Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

Estudo mostra que 1,3 milhão de jovens de 15 a 17 anos abandonam escola 29 de fevereiro de 2016

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Mariana Tokarnia – UOL Educação – 27/02/2016 – São Paulo, SP

A porcentagem de jovens que concluem o ensino médio na idade certa – até os 17 anos – aumentou em 10 anos, passando de 5%, em 2004, para 19%, em 2014. Os dados estão em um estudo do Instituto Unibanco, feito com base nos últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Há, no entanto, 1,3 milhão de jovens entre 15 e 17 anos que deixaram a escola sem concluir os estudos, dos quais 52% não concluíram sequer o ensino fundamental.

`Este é o subgrupo mais vulnerável, pois são brasileiros que, caso não voltem a estudar, terão altíssima probabilidade de inserção precária no mercado de trabalho, além de não terem tido seu direito à educação básica assegurado`, diz a publicação.

O estudo Aprendizagem em Foco, divulgado nesta semana, mostra que, quanto maior a renda, mais os estudantes avançam nos estudos. Entre aqueles que concluíram o ensino médio na idade correta, a média de renda familiar por pessoa é R$ 885. Entre os que não terminaram o ensino fundamental, a média cai para R$ 436. O ingresso no mundo do trabalho e s gravidez na adolescência estão entre os fatores que levam os jovens a deixar a escola.

`Os estudos feitos com dados do IBGE e do MEC [Ministério da Educação] indicam que há grupos em maior risco. São jovens de baixa renda, em sua maioria negros, que trocam com frequência os estudos por um trabalho precário ou que ficam grávidas já na adolescência`, diz o texto, que acrescenta: `Entender o perfil do jovem que evade da escola e identificar os momentos em que esse movimento é mais provável são ações importantes a serem realizadas pelos gestores de escolas e dos sistemas educacionais.`

Só 2% das mães adolescentes continuam

Do total de 1,3 milhão de jovens de 15 a 17 anos fora da escola sem ensino médio concluído, 610 mil são mulheres. Entre elas, 35%, o equivalente a 212 mil, já eram mães nessa faixa etária. Apenas 2% das adolescentes que engravidaram deram sequência aos estudos. Já entre os homens, o maior percentual, 63%, estavam trabalhando ou procurando emprego.

O estudo aponta também o desinteresse como uma das causas da evasão escolar. `Sobre muitos desses fatores externos, a escola tem pouca interferência. Há, porém, razões que levam ao abandono e que estão mais diretamente ligadas ao ambiente escolar. É o caso da repetência e do desinteresse do jovem pelos estudos, motivados pela baixa qualidade do ensino e por um currículo, especialmente no ensino médio, enciclopédico e com pouca flexibilidade para escolhas`.

A educação até os 17 anos é obrigatória no Brasil de acordo com a Emenda Constitucional nº 59 e com o Plano Nacional de Educação. Termina neste ano o prazo para que todas as crianças e jovens de 4 a 17 anos estejam matriculados. `Os dados mais recentes, referentes ao ano de 2014, indicam, infelizmente, que não vamos conseguir atingir esse objetivo no prazo`, diz o texto. Segundo o levantamento, o maior problema está na faixa etária de 15 a 17 anos – 13% desses adolescentes abandoram a escola sem concluir os estudos.

Na educação pública, os estados são os que concentram a maior parte das matrículas do ensino médio. `Os dados reforçam a necessidade urgente de uma reformulação consistente do ensino médio. Estamos trabalhando nisso`, diz o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Eduardo Deschamps.

`Estamos contando também com ações nos estados, para que aqueles que têm condições flexibilizem o ensino médio, ofereçam trilhas diferenciadas, que possam estar focadas no protagonismo juvenil e nas competências do século 21. Precisamos de um novo modelo que atenda essa demanda e que ofereça também ensino técnico e profissionalizante`, acrescenta o presidente do Consed.

 

Estados e municípios pedem clareza na definição da Base Nacional Curricular 25 de fevereiro de 2016

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Mariana Tokarnia – Agência Brasil – 24/02/2016 – Brasília,DF

Para estados e municípios, a Base Nacional Comum Curricular – que vai fixar conteúdos mínimos obrigatórios em cada etapa da educação básica – precisa de maior clareza. Secretários estaduais e municipais de educação querem que a diretriz seja aprimorada antes de ser colocada em prática em todo o país. O assunto foi tema hoje (24) de audiência pública na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal.

