Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

A escola que preserva e cuida do seu entorn 23 de março de 2015

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Clipping Educacional – 23.03.2015

Fernanda Kalena – Porvir – 20/03/2015 – São Paulo, SP

A escola estatual Ilza Irma M. Coppio fica no município de São José dos Campos, interior de São Paulo, às margens do Rio Paraíba do Sul, que sofre com os altos níveis de poluição de suas águas e da mata ciliar. Com o intuito de conscientizar os alunos sobre a situação do rio e formar essa nova geração de moradores da região para ter uma educação e postura voltada à sustentabilidade, a professora de geografia Rosa Sousa realiza um projeto chamado Água Educa, que envolve alunos em atividades que vão desde pesquisa na área ambiental até ações práticas.

O trabalho é realizado em uma disciplina eletiva para estudantes do ensino médio, mas também envolve a comunidade local. “Começamos a estudar o ciclo hidrológico e qual era a interferência do homem no ciclo. Estudamos em sala toda a parte teórica, para depois realizarmos o trabalho nas margens do rio”, conta a professora.

Primeiro, ela conta, foi feito um diagnóstico da situação do Paraíba do Sul e dos conceitos de conservação ambiental, como a importância da mata ciliar, o reuso da água e os tipos de energia sustentável. Depois, foi montado um projeto, com a participação ativa dos alunos, que além de relacionar os conteúdos curriculares com essas questões, resultou em um plano de ação a ser executado pela turma.

Com esse plano desenhado, era hora de explorar o ambiente que estavam estudando. Os alunos visitaram algumas vezes o rio para monitorar a qualidade da água. “Esse momento de tira-los da classe é bastante importante. Andar pelos caminhos do bairro deles e instigar a reflexão sobre o lugar: se está legal, o que está faltando, até chegar no rio e ver na prática o que estamos estudando em sala de aula”, explica Sousa.

Durante o percurso, equipados de sacos, luvas e máscaras, os estudantes recolhiam todo o lixo encontrado. “É um trabalho de conscientização. Quando eles recolhem o lixo que encontram no caminho, começam a questionar os próprios hábitos”, diz a professora, que ainda conta que os alunos começaram a perceber que é possível, a partir de um planejamento, fazer alguma coisa em relação ao bairro onde moram. “Temos que despertar esse olhar em nossos alunos, mostrar que eles podem fazer muitas coisas e, o que sair da alçada da escola, deve ser cobrado dos responsáveis”, analisa Sousa.

A professora conta que, durante a fase de planejamento, surgiu o desejo por parte dos alunos de plantar mais árvores na região, o que envolvia custos que a escola não teria como arcar. A partir disso a instituição articulou uma visita de um funcionário da prefeitura à escola para conversar e tirar dúvidas dos alunos. Desse encontro nasceu uma parceria, e a prefeitura plantou mais de 300 árvores no local – tanto alunos quanto moradores da região participaram do plantio.

Esse tipo de abordagem pedagógica praticada em São José dos Campos é chamada de resolução de problemas sociais (ou Social Problem Solving, em inglês) e é uma tendência na educação que ganha espaço em instituições de ensino pelo mundo que se propõem a desenvolver competências como empatia e colaboração estimulando que alunos pesquisem e busquem soluções para problemas sociais de seu entorno.

Mais problemas e soluções

Os desafios trabalhados podem ser diversos, como de saúde, econômico ou de relacionamento. Em Sumaré, também no interior de São Paulo, alunos do ensino médio da escola estadual Dom Jayme Barros Câmara estão desenvolvendo um novo tipo de cola escolar, que não é tóxica e portanto pode ser usada por crianças de faixa etária mais baixa. O produto está sendo desenvolvido a partir da baba do quiabo, um alimento que devido ao seu sabor peculiar sempre despertou a curiosidade dos estudantes, conta o professor de biologia e química, Sergio Giuspo Korniski.

“A baba do quiabo tem uma consistência gosmenta e os alunos vieram me perguntar se ela poderia ser usada como cola, se era aderente. Foi pelo questionamento deles que tive a ideia de leva-los ao laboratório para fazermos testes”, relembra Korniski.

Os alunos, então, testaram a quantidade de água a ser misturada com a baba, a temperatura que devia ser feita a mistura e, agora, estão investigando maneiras de aumentar a durabilidade da cola. Assim que o produto estiver pronto, vai ser patenteado e lançado no mercado para comercialização.

