Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

JOGOS E VIVÊNCIAS EM EDUCAÇÃO 14 de abril de 2011

O texto a seguir foi elaborado como uma justificativa a um curso sobre jogos e vivências em educação desenvolvido pela Germinal Consultoria para um programa de desenvolvimento de docentes do Senac de São Paulo.

“Enumeremos uma vez mais as características que consideramos próprias do jogo. É uma atividade que se processa dentro de certos limites temporais e espaciais, segundo uma determinada ordem e um dado número de regras livremente aceitas, e fora da esfera da necessidade ou da utilidade material. O ambiente em que ele se desenrola é de arrebatamento e entusiasmo, e torna-se sagrado ou festivo de acordo com a circunstância. A ação é acompanhada por um sentimento de exaltação e tensão, e seguida por um estado de alegria e distensão.”[1]

O que motiva a inserção de um módulo de Jogos e Vivências em Educação em um Programa de Desenvolvimento de Docentes? As características do jogo,  enumeradas na epígrafe, podem induzir uma resposta. O jogo e a vivência são introduzidos, enquanto forma didática, porque são agradáveis, envolventes, prazeirosos… Brincando e vivenciando aprende-se melhor.

O jogo e a vivência são efetivos, no entanto? Não serão apenas recursos para agradar os participantes de um programa de educação profissional, preparar o espírito e motivá-los para as tarefas sérias, estas sim consideradas as verdadeiras estratégias de ensino ou de aprendizagem?

O jogo e a vivência são desvios, volteios, escapes em relação ao real. Não seria sempre melhor enfrentar a realidade diretamente? Na construção do conhecimento não seria melhor uma abordagem didática através do problema e da utilização direta da pesquisa como forma de acesso ao conhecimento? Não seria melhor, no caso de transmissão do conhecimento, utilizar diretamente o texto, o livro, a exposição, a aula? No desenvolvimento de competências não seria melhor fazer uso dos desafios próprios da experiência profissional concreta?

Existem duas características, no jogo, que podem justificar o seu uso e a sua escolha face às alternativas antes apresentadas. O jogo é um instrumento privilegiado de construção do conhecimento e da cultura.  Huizinga afirma que “o espírito de competição lúdica, enquanto impulso social, é mais antigo que a cultura, e a própria vida está toda penetrada por ele como um verdadeiro fermento”.  A vivência é similar ao jogo na fuga do tempo e espaços reais, na liberdade de ação e no seu caráter lúdico.

Huizinga atribui, ainda, ao jogo, a origem do ritual, da poesia, da música, da dança, do saber e da filosofia. A cultura em seu nascimento é um jogo e nunca separa-se por completo dele. “A cultura surge no jogo, e enquanto jogo, para nunca mais perder esse caráter”. Assim, seja na assimilação da cultura, seja em sua construção, o jogo está presente e jogar é preciso.

A liberdade, por outro lado, é a essência do próprio jogo e também da vivência. Uma vez postas as regras, o jogador e o ator dão livre curso às suas possibilidades e capacidades de ação. No jogo e na vivência, experimentam e desenvolvem livremente suas potencialidades e suas competências para jogar, para agir, para competir, para colaborar, para persistir, para ser. Sendo assim, o jogo, enquanto recurso didático, não é fundamental para uma instituição que defende a aprendizagem com autonomia?


[1] Huizinga, Johan, Homo Ludens, São Paulo, Editora Prespectiva, 1993, p140.

 

 

Curso de Especialização (Pós-graduação lato sensu) em Docência da Educação Profissional 30 de outubro de 2010

O site do SENAC Nacional, em 22/10/ 2010, publicou a notícia a seguir sobre o curso de especialização em Docência da Educação Profissional. A Germinal Consultoria prestou  serviços ao SENAC no desenvolvimento do projeto pedagógico do curso.


Competências para ensinar e aprender

As transformações vividas pelo mundo do trabalho nas últimas décadas afetaram a educação em todos os aspectos, exigindo dos profissionais atualização e uma nova forma de qualificação. Atento a isso, o Senac iniciou, em outubro, a primeira turma do curso de especialização em Docência para a Educação Profissional, pós-graduação a distância lato sensuoferecida exclusivamente ao corpo docente da Instituição, com reconhecimento do MEC. Possibilitada pela tecnologia e pela capilaridade das unidades do Senac espalhadas por todo o Brasil, o curso, oferecido pela Rede EAD, tem carga de 470 horas, distribuídas em 14 meses.

As aulas inaugurais das 54 primeiras turmas – que reúnem 1.500 alunos – aconteceram nas primeiras semanas de outubro por todo o Brasil. O plano é oferecer, até 2012, esse aperfeiçoamento aos cerca de 7.500 docentes com curso superior que atualmente trabalham na Instituição. Segundo Maria Teresa Nori, que coordena as turmas do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, os alunos “se animaram com o curso e ficaram admirados com a iniciativa do Senac de investir no desenvolvimento das competências docentes”.

O curso tem como objetivo sistematizar o saber, melhorando a elaboração, operação dos currículos e dos processos avaliativos, aprimorando, assim, a qualidade oferecida pela Instituição. Para Cícera Paiva, diretora técnica do Senac Alagoas, “esse será mais um diferencial dos instrutores Senac para a educação profissional do estado”. A instrutora e agora aluna Claudia Rosita de Lima, de Recife, a oportunidade é única: “Grande é a minha expectativa em me ver fazendo parte de um curso tão importante para minha vida profissional. Estou muito feliz em fazer parte do primeiro grupo. Estamos fazendo história no Senac”.

Segundo a coordenadora do curso no Maranhão, Alda Baldez, todos demonstraram estar ansiosos pelo início da nova proposta: “As expectativas destacadas pelo grupo estão na melhoria da qualidade das ações educativas desenvolvidas a partir da valorização dos saberes que eles já detêm”.

Daniela Papelbaum, Lucia Prado e Solange Luçan, técnicas do Centro de Educação a Distância do Senac Nacional e responsáveis pelo desenvolvimento do conteúdo do curso – com a ajuda do consultor José Antonio Küller –, reafirmam que o objetivo é aprimorar as competências dos que lidam diretamente com a missão de educar para o mundo do trabalho. Para elas, é muito importante fortalecer nos docentes o compromisso de formar profissionais que estejam em sintonia com o mercado e, ao mesmo tempo, capazes de ter uma atitude reflexiva sobre a área e a atividade produtiva na qual pretendem atuar.

“A proposta pedagógica do curso toma como referência a prática de nossos docentes em sala. Não propõe formas de condução de aulas ou de situações de ensino, mas o desenho de aprendizagem”, diz Lucia. A proposta acompanha a mudança de paradigma que representa o papel atual do professor que, se antes priorizava a transmissão de conteúdos, hoje pressupõe a construção do conhecimento e o desenvolvimento de competências.

Comunidades virtuais

Com essa diretriz, o curso foi estruturado a partir de três eixos. Pesquisa e Produção é totalmente online, tem 210 horas de duração e propicia um contato com o ambiente virtual de aprendizagem. O eixo Experimentação, que tem carga de 140 horas, está organizado em quatro laboratórios de prática, realizados no ambiente de aprendizagem no qual o participante atua, como a sala de aula. Já o de Cooperação e Sistematização fortalece ainda mais a questão da troca de experiências e de saberes. Nele, há uma proposta nova – a comunidade virtual de prática, que permite a todos os participantes estabelecer uma discussão online. Além disso, como a comunidade ocorre paralelamente aos laboratórios, possibilita ainda mais a troca de ideias e experiências sobre a prática de sala de aula.

A comunidade virtual entrará no ar em novembro para ambientação e, de maneira definitiva, em janeiro, exclusivamente para os alunos da primeira turma. À medida que o curso for formando novas turmas, mais instrutores serão convidados a integrar o espaço. A intenção ao desenvolver a comunidade virtual de prática no curso é perpetuar os efeitos do curso após seu término. O objetivo é incentivar os docentes a dar continuidade ao trabalho colaborativo, a compartilhar boas práticas e conhecimentos relativos à docência e a publicar materiais interessantes, em uma perspectiva de educação continuada.

Para Léa Viveiro de Castro, diretora de Educação Profissional do Senac Nacional, essa forma de organização, desenhada especialmente para o curso, atende aos propósitos de oferecer aos docentes do Senac, que já conhecem e aplicam a proposta pedagógica da Instituição, uma oportunidade de aprimorar suas ações: “E isso só seria possível se os professores partissem de uma reflexão sobre a prática em sala de aula e pudessem, com os demais participantes, ampliar e aperfeiçoar seu trabalho”.

 

Educação Expandida e Aprendizagem Criativa 26 de junho de 2009

Festival Zemos98 - Entrevista de Clara Bog

 

Temos tratado da Aprendizagem Criativa, em um conjunto de artigos ainda não concluído, como uma forma potencialmete inovadora de abordar a educação escolar.  Podemos definir a  Aprendizagem Criativa,  como uma forma de aprender que, para além da construção do conhecimento, possibilita a sua recriação no próprio momento em que ele é aprendido.

 

Em post anterior, já tínhamos constatado a necessidade de explicitar as conexões da Aprendizagem Criativa com o construtivismo e com uma determinada perspectiva escolar orientada pela construção de competências para a vida e para o trabalho. Mas, parece que isso não é o bastante.

 

Recentemente, tomamos contato com o Festival Zemos98, que aconteceu de 23 a 28 de março de 2009, em Sevilla (Espanha) e que promoveu o Simposio Educación Expandida. O Simpósio define Educação Expandida como aquela que pode acontecer em qaulquer momento e qualquer lugar. O contato com o tema do Simpósio lembrou-nos de uma outra conexão com a Aprendizagem Criativa, que hoje é necessária.

 

O termo Educação Expandida, se novo, não indica uma realidade nova. Sempre se aprendeu em todo o tempo e lugar. Mas o que sempre aconteceu adquire uma tonalidade diferente com o crescimento exponencial dos meios e das tecnologias de informação e comunicação atualmente disponíveis. Hoje, praticamente todo o conhecimento do mundo está imediatamente disponível para quem puder e souber acessá-lo.

 

No Simpósio, constatou-se que as pessoas estão inventando as metodologias necessárias para o acesso a esse conhecimento. É um processo vivo que pode ser observado mesmo nos lugares mais pobres e carentes do planeta. As pessoas não estão apenas recriando o conhecimento e apropriando-se dele. Estão também criando seus próprios mecanismos de aprender.

 

Festival Zemos98 - Oficina de Introdução ao Teatro do Oprimido

Festival Zemos98 - Oficina de Introdução ao Teatro do Oprimido

 
O mais interessante é que esta criação ocorre ao largo da escola. Esse processo implica em um crescente anacronismo da escola, não apenas em relação à transmissão da informação. Essa é apenas a face mais visível do atraso. As escolas e os professores estão ficando atrasados também em relação às formas de aprender de seus alunos, que as desenvolvem (muitas vezes em solidão) em suas casas, nas ruas (telemóveis), nas lan-houses, nos cibers-café…
 
 
Esse desenvolvimento solitário, essa auto-aprendizagem está se transformando em algo tão importante que Ronaldo Lemos, um brasileiro que participou do Simpósio, acredita que o papel da escola, hoje, nem seja o de favorecer a construção do conhecimento. Ele diz que os estudantes devem ser atraidos para compartilhar seus saberes com os professores.
 
 
Ronaldo Lemos afirma que o papel da escola deveria ser o de compartilhar: compartilhar conhecimentos, compartilhar ferramentas, compartilhar metodologias de aprender…
 
 
Fazendo uma conexão com a Aprendizagem Criativa, que julgamos necessária, diríamos que o papel da escola pode ser esse, sim. É preciso compartilhar conhecimentos, ferramentas e metodologias de aprender. Mas, é necessário que tal compartilhar aconteça em uma atmosfera que incentive, favoreça e possibilite a criação e a recriação dos saberes.
 
 
A intensificação da aprendizagem em espaços não-escolares, por outro lado, obriga pensar a educação em um contexto mais ampliado que o da escola. Esse contexto pode ser o da cidade educativa ou educadora. Mas isso já é tema para outra conversa.
 
 
Festival Zemos98 - Oficina de Fábrica Expandida
 
 
Para os interessados em aprofundar a discussão, incluímos a seguir o link para o vídeo que deu origem às reflexões anteriores.
 

Balzac.tv: Educación expandida

La educación expandida es aquella que puede suceder en cualquier momento y en cualquier lugar. Estuvimos en el ZEMOS98, en Sevilla, con Ronaldo Lemos, Jesús Martín Barbero, Brian Lamb, y Juan Freire, para que nos explicaran cómo veían la educación en la era de Internet. Y te preguntamos: ¿cómo se expande para tí la educación?

 

Como Trabalhar Metodologias na Educação Profissional 8 de julho de 2008

Operário do canto me apresento

sem marca ou cicatriz,
limpas as mãos, minha alma limpa,
a face descoberta, aberto o peito,
e – expresso documento -a palavra 
conforme o pensamento .
(Profisão do Poeta – Geir Campos)

Breve introdução

Devo começar pedindo desculpa. Tenho dois motivos para isso. Sempre me considerei e sei que ainda sou absolutamente incapaz no falar para grandes públicos, especialmente em situações formais como esta. Essa é a primeira razão do meu pedido de desculpa: eu, auto reconhecidamente incompetente, apresento-me e teimo em falar com vocês (1).

Quando convidado, tinha justificativa para tanto ousar. Aceitei o desafio supondo que o meu saber sobre o conteúdo pudesse compensar a falta de jeito do dizer. Ledo engano. Ao preparar escrita e fala, defronto-me com múltiplas possibilidades de abordagem, mas nada sucinto, direto e simples, que caiba no tempo e nas laudas disponíveis. Percebo que tenho trabalhado, aplicado e experimentado muito metodologias. Tenho, no entanto, refletido pouco sobre elas. Percebo mais: sobre o tema tenho mais dúvidas do que certezas.

Aí estão, então, os dois motivos do pedido de desculpa: falo mal e pouco sei falar sobre como trabalhar metodologias na educação profissional.

Charles Chaplin, Paulette Godard

Charles Chaplin e Paulette Godard, cena final de Tempos Modernos

Uma cena

Não canto onde não seja a boca livre,
onde não haja ouvidos limpos
e almas afeitas a escutar sem preconceito.
Para enganar o tempo – ou distrair
criaturas já de si tão mal atentas,
não canto…
 
(Profisão do Poeta – Geir Campos)
 

Constatado isso, o que posso fazer aqui então? Escrevendo o texto e preparando a fala, pensei em várias alternativas. No Fórum, poderia, como exemplo, após esse pedido de desculpa, levantar-me e ir embora. Melhor ainda, como toque de originalidade e como forma de ampliar o lance dramático, poderia antes da fuga dizer: a minha fala anterior e essa minha saída inesperada tem muito a ver com a utilização de metodologias na educação profissional. Reflitam sobre isso!

Explorando a cena

Fui chamado a cantar e para tanto
há um mar de som no búzio de meu canto.
Trabalho à noite e sem revezamentos.
 Se há mais quem cante cantaremos juntos;
 sem se tornar com isso menos pura,
 a voz sobe uma oitava na mistura.
(Profisão do Poeta – Geir Campos)
 

Essa última alternativa não deixa de ser um meio, uma forma, um método para colocar em questão o uso de metodologias na Educação Profissional. A retirada seria, então, uma alternativa metodológica à minha exposição. Estava , naquele momento da preparação, entre duas possibilidades de caminho para este meu trabalho: uma fuga ou uma fala incompetente.

Enquanto formato alternativo, a fuga parecia apresentar algumas vantagens. É um formato inédito, original, dramático, surpreendente. Se posto em prática, provavelmente mobilizaria a todos os presentes. Teria a vantagem adicional e nada desprezível de não apresentar nenhuma resposta, de não formular nenhuma regra, de não fornecer nenhuma receita…Seria eficaz?

Nesse ponto da preparação, percebi que tinha começado a refletir sobre métodos e que, para mim e como verdades provisórias minhas, alguns enunciados importantes poderiam ser retirados da cena antes imaginada e quase concretizada. Vou colocá-los como forma de suscitar a discussão e o debate. Vejamos então:

