Germinal – Educação e Trabalho

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Como Controlar a Situação Pedagógica 7 de maio de 2010

 

  

 

 

 

 

 

 

 

                                  

                                  COMO CONTROLAR A SITUAÇÃO PEDAGÓGICA?

 

O monitor, que faz sua demonstração diante de um grupo, verifica as reproduções do modelo, explica e passa para a demonstração seguinte;…o conferencista, que faz sua exposição, responde às perguntas e vai embora;… o animador que, durante uma sessão, faz uma experiência e limita-se às condições materiais dessa experiência;… são outros tantos formadores que controlam perfeitamente suas palavras e seus gestos, mas que não “vêem” a situação psicossocial global e, por conseguinte, não têm o menor controle sobre ela.

É possível que nada venha a transtornar a encenação preparada. Mas é também possível que surjam fenômenos que eles não compreenderão.

Antes de mais nada, o melhor meio é compreender de ponta a ponta o que ocorre no encontro pedagógico, na sessão, no nível da vivência grupal (hic et nunc) e, para isso, é preciso estar atento (e informado) a respeito dos fenômenos constantes que decorrem das leis da indução, dos climas pedagógicos, da dinâmica de grupos e da sociometria.

Como já dedicamos um volume à dinâmica de grupos e à sociometria (cf. La dynamique des groupes), trataremos aqui, de preferência, de outros aspectos,

 A INDUÇÃO EM SITUAÇÕES PEDAGÓGICAS

N.B. – A palavra indução é aqui empregada no sentido psicológico de  determinação-provocação de um tipo de resposta ou de reação.

Indução devida ao dispositivo espacial e arquitetural. Aqui mesmo, nesta sessão, eu faço uma exposição sobre a situação pedagógica. Vocês estão diante de mim numa sala de aula. Ao entrar, vocês ocuparam os lugares de ouvintes e eu ocupei o estrado do conferencista. Esta disposição das mesas e do estrado, com nossos respectivos nomes bem visíveis, induzia por si mesma a situação pedagógica tradicional, a do Magister desenvolvendo suas idéias diante de um auditório supostamente atento. Induzia a situação de informação-espetáculo.

Desde o início, pelo simples fato de cedermos quase que automaticamente à sugestão do dispositivo, o comportamento de vocês e o meu já estavam determinados. Suas aspirações tomavam forma, meu papel já estava traçado de antemão.

Já tivemos ocasião de ver e avaliar as conseqüências do sistema.

Esse fenômeno começa a ser suficientemente conhecido, de modo que os organizadores evitam a topografia da classe tradicional e colocam os participantes em círculo, mantendo, ao mesmo tempo, o princípio da exposição do mestre. Eu próprio já vi dispositivos em retângulo, em torno do qual deviam colocar-se os ouvintes, o que lhes causava torcicolo. Mas a disposição em círculo é indutora; a em retângulo também; assim como a forma geral da sala e, em volta dela, a arquitetura, seja qual for…

Da mesma forma que o dispositivo de anfiteatro universitário induz o curso professoral e tende a ser um obstáculo às interações, assim como o dispositivo favorece as interações e é um obstáculo ao curso professoral, ao passo que o dispositivo retangular favorece o diálogo dos subgrupos vizinhos e impede as verdadeiras interações. Assim, prever um dispositivo em U, com o conferencista na curva do U, é menos favorável que os arcos concêntricos, caso se queira fazer uma exposição; e este dispositivo em arcos concêntricos destrói toda a eficácia de uma discussão, no decorrer da qual o animador deseje suscitar interações.

É preciso, portanto, ajustar, pelo menos, as intenções do formador e as induções do dispositivo, não hesitando em mudar o dispositivo espacial conforme os diversos momentos de um seminário (ou mudar de sala, cada uma delas tendo uma disposição e uma arquitetura “funcional”, isto é, adaptada à situação pedagógica intencionalmente procurada).

Por outro lado, o dispositivo, tal qual é preparado a priori, implica a previsão de um número de participantes. Sabemos que o número, por sua vez, é indutor de fenômenos psicossociais e inibidores de outros fenômenos; por exemplo, um grupo de mais de oito ou dez pessoas não pode discutir eficazmente (com a participação de todos) num tempo limitado de uma hora e trinta ou duas horas (isto até mesmo quando coordenado por um método adaptado).