Já no colégio Visconde de Porto Seguro, na zona sul da capital paulista, um curso extracurricular de inovação social levou estudantes do ensino médio a conhecer as diferentes realidades das comunidades de seu entorno – a região é conhecida pela sua concentrada disparidade social.

Em um primeiro momento, os alunos fizeram atividades para despertar a empatia e entender o próximo. “Exibimos filmes e trechos de documentários que mostravam, por exemplo, a dificuldade que comunidades africanas enfrentam para encontrar água, pessoas que tem que andar 3 quilômetros para pegar água e levar para casa. Depois, realizamos uma atividade no pátio onde os alunos tinham que transportar água de um lado para o outro. Com isso eles começaram a se ambientar com as dificuldades do próximo”, conta Renata Pastore, diretora de tecnologia educacional do colégio.

Essas atividades tinham como objetivo prepara-los para a próxima etapa do projeto, de aproximação com as comunidades do entorno. Moradores de bairros vizinhos foram à escola para serem entrevistados pelos alunos, que tinham como missão entender a história de vida de cada um. Somente depois disso os estudantes visitaram essas comunidades. “Com essa construção, eles foram com um olhar diferente, entrevistaram pessoas e visitaram casas. Puderam perceber as dificuldades enfrentadas por essas pessoas”, conta a diretora.

De volta ao colégio, os alunos foram instigados a pensar em soluções e ideias para amenizar essas dificuldades. Por exemplo, como o chão de muitas das residências é de terra, quando chove vira barro. Os alunos perceberam uma grande quantidade de pneus abandonados e foram testar um tipo de piso que aproveitasse esse material. O protótipo foi apresentado para uma líder comunitária, que aproveitou a ideia para construir bancos para a praça da região.

“Queremos incentivar os alunos a se enxergarem como transformadores sociais, a pensarem em soluções para problemas sociais”, explica Pastore.

 

Arquiteta leva o design e a construção para a escol 13 de março de 2015

Filed under: Sem categoria — José Antonio Küller @ 1:20 pm

Clipping Educacional – 13.03.2015

Tatiana Klix – Porvir – 12/03/2015 – São Paulo, SP

O que 10 alunos de ensino médio conseguem fazer com suas próprias mãos ao longo de um ano? Na escola rural de Bertie County, uma das regiões mais pobres da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, orientados por dois arquitetos que desenharam o currículo de um curso que utiliza o design e a arquitetura para promover aprendizado, estudantes do segundo ano projetaram e construíram um mercado para a comunidade. Essa experiência, que está documentada no filme If You Bild It, foi apresentada pela arquiteta e designer humanitária Emily Pilloton, na quarta-feira, no SXSWEdu, em Austin, nos Estados Unidos.

“A melhor educação acontece quando o aprendizado se dá ao fazer coisas para outras pessoas. Quando os alunos entram na nossa classe, queremos que eles entendam que construir é algo que pode ajudá-los, mas também pode impactar outros”, afirmou a fundadora da ONG Project H, de Humanity (humanidade), Habitats (hábitos), Health (saúde) e Happiness (felicidade).

Pilloton decidiu criar a ONG há sete anos, depois de passar alguns meses trabalhando no mercado tradicional de arquitetura e se dar conta que suas tarefas de rotina não tinham relação alguma com o que gostava de fazer: resolver problemas com criatividade. Convidada a ajudar o superintendente de Bertie County a superar os desafios educacionais da região, não se contentou em projetar novos espaços de aprendizagem, mas levou a arquitetura para dentro da sala de aula.

Ao longo de um ano, durante as três horas diárias de aula, a turma experimentou várias etapas do processo que leva à construção de um prédio. Primeiro, realizou uma pesquisa extensa de modelos de mercados pelo mundo, materiais e funcionalidades. Depois, o grupo desenhou e prototipou o projeto de um pavilhão de madeira, que foi apresentado e aprovado pelo prefeito do município. “O ano escolar acabou e eles tinham feito o projeto, mas faltava construí-lo. Em escritórios de arquitetura é normal você desenhar um prédio, apresentá-lo ao cliente e não se envolver mais. Mas eu queria provar para os meus estudantes que eles podiam construir o que tinham idealizado”, relembrou Pilloton.