  • Assim como na cena imaginada, toda proposta metodológica deveria prever já de início (seja de uma aula, seja de uma sessão ou de um curso) uma situação de suspensão das expectativas corriqueiras, um deslocamento da rotina, uma inquietação, uma surpresa, uma emoção, um desequilíbrio…, que perdurasse durante todo o processo.
  • O inusitado deve envolver docente e alunos. Na cena imaginada, a da fuga, nem eu teria um controle absoluto sobre o que sucederia depois. Não vale o docente colocar os alunos em desequilíbrio e permanecer senhor absoluto da situação.
  • A situação tem que estar relacionada e coerente com os objetivos, com o conteúdo e com o contexto onde a Educação Profissional é realizada. Isso é óbvio, mas tem que ser dito. No caso da cena, esse princípio está na base da minha desistência de uma fuga real. Eu não tinha nenhuma garantia, após a minha saída, que o tema do debate fosse a metodologia da formação profissional. Muito provavelmente o debate giraria sobre minha sanidade mental. Além disso, mudaria o formato do Fórum e seria extremamente indelicado com minha colega de mesa.
  • A situação deve problematizar, desconstruir o saber já existente ou colocar um desafio em relação ao conteúdo e aos objetivos da unidade de ensino. Aqui, novamente, eu não tinha certeza que a cena por mim imaginada produziria tais efeitos sobre o nosso tema (como trabalhar metodologias na Educação Profissional).
  • A cena imaginada não tinha e todo problema posto na situação inaugural não precisa e é bom que não tenha resposta pronta. Pode, assim, propiciar uma busca conjunta, docente e participantes, da resposta. Mesmo que o problema seja o mesmo, a resposta de cada grupo será, necessariamente diferente.
  • Essa última consideração, descarta um conjunto de práticas metodológicas em que a atividade, a dinâmica, a vivência, o jogo, o exercício, a pesquisa, …, são propostos como forma dos participantes chegarem a conclusões que de início já eram esperadas ou conhecidas pelo docente. Não se trata de refazer o caminho da construção do conhecimento, nem de apreender ou constatar uma verdade. Trata-se de construir o conhecimento. Trata-se de reproduzir na esfera da Educação Profissional o movimento real do conhecimento. Isso significa vê-lo, já no momento da aquisição, como uma construção histórica e coletiva, portanto carente de certezas, muitas vezes contraditória e atravessada pelo transitório.
  • Tanto o problema como a busca devem mobilizar o pensamento, as habilidades e atitudes já existentes no grupo de participantes. O envolvimento na tarefa, o já conhecido e a troca devem ser o suporte para o novo.
  • Na minha experiência a condição anterior (mobilização, envolvimento da pessoa como um todo e troca) são propiciados por três tipos de formatos da situação inicial: o jogo, o projeto coletivo e a produção artística.
  • Os recursos da moderna tecnologia, em especial , da micro informática podem enriquecer o desenho desses formatos, mas não são fundamentais e seu uso não indica necessariamente uma metodologia renovadora. Basta lembrar que o Microsof Windows 98 – O Início, o programa de treinamento para o uso do Windows 98 é, em sua concepção metodológica, muito convencional.
  • Dos três formatos, jogo, projeto e produção artística, para mim o mais promissor é o último. Se possível, produziria o desequilíbrio com arte. Através da arte buscaria a superação do problema. Ainda utilizando formas artísticas, sistematizaria e sintetizaria o saber adquirido no movimento. Enfim, pensaria cada situação de formação, cada sessão de trabalho e cada programa de formação como uma obra de arte.

Ao final, creio ter uma resposta inicial para a questão que suscitou a busca. À pergunta: como trabalhar metodologias na Educação Profissional? Respondo: com arte.

Concluindo

 
 
 
Canto apenas quando dança
nos olhos dos que me ouvem, a esperança  
(Profisão do Poeta – Geir Campos)
      

Como provocação para um debate, proponho a arte como modelo do desenho metodológico da Educação Profissional. Vou além, proponho o artista como modelo do profissional a ser formado. Ninguém pensaria, ao pensar a formação de um artista, que ele, ao fim, fosse um bom executor de técnicas e copista de obras já feitas. Na Educação Profissional de um artista busca-se a formação de um criador. Toda Educação Profissional poderia ser pensada e operada com o objetivo de formar profissionais que vissem o objeto de seu trabalho, o próprio trabalho e a vida como obras de arte a serem criadas e construídas.

Kees Von Donger – Spling 1908

No fim da fala, o pedido de desculpas tem que ser repetido. Já na preparação, pressinto que não serei coerente com a minha proposta. Para tanto, seria preciso que o texto anterior fosse dito com arte. Isso supera em muito a minha capacidade. Desculpem-me e obrigado pela atenção.

 
 

 

 
 

 
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