Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

VEJA de novo: Escola do Futuro ? 30 de julho de 2009

 

Dando sequência a uma discussão interrompida sobre arquitetura e educação, voltamos à Revista Veja. Em sua seção sobre educação, a revista publicou um Infográfico sobre a Escola e o Ensino do Futuro. Acesse o infográfico, clicando aqui.

 Veja infograf_escola_futuro

  

Serei breve. O ambiente futurista oculta o conservadorismo. O professor continua no centro da ação. Ainda é uma aula. A tecnologia é usada para manter a concepção pedagógica tradicional e dominante.

 

Em um conjunto de textos sobre arquitetura escolar, especialmente nos artigos: Arquitetura Escolar e Indução Pedagógica e Arquitetura Escolar e Aprendizagem Criativa consideramos que a disposição física da sala de aula era muito importante na superação dessa concepção pedagógica tradicional. Entre as mudanças propostas nos artigos, foi privilegiada a disposição das carteiras em círculo. O Infográfico mostra uma forma de desvirtuar o que a disposição em círculo tem de positivo: representar uma relação mais igualitária, facilitar e possibilitar uma comunicação aberta entre todos.

 

Do ponto de vista arquitetônico, talvez a mudança tenha de ser mais radical. Como na Escola da Ponte, talvez seja necessário abolir a aula, as classes e as salas que as abrigam.

 

Ver outros comentários a respeito do Infográfico em: Prof. Michel (http://webdigitaleducator.blogspot.com/2009/04/escola-do-futuro-onde.html) ; BlogNato: http://blognato.fisica-interessante.com/2009/03/escola-do-futuro-segundo-revista-veja.html e Tecnologias Digitais e Educação: http://tdeduc.zip.net/arch2009-03-29_2009-04-04.html.

 

Trilha Jovem atuará na Copa de 2014 29 de julho de 2009

 

A ABN, Agência Brasileira de Notícias, veicula a seguinte notícia sobre o Trilha Jovem:

 

FOZ DO IGUAÇU [ ABN NEWS ]

A experiência bem-sucedida do projeto Trilha Jovem, desenvolvido pelo Instituto Polo Iguassu nas dependências do Parque Tecnológico Itaipu (PTI), deverá ser levada para outros pontos do país, especialmente as cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 e municípios do entorno, como parte do esforço que o país deverá realizar nos próximos quatro anos para receber bem o grande número de turistas que virá para o evento. “O maior desafio do setor turístico no Brasil é a capacitação. E a gente fica muito feliz em ver um projeto como o Trilha Jovem com resultados tão positivos”, afirmou a diretora do Departamento de Qualificação, Certificação e Produção Associada ao Turismo do Ministério do Turismo (MTur), Regina Cavalcante.

 

Regina participou na manhã desta terça-feira (28), do café empresarial, evento que marca o encerramento da etapa de capacitação dos jovens realizada no PTI. O treinamento irá prosseguir por meio de estágios assistidos em empresas do setor turístico. Participaram do café, que foi realizado no Hotel Mabu, cerca de 200 empresários, além de diversas autoridades, entre elas o presidente da Câmara Municipal, Carlos Budel, o vice-prefeito, Chico Brasileiro, o secretário municipal do Turismo, Felipe Gonzalez, o gerente de turismo do PTI, Jaime Nelson Nascimento, o presidente do Instituto de Hospitalidade, José Wagner Fernandes, e o presidente do Comtur, Paulo Angeli.

 

Conforme explicou Regina Cavalcante, nos próximos seis meses o MTur vai definir as ferramentas que serão utilizadas para preparar o país para a Copa, que é entendida pelo governo como uma oportunidade de reposicionamento de imagem do Brasil como destino turístico.

 

“Não temos problemas quanto a recursos, instrutores ou logística. A questão é que ferramentas utilizar nesse processo e como integrá-las. O Trilha Jovem surge como uma nova ferramenta que poderá ser utilizada nesse amplo programa de qualificação do turismo”, disse a diretora.

 

Um dos principais diferenciais do projeto, segundo o presidente do Instituto Polo Iguassu, Faisal Saleh, está no envolvimento com o mercado de trabalho. Durante o curso, os alunos lidam com diversos aspectos do dia a dia profissional, como a utilização de recursos da informática, empreendedorismo, atendimento ao cliente, trabalho em equipe, como vencer a timidez, como planejar a carreira, entre outros. “O projeto ajuda o aluno a identificar oportunidades de crescimento e as possibilidades de sucesso no mercado”, explicou.

 

No café da manhã servido nesta terça-feira, os 120 formandos do Trilha Jovem 2009 tiveram a oportunidade de apresentar seus planos de carreira, além de projetos desenvolvidos nos três eixos que compõem o currículo do curso. O primeiro é o do desenvolvimento sustentável, em que os alunos prestam serviços comunitários como a limpeza de rios e de espaços públicos, ou ainda aprendem sobre a importância da reciclagem.

 

No segundo eixo, os jovens são capacitados nos diferentes ramos do turismo (alimentos e bebidas, viagens e turismo, e hospedagem). O terceiro e último eixo lida com qualidades necessárias para o bom desempenho profissional, como o desenvolvimento do senso de responsabilidade, além da elaboração do plano de vida e de carreira. “Nessa fase, uma das atividades é ter de cuidar de um ovo por alguns dias. Parece fácil, mas dá trabalho. É para que a gente tenha uma idéia do que significa para as nossas vidas a responsabilidade de cuidar de um filho quando ele não é planejado”, conta a formanda Priscila Ribeiro Rodrigues, 18 anos, que concluiu o ensino médio em 2008 e agora pensa em cursar Turismo.