Todo esse processo não aconteceu sem algumas dificuldades pelo caminho. Com formação em arquitetura, Pilloton e o seu parceiro no projeto e então namorado Matthew Miller tiveram algum trabalho para conseguir autorização para atuar como professores. Muitas pessoas da comunidade e da secretaria da educação também não aprovavam o trabalho e chegaram a ameaçá-los. E eles ainda tiveram que contornar imprevistos como a proibição para menores de 18 anos de usar furadeira elétrica no estado da Carolina do Norte. “Mas eu foquei nos estudantes, que estavam muito felizes, para ir até o fim”, lembrou sem nenhum arrependimento.

Ao final das férias, em outubro de 2011, o mercado cuja estrutura foi pré-fabricada na escola e depois transferida para o local escolhido pela comunidade estava pronta e instalada. Na inauguração para 2000 pessoas, os alunos receberam a chave do prefeito. “Me emociono ao lembrar de um deles dizendo: ‘eu tenho 17 anos, não sabia que podia fazer isso, mas agora quero voltar aqui com os meus filhos”, contou.

Para a arquiteta, que agora reproduz o mesmo curso chamado de Studio H na Califórnia, quando crianças constroem coisas maiores do que elas e que podem ajudar suas comunidades, a vida delas se transforma. “Eles se tornam confiantes e colaborativos”, disse. Neste ano escolar, seus alunos estão projetando duas casas para serem instaladas em estruturas móveis de trailers (modelo de moradia comum nos EUA), que serão doadas para uma instituição que assiste moradores de rua.

Como complemento a esse trabalho, a ONG ainda promove cursos de habilidades técnicas, como carpintaria, solda e eletrônica, para meninas de 9 a 12 anos. O objetivo é desenvolver tanto habilidades científicas como dar confiança às alunas. “É sempre empoderador dar oportunidade para meninas experimentarem coisas que elas não imaginavam fazer”, afirmou. O mesmo tipo de workshop também é oferecido para mães e professoras

 

Professor monta plano de aula de forma colaborativa 12 de março de 2015

Filed under: Sem categoria — José Antonio Küller @ 5:22 pm

Clipping Educacional – 12.03.2015

José Rosemberg – Porvir – 11/03/2015 – São Paulo, SP

`Quando comecei a dar aula, pensava em educação de massa, aquela coisa bem tradicional, com um estudante atrás do outro. Era assim porque trazia comigo a experiência que tive como aluno. Mas ao fazer um curso de formação em uma escola da prefeitura de Embu (município da Grande São Paulo), a perspectiva de projetos mudou meu jeito de dar aula. Passei a ir atrás de outras referências, estudar mais, procurar apoio com outros colegas e começar a fazer diferente. A partir daí, a minha motivação mudou e a dos alunos também.

Nos primeiros anos como professor, fazia projetos offline, que imprimia e encadernava no final do ano para um registro próprio. Até passava para colegas verem, mas isso não me satisfazia muito porque as devolutivas eram sempre “nossa, muito legal”, “nossa, bacana”, mas nada que contribuísse. Mais recentemente, comecei a desenhar o caminho do projeto na ferramenta Popplet (Clique aqui para ver exemplo), que é bem maleável e aceita mudanças de direção. Eu faço algumas etapas sozinho, apresento aos alunos e peço ideias para melhorias. Isso esclarece coisas que pareciam obvias, mas que na realidade precisavam ser mais bem explicadas. Numa ferramenta como essa, você fica com o arquivo guardado e pode compartilhá-lo com amigos.

O professor tem que parar (talvez essa seja uma expressão forte) com o medo de se expor. A gente tem que mostrar para os outros, pedir ajuda. Se não der certo, arruma. O professor insiste para que um aluno tímido leia em voz alta, mas não consegue ter esse mesmo tipo de atitude em outras instâncias. Quando você coloca na internet, muitas pessoas veem o que você está fazendo, conversam com você e dizem “achei legal e fiz aqui diferente” e isso contribui muito. Você vai ver que elas não copiam seu trabalho, mas acabam reinventando o que você fez. Hoje, olho planejamentos que fiz há alguns anos e acho ridículo, mas naquele momento tinha 100% de certeza que estava “abafando”. É normal.