A definição da Base Nacional Comum Curricular está prevista em lei, no Plano Nacional de Educação (PNE). A intenção é que os conteúdos definidos na base ocupem 60% da carga horária dos estudantes da educação básica, que vai da educação infantil ao ensino médio. No restante do tempo, as redes de ensino poderão definir o que ofertar – desde conteúdos regionais e atividades extras à formação técnica, por exemplo.

Críticas

De acordo com o secretário de educação do estado do Rio de Janeiro, Antônio Neto, a base deve estabelecer competências claras para a formação dos jovens. No entanto, os objetivos de aprendizagem no documento preliminar divulgado no ano passado, “não estão coerentes nem coesos”, segundo ele.

“Não estão fornecendo uma progressão da formação. Se sabemos o que queremos, as competências, se queremos domínio da língua, raciocínio lógico, temos que organizar as áreas do conhecimento para que se voltem para isso”, avaliou Neto, que representou o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) na audiência.

Neto defende que a base seja mais enxuta. “Hoje, o Brasil tem redes estaduais que trabalham com pouquíssimo tempo de permanência do aluno na escola, para ensinar 12 ou 13 disciplinas. Precisamos estabelecer o que a juventude precisa alcançar”, disse. “Temos que ter perspectiva de viabilizar a formação integral desse jovem. Não apenas competências cognitivas, mas que ele possa se situar no século 21 e ter sucesso na vida”, acrescentou.

As críticas à primeira versão da Base Comum Curricular também são recorrentes entre os secretários municipais. Segundo o presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Alessio Costa Lima, uma definição clara da base ajudará também na formação de professores. “Temos 5.570 municípios, que enfrentam as mais diversas dificuldades pela não existência de uma Base Nacional. Problemas de definição de programas de formação inicial de professores, para quem, como e porque estão sendo formados, isso nem sempre vem de encontro ao que a escola precisa”, destacou.

Responsável por coordenar o processo de elaboração da Base Nacional Comum Curricular, o Ministério da Educação (MEC) divulgou na semana passada um resumo das mudanças sugeridas ao documento inicial até o dia 15 de dezembro. A consulta pública está aberta até 15 de março. Após esse prazo, um novo documento será consolidado e debatido em seminários nos 26 estados e no Distrito Federal. A partir das novas contribuições, uma terceira versão será consolidada e enviada para análise do Conselho Nacional de Educação (CNE). A expectativa é que isso seja feito até o dia 24 de junho.

Debate

Na audiência, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) disse que o MEC está perdendo tempo ao ampliar tanto o debate sobre a base, já que a proposta tem mais aspectos técnicos do que políticos. “Estamos perdendo tempo questionando milhões de pessoas”, disse.

Para Cristovam, que já foi ministro da Educação, não adianta implantar uma Base Nacional Comum Curricular se o Brasil possui um sistema educacional desigual. Para o senador, a base “é uma farsa para não fazermos o dever de casa”. Segundo ele, as escolas têm que ser melhoradas, assim como as condições de trabalho dos professores. “Não tem currículo bonito e escola feia.”

Já a senadora Fátima Bezerra (PT-RN) saiu em defesa do debate amplo sobre a base. “Um tema dessa envergadura tem que se pautado por amplo e intenso debate”, disse.

“Não dá para a gente fazer de conta que só quando tivermos horário integral, os melhores equipamentos, carreira nacional para os professores é que a educação vai ser garantida. A criança que está lá hoje não estará mais. O sonho tem que contemplar a criança que está lá hoje. Sonhar alto demais é a nova forma de exclusão. Temos milhões de estudantes que estão pedindo ações concretas`, defendeu o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Francisco Soares.

De acordo com Soares, é preciso discutir como se aprende e como se ensina. “Se não houver recursos pedagógicos, vamos continuar sem o direito [à educação de qualidade] e é isso que a base está criando”, argumentou.

 

Seminário reúne representantes de estados e municípios para discussão sobre a Base Comum 24 de fevereiro de 2016

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Assessoria de Comunicação Social – MEC – Revista Gestão Universitária – 24/02/2016 – Belo Horizonte, MG

O Seminário Base Nacional Comum Curricular em ação: Formação de atores nacionais, promovido pelo Ministério da Educação, reúne em Brasília representantes das secretarias municipais e estaduais, bem como dos representantes estaduais e municipais nas comissões de mobilização locais, para discussão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). O encontro teve início na tarde desta terça-feira, 23, e vai até quinta, 25.