 

Para Teobaldo Boff, diretor da Localiza (serviço de aluguel de automóveis), a iniciativa do Trilha Jovem é muito positiva para Foz do Iguaçu, para os jovens e para as empresas. “Às vezes precisamos contratar alguém e entrevistamos 20 ou 30 pessoas sem conseguir tirar um candidato sequer. Com o Trilha Jovem, o candidato já chega capacitado”, diz o empresário, acrescentando que pretende contratar um novo funcionário, possivelmente entre os formandos do projeto.

 

 

Mostra de Excelência em Serviços - Trilha Jovem - Foz do Iguaçu

Mostra de Excelência em Serviços - Trilha Jovem - Foz do Iguaçu

O Projeto Trilha Jovem nasceu de uma proposta curricular desenvolvida, em 2001, pela Germinal Consultoria para o Instituto de Hospitalidade (IH), de Salvador, na Bahia.

 

Essa primeira versão foi alterada pelo IH nas primeiras implementações, em 2004. Depois, em 2006, a versão original e a inicialmente implementada foram fundidas na versão atual, que ganhou dimensão nacional. A Germinal contribuiu nesse trabalho.

 

A partir da crítica, sistematização, reformulação e ampliação dos planos de aula utilizados nas primeiras implementações, a Germinal criou também as Referências para a Ação Docente (Eixos I, II e III), que são manuais que apresentam sugestão, passo a passo, de desenvolvimento de todas as unidades curriculares do Projeto. As Referências para a Ação Docente facilitam e são fundamentais na manutenção da qualidade  da expansão nacional do Projeto.

 

Technorati : Trilha jovem, capacitação, copa de 2014, educação, educação profissional, jovens de baixa renda, mercado de trabalho, qualificação, trabalho, turismo
Del.icio.us : Trilha jovem, capacitação, copa de 2014, educação, educação profissional, jovens de baixa renda, mercado de trabalho, qualificação, trabalho, turismo
Ice Rocket : Trilha jovem, capacitação, copa de 2014, educação, educação profissional, jovens de baixa renda, mercado de trabalho, qualificação, trabalho, turismo

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O trabalho doméstico profissional 28 de julho de 2009

“A casa de infância de Henri Bachelin é a mais simples de todas. É a casa rústica de um povoado de Morvan. No entanto, com suas dependências campesinas e graças ao trabalho e à economia do pai, é uma casa onde a vida da família encontrou a segurança e a ventura. No quarto iluminado pela lâmpada junto à qual o pai, agricultor e sacristão, lê de noite a vida dos santos, o menino vivencia seu devaneio de primitividade, um devaneio que lhe acentua a solidão até o ponto de imaginar que mora numa cabana perdida na floresta. Para um fenomenólogo que procura as raízes da função de habitar, a página de Henri Bachelin é um documento de grande pureza. Eis a passagem essencial (p. 97): “Eram horas em que com força, juro, eu nos sentia como eliminados da cidadezinha, da França e do mundo. Eu sentia prazer – e guardava para mim as minhas sensações – em imaginar-nos vivendo no meio dos bosques, numa bem aquecida cabana de carvoeiros: gostaria de ouvir os lobos aguçarem as garras no granito indestrutível da soleira de nossa porta. Nossa casa servia-me de cabana. Via-me ao abrigo da fome e do frio. Se eu tremia, era só de bem estar” (Gaston Bachelard).

 

O texto a seguir é a descrição de uma sessão de aprendizagem do Programa de Capacitação de Empregados Domésticos, desenvolvido pela Germinal para o SENAC de São Paulo. Para mais informações sobre o Programa, clique aqui.

 

 

 

            Sessão 2

 

                                                                            O Trabalho Doméstico Profissional

 

 

 

 

Objetivos: Analisar os universos residencial e profissional e reconhecer as diferenças sobre a sua aparente similaridade. Reconhecer seus “hábitos de morar” e contrapô-los com os do ambiente de trabalho. Valorizar a sua forma de viver e conviver, sem desconsiderar a necessária adaptação às demandas de ambientes profissionais distintos. Desenvolver a competência de ouvir.

  

Atividade 3: minha casa, meu trabalho?

Descrição: o coordenador retoma as anotações feitas em flip-chart na Atividade 2 sobre “suas casas da memória”. A seguir orienta um pequeno relaxamento que facilite a audição de uma fita contendo sons da natureza. Seguem-se comentários gerais sobre as sensações e a experiência desse ouvir.

  

 

Terminado o aquecimento inespecífico, os participantes se dividem em quatro grupos. O coordenador informa que cada grupo será responsável por trabalhar com um dos segmentos de filmes que irá exibir . Os segmentos retratam casas e formas de morar, são eles:

 

· Grupo 1: A Dama e o Vagabundo, desenho animado de Disney, segmento inicial.

 

· Grupo 2: Vestígios do Dia, segmento em que pai e filho (mordomos) servem o jantar.

 

· Grupo 3: Cinderela, desenho animado de Disney, segmento inicial em que Cinderela serve o café da manhã.

 

· Grupo 4: A Casa dos Espíritos, segmento inicial até a cena em que Clara movimenta o vaso com o pensamento.

  

 

Cada grupo deverá preparar uma pequena representação, sem fala, em dois atos. O primeiro ato terá por título: cuidar e morar em minha casa. O segundo ato: cuidar e morar (enquanto empregado doméstico) da casa retratada no filme.

  

Terminada a preparação, os grupos apresentam seus pequenos espetáculos teatrais. Após as apresentações, o coordenador estimula, coordena e articula a análise das cenas em torno das seguintes questões:

 

1. Quais os sentimentos suscitados pela vivência dos dois ambientes (representação da minha casa e representação da casa do filme)?