Por causa das redes sociais, um dos projetos, chamado “Curiosos em ação” (veja tudo sobre o trabalho aqui), teve grande repercussão até em outras escolas. Ele foi pensado para o segundo ano, porque um dos verbetes que trabalhamos é a curiosidade. Quando trabalhei pela primeira vez em sala, foi aquela coisa bem quadrada: ficha do animal, produção de texto e de um simples mural. Os alunos nem tinham tanto protagonismo. Na segunda turma, quando voltei a tratar do tema, houve aquele “estalo”: Por que não deixar para eles perguntarem? Será que eles conseguem levantar hipóteses? Por que não saber a curiosidade deles a respeito dos animais?

A partir daí, saíram coisas bem interessantes que eu sequer havia parado para pensar. Os alunos entendiam curiosidade como uma coisa ruim. Fui tirando isso da frente deles mostrando que se o seres humanos não fossem os curiosos, muita coisa não teria sido inventada. Ao pesquisar na internet, eles se depararam com mais de uma fonte e tive que mostrar como checar pelo menos três sites para ver se a resposta batia mesmo. Quando você tira um aluno da frente do caderno e vai para o computador, o universo que se abre é muito grande. O que a gente precisa é dar a orientação pedagógica para que essa navegação aconteça com qualidade.

Também com o segundo ano, para tratar de receitas, saímos de uma situação-problema: pedi para que eles pesquisassem livros sobre o assunto na sala de leitura da escola, mas não encontraram nenhum. Para resolver isso, propus que todos escrevessem seus próprios livros. Depois de todo o projeto, cada aluno trouxe uma receita que eles criaram em casa com os pais, que vinham até a escola para descarregar fotos dos celulares. Alguns parentes nem sabiam mandar email e acabaram aprendendo por conta disso. No final, todas as receitas foram organizadas e imprimimos uma cópia do livro para cada aluno levar para casa.

Nessa atividade, convidei outros professores, mas não houve adesão. Eram cinco turmas e só duas participaram. Eram quatro horas da tarde, a classe ficou lotada de familiares dos alunos e quase não havia lugar para sentar. Depois disso, os outros professores vieram atrás para saber mais. As pessoas ficam com medo de fazer projetos desse tipo por causa da tecnologia. Mas o fundamental não é a tecnologia, porque ela só vai otimizar e facilitar a aula. A alma do negócio é o encaminhamento pedagógico.

 

Escolas de excelência usam métodos criativos para despertar interesse dos alunos e conseguir bons resultados 9 de março de 2015

Filed under: Sem categoria — José Antonio Küller @ 2:40 pm

Clipping Educacional – 09.03.2015

Da redação – O Globo – 07/03/2015 – Rio de Janeiro, RJ

Atividades como cuidar de uma horta, ensinar xadrez ou simular em sala de aula o ambiente de uma Câmara de Vereadores, por si só, não são garantia de que uma escola é de boa qualidade. Entretanto, quando inseridas em um projeto pedagógico de maneira criativa, essas práticas podem ajudar a conquistar bons resultados. Iniciativas deste tipo foram utilizadas por 25 escolas públicas de excelência no país, das cinco regiões do Brasil, para impulsionar a aprendizagem dos alunos.

As equipes gestoras dessas instituições implementaram métodos e atividades inovadores que contribuíram para despertar o interesse dos estudantes. O resultado foi o aumento significativo na qualidade do ensino, mesmo em áreas mais pobres. Em comum, as instituições possuem direções engajadas no desenvolvimento dos alunos e que não se restringem à burocracia exigida pela função, mas suas estratégias para alcançar bons resultados variam.

A história de sucesso destas 25 escolas será contada, a partir de segunda-feira, às 20h, na série de 26 capítulos “Destino: Educação – Diferentes Realidades. Diferentes Respostas”, uma iniciativa do Canal Futura em parceria com o Sesi Nacional. Elas foram selecionadas a partir de um conjunto de indicadores como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o percentual de alunos com aprendizagem adequada e a desigualdade educacional no município.

– A importância de ter uma gestão não só voltada para a organização institucional, mas mais para a aprendizagem, é o que a gente observa nessas escolas. Elas têm uma gestão engajada na melhoria da aprendizagem das crianças. Eles (membros da equipe) não estão isolados na diretoria, sem tomar parte ativa em processos da política pedagógica. Eles se preocupam com os professores, discutem as questões da escola com eles. O mais fácil é se trancar na sala, prestar contas e ponto – destacou Lúcia Araújo, diretora-geral do Canal Futura, que participou da produção da série

 

 
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