Esta é a primeira reunião de formação presencial de auxiliares de pesquisa e contará com a participação de 130 pessoas de todas as unidades da federação. A formação busca preparar os agentes locais nos estados para a interpretação dos relatórios de sistematização das contribuições das unidades escolares, colhidas no Portal da BNCC.

Os relatórios de sistematização serão produzidos pela Universidade de Brasília (UnB) a partir da análise da base de dados coletados no portal, por meio de consulta pública. As informações obtidas servirão para fundamentar a discussão da segunda versão da proposta de BNCC, a ser lançada em abril, que passará por uma rodada de discussões em todas as unidades da federação.

Para o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, a construção da Base é um marco na história da educação brasileira. “A discussão chegou à sala de aula, está envolvendo os estudantes, está envolvendo a comunidade, está envolvendo especialistas”, afirmou o ministro.

“Nós temos um imenso desafio na formação de professores. A Base tem que ser um instrumento para nós pensarmos uma licenciatura multidisciplinar, para alimentar os docentes na sala de aula para uma formação continuada e para que a gente possa dar o salto que a educação brasileira necessita”, concluiu Mercadante.

Colaborações – Ainda é possível apresentar contribuições à Base. Escolas públicas e particulares, professores, organizações da sociedade civil e cidadãos têm prazo até 15 de março para fazê-lo. As contribuições podem ser individuais ou coletivas, sejam originárias das redes de ensino, de movimentos e organizações da sociedade civil ou de qualquer cidadão que queira colaborar. Também podem ter caráter geral ou tratar pontualmente de cada tema.

A Base Nacional Comum Curricular é uma das estratégias estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE) para melhorar a educação básica, que abrange a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio. De acordo com o PNE, a segunda versão da Base, preparada por uma equipe de especialistas a partir da consolidação das sugestões apresentadas, deve ser entregue ao Conselho Nacional de Educação (CNE) até junho de 2016.

 

Mudança no ensino médio vai das aulas à arquitetura 23 de fevereiro de 2016

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Estadão Conteúdo – UOL Educação – 22/02/2016 – São Paulo, SP

Com projetos escolhidos pelo Ministério da Educação, colégios adotaram estratégias para tornar o ensino médio atraente. Na escola estadual Ítalo Betarello, zona norte, a evasão era alta nas noite de sextas-feiras. `A rua, a balada, os amigos eram mais convidativos do que a escola`, diz o diretor Ariovaldo Guinther. A escola substituiu as aulas desse dia por oficinas. Os alunos podem escolher projetos como pintura, teatro, cinema, culinária, percussão e produção de um jornal. Segundo Guinther, a evasão caiu de 30%, em 2012, para 2% em 2015.

O colégio Elvira Brandão, em Santo Amaro, zona sul, também mudou `O modelo que nós tínhamos, de escola fechada e hierarquizada, não funciona mais`, diz Renato Judice de Andrade, diretor. Para 2016, as salas foram reformadas com sugestões dos alunos, que aboliram as carteiras e a lousa da sala. Agora, têm mesas de uso em grupo ou duplas e bancadas. Há ainda um sofá e uma miniarquibancada.

 

Estado de SP reduz 1 hora de aula em 118 escolas e pais fazem críticas 18 de fevereiro de 2016

Filed under: Sem categoria — José Antonio Küller @ 8:17 pm

Estadão Conteúdo – UOL Educação – 17/02/2016 – São Paulo, SP

A gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) reduziu em uma hora as aulas em 118 escolas estaduais que têm período integral. Muitos pais foram surpreendidos no primeiro dia de aula ao descobrirem que os filhos ficariam apenas oito horas na escola – e não mais nove, como nos anos anteriores.

Como de costume, a empregada doméstica Elenice Rocha, de 57 anos, preparou-se para deixar a filha de 8 anos às 7 horas na Escola Ceciliano José Ennes, no Itaim-Bibi, e depois seguir para o trabalho. Mas, anteontem, os portões só abriram às 7h30. `Os pais ficaram esperando do lado de fora, sem nenhum aviso ou informação. Só depois que estávamos todos lá fomos informados que o horário havia sido alterado para entre 7h30 e 15h30, e não mais até as 16 horas, como estávamos acostumados.`

Ela e outros pais da escola estão preocupados com a mudança repentina por ter de alterar os horários de seus expedientes para buscar e levar os filhos. A faxineira Eliana Aparecida da Silva, mãe de um aluno de 10 anos, combinou com uma colega, que tem o filho na mesma sala, para alternar os dias em que vão buscar os estudantes. `Eu chego às 15h30 em um dia e espero com as crianças na rua até ela chegar, às 16 horas. No dia seguinte, ela faz isso. Assim, reduzimos os dias em que vamos precisar sair mais cedo do trabalho.`

Padrão

A coordenadora do Programa Escola de Tempo Integral da Secretaria Estadual da Educação, Vera Goloni, disse que a redução da carga horária estava prevista desde outubro, para que essas 118 unidades passassem a ter o currículo padronizado em relação às demais 414 escolas com período integral, que já tinham carga horária de oito horas diárias.