N.B. – Refletir sobre as induções topográficas é uma primeira e essencial medida a ser tomada pelo pedagogo. Da mesma forma que um grupo de trabalho em discussão só pode funcionar se o dispositivo for circular, se o número for reduzido e se não houver tensões internas, assim também uma comissão oficial de 25 pessoas, colocadas em torno de mesas formando um retângulo alongado, não pode absolutamente entabular uma discussão criadora, ou mesmo simplesmente eficaz (utilizando as interações de todos os participantes), seja qual for o tempo de que dispõe e sejam quais forem as competências de seus membros. Os hábitos sociais levam então a recorrer à estruturação autoritária (graças à qual seis ou sete participantes têm um status social diferente para participar, enquanto os demais formam o público) e a procedimentos rígidos de “decisão de grupo” (o voto ponto por ponto, por exemplo).

Indução devida à estruturação latente em função dos status sociais. A sessão ou seminário de Formação de adultos compreende geralmente pessoas de status sociais diversos. Ocorre mesmo, com freqüência que estejam misturadas pessoas com status bastante desiguais, pertencendo ao mesmo organismo social.

O formador deve observar e compreender os fenômenos de indução dos comportamentos causados por essa estruturação não aparente. Embora sejam negadas pela intenção igualitária do promotor, as diferenças de status (conhecidas ou reconhecidas pelos participantes) pesam profundamente na dinâmica do grupo.

O direito de falar (ou de ser de opinião contrária), o tempo para falar, a ordem cronológica das intervenções, as concordâncias e discordâncias (alianças e conflitos) são induzidos por aqueles fatores estatutários e podem até mesmo surgir “acertos de contas” pessoais, sob a capa de discussão de temas do seminário, ou a pretexto das experiências propostas.

Da mesma ordem, são as divisões em subgrupos de opinião, subgrupos cuja solidariedade é referente a fontes totalmente estranhas ao conteúdo da sessão. Em certos casos-limites, graves dificuldades surgem na sessão sem que o formador possa compreendê-las, se não estiver a par das filiações, dos status, dos conflitos de status, ou dos conflitos dos grupos de referência fora da reunião.

Enfim, são classificadas no mesmo parágrafo as induções de condutas provenientes da maneira como é encarado o animador, ou o formador, pelos líderes estatutários do grupo. Lutas pela conquista da liderança ou da influência sobre o grupo em reunião são empreendidas por aqueles a que não suportam o animador (o modo como ele concebe seu papel, ou simplesmente seu status aqui-e-agora). Esses oponentes estão sempre julgando as intenções do animador, o que pode provocar um constrangimento coletivo e um mal-estar por parte dele, enquanto não perceber o que está acontecendo.

Indução dos conteúdos verbais e não-verbais. O conteúdo verbal é indutor tanto das flutuações de interesse, como das reações à sua significação. Esta choca tanto mais os participantes, quanto mais o emissor for considerado estranho ao grupo de referência dos participantes e for desconsiderado pela opinião grupal (embora possa suscitar o surgimento de facções).

Ainda mais indutoras são as comunicações não-verbais ou a para-linguagem que acompanha permanentemente o conteúdo verbal de uma comunicação. O formador deve, portanto, estar atento às induções produzidas pelo seu estilo, seu tom de voz, suas mímicas, à forma de suas respostas, suas atitudes espontâneas em relação a cada um dos participantes. E estes apreendem tudo de maneira não-refletida, com uma significação sócio-afetiva à qual eles reagem a qualquer pretexto.

Indução proveniente dos métodos utilizados. Todo método pedagógico é indutor, pois implica uma definição e uma distribuição de papéis, uma manipulação de motivações, uma forma de pressão exercida sobre os estagiários. Diversas tensões são induzidas por métodos ativos e descarregam-se com maior ou menor rapidez e com maior ou menor facilidade. O animador pode receber, depois de uma experiência demonstrativa ou de um exercício de simulação, descargas de agressividade que ele deve compreender, devido à situação na qual ele colocou o grupo.

Com efeito, há, em certos momentos, uma solidariedade latente do grupo face o monitor, quando este tenta forçar a tomada de consciência de fatos pedagógicos experienciais. Se o monitor põe em dificuldade um membro do grupo, ou simplesmente usa de ironia num determinado momento, ele desencadeia comportamentos ofensivos-defensivos do grupo contra ele. Aliás, já apresentamos diversos exemplos destas reações (cf. La dynamique des groupes, p. 38, exercício10, … Opiniões e Mudança de Opinião, exercício 9).

Mas estes fenômenos de indução, devido aos métodos pedagógicos, já fazem parte da psicologia dos “climas” pedagógicos (cf. abaixo).

. Indução de comportamento por outros aspectos da situação global vivida, em sessões de formação de adultos:

  – a própria idéias de Formação é carregada de significações e isto de maneira não-homogênea, conforme os indivíduos. Embora, oficialmente, todos declarem (pelo menos no início) que se alegram por estarem ali, pouco a pouco, começamos a perceber que eles experimentam o seu ser-em-formação de maneira diversa, indutora de reações subjetivas e deslocadas(*)[1]. Uns vão vivê-la como uma imposição; outros, como uma humilhação; outros ainda, como uma ocasião perigosa de julgamento ou de nota, por parte de um instrutor aliado secretamente à direção; outros, como férias inesperadas, etc…;

   – a imagem do organismo promotor, aquele em cujo quadro se faz a Formação, sua “imagem promocional”, por assim dizer, reflete-se, para os participantes, na imagem da sessão atual e provoca-lhes impressões não-refletidas ou suscita atitudes latentes, exprimindo-se por sinais discretos de boa ou má vontade, de moral elevado ou baixo, de esperança ou de resignação, de confiança ou de desconfiança a priori;

   – o ambiente sócio-histórico e a concepção que os estagiários fazem dele individualmente. Os grupos de relacionamento ou de referência, dos quais fazem parte os estagiários fora da sessão atual, levam a comportamentos a ou a esboços de comportamentos, no decorrer da sessão. Esses grupos intervêm como grupos de pressão. O clima histórico ambiental, as correntes ideológicas em moda, a situação sócio-econômica do país, etc…carregam de significação a vivência atual dos indivíduos e do grupo em situação pedagógica;

   – as condições de vida das pessoas: a existência fora da sessão, as facilidades ou as dificuldades dessa existência, as disponibilidades de dinheiro (o fato de a Formação ser gratuita, ser paga por eles ou a eles ser oferecida), as restrições que ela supõe, etc…induzem fatores positivos ou negativos do “moral”.

                                       Extraído do livro “A Formação de Adultos”

                                     Roger Mucchielli – Ed. Martins Fontes, p. 142 – 147.


[1](*) Isto é, sujeitas ao mecanismo de “deslocamento”, ou ainda revelando-se por reações que decorrem ou são simples pretextos de fatos aparentemente estranhos ou exteriores, em relação à questão direta do ser-em-formação.

 

O que faz um colégio ser melhor no ENEM? 30 de setembro de 2009

 

 

Em post anterior, discutindo uma tabela publicada Folha de São Paulo em: Melhores colégios tem até 50 candidatos por vaga, concluímos  que os colégios são bem colocados porque selecionam os melhores alunos já no início do Ensino Médio. A seleção se faz por meio de exames de admissão e/ou através da condição sócio-econômica dos candidatos. Os colégios são tão bons quanto os alunos que os frequentam.

 

Em outro post, Resultados do ENEM e Mudanças no Ensino Médio, perseguindo a relação entre a inovação na arquitetura escolar e os resultados do ENEM, fizemos uma busca no google/imagens e nos sites dos 10 colégios melhor classificados no Brasil, tendo como referência o ENEM de 2008. Constatamos que eles não inovam na arquitetura escolar e que provavelmente também não são inovadores na metodologia de ensino que adotam.

 

Usando os mesmos recursos de pesquisa vamos investigar os 10 “melhores” colégios paulistas. Nesta busca, vamos procurar responder à seguinte pergunta: os colégios paulistas melhores classificados no ENEM inovam na arquitetura escolar ou na metodologia que adotam?

 

Inicialmente, vamos estudar os dois primeiros colocados: Vértice e Bandeirantes.

 

  1. VÉRTICE

No site do Vértice e nas imagens disponíveis na Internet, consta-se que o colégio adota o usual arranjo em auditório em suas salas de aula. Não inova na arquitetura, nem nos dispositivos arquitetônicos.

 

 

 O site do colégio não veicula muita informação sobre a metodologia adotada no Ensino Médio. Há uma referência sobre um currículo interdisciplinar e uma clara orientação propedêutica: os alunos são preparados para o vestibular. A ausência de informações, a disposição das salas de aula e a orientação geral levam a supor a adoção de uma metodologia tradicional.

 

 

 

 

2. BANDEIRANTES

 

No site, o Colégio Bandeirantes fala mais de suas intenções. Veja no texto a seguir:

“Com a intenção de facilitar a aquisição de conhecimentos, de exercitar a pesquisa, a habilidade de discriminar informações e, assim, fazer com que o aluno gradativamente conquiste sua autonomia intelectual, o Colégio utiliza variadas estratégias. Discussão contínua sobre a eficácia dos processos pedagógicos adotados, participação de profissionais especializados em diferentes áreas da Educação, constante preocupação com a difusão cultural e emprego de modernos recursos tecnológicos capacitam o nosso aluno não só para uma vivência escolar atuante  e produtiva, mas também ampliam o seu universo de conhecimento e influenciam significativamente na constituição de um cidadão sintonizado com a sociedade atual.”

 

 

É interesante que quando se menciona “variadas estratégias”, que é o que nos interessa aqui, o texto muda de assunto. O que se vê no após não é uma descrição das citadas variadas estratégias. É uma digressão.

 

 

A impressão que sobra, ao final da leitura, é que o Colégio Bandeirantes, tem uma série de atividades circundando o núcleo duro de sua prática cotidiana: a aula expositiva. A figura a seguir mostra o habitual tradicionalismo do arranjo físico.

 

 

 Um texto da “Cultura e Filosofia” (ver site) reafirma a impressão geral:

“Segue a metodologia clássica (centrada no professor e na avaliação por meio de provas), com aulas e atividades diferenciadas (uso de tecnologia, dinâmicas de construção de conhecimento, projetos  de protagonismo juvenil, os quais desenvolvem inúmeras habilidades  além da aquisição do conhecimento).”

 

 

Na nossa busca, os dois primeiros colégios não apresentam inovações na arquitetura escolar ou na metodologia adotada. Nos dois, o centro das preocupações é o preparo para os exames vestibulares. Mesmo assim, são os melhores no ENEM. Uma questão volta a incomodar: a mudança na forma de seleção para a universidade (vestibular X ENEM) produzirá alguma mudança no Ensino Médio brasileiro? Parece que não.

 

Resultados do ENEM e Arquitetura escolar II 9 de setembro de 2009

 

Neste post damos sequência a outro, de nome similar, que denunciam a nossa intenção de buscar eventuais relações entre inovações na arquitetura escolar e os resultados do ENEM de 2008.

 

 No primeiro post investigamos as 5 primeiras escolas. Neste, vamos pesquisar as outras cinco que, com as anteriores,  compõem o grupo das dez mais.

 

 

 

6. Colégio WR , Goiânia, Particular

 

As informações sobre a proposta pedagógica do Colégio WR não vão muito além da frase que está anexa à foto da fachada e que ilustra a página principal do site. A página promete um tour virtual, que não estava acessível.

 

Procurando na Internet encontramos a foto ao lado, publicada pela Revista Veja. A foto permite constatar que o arranjo fisico das salas de aula é tão tradicional quanto o resumo da proposta, que grita seu conservadorismo na porta de entrada do site.

 

 

 

 

7. Colégio Santo Inácio, Rio de Janeiro, Particular

 

A proposta pedagógica do Colégio Santo Inácio, escola colocada em sétimo lugar no Enem de 2008, pode ser encontrada em seu site. Não faz referência sobre o arranjo físico das salas, mas diz:

 

O bom trabalho educativo é muito mais do que o espaço da sala de aula, devendo incluir o conhecimento de diferentes aspectos da realidade. Passeios e visitas didáticas a museus, centros culturais, sítios ambientais, empresas, são algumas das atividades que se integram ao trabalho de classe nas diferentes séries no CSI. São essenciais nos projetos voltados para a educação ambiental, artística e cultural.

 

Nossos alunos também têm contato freqüente com espetáculos teatrais e musicais que são trazidos à escola. O cinema está sempre presente nas aulas por meio do vídeo e do DVD. Além de mais de 4.000 vídeos didáticos, a escola dispõe de farto acervo audiovisual, incluindo filmes clássicos de diversos gêneros, acervo infantil específico, além das mais importantes obras do cinema nacional.

 

Não encontramos imagem alguma de sala de aula do Colégio Santo Inácio, em nossa pesquisa. Não sabemos porque, mas a foto da fachada do Colégio somada aos dizeres acima nos levam a concluir que o arranjo físico das salas de aula do Santo Inácio é tradicional. Esperamos fotos que nos contradigam.

 

 

8. Colégio Eng. Juarez de Siqueira Britto Wanderley, São José dos Campos, Particular

O site da Embraer veicula a seguinte informação:

 

“O Colégio Eng. Juarez Wanderley, concebido e materializado em pouco mais de um semestre, é a expressão concreta da ação do Instituto Embraer de Educação e Pesquisa.

 

Inaugurado em 4 de fevereiro de 2002, proporciona Ensino Médio de alta qualidade a alunos egressos da rede pública da região de São José dos Campos (incluindo Taubaté, Caçapava e Jacareí). A gestão escolar está sob responsabilidade do Sistema Pitágoras.”

 

Na página  sobre infraestrutura, informa-se: “com 15 salas de aula amplas e arejadas, dotadas de recursos multimídia e layout privilegiado com flexibilidade para diferentes arranjos.”  É a primeira referência sobre arranjos de sala de aula que encontramos. Infelizmente, não encontramos nenhuma foto das salas de aula do Colégio. Também não sabemos qual arranjo de sala é o mais comum no Colégio.

 

 

9. Vértice Colégio Unidade II – São Paulo -Particular

A fotografia da sala de aula do Colégio Vértice também mostra cadeiras individuais que, como no Colégio Eng. Juarez (assim como em todos os outros) podem ser organizadas de várias maneiras. Mas o site apresenta um arranjo convencional das cadeiras. A escolha desta foto e das demais fotos encontráveis no site nos leva a crer que este é o arranjo usual. 

 

 

!0. Colégio Santo Agostinho, Rio de Janeiro, Particular

Sobre a estrutura física,  o site do Colégio Santo Agostinho do Lebron, Rio de Janeiro, informa:

 

“A estrutura física e didático-pedagógica do colégio Santo Agostinho é determinante de sua qualidade de ensino e de integração e interação dos alunos com o conteúdo ministrado. O Colégio coloca à disposição de seus alunos, para apoio às atividades educacionais: biblioteca, laboratórios, centro de ensino de informática, sala de estudos com computadores ligados à Internet, auditórios. Os alunos desfrutam dessas instalações para atividades em grupo ou individuais, sempre orientados pelo professor da disciplina, responsável pelo trabalho em pauta.”

 

Nenhuma refrência à sala de aula comum e também não encontramos fotografia de sala de aula que pudesse ser atribuída, sem erro, à unidade do Leblon, visto serem muitos os Colégios Santo Agostinho no Brasil. A ausência de informação leva a supor um arranjo convencional das salas de aula.

 

 

Em próximo post,  vamos discutir os resultados dessa busca pela relação entre arquitetura escolar e os resultados do Enem de 2008.

 

Resultados do ENEM e Arquitetura Escolar 23 de abril de 2009

 

O título deste post estabelece uma relação que não sei se existe. Não sei se a arquitetura escolar influencia de alguma forma os resultados do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

 

A possiblidade da existência de uma relação foi-me suscitada por um artigo da revista da Folha de São Paulo, do último domingo (19/04/2009). A matéria referia-se ao Colégio de Aplicação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). Nela, encontramos a informação que o Colégio de Aplicação ficou em primeiro lugar entre as escolas públicas (excetuando-se as técnicas) do município de São Paulo, no último Enem, com média de 63,4 contra a média geral de 48,7.

 

Como estava procurando referências para mais uma participação na blogagem coletiva Arquitetura e Educação , proposta pelo blog Boteco Escola, chamou-me a atenção a foto que ilustra a matéria e que reproduzimos ao lado. A foto é da sala de aula da quinta série do Colégio de Aplicação da USP.

 

Até agora, a minha participação na blogagem coletiva privilegiou a discussão sobre o projeto de construção da sala de aula e os dispositivos arquitetônicos que ele supõe e induz e ela abriga (os interessados podem acessar os posts: Arquitetura escolar e indução pedagógica; Blogagem coletiva sobre Arquitetura e Educação e Escola do futuro-). Daí, o interesse na foto.

 

Observem que a sala de aula retratada é adequada para o desenvolvimento do que temos denominado Aprendizagem Criativa. As mesinhas individuais são móveis e seu formato permite a organização delas em pequenos grupos, em grande círculo ou em semicírculo. O tamanho da sala permite essas organizações das mesinhas. O espaço é amplo permitindo múltiplos usos, incluindo os necessários para operar estratégias que impliquem em ações coletivas, envolvendo todos os alunos da sala. O piso e as paredes podem ser utilizados para apoiar estratégias que impliquem em produção e exposição de trabalhos escritos, desenhados, moldados (esculturados) ou pintados pelos alunos.

 

Também é interessante notar, que embora sendo possível outras configurações, a sala de aula está organizada para o que Muchielli denominou de situação de informação-espetáculo ou em dispositivo em arcos concêntricos, que, como ele observou,”destrói toda a eficácia de uma discussão, no decorrer da qual o animador deseje suscitar interações”.

 

Independentemente do uso retratado na foto, dela e da reportagem surgiu-me a pergunta: existe alguma relação entre o espaço físico da sala de aula, incluindo os dispositivos arquitetônicos que ela comporta, e os resultados do Enem?

 

Vou iniciar uma pré-investigação nesse sentido. Quem puder colaborar, por ter indicações que afirmem ou rejeitem a existência da relação, será bem recebido no espaço para comentários.

 

 
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