2. Quais as diferenças de comportamento condicionadas pela mudança de ambiente e de situação?

3. Como meu jeito de morar interferiu com a minha atuação dentro da reprodução do cenário do filme?

4. Como eu vejo a minha forma de viver e de me comportar em comparação com a forma de viver e se comportar dos donos da casa do filme?

  

Após o debate em torno de cada questão, o coordenador encaminha uma síntese referenciado nos objetivos da sessão.

  

Recursos: Aparelho de som. Fita K7 ou CD. Vídeo. Fitas de vídeo com os segmentos de filme selecionados.


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Currículo integrado por eixo temático 26 de julho de 2009

   

O texto postado a seguir é a apresentação do Núcleo Central do Programa de Capacitação de Empregados Domésticos desenvolvido pela Germinal Consultoria para o SENAC/SP, do qual já publicamos a estrutura curricular.

 

O programa é um exemplo de currículo integrado por um eixo temático. Neste caso, o tema: construção do papel profissional, objeto do Núcleo Central, articula o currículo. O texto abaixo explicita como, no caso, a integração é feita.

 

 

I. APRESENTAÇÃO do Núcleo Central do Programa de Formação do Empregado Doméstico

 

Jan-Vermeer_milkMaid_f“Como expressar melhor a integração entre o devaneio e o trabalho, entre os sonhos maiores e os trabalhos mais humildes, do que Henri Bosco falando de Sidoine, uma criada de grande coração? ‘Essa vocação para a felicidade, longe de ser nociva à sua vida prática, alimentava-lhe os atos. Enquanto ela lavava um lençol ou uma toalha, enquanto passava cuidadosamente o pano que cobria o pão ou polia um candelabro de cobre, subiam-lhe do fundo da alma esses pequenos movimentos da alegria que animava seus trabalhos domésticos. Ela não esperava que o trabalho estivesse terminado para mergulhar em si mesma e contemplar à vontade as imagens sobrenaturais que a habitavam. Era enquanto fazia os trabalhos mais banais que as figuras desse mundo lhe apareciam familiarmente. Sem parecer sonhar nem um pouco, ela lavava, espanava e varria em companhia dos anjos” (Bachelard, Gaston. A poética do espaço. São Paulo, Martins Fontes, 1989, p.81).

 

O Núcleo Central do Programa será destinado essencialmente à construção do papel de empregado doméstico, que não implique em uma fuga do real e um mergulho no sonho, como na epígrafe. Essa construção será, de começo, necessariamente uma desconstrução, uma destruição criativa. Trata-se, de um lado, de anular um conjunto de preconceitos e desvalorizações sociais introjetadas no atual ou potencial ocupante do papel. De outro, é necessário romper com o estereótipo de função servil e subalterna que marca o papel.

  

Sobre e concomitantemente a esse ato de destruição é preciso apoiar um trabalho de criação do papel. Para tanto é necessário redescobrir, repor, talvez inventar e fixar o sentido social do papel. Para cada profissional a ser formado é fundamental a definição de um sentido pessoal para o exercício do papel, sem o qual essa criação opera sobre o vazio.

 

Só assim o Núcleo Central constituir-se-á num eixo referencial e poderá permear todo o programa. Seu conteúdo, essencialmente ligado à subjetividade e comportamento profissional, será desenvolvido através de técnicas vivenciais, improvisações dramáticas ou simulações e será sempre recuperado nas Estações de Trabalho, em situações práticas, de forma aplicada ao componente técnico do trabalho e articulada com as habilidades específicas a serem nelas (Estações e situações) desenvolvidas.

 

Outra função do Núcleo Central será a de articular o conteúdo das estações de trabalho com essa perspectiva de construção do papel e construção do conhecimento, ou seja, garantir o desenvolvimento da mesma metodologia e da mesma perspectiva educacional em todas as unidades do Programa. O coordenador do núcleo central será, portanto, o coordenador do programa. Faz-se necessário que acompanhe e oriente o desenvolvimento de todas as Estações de Trabalho.

 

 

CAPACITAÇÃO DE EMPREGADAS DOMÉSTICAS (I) 22 de julho de 2009

 

O programa de Formação e Desenvolvimento da Empregada Doméstica foi desenvolvido pela Germinal para o SENAC de São Paulo, há cerca de 10 anos atrás. Na época de sua implementação, o Programa foi objeto de inúmeras reportagens da grande mídia, que estamos procurando recuperar. Por ora, apresentamos a estrutura curricular do Programa.

 

I. APRESENTAÇÃO

Cas de Dr. Paul Gachet em Auvres-Sur-Oise - Cézanne

Cézanne - Casa de Dr. Paul Gachet en Auvres-Sur-Oise

“Em suma, a casa natal gravou em nós a hierarquia das diversas funções do habitar. Somos o diagrama das funções de habitar aquela casa; e todas as outras não passam de variações de um tema fundamental. A palavra hábito está demasiado desgastada para exprimir essa ligação apaixonada entre o nosso corpo que não esquece e a casa inolvidável” (Bachelard, Gaston, A poética do espaço, São Paulo, Martins Fontes, 1989, p.33).

 

É grande o número de pessoas empregadas em ocupações domésticas. O Sindicato dos Trabalhadores em Serviços Domésticos estimava, em 1999, ser de 500.000 profissionais a base da categoria. A quase totalidade dessas pessoas profissionalizaram-se na prática, tendo como professores os próprios patrões ou outros empregados domésticos. A origem primeira e a base desse saber é, quase sempre, a própria casa do agora profissional. Nela, por observação e prática direta, habilidades como arrumar, limpar, lavar e passar foram sendo construídas desde a infância.

 

Determinadas circunstâncias problematizam hoje tal processo de formação. A ampliação das diferenças de renda, refletidas nas residências do empregado e do empregador, dificultam a transferência dos conhecimentos adquiridos no cotidiano para a situação profissional. A crescente profissionalização das mulheres das classes média e alta, por outro lado, afasta do cenário da casa a presença do mestre antes de plantão. A demanda pelo profissional já treinado aumenta. A qualificação é um requisito cada vez mais exigido para o primeiro emprego e, portanto, um diferencial para aquele que o procura. Para os já empregados, um acréscimo de qualificação enseja o emprego em residências de pessoas de melhor poder aquisitivo e incrementos salariais significativos.

 

a) Natureza (Peculiaridade) da ocupação e da formação

Os serviços domésticos tem um diferencial em relação a outras atividades profissionais: uma superposição de espaços. O espaço do exercício profissional do trabalhador doméstico coincide com o espaço de moradia de seu(s) empregador(es) e rebate sobre a moradia do trabalhador, muitas vezes negando-a.

 

Existe uma separação e uma crescente diferença entre habitar a minha casa (e cuidar dela) e habitar a casa do patrão (e os cuidados dela). Lá não se vive como aqui. Aqui não se mora como lá. Tais diferenças são técnicas em um primeiro plano. Diferentes equipamentos, produtos e processos são utilizados nos trabalhos cotidianos de conservação, limpeza e arrumação, por exemplo. A base conceitual e científica das técnicas, equipamentos e procedimentos utilizados no trabalho funda um segundo plano de diferenças.

 

Leo Birk, ao constatar, em sua pesquisa preliminar ao Programa Senac-SP em Ocupações Domésticas, que as causas da maioria das demissões do empregado doméstico vinculam-se às dimensões profissionais relacionadas à ética e às relações humanas no trabalho, identifica outros planos de diferenças. Se somos o diagrama das funções de habitar a casa natal (Bachelar), algo mais profundo que o hábito mapeia o meu estar na moradia e a minha visão do uso do espaço residencial. Entranhadas no ser, as funções de morar fazem parte da identidade. No espaço profissional do trabalhador doméstico, as diferenças entre a sua perspectiva de morar e as da família residente refletem as diferenças de ser. Como decorrência, as diferenças das casas de origem e as das funções de habitar refletem-se em conflitos nas relações travadas no espaço profissional.

 

Tais planos derivam de um fundo mais abrangente de crescentes diferenças sociais, econômicas e culturais que precisam ser percebidas, analisadas e trabalhadas em um programa de formação. Assim, a tarefa fundamental de um programa de formação de empregados domésticos é, só ao primeiro e superficial olhar, a desconstrução e reconstrução daquilo que Bachelard chamou de “funções do habitar”. Vistos os múltiplos planos de diferenças e a relação funções de morar/identidade a perspectiva de desconstrução/reconstrução das funções de morar, como central no programa de formação, é limitada. É necessário um outro foco educacional.

 

b) Foco Educacional

Chagall, Grey House, 1917A partir da abordagem vivencial dos conflitos e contradições decorrentes da convivência com dois universos similares e paradoxalmente diferentes e das suas “funções do habitar”, o programa buscará, no seu todo, possibilitar a construção do papel profissional do empregado doméstico por ele mesmo. Essa busca deverá resultar não apenas no desenho do papel profissional a partir das expectativas externas de exercício do papel, mas sobretudo na capacidade individual consciente de nele situar-se, interagir e crescer.

 

Da construção pessoal do papel, decorrerá a capacidade de agir com iniciativa, autonomia e profissionalismo, conhecendo o universo de trabalho e distinguindo-o do próprio universo residencial, identificando as diferenças, as origens dessas diferenças, as implicações nas relações pessoais, profissionais e de trabalho delas decorrentes, as próprias capacidades e limites e atuar da forma mais construtiva possível em cada situação, para si mesmo e para os outros, incluindo a perspectiva de ampliação do exercício da cidadania no trabalho e fora dele.

 

Na dinâmica conflituosa do dia-a-dia, o desempenho autônomo e a contínua construção do papel profissional envolve o caminho do autodesenvolvimento e da superação de obstáculos, de diferentes formas. Requer a capacidade de estabelecer relações respeitando e transcendendo as diferenças. Implica na adesão pessoal a um código de ética refletido no comportamento profissional. E, ainda, na busca da transparência na comunicação necessária à prevenção de conflitos. O resultado geral buscado será, além do contínuo crescimento pessoal e profissional, a melhoria da qualidade de vida para todos, nos dois ambientes.

 

No desenvolvimento do Programa, buscar a construção do papel profissional e seu desempenho autônomo significa adotar uma linha educacional/metodológica orientada para o desenvolvimento de competências humanas e profissionais básicas, tais como: autonomia no pensar e no fazer; expressão individual de idéias e valores: compreensão da realidade imediata e mediata; autoconhecimento; aprender a aprender; organizar e planejar o trabalho; avaliar e crescer com os erros e acertos; etc. Essas competências básicas serão trabalhadas não apenas no núcleo central, mas também em todas as estações de trabalho e servirão de base sobre a qual as habilidades específicas para o exercício profissional serão construídas.

 

c) Âmbito do programa

O programa Formação e Desenvolvimento do Empregado Doméstico dirige-se ao profissional polivalente, aquele que executa tarefas diversificadas, especialmente as de limpar e arrumar, cozinhar e servir, lavar e passar. O programa não pretende esgotar toda a gama de ocupações da área, que são especializadas em muitos casos e que atendem a parcelas específicas de mercado. A intenção é buscar a multifuncionalidade baseada na faixa das atividades mais requisitadas e nos atributos do profissional comumente procurados. Para a especialização; como por exemplo as de cozinheira, babá ou copeira; cabem programas ou módulos de aprendizagem específicos que poderão ser desenvolvidos posteriormente.

 

house-drawings in - derekmccreaO Programa de Formação do Empregado Doméstico, no entanto, será dimensionado de forma a proporcionar ao participante o embasamento necessário para que ele continue o seu aprendizado na prática e se especialize trabalhando, desenvolvendo estratégias para o aproveitamento das oportunidades concretas de aprender fazendo em seu cotidiano profissional.

 

 

II. OBJETIVOS GERAIS

 

1) Oferecer ao mercado de demanda por trabalho doméstico profissionais preparados para assumir satisfatoriamente seu papel profissional, tanto do ponto de vista do empregador quanto do próprio profissional, considerando os âmbitos técnico, ético e das relações humanas no trabalho.

 

2) Oferecer, ao profissional da área formado na prática e ao candidato ao primeiro emprego, um Programa de Formação que lhes proporcione a construção de seu papel profissional e social e os capacite a desempenhá-lo da melhor forma possível, buscando bem estar e qualidade de vida para si e para as pessoas que o cercam no ambiente profissional, familiar e social.

 

3) Oportunizar, ao longo de todo o programa, a construção, pelos participantes, de um código de ética , de comportamento profissional e de relações de trabalho dos trabalhadores domésticos, a partir de seus valores, vivências e conhecimentos e da legislação vigente.

 

4) Desvendar a realidade de mercado de trabalho da profissão econfrontá-la com as expectativas dos participantes de forma que possam ajustá-las às suas possibilidades de realização, atualizando perspectivas e evitando possível frustração.

 

5) Proporcionar, através da metodologia e atividades programadas, oexercício de habilidades básicas para a comunicação, incluindo: leitura, escrita, saber ouvir e expressão corporal e oral.

 

 

III. ORGANIZAÇÃO DO PROGRAMA

 

Consideramos para a organização do programa, dois aspectos fundamentais:

 

a) A necessidade de um eixo essencial norteador de todo o programa, enfocado na construção do papel, na ética e comportamento profissional, nas relações humanas e relações de trabalho, no exercício da cidadania. Esse eixo será constituído por um núcleo central entremediado por estações de trabalho para o desenvolvimento de habilidades específicas.

 

b) A opção de formar num primeiro momento o empregado doméstico polivalente; aquele que é o único responsável pela realização de todos os serviços domésticos. Além de ser este o profissional mais procurado no mercado, a formação multifuncional possibilita a posterior especialização, seja na prática ou através de curso complementar. Consideramos, para o desenvolvimento do profissional polivalente, três estações de trabalho: Limpeza e Arrumação de Casas, Cozinhar e Servir, Lavar e Passar.

 

 

Modalidade

Carga horária prevista 

 

 

a) Núcleo Central 

60 horas

 

 

b) Estações de Trabalho

 

    b1. Limpeza e Arrumação de Casas

30 horas

    b3. Lavar e Passar

20 horas

    b2. Cozinhar e Servir

50 horas

CARGA HORÁRIA TOTAL: 

160 HORAS 

 

Canteiro de Flores 20 de julho de 2009

  

  

No Programa Jovem Aprendiz Rural, o Canteiro de Flores é a primeira e pode ser a mais significativa atividade do Projeto Articulador: Tornar uma Área Produtiva de Forma Sustentável. 

O canteiro de flores é um micro-cosmo, que, se ampliado, será o terreno experimental onde o projeto é desenvolvido, que, no futuro, resultará em unidades rurais sustentáveis, que, ampliadas, ajudarão na construção de uma agricultura sustentável. 

 O canteiro de flores é um símbolo e, ao mesmo tempo, a síntese de uma concepção e prática pedagógicas. 

  

Temos denominado de Aprendizagem Criativa a essa concepção e prática educativa. O excerto abaixo retirado do Manual do Instrutor do Projeto Articulador do Programa Jovem Aprendiz Rural é um exemplo concreto da Aprendizagem Criativa: 

  

A construção do Canteiro de Flores

Faça a projeção do segmento “Demônio Chorão’ do filme “Sonhos” de Akira Kurosawa. Também pode ser utilizado o segmento “Povoado dos Moinhos”, do mesmo filme. Solicite a atenção de todos para o filme.  

   

   

Ao final da projeção, abra espaço pra uma breve discussão. Interrompa-a depois de cinco minutos, mesmo sem ter havido uma conclusão.  

   

Informe que, hoje, o grupo de aprendizagem vai conhecer o terreno experimental e fazer a primeira intervenção nele: plantar um pequeno canteiro de flores. Informe os participantes que eles têm, sobre a mesa, sementes de 30 espécies diferentes de flores. Na seleção das espécies de flores é interessante escolher aquelas que possam ter uma função no equilíbrio ecológico do terreno experimental. As sementes estão identificadas por etiquetas feitas com Post-it. Cada participante deve escolher apenas uma espécie de flor.  

   

Após a escolha, cada participante deve apresentar a sua flor e dizer o motivo de tê-la escolhido. Durante as falas, os participantes devem iniciar a construção do quadro a seguir. Ele deve ser completado até o fim do Programa de Aprendizagem Rural. 

   

  

Tabela 5: Canteiro de  flores

Nome do Participante 

Espécie Escolhida 

Viva até … 

Época(s) de florada(s) 

Destino das Flores 

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

  

Aproveite o momento em que os participantes falam sobre suas escolhas e a tabela em construção como instrumentos para a memorização dos nomes dos participantes. Associar o nome do participante à espécie de flor escolhida pode auxiliar nessa tarefa.  

   

Informe aos participantes qual é o primeiro desafio da atividade do projeto: plantar a sua espécie de flor e mantê-la viva até o final do Programa, colher pelo menos uma florada e dar um destino nobre às flores colhidas. 

   

Plantio 

O plantio deve ser feito imediatamente. Para tanto, o grupo deve escolher o local do canteiro de flores. Deve preparar um ou mais canteiros, cuja área total não exceda 4 metros quadrados. A escolha do local, a preparação do solo, a divisão do espaço total, a distribuição das espécies, o plantio e os cuidados posteriores ao plantio devem ser feitos sem nenhuma interferência sua ou do coordenador. Mesmo que solicitado, não responda a perguntas, a não ser as relativas à qualidade do solo. Se perguntado, informe que o PH do solo já foi corrigido. 

   

O momento é de diagnóstico dos conhecimentos e das competências já existentes no grupo. É momento também de verificar o nível de desenvolvimento das competências para o trabalho em equipe da turma. A observação da forma de tomada de decisão em grupo, em especial o nível de consenso nas decisões grupais, é importante para subsidiar um debate mais focado a ser travado na Oficina de Trabalho em Equipe. 

   

Após o plantio, cada participante deve identificar o seu espaço no canteiro com seu nome e o nome da espécie de flor por ele escolhida. Esse é outro momento que você deve aproveitar para memorizar o nome de cada aprendiz. A partir de agora procure chamar cada participante pelo seu nome. Em caso de dúvida, pergunte o nome do aprendiz a quem você vai se dirigir ou consulte o coordenador que conhece o grupo a mais tempo. 

   

Logo depois do plantio, os participantes devem planejar os cuidados posteriores com o canteiro e, se necessário, transmitir e recomendar esses cuidados ao auxiliar responsável pelas atividades de manutenção do terreno experimental. Feito isso, convide os participantes para um breve intervalo. 

  

Observação para o coordenador 

O canteiro de flores pode ser visto como a expressão da alma coletiva do grupo e como a síntese do conhecimento previamente existente e a construir. Permite aplicar e resumir, em um pequeno espaço, todas as competências já existentes no grupo e todas as competências em processo de desenvolvimento. Quanto mais o canteiro for significativo, mais pleno de sentido, mais depositário da emoção e da afetividade do grupo, maior será a importância dele no desenvolvimento do projeto. Cada instrutor, segundo sua própria sensibilidade, em função das características do grupo, encontrará a forma de dotar de encanto e magia o pequeno pedaço de terra destinado às flores.  

  

  

O vídeo incluído a seguir, mostra, nas cenas de dinâmicas coletivas realizadas fora da sala de aula, o canteiro de flores plantado pelos jovens aprendizes rurais de Itapetininga. O canteiro de flores não é imeditamente visível e não está explicitamente no centro da cena. O símbolo é assim. O canteiro de flores está no pé da cena que o reproduz, concretiza e humaniza: uma roda de jovens de mãos dadas. O canteiro torna-se círculo: símbolo da perfeição. 

  

  

 

Trilha Jovem forma primeira turma na Capital Federal 19 de julho de 2009

A pagina do Centro de Excelência em Turismo, da Universidade de Brasília, veiculou, em 23 de abril de 2009, a seguinte notícia sobre o Trilha Jovem:

 

Iniciado no Distrito Federal em novembro de 2008, o Programa Trilha Jovem chegou ao fim da formação profissional na última sexta-feira (17). Durante cinco meses, 168 jovens passaram por diversos estágios de qualificação com o vistas à inserção no mercado de trabalho formal no trade turístico.

 

A cerimônia de formatura aconteceu no auditório da Faculdade de Ciências Sociais e Tecnológicas (Facitec), com a presença do diretor geral da Facitec, Prof. Bráulio Pereira Lins; da coordenadora nacional de inserção e representante do Instituto de Hospitalidade de Salvador – Bahia (IH), Flávia Andrade; da coordenadora geral do Trilha Jovem na cidade de Brasília, Ariadne Bittencourt e de outros coordenadores, professores, monitores e familiares dos participantes do projeto.

 

No evento, os participantes e convidados assistiram a filmes da trajetória do projeto na cidade de Brasília e aos depoimentos da professora Maria José Paes, do monitor Bruno Ielon e da jovem Larissa Rodrigues, aluna da turma de Hospitalidade. Os jovens receberam o diploma de conclusão da formação, um broche e um cd com dicas para a inserção, permanência e ascensão profissional.

 

O Trilha Jovem é uma iniciativa do Instituto de Hospitalidade desenvolvida com o apoio do Ministério do Turismo, Instituto Ibi, Counterpart International, com recursos da Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), e do programa entra 21, uma iniciativa da Fundação Internacional da Juventude (IYF) e do Fumin – Fundo Multilateral de Investimentos, administrado pelo BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento. Em Salvador, o programa conta com o patrocínio da Cordai.

  

 

National Cathedral at Night - foto de Basbateve

National Cathedral at Night - foto de Basbateve

Projeto Trilha Jovem nasceu de uma proposta curricular desenvolvida, em 2001, pela Germinal Consultoria para oInstituto de Hospitalidade (IH), de Salvador, na Bahia.

 

Essa primeira versão foi alterada pelo IH nas primeiras implementações, em 2004. Depois, em 2006, a versão original e a inicialmente implementada foram fundidas na versão atual, que ganhou dimensão nacional. A Germinal contribuiu nesse trabalho.

 

A partir da crítica, sistematização, reformulação e ampliação dos planos de aula utilizados nas primeiras implementações, a Germinal criou também as Referências para a Ação Docente(Eixos I, II e III), que são manuais que apresentam sugestão, passo a passo, de desenvolvimento de todas as unidades curriculares do Projeto. As Referências para a Ação Docente facilitam e são fundamentais na manutenção da qualidade  da expansão nacional do Projeto.