Vera admitiu que houve um `erro de comunicação`, uma vez que alguns pais não foram avisados antes das mudanças. `Foi um equívoco, tanto do órgão central (a secretaria estadual), como das diretorias de ensino e escolas, que deveriam tomar providências e informar todos os pais porque as crianças exigem cuidado e zelo.`

Segundo ela, em quatro escolas da capital em que os pais não souberam da mudança antes das aulas será feito um período de adaptação, com o acolhimento das crianças por nove horas, como ocorria anteriormente, para que os pais possam organizar suas rotinas. Vera disse também que essas escolas abrirão consulta para que os pais opinem sobre o melhor horário de aula

 

Criatividade não é uma festa

Filed under: Sem categoria — José Antonio Küller @ 8:14 pm

Pablo Doberti – Porvir – 17/02/2016 – São Paulo, SP

A criatividade não é uma festa. É uma conduta, uma sustentação ética. Não depende de desprendimento, mas de aperto. Não é um arrebatamento, é um sistema. Não aparece prontamente em qualquer um, mas, sim, se constrói trabalhosamente. Não é eminentemente genética – ainda que possa haver algo relacionado -, é substancialmente simbólica. Não depende da conformação do criativo, senão de sua constituição; é o software, não o hardware das pessoas. Não pode existir – como quase nada – se não se está bem alimentado de estímulos, quer dizer, de vida cultural aberta e intensa.

A criatividade, como genialidade, não é um ato único em uma pessoa qualquer; é uma consequência quase necessária de algumas pessoas particularmente desenvolvidas, criativas e geniais. A criatividade não se define pelo que foi criado, mas pelo criador. Não digo que os geniais sejam os eleitos; digo que os geniais são os que conseguiram. Não se alcança apenas por tentar; não é uma questão de sorte; costuma custar a vida inteira. O criativo investiu muito mais do que Bill Gates.

O mito do garoto prodígio nos confunde, nos atrofia eticamente e é essencialmente falso, ainda que com exceções. Não se nasce, se faz. Lionel Messi é um milhão de vezes melhor do que eu jogando futebol, mas tem milhões de horas a mais de esforço e trabalho com a bola do que eu; o mesmo ocorre com Jorge Luis Borges com as letras e Pablo Picasso com os traços. Ninguém será Albert Einstein apenas por viver a vida de entrega, esforço, foco, obsessão, ilusão e tesão de Einstein, mas, não há nem haverá Einstein possível sem essa vida de entrega. Para Quentin Tarantino, as histórias não aparecem enquanto ele está dormindo, nem John Lasseter roteiriza em transe. Os dois trabalham mais do que se imagina e descartam mais do que poderíamos pensar.

A criatividade não acontece quando as constrições desaparecem. Candidamente liberados dos condicionamentos, não nos tornamos criativos, nos tornamos repetitivos. A falta de impedimentos não garante a produção. Senão, todos os duques seriam nobéis. Os ambientes criativos devem ser sistemas ativos de construção de estímulos e caminhos; precisam ser atmosferas intensas, tensas, quentes, apertadas e densas. Se nos largarmos, nada virá; precisamos de ajuda, de guia e de desafios.

A vida do criativo é atormentada e árdua. Não idealizemos. O gênio fracassa muito mais do que acerta; e em geral não sente que acerta, nem quando acerta; põe ponto, vai para a outra linha e continua. Nunca chega; sua característica é buscar; e se sente que chega, em geral se atrofia. Se realiza no processo e se justifica no processo. O Walter Benjamin mais ilustre se suicidou e com Van Gogh já sabemos o que aconteceu. Custa muito trabalho inovar, quero dizer.

