Germinal – Educação e Trabalho

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Programa de acesso à escola técnica será lançado em março 25 de fevereiro de 2011

Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Programa Nacional de Acesso à Escola Técnica (Pronatec) será lançado em março, de acordo com anúncio feito pela presidenta Dilma Rousseff. Em seu programa semanal Café com a Presidenta, ela afirmou que a ideia é ampliar o caminho de acesso à educação profissional para jovens do ensino médio e para trabalhadores sem formação.

O Pronatec, segundo ela, será composto por um conjunto de ações voltadas para quem deseja fazer um curso técnico mas não tem como pagar. Será um programa de bolsas e também de financiamento estudantil. O novo Programa de Financiamento Estudantil (Fies), de acordo com a presidenta, vai fazer parte do Pronatec.

“Assim, também o estudante do ensino médio vai poder ter seu financiamento para estudar em escolas técnicas privadas. Nós estamos criando novas condições para que o jovem conclua o ensino médio mais bem preparado, com diploma de curso técnico debaixo do braço”, explicou.

Dilma destacou a importância da participação da juventude no mercado de trabalho e afirmou que o governo pretende também ampliar o acesso ao ensino médio em tempo integral – em um turno, o aluno estuda a grade tradicional e, em outro, aprende uma profissão.

Para o trabalhador, o Pronatec prevê cursos de formação profissional com carga horária a partir de 160 horas.

 

O ENEM e a classificação das escolas públicas 20 de julho de 2010

 

A imprensa tem divulgado várias relações de melhores escolas de ensino Médio do país, tendo como referência o ENEM de 2009. Uma delas é o ranking das “melhores” escolas públicas do país ou, melhor dizendo, das melhores classificadas no dito exame. A relação a seguir apresenta as 50 escolas públicas melhor classificadas no ENEM:

P EST. CIDADE                                                 INSTITUIÇÃO REDE ENEM
1 MG Viçosa COLÉGIO DE APLICACAO DA UFV – COLUNI Federal 734,66
2 RJ Rio de Janeiro INSTITUTO DE APLICAÇÃO FERNANDO R DA SILVEIRA CAP-UERJ Estadual 722,58
3 PR Curitiba UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ Federal 717,79
4 RJ Rio de Janeiro ESCOLA POLITÉCNICA DE SAÚDE JOAQUIM VENÂNCIO Federal 715,35
5 SP São Paulo INSTITUTO FEDERAL DE EDUCACAO CIÊNCIA E TECNÓLOGIA DE SAO PAULO Federal 707,22
6 PE Recife COLÉGIO DE APLICACAO DO CE DA UFPE Federal 706,34
7 MS Campo Grande COLÉGIO MILITAR DE CAMPO GRANDE Federal 704,30
8 RS Santa Maria COLÉGIO POLITÉCNICO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE STA MARIA Federal 697,16
9 MG Barbacena ESCOLA PREPARATÓRIA DE CADETES DO AR Federal 692,24
10 BA Salvador COLÉGIO MILITAR DE SALVADOR Federal 692,09
11 BA Simões Filho INSTITUTO FEDERAL DE EDUCACAO CIENCIA E TECNÓLOGIA DA BAHIA Federal 690,08
12 MG Juiz de Fora COLEGIO TÉCNICO UNIVERSITÁRIO Federal 688,95
 13 RJ Rio de Janeiro COLÉGIO PEDRO II Federal 688,69
14 MG Belo Horizonte CENTRO FEDERAL DE EDUCACÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS – BH Federal 686,84
15 SP São Paulo ESCOLA TÉCNICA DE SÃO PAULO Estadual 686,18
16 MG Juiz de Fora COLÉGIO MILITAR DE JUIZ DE FORA Federal 686,07
17 MG Belo Horizonte COLÉGIO MILITAR DE BELO HORIZONTE Federal 685,92
18 RJ Rio de Janeiro INSTITUTO FEDERAL DE EDUCACