Esta é uma amostra do trabalho desenvolvido para o Trilha Jovem. A primeira versão do Projeto Trilha Jovem derivou de uma proposta curricular desenvolvida, em 2001, pela Germinal Consultoria para o Instituto de Hospitalidade (IH), de Salvador, na Bahia. Essa primeira versão foi alterada pelo IH nas primeiras implementações. Depois, a versão original e a inicialmente implementada foram fundidas na versão atual. A Germinal também contribuiu nesse trabalho.
Por fim, a partir da crítica, sistematização, reformulação e ampliação dos planos de aula utilizados nas primeiras implementações, a Germinal criou as Referências para a Ação Docente, que são manuais que apresentam sugestão, passo a passo, de desenvolvimento de todas as unidades curriculares do Projeto. Para mais informações sobre o Trilha Jovem, clique aqui.
O texto a seguir é a referência para a ação docente no desenvolvimento de uma das Sessões de Aprendizagem do Plano de Vida e Carreira, projeto articulador do Eixo III – Construir um Plano de Vida e Careira – do Projeto Trilha Jovem. O excerto foi retirado das Referências para a Ação Docente, desenvolvidas pela Germinal e publicadas pelo Instituto de Hospitalidade. O texto não foi originalmente editado da forma como é apresentado aqui. Ele constitui apenas uma amostra do trabalho da Germinal na formatação de programas de educação básica para o trabalho.
Dois textos já publicados aqui no blog fundamentam a escolha do conteúdo e e a opção metodológica utilizada na aula apresentada e na unidade didática Projeto de Vida e Carreira. Para acessar o texto Reflexões em torno de uma Oficina de Apresentação Pessoal, clique aqui. Para acesso ao texto Como trabalhar metodologias na educação profissional, clique aqui.
Plano de Vida e Carreira (pvc) |
Aula 3/7 |
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Competências |
Situações de aprendizagem |
recursos |
tempo |
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Reconhecer os próprios valores e/ou pontos fortes. Traçar objetivos e metas pessoais e profissionais. Construir um Plano de Vida e Carreira (PVC). Promover o cuidado de si mesmo.
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1. Aquecimento – Apresentação individual 8. |
Som e música do jovem. Retroprojetor ou Data-Show. Som. Log Book. |
5’ |
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2. Carpe Diem. |
TV e DVD. |
75’ |
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3. Apresentação individual 9. |
Som e música do jovem. |
5’ |
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INTERVALO |
15’ |
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4. Apresentação individual 10. |
Som e música do jovem. |
5’ |
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5. Regras estéticas para a vida. |
Som, músicas, letras de música e material de colagem, desenho e pintura. Tarjetas. |
100’ |
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6. Atividade com os ovos. |
1 ovo para cada participante. |
30’ |
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7. Apresentação individual 11. |
Som e música do jovem. |
5’ |
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1. Dar continuidade na formulação de uma proposta de construção estética da existência.
2. Orientar a definição dos componentes estratégicos (missão, visão e valores) do Plano de Vida e Carreira.
3. Possibilitar o envolvimento emocional com essas primeiras definições.
4. Propiciar a elaboração e classificação de regras estéticas para a vida, como base para a construção dos planos de vida e carreira.
5. Criar um clima de respeito pela diferença e valorização da diversidade.
6. Mobilizar o grupo para uma reflexão posterior sobre a constituição da família, em especial, sobre os problemas da gravidez não-planejada.
Descrição das situações de aprendizagem
1. Aquecimento – Apresentação individual 8
No início da sessão, a sala está obscurecida. Em contraste com a penumbra, o retroprojetor ilumina o poema “Sonho de Herói”, de Murilo Araújo. Ouve-se um fundo musical suave e que induz à reflexão (O Adagietto da Sinfonia Nº 5 de Mahler, por exemplo. Existem muitas gravações. Pode ser usada a gravação existente em: KARAJAN, H.V. Karajan forever. Hamburgo, Deutsche Grammophon, 2003. CD.)
Observe que foi sugerida uma repetição de parte do cenário. Recomenda-se a mesma sala obscurecida. O obscurecimento da sala é acessório. Nesse início, o importante são os poemas, que introduzem, de forma simbólica, o tema do dia. Obscurecer a sala é um recurso para destacar o poema. Se não for possível o obscurecimento da sala ou se você quiser variar o recurso, outras possibilidades de destaque do poema podem ser usadas.
Como sempre, receba os jovens na porta do ambiente de aprendizagem (Assim você pode dar um exemplo de pontualidade, atitude fundamental no sucesso profissional dos jovens na área de turismo). Solicite que entrem e permaneçam em silêncio para um momento de reflexão e recapitulação do dia anterior. Retorne à iluminação normal. Proceda ao sorteio do relator e solicite a leitura do Log Book.
Abra espaço para a oitava apresentação individual de qualidade, acontecimento e música feita por um dos jovens. A partir desta aula, as apresentações podem ser estimuladas a partir da seguinte provocação: alguém tem uma música que pode ser apropriada para este momento? Continue a construção do Mural das Qualidades Humanas.