As invenções são partos, não adoções. O que está por vir não existe e surpreende. Onde não cabe mais nada, funda-se um espaço novo. E as reações costumam ser negativas, antes de qualquer outra coisa. E com você, o quê? E por quê? E para quê? Tem provas? O novo incomoda. Desestabiliza. Desestabiliza porque surge no seio do estabelecido e desbanca os latifúndios conceituais. Redefine os mapas políticos. As criações são difíceis porque ocupam espaço nesse mundo, não em outro. Se fosse em outro mundo, seria mais fácil e imensamente menos significativo. Cada vez que se inventa algo, se está acabando com algo. É guerra. Tudo ocorre em uma trama dicotômica de tensões binárias. Assim que Borges foi genial, a turba realista perdeu sentido. Quando Copérnico, então Ptolomeu… É sempre assim.

A criação é política e tem custos políticos. Redistribui o que governa, quer dizer, tem poder. Reescreve e define novamente as matrizes de valor e de sentido. É como uma coisa de loucos, mas é assim: substituímos cada porção no mundo por outra e seguimos adiante, mas nada é igual. Houve um crack; alguns avanços que nos traçam outros caminhos. E corre sangue, seja no terreno que for.

Digo tudo isso porque não nos ajuda essa aura ingênua, cândida e leve que acompanha a criatividade e a considera como se estivesse sequestrada. Parece coisa de crianças, de loucos e de marginais em geral; parece processo de desintelectualização e ausência total de cálculo e sistema; parece revelação do que está vazio e não realização do que está obcecado; parece jogo e parece fácil, mas não é. Não devemos deixar que pareça. É prejudicial essa careta infantil.

O inovador não é o que diz que é; são outros. Em geral não ostenta. Pergunte-lhe algo que não o interesse, parecerá um idiota; fale sobre o que o deixa obcecado e então me contarás. Peça que se apresse e o mandará para longe. Tente dominá-lo. Perceberá – se o observar mais agudamente – que não está conectado com tudo; tem uma certa lógica econômica que o leva a ocupar suas capacidades com as coisas que alimentam suas intencionalidades; tende a não ocupar quase nada – nem a memória, nem os bolsos – com o que considera supérfluo, seja dinheiro ou seja a lista de supermercado. É concentrado e tende à concentração; sempre corre o risco de se saturar e muitos deles se saturam.

A criatividade, muitas vezes, nos parece espontânea e nos confunde a todos. Parece tão leve, tão ternamente fluida e etérea que nos dá a entender que, para consegui-la, ninguém transpirou, nem sofreu, nem fracassou, nem errou, nem deixou cair nenhuma lágrima e depois riu por vários minutos sem saber por quê; adota a forma do dom, quando, na realidade, é uma construção. Não sei porque é assim, mas a inovação se obstina em nos contar uma falsa história de solturas, transparências, inspirações súbitas e revelações místicas.

Tampouco sei por que é assim. Seria mais fácil se nos avisasse que por trás dela há tempos, sistematizações, rotinas, éticas, atitudes e atmosferas complexas, instáveis, difíceis de implantar e dificílimas de manter; que não acontece se não se dá um conjunto de conexões improváveis e de tempos sincronizados; que não traz alegria de imediato e que não tem o prazer como sentimento predominante; que custa muito, tanto em termos de tempo como de tomada de posição. Mas, não. Será que sabe que se não aprendermos por nós mesmos as coisas não funcionarão? Será que intui que descobri-lo já é um grande primeiro passo para consegui-lo?

Antes era o “jogo bonito” e agora se chama “tiki-taka”, mas é o mesmo: uma maneira de jogar futebol que presta culto ao domínio, elogio da técnica e põe a estética antes do resultado e, ainda assim – ou talvez por isso – inclusive acaba ganhando. Uma maneira que parece provir da liberdade total e um pouco da ingenuidade (Garrincha foi o ícone) e, cada dia mais, nos inteiramos de que, muito pelo contrário, é filha de um rigor inclusive exagerado, de uma obsessão quase doentia e de uma intensidade pouco compatível com a vida. A criatividade não se aguenta; a genialidade não é sustentável. O desejo também mata, como nos ensina a psicanálise.

A criatividade não é uma festa, felizmente. Não se arranja com álcool, nem outros preparados do tipo; não requer sexo casual. É, sim, a sistematização da transgressão conceitual. É o elogio sustentado da outra face. É uma conquista árdua, uma tarefa trabalhosa e louvável.

Por isso, se por acaso em sua vida ou em seu trabalho a criatividade ou a inovação andam por aí, por favor, preste atenção. Não deixe que lhe vendam as falsas, nem se conforme sem as verdadeiras. Concentre-se e busque-as.