 

 

2001 – Uma odisséia no espaço e o processo criativo 15 de julho de 2009

 

Texto que publicamos a seguir, com pequenas alterações e sem as ilustrações, foi extraído de : Küller, J.A. Ritos de Passagem – Gerenciando Pessoas para a Qualidade. São Paulo, Editora SENAC, 1996, pg. 304 a 307. Para mais informações sobre o Livro, clique aqui.

 

 

A partir de um filme de ficção, vamos fazer uma breve leitura do processo criativo. A cena inicial do filme 2001 – uma odisséia no espaço servirá de ilustração do especial entendimento do processo criativo que será adotado aqui. A seqüência inicial do filme mostra as condições de vida de um primata. Ele é herbívoro e disputa folhas e raízes com um ruminante, parecido com a capivara. O primata é facilmente atacado e subjugado por carnívoros, contra os quais não tem defesa. Vive em bando e disputa o suprimento de água com bandos rivais. Mora em cavernas e à noite, no escuro, seus olhos brilham de medo.

Em uma manhã, um estranho monolito aparece no território dos primatas. É uma longa pedra cubiforme e polida. Uma reação, também estranha, apodera-se dos macacos. Eles são irresistivelmente atraídos para a pedra. Freneticamente, cheiram-na e tocam-na. Como fundo musical da cena, ouve-se Lux aeternea (luz eterna).

 

Corte rápido, um outro momento e uma outra cena. Um dos primatas está em frente ao monolito, olhando para ele, e, distraidamente, mexe com um osso que é parte do esqueleto de um dos ruminantes. Aparece, no horizonte, uma conjugação entre Sol e Lua. De repente, ele se agita. Passa a bater o osso, em ritmo e força crescentes, sobre o resto do esqueleto. O movimento culmina quando o osso, agora arma, esmaga o crânio descarnado da capivara. Ao mesmo tempo, o primata, agora homem, visualiza o animal ainda vivo tombando sob o golpe desferido na imaginação.

 

Da imagem ao ato. Na cena seguinte, o bando, agora projeto de tribo ou de grupo, come a carne do animal efetivamente abatido. Segue-se a conquista do bebedouro. O grupo armado enfrenta os rivais. O chefe do bando inimigo é morto e o suprimento de água é conquistado. Na euforia da vitória, um dos homens lança para cima o osso, instrumento primeiro, que, lá no alto, se transforma em espaçonave. É uma cena brilhante. Em um segundo, toda a epopéia da evolução tecnológica e humana é insinuada.

 

 

O que é dito na seqüência do filme sobre o processo criativo? Em primeiro lugar, o foco do processo é apresentado: a defesa e a obtenção de suprimentos. Todo o processo criativo é focado e limitado por um campo de aplicação que, por motivos internos, seja necessidade, desafio, paixão ou desejo, adquire uma relevância para o sujeito. As cenas iniciais de 2001 apresentam em detalhes o cenário em que o ato criativo virá à luz e a situação de impotência do primata. Numa rede de influências recíprocas tem-se, no exterior, uma área de aplicação. E no interior do homem, uma pulsão orientada, delimitada e intensificada pelo campo, assim tornado foco, como necessidade desesperada de sobrevivência, fazendo explodir a criação.

 

No filme, o criativo emerge associado a dois símbolos: o monolito e a conjunção entre Sol e Lua. O que querem dizer aí? O monolito é um objeto estranho e inexplicável no contexto em que aparece. Sua forma perfeitamente retilínea indica que a pedra foi intencionalmente recortada e polida. Naquele estágio de desenvolvimento humano, só por isso já é um objeto misterioso. A intensa atração que ele exerce sobre os primatas e a sua presença dominante no ato da criação são outras facetas de seu mistério.

 

O monolito pode ser visto como símbolo do próprio impulso criativo. O impulso e a sua origem são misteriosos como o monolito. Está além da atual compreensão humana o conhecimento da origem e natureza da criatividade. Jung denomina-a instinto. Como tal, está além da consciência e além da psique. Brota do, pertence ao e mistura-se com o mistério da vida. Para os religiosos, a criatividade brota de e está implicada com a divindade. No filme, a música Luz eterna, que acompanha o aparecimento do monolito, parece ser uma indicação nesse sentido.

 

“O instinto criativo (…). Não é um dom ou uma graça especial, um talento ou uma artimanha. É antes uma imensa energia originada além da psique humana e que impulsiona a autodedicação via um ou outro meio específico (…). Por isso, nossa relação com a criatividade favorece a atitude religiosa e nosso modo de descrevê-la muitas vezes se serve desta linguagem” (James Hillman, O mito da análise: três ensaios sobre de psicologia arquetípica, Riode Janeiro, Paz e Terra, p.41).

 

A Lua e o Sol, aparecendo juntos sobre o monolito, simbolizam a conjugação dos opostos. No irromper do criativo há uma conjugação de inconsciente e consciente. Uma agitação toma conta do primata e ao gesto inconsciente da mão, que a anuncia, soma-se o aparecimento da idéia, que brota na consciência como imagem. Uma imagem significativa dos antecedentes, da situação atual e da potencial transformação global e não como pensamento analítico. No caso, a intuição é o canal do impulso criativo para o consciente e não o pensamento. O veículo é a imagem.

 

As referências dos grandes criadores sobre o nascimento da idéia criativa parecem reforçar a preferência do impulso pelo canal da intuição. “De repente, surgiu uma luz… Quando não estava pensando mais no assunto, a idéia toda veio de súbito.” Raramente existe uma explicação clara de como a compreensão (mais que a idéia) surgiu. Raramente, ela surge a partir de uma dedução lógica. Tem uma característica de compreensão global e súbita. Surge nos momentos em que o indivíduo nem sequer está pensando no assunto. Aparece no banho, no sonho, ao acordar… Seja por meio de uma imagem significativa, de uma iluminação instantânea ou de um sonho, o impulso criativo emerge à consciência e é acompanhado de uma emoção especial.