Em painel, anuncie a exibição da seqüência inicial do filme “Sociedade dos Poetas Mortos (”SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS. Dirigido por Peter Weir. EUA, Buena Vista, 1989. 1 DVD. A primeira seqüência termina no fim da cena que acontece fora da sala de aula, no corredor da escola, onde o professor mostra as fotografias dos ex-alunos e exorta: “Carpe Diem!”).
Após a exibição, sem comentários, projete novamente o poema, agora com as luzes acessas. Peça que um voluntário leia o poema para a classe, em voz alta.
SONHO DE HERÓI |
Com um galho de bambu verde |
e dois ramos de palmeira |
eu hei de fazer um dia o meu cavalo – com asas! |
Subirei nele, com vento, lá bem alto, |
de carreira, |
por sobre o arvoredo e as casas.
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Voarei, roçando o mato, |
as copas em flor das árvores, |
como se cruzasse o mar… |
e até sobre o mar de fato |
passarei nas nuvens pálidas |
muito acima das montanhas, das cidades, das cachoeiras, |
mais alto que a chuva, no ar!
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E irei às estrelas, |
ilhas dos rios de além, |
ilhas de pedras divinas, |
de ribeiras diamantinas |
com palmas, conchas, coquinhos nas suas praias também… |
praias de pérola e de ouro |
onde nunca foi ninguém…
ARAÚJO, M. Poemas completos de Murilo Araújo. Rio de Janeiro: Pongetti. 1960, pág. 84.
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Promova, a seguir, um breve debate sobre o filme, seguido da comparação entre filme, poema e atividades das sessões anteriores.
Missão
Em momento apropriado, solicite que os jovens, individualmente, definam uma possível missão de vida (o que fará a minha vida extraordinária / o que fará a minha vida bela / qual meu sonho de herói?) e a visão pessoal (que pretendo vir a ser como pessoa nos próximos anos. As definições devem ser curtas e claras e escritas em apenas duas tarjetas de cores diferentes.
Quando os jovens terminarem, em painel, solicite a apresentação, uma a uma, das missões e visões propostas. Promova uma breve discussão das missões e visões apresentadas. Faça indicações de melhoria da redação, se necessário. Possibilite um tempo aos que queiram fazer uma revisão da missão e da visão pessoal.
Antes do intervalo, solicite a nona apresentação individual.
Depois do intervalo, promova a décima apresentação individual.
5. Regras estéticas para a vida
Proponha, inicialmente, a definição de regras estéticas para a vida. Cada jovem deve trabalhar a partir da seguinte questão: que regras de vida eu devo definir para atingir a minha visão e missão e, assim, tornar bela minha existência? As regras devem ser escritas de forma sucinta e clara e transcritas em tarjetas de cor diferente daquelas usadas para a visão e a missão. O conjunto das tarjetas de cada jovem pode inspirar mais uma página do livro “Minha Vida, Minha Carreira”.
Depois do trabalho individual de elaboração das regras, divida os jovens em quatro grupos. Atribua a tarefa aos grupos: criação e preparo de um videoclipe a partir de uma música determinada. Todos os grupos trabalharão sobre o mesmo tema: como fazer a vida bela ou como fazer da vida uma obra de arte.
O videoclipe poderá ter duração superior à da música e deve conter uma rápida verbalização de cada um dos integrantes do grupo. A verbalização deverá incluir a leitura das tarjetas que contenham as regras estéticas da existência (como tornar a vida bela) assumidas por aquele participante. Não se trata de simplesmente ler as tarjetas, mas sim, com esses elementos, embelezar a cena.
As músicas propostas são: Beleza Pura; Sonho Impossível; Tocando em Frente e Redescobrir. Você pode substituir as músicas por outras mais ao gosto da região ou dos jovens desde que, em suas letras, elas façam menção direta ou simbólica ao tema em pauta. Apresentam-se a seguir os vídeos e as letras das músicas sugeridas.
Grupo A: Beleza Pura |
Não me amarra dinheiro não |
mas formosura |
Dinheiro não |
a pele escura |
Dinheiro não |
a carne dura |
Dinheiro não |
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Moça preta do Curuzu |
Beleza pura |
Federação |
Beleza pura |
Boca do Rio |
Beleza pura |
Dinheiro não |
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Quando essa preta começa a tratar do cabelo |
É de se olhar |
Toda a trama da trança a transa do cabelo |
Conchas do mar |
Ela manda buscar pra botar no cabelo |
Toda minúcia |
Toda delícia |
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Não me amarra dinheiro não |
mas elegância |
Não me amarra dinheiro não |
mas a cultura |
Dinheiro não |
a pele escura |
Dinheiro não |
a carne dura |
Dinheiro |
não |
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Moço lindo do Badauê |
Beleza Pura |
Do Ilê aiyê |
Beleza Pura |
Dinheiro Yeah |
Beleza Pura |
Dinheiro não |
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Dentro daquele turbante dos filhos de Gandhi |
É o que há |
Tudo é chique demais, tudo é muito elegante |
Manda botar |
Fina palha da corte e que tudo se trance |
todos os búzios |
todos os ócios |
Não me amarra dinheiro não. |
Mas os mistérios.