 

10 maneiras para inovar na volta às aulas 16 de fevereiro de 2016

Filed under: Sem categoria — José Antonio Küller @ 11:17 pm

por Marina Lopes / Maria Victória Oliveira – Porvir – 15/02/2016 – São Paulo, SP

O período de volta às aulas pode ser uma boa oportunidade para rever práticas e adotar novas estratégias pedagógicas. Sabe aquele conteúdo que os seus alunos têm dificuldade em aprender ou até mesmo desinteresse? É possível usar novas metodologias ou ferramentas tecnológicas para torná-lo mais atrativo e divertido. A partir de experiências compartilhadas por professores de várias regiões do país na seção Diário de Inovações, o Porvir reuniu dicas para quem quer inovar neste ano letivo. São experiências que já estão sendo colocadas em prática com bons resultados e podem inspirar mudanças em outras salas de aula.

As ideias envolvem jogos, dispositivos móveis, redes sociais e outras estratégias que podem ser aplicadas em diferentes disciplinas e etapas de ensino. Confira a lista:

1- Adote novas metodologias

Experimentar novas metodologias pode ser um bom caminho para quem pretende inovar. A professora Jorgelina Tallei, da UNILA (Universidade Federal da Integração Latino-Americana), em Foz do Iguaçu (PR), apostou na metodologia da sala de aula invertida para manter os alunos motivados na disciplina de Espanhol. Enquanto eles estudavam os conteúdos em casa, por meio de vídeos publicados no YouTube, o tempo da aula era aproveitado para incentivar a interação e fazer pesquisas. Já o professor José Moran, um dos fundadores da Escola do Futuro, descobriu o ensino híbrido há mais de 25 anos, combinando o aprendizado online e offline com as suas turmas de pós-graduação na USP (Universidade de São Paulo).

2- Explore novos espaços

O aprendizado não precisa ficar restrito ao ambiente da sala de aula. Em Salvador (BA), para fazer uma pesquisa sobre o que os moradores achavam da escola e quais atividades gostariam de encontrar lá, o professor Luiz André Degaut levou os alunos para os becos e vielas do bairro Santa Cruz. Já a professora Alessandra Calegaris Marins de Paulo, da capital paulista, teve a ideia de fazer uma intervenção urbana com alunos do ensino fundamental, pintando monstros divertidos em buracos nas calçadas. E para trabalhar questões étnico raciais e fortalecer a identidade dos alunos, o professor Leno Vidal propôs a redescoberta de uma comunidade indígena em São Paulo.

3- Trabalhe com as redes sociais

Hoje em dia, é quase impossível encontrar alguém que não faça parte de alguma rede social. Por isso, é importante que os professores saibam utilizar essas ferramentas a seu favor. A professora Mariana Araguaia, de Senador Canedo (GO), melhorou a percepção que seus alunos tinham sobre alimentação propondo atividades em um grupo do Facebook. Já Debora Machry usou o WhatsApp para incentivar a leitura sobre ciências em São Leopoldo (RS). Pedro Satiro, por sua vez, aproveitou uma discussão entre alunas na internet para trabalhar questões como cyberbullying e os perigos das redes sociais, em São Paulo (SP).

4- Use exemplos do dia a dia

É muito importante que os alunos consigam aplicar aquilo que aprendem em sala de aula. Por isso, usar exemplos do dia a dia pode ressignificar a aprendizagem. Para explicar conceitos como movimento e velocidade média, o professor Eduardo Nagao, de Londrina (PR), levou seus alunos ao boliche. Já a professora Ana Angélica Santos, de Diamantina (MG), colocou a mão na massa com os alunos e assou uma pizza para explicar frações. Por sua vez, o professor Ivan Matta, de Goiânia (GO), trabalhou as leis de Newton a partir das regras de trânsito, como o uso do cinto de segurança.

5- Aposte nos dispositivos móveis

Com dispositivos móveis é possível desenvolver projetos criativos e divertidos. A professora Luciana Taegtow, de Novo Hamburgo (RS), fez um trabalho sobre selfie em que os alunos fizeram autorretratos e criaram um livro digital. Em Picos (PI), a professora Andréia Vitorino Marcos espalhou QR Codes pela escola para estimular a leitura de poesia. Para ensinar sobre o continente europeu, a professora de geografia Josi Zanette do Canto desenvolveu um aplicativo com a sua turma do nono ano em Araranguá (SC).

6- Transforme os alunos em autores

Projetos que incentivam o protagonismo dos alunos também trazem bons resultados. A professora Gislaine Munhoz, de São Paulo (SP), incentivou sua turma a criar jogos com o Scratch. Já os professores Michael Fernandes e Ana Paula Maia Silva desenvolveram um projeto de educomunicação e transformaram os alunos em repórteres, editando materiais em áudio, vídeo e impresso para divulgar nas redes sociais da escola da rede municipal de São Paulo. E para transformar, literalmente, alunos em autores, o professor Luis Junqueira apoiou adolescentes para escreverem o seu primeiro livro na Fundação Casa, também em São Paulo.

7- Invista no teatro e em filmes

O uso de teatro como ferramenta de ensino faz com que os alunos fiquem mais envolvidos e motivados. No Espírito Santo, a professora Stéphani Bertulani usou a encenação para explicar a evolução tecnológica. Já em uma zona rural de São Luís (MA), sob o comando da professora Ana Jakelline Silva, os estudantes desenvolveram uma peça teatral para sensibilizar a comunidade quanto a práticas sustentáveis. Filmes também têm um forte apelo entre crianças e jovens e, aproveitando-se disso, a professora Rosângela Queiroz, da capital paulista, desenvolveu um projeto a partir da animação brasileira “O Menino e o Mundo”, que foi indicada ao Oscar.

8- Trabalhe questões sociais e de diversidade de forma criativa

Como trazer discussões sociais e relativas à diversidade para a sala de aula? Fazendo um paralelo entre realidade e ficção, o professor José Souza dos Santos apresentou obras sobre retirantes aos seus alunos do interior da Bahia. Marlúcia da Silva montou um julgamento com a sua turma, em Marataízes (ES), para analisar as letras de músicas do funk. Gina Vieira, de Brasília, driblou a resistência a trabalhar questões de gênero na escola e criou um projeto que conta história de mulheres inspiradoras. E o professor Isaias dos Santos usou o universo digital para publicar livros digitais de seus alunos sobre personagens negros na literatura em Campo Bom (RS).

9- Promova a empatia

Estimular que alunos se coloquem no lugar do outro e conheçam diferentes realidades ajuda na formação socioemocional dos estudantes. Nas aulas de Educação Física, de Campo Grande (MS), o professor Tiago Tristão propõe atividades alternativas para que as diferentes personalidades dos alunos possibilitem novas vivências. A professora Maria Verúcia, por sua vez, incentivou que seus alunos de Brasília trocassem experiências culturais com estudantes de Cabo Verde por meio de cartas.

10 – Use jogos como aliados

Por fazerem parte do universo de crianças e jovens, os games podem ser utilizados facilmente como ferramenta de promoção da aprendizagem. A professora Marili Bassini, Americana (SP), usou videogames para ensinar sobre períodos históricos. Já nas aulas de artes em São Paulo (SP), a professora Sabrina Quarentani usou o Minecraft para apresentar o Impressionismo a seus alunos. No ensino técnico em Ivinhema (MS), o professor Alex Rodrigues Machado criou um jogo de tabuleiro para ensinar o funcionamento de uma indústria de açúcar e álcool.

 

 

O desafio de processar milhões de sugestões para a Base Comum

Filed under: Sem categoria — José Antonio Küller @ 11:15 pm

Assessoria de Comunicação Social – MEC – Revista Gestão Universitária – 16/02/2016 – Belo Horizonte, MG

Com quase dez milhões de contribuições já encaminhadas por indivíduos e instituições ao texto preliminar da Base Nacional Comum Curricular (BNC), a Universidade de Brasília (UnB) começou a fazer a sistematização de todos esses dados. Uma tarefa nada fácil.

“As participações até o momento são reflexo das campanhas que as redes de educação têm mobilizado em seus estados”, avalia o professor Luiz Honorato, vinculado ao Data UnB, um dos principais centros de pesquisa de opinião pública do Brasil.

O processo coordenado pela UnB está dividido em duas frentes, de mapeamento e de análise das contribuições. A primeira trata da quantificação dos dados e concentra-se, principalmente, nas intervenções feitas nos 1,7 mil objetivos de aprendizagem, que são a espinha dorsal do documento e que visam a aprimorar a educação básica brasileira.

Os trabalhos alcançam desde as participações feitas nos textos introdutórios do documento – composto, principalmente, por componentes curriculares nas diferentes etapas da educação básica, até o conteúdo de cada tópico nas áreas de conhecimento (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas).

