendendo”, disse Neves.


A implementação, no entanto, será complexa, diz o educador. “Precisa reorganizar espaços das escolas e, o que é mais difícil, mudar a cabeça do professor. Eles foram preparados para ensinar em disciplinas. Vai exigir muito treinamento.”


O MEC afirma que neste momento trabalha apenas o desenho conceitual. Não há definição de detalhes da implementação ou dos custos.


O relator do processo no conselho, Francisco Cordão, disse que dará parecer favorável. “Talvez seja preciso alguns ajustes. Mas é uma boa ideia. Hoje o aluno não vê motivo para fazer o ensino médio.”

 

Sofia Kisselov / curriculum

Sofia Kisselov / curriculum

 

A proposta é muito interesante. Concentrar o currículo em áreas temáticas pode facilitar arranjos curriculares mais criativos e integrados.

 

No entanto, nos post já publicados e nos a publicar, defendemos a tese que a imutabilidade do ensino médio é decorrência de um conjunto articulado de quatro causas fundamentais. Tratar apenas uma das causas sem tocar nas demais pode resultar em fracasso, como antes já aconteceu.

 

Além da reação coorporativa dos atuais professores das várias disciplinas, é esperável a reação das universidades. A mudança curricular implicaria necessariamente em mudanças nas atuais licenciaturas em direção à formação de professores mais generalistas. Sem mudanças no sistema de formação de professores a mudança curricular do Ensino Médio poderá ser inócua.

 

É esperável também a reação da burocracia escolar. A operação administrativa de secretarias de educação e escolas será mais complexa com as mudanças no currículo atual. Escolas e sistemas escolares precisariam estar dispostos a abandonar suas práticas tayloristas/fordistas e avançar em direção a modelos administrativos mais modernos. Os burocratas alojados em escolas e sistemas escolares estariam dispostos a embarcar em um processo radical de mudança administrativa? O “incentivo financeiro e técnico do MEC aos Estados” será suficiente para induzir a mudança?

 

 Por fim, resta esperar a reação do pensamento pedagógico dominante. Ele é em grande parte oriundo das universidades, comprometido com o atual sistema de formação de professores. Com argumentos variados e muitas vezes ideológicos (no sentido marxista da palavra), frequentemente disfarçado de vanguarda, ele tem reagido a todas as propostas de mudanças feitas nos últimos 40 anos. Que excertos do pensamento de Marx ou de Gramsci vão ser utilizados como anátema da nova iniciativa?

 

 
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