VELOSO, C. Beleza Pura. In: Cinema transcendental: a outra banda da terra. Polygram, 1999, 1 CD. |
Grupo B: Sonho Impossível |
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Grupo C: Tocando Em Frente |
Ando devagar Porque já tive pressa Levo esse sorriso Porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte Mais feliz quem sabe Só levo a certeza De que muito pouco eu sei Eu nada sei
Conhecer as manhas e as manhãs O sabor das massas e das maçãs É preciso amor pra poder pulsar É preciso paz pra poder sorrir É preciso a chuva para florir
Penso que cumprir a vida Seja simplesmente Compreender a marcha Ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro Levando a boiada Eu vou tocando os dias Pela longa estrada Eu vou Estrada eu sou
Conhecer as manhas e as manhãs O sabor das massas e das maçãs É preciso amor pra poder pulsar É preciso paz pra poder sorrir É preciso a chuva para florir
Todo mundo ama um dia Todo mundo chora um dia A gente chega E o outro vai embora Cada um de nós Compõe a sua história Cada ser em si carrega o dom de ser capaz De ser feliz.
SATER, A., TEIXEIRA, R. Tocando em frente. In: Um Violeiro Toca. Som Livre, 2006, 1 CD. |
Grupo D: REDESCOBRIR |
Como se fora brincadeira de roda |
Memória |
Jogo do trabalho na dança das mãos |
Macias |
O suor dos corpos na canção da vida |
História |
O suor da vida no calor de irmãos |
Magia |
Como um animal que sabe da floresta |
Memória |
Redescobrir o sal que está na própria pele |
Macia |
Redescobrir o doce no lamber das línguas |
Macias |
Redescobrir o gosto e o sabor da festa |
Magia |
Vai o bicho homem fruto da semente |
Memória |
Renascer da própria força a própria luz e fé |
Memória |
Entender que tudo é nosso, sempre esteve em nós |
História |
Somos a semente, ato, mente e voz |
Magia |
Não tenha medo meu menino povo |
Memória |
Tudo principia na própria pessoa |
Beleza |
Vai como a criança que não teme o tempo |
Mistério |
Amor se fazer é tão prazer que é como fosse dor |
Magia
GONZAGA JR, L. Redescobrir. In: Elis: saudades do Brasil, Warner, 2001, CD duplo.
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Apresentação dos grupos
Em painel, coordene a apresentação dos videoclipes. A apresentação de cada videoclipe (incluindo a cena com as tarjetas) deverá ter, no mínimo, a duração da música e, no máximo, cinco (5) minutos.
Após a apresentação, organize a formação de um grande quadro com as regras estéticas para a vida, integrando as tarjetas de todos os jovens. As tarjetas são colocadas no chão e, sem falar ou usar mímica, a classe organiza as tarjetas por tema ou âmbito de aplicação das regras: trabalho, cuidados pessoais, relações familiares etc.
Promova uma discussão aberta sobre a vivência. Depois, oriente a numeração das tarjetas para facilitar recomposições posteriores do quadro. O quadro pode ser individualmente recriado e ser uma outra página do livro “Minha Vida, Minha Carreira”. Outra possibilidade é a recriação do quadro para o evento de inserção profissional previsto para o final do Trilha Jovem.
Faça a distribuição de um ovo por participante. Os jovens devem cuidar dos ovos como se fossem filhos, relatando a experiência no Log Book. Ao cuidar dos “filhos”, os jovens devem obedecer às seguintes regras:
· trazer seus “filhos” para as atividades do Trilha Jovem, todos os dias até a aula 6/7 de PVC;
· quando um “filho” for quebrado, o jovem deverá pagar uma prenda, acordada previamente pelo grupo e o educador;
· quando um jovem deixar de trazer seu “filho” para as atividades do Trilha Jovem, também deverá pagar uma prenda (uma prenda para cada dia de ausência do “filho”).
Oriente um trabalho individual de arte plástica com os ovos. Os ovos devem ganhar uma identidade, permitindo a identificação dos “filhos”. Solicite também que os jovens definam os nomes dos “filhos”. Por fim, defina, junto com os jovens, as prendas a serem pagas.
Em painel, localize um voluntário que tenha a música apropriada para o momento, para fazer a última apresentação individual de qualidade, acontecimento e música, encerrando o dia.
Instrumentos e critérios de avaliação
§ Apresentações individuais de músicas.
§ Discussão a partir do poema e do filme.
§ Definições de missão e visão.
§ Regras estéticas para a vida definidas.
§ Concepção e apresentação dos videoclipes.
§ Painel de regras estéticas para a vida.
§ Reação à proposta da atividade com os ovos.
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