O Data UnB está contabilizando também propostas de inclusão de novos objetivos à Base e de sugestões de exclusão.

A análise de tendências dessas contribuições ocorre ao mesmo tempo da quantificação dos dados. O recorte está abrangendo contribuições feitas de forma individual ou aquelas enviadas por um representante coletivo de organizações sociais. Este grupo inclui, inclusive, as contribuições registradas por escolas. Vale lembrar que o sistema está aberto para sugestões até 15 de março.

“Estamos entrando na etapa da pesquisa, que é caracterizar as contribuições. Para a análise foi definido, junto ao Ministério da Educação, seis categorias das contribuições dos objetivos”, explica a professora Thérèse Hofmann. Decana de extensão da UnB, Thérèse coordena o grupo formado por oito pesquisadores que trabalham na leitura e classificação das contribuições.

Categorias – A base de dados em que as contribuições serão categorizadas pelo grupo da UnB faz parte de um sistema construído pelas universidades federais de Minas Gerais e de Juiz de Fora. “Por exemplo, se alguém escreve: ‘discordo que esse objetivo de matemática seja colocado nessa etapa, nessa série, nesse ano; sugiro que vá para tal ano’, a opinião desse cidadão recebe uma categoria. Entra na categoria `sugestão de mudança de etapa` da base”, detalha.

A divisão de sugestões por categorias contempla qualquer alteração que a pessoa faça no texto preliminar, bem como acréscimo e exclusão de conteúdo. Depois da categorização, as contribuições vão para os especialistas de cada área para serem aprofundadas. “Neste caso, o especialista de matemática é que vai ver como isso se organiza e se coordena dentro dos outros objetivos”, exemplifica Thérèse.

A discussão pública também recebe contribuições de associações científicas e leitores críticos. Estes últimos são professores e pesquisadores, com produção acadêmica reconhecida nacional e internacionalmente no ensino dos componentes curriculares das quatro áreas do conhecimento de todas as etapas da educação básica. A Base conta ainda com 116 especialistas convidados pelo MEC, muitos deles ligados a universidades.

O trabalho dos especialistas servirá de referência para os seminários regionais e estaduais que vão trabalhar uma nova versão da BNC. A expectativa é de que os estados atentem também para informações segmentadas que as escolas de suas respectivas regiões enviaram para o sistema de contribuição da Base.

Após o período de contribuições dos estados, será compilada uma terceira versão do documento para ser encaminhada ao Conselho Nacional de Educação (CNE).

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Base Nacional Comum Curricular já recebeu 10 milhões de sugestões 4 de fevereiro de 2016

Filed under: Sem categoria — José Antonio Küller @ 6:57 pm

MEC – Revista Gestão Universitária – 04/02/2016 – Belo Horizonte, MG

A Universidade de Brasília (UnB) começou a fazer a sistematização dos dados de quase dez milhões de contribuições já encaminhadas por indivíduos e instituições ao texto preliminar da Base Nacional Comum Curricular (BNC). O sistema está aberto para sugestões até 15 de março.

O processo coordenado pela UnB está dividido em duas frentes, de mapeamento e de análise das contribuições. A primeira trata da quantificação dos dados e concentra-se, principalmente, nas intervenções feitas nos 1,7 mil objetivos de aprendizagem, que são a espinha dorsal do documento e que visam a aprimorar a educação básica brasileira.

“As participações, até o momento, são reflexo das campanhas que as redes de educação têm mobilizado em seus Estados”, avalia o professor Luiz Honorato, vinculado ao Data UnB. O Data UnB está contabilizando também propostas de inclusão de novos objetivos à Base e de sugestões de exclusão.

Os trabalhos alcançam desde as participações feitas nos textos introdutórios do documento até o conteúdo de cada tópico nas áreas de conhecimento (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas).

A análise de tendências dessas contribuições ocorre paralelamente à quantificação dos dados. O recorte abrange contribuições individuais ou aquelas enviadas por um representante coletivo de organizações sociais (grupo que inclui, inclusive, as contribuições registradas por escolas).

“Estamos entrando na etapa da pesquisa, que é caracterizar as contribuições. Para a análise foi definido, junto ao Ministério da Educação, seis categorias das contribuições dos objetivos”, explica a professora Thérésé Hofmann. Decana de extensão da UnB, Thérésé coordena o grupo formado por oito pesquisadores que trabalham na leitura e classificação das contribuições.

 

 
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