 

O filme também retrata todo o processo de acúmulo gradativo da tensão criativa na relação entre o criador e o campo. Mostra a intensa emoção do primata durante a passagem do impulso pela barreira que separa o inconsciente do consciente. Explicita, finalmente, as emoções que sucedem a passagem: euforia e liberação. Aspectos da função consciente sentimento parecem estar presentes na intensificação do campo, na irrupção do impulso e após sua liberação. A conjugação Sol (pensamento e percepção) e Lua (sentimento e intuição) é necessária para a irrupção do criativo.

 


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Letramento Digital 13 de julho de 2009

 

A apresentação postada a seguir foi elaborada para o lançamento do Projeto Letamento Digital.

 

 

O Projeto Letramento Digital foi desenvolvido e está sendo implementado  pela Germinal e pelo Senac Rio, em parceria. Destina-se à inclusão digital de pessoas com dificuldades de leitura e escrita, objetivando, ao mesmo tempo, ampliar as competências de ler e escrever dessas pessoas com o uso do computador.

Lançado em 26 de maio de 2006, na sede do Senac Rio, a população alvo do Projeto é a que está incluída no nível mais elementar de alfabetismo (nível 1), do Índice Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF), criado pela Ação Educativa e pelo Instituto Paulo Montenegro (IBOP).

”O nível 1 de alfabetismo corresponde à capacidade de localizar informações explícitas em textos muito curtos, cuja configuração auxilia o reconhecimento do conteúdo solicitado. Por exemplo, identificar o título da revista utilizada na testagem ou, num anúncio, localizar a data em que se inicia uma campanha de vacinação ou a idade a partir da qual a vacina pode ser tomada gratuitamente“.

A população alvo do Projeto está estimada em 40.000.000 de pessoas. Para enfrentar o desafio de atender pelo menos em parte uma população tão grande, o projeto foi desenvolvido de forma a ser facilmente replicado através de parcerias com instituições  governamentais, ONGs ou através de ações de responsabilidade social das empresas.

 

As organizações ou comunidades interessadas em participar do projeto podem procurar o Centro de Educação para o Trabalho e a Cidadania do Senac Rio. Telefone (21) 2473-8671. Podem também entrar em contato com a Germinal, através do Fale Conosco.

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Clique no link se estiver interessado em mais informações sobre o Projeto Letramento Digital ou em Amostra I ou Amostra II se quiser conhecer outros exemplos de sessões de aprendizagem (aulas) do Projeto Letramento Digital.

 

Vídeos sobre o Projeto Trilha Jovem 12 de julho de 2009

 

O Projeto Trilha Jovem foi inscrito no EL Desafio del Geoturismo do National Geographic. No original , em inglês, o desafio é assim definido:

 

“The goal of the Geotourism Challenge is to identify and showcase innovators – individuals and organizations – that directly or indirectly support good destination stewardship and the approach known as geotourism.  Geotourism is defined by National Geographic as tourism that sustains or enhances the geographical character of a place: its environment, heritage, culture, aesthetics, and the well-being of its residents.”

 

Postamos, a seguir os vídeos que introduzem a candidatura. O primeiro vídeo faz uma apresentação do Projeto em inglês. O segundo vídeo aborda a execução de um dos Projetos de Desenvolvimento Sustentável do Turismo, desenvolvidos por uma das turmas.  Logo depois dos vídeos, incluímos o início do texto da postulação  do Trilha Jovem ao prêmio.

 

 

 

Si perteneces a un país de Latinoamérica y el Caribe tienes la oportunidad de presentar tu iniciativa para acceder a fondos para innovaciones en turismo sostenible del BID/FOMIN (para mayor información leer la sección sobre la oportunidad BID/FOMIN en la página principal del Desafio).

 Deseo postularme

Desafío de Geoturismo en el que trabaja el participante: Quality of benefit to residents for the destination

 Indica el tamaño de tu organización: Small (1 to 100 employees)

 Indicate sector in which you principally work: Industria del turismo

 Indica sobré cuál nivel en la cadena de valor en turismo impacta tu trabajo (elige todas aquellas opciones que apliquen):

  • Consumidores (viajeros)
  • Grupos comunitarios autóctonos
  • Atractivos naturales y culturales

 Indica la actividad principal en la que trabajas:

  • Education

 Indica cuáles de estas temáticas cubre tu innovación (elige todas aquellas opciones que apliquen):

  • Profesionalización, buenas prácticas y certificación de servicios turísticos sostenibles

 

Caso tenha interesse pelo texto completo, ele pode ser acessado através do seguinte link:  http://geotourism.changemakers.com/es/node/24826

 

  

 

Fóz do Iguaçu - Foto de Phillie Casabranca

Fóz do Iguaçu - Foto de Phillie Casabranca

O Projeto Trilha Jovem nasceu de uma proposta curricular desenvolvida, em 2001, pela Germinal Consultoria para o Instituto de Hospitalidade (IH), de Salvador, na Bahia.

 

Essa primeira versão foi alterada pelo IH nas primeiras implementações, em 2004. Depois, em 2006, a versão original e a inicialmente implementada foram fundidas na versão atual, que ganhou dimensão nacional. A Germinal contribuiu nesse trabalho.

 

A partir da crítica, sistematização, reformulação e ampliação dos planos de aula utilizados nas primeiras implementações, a Germinal criou também as Referências para a Ação Docente (Eixos I, II e III), que são manuais que apresentam sugestão, passo a passo, de desenvolvimento de todas as unidades curriculares do Projeto. As Referências para a Ação Docente facilitam e são fundamentais na manutenção da qualidade  da expansão nacional do Projeto.

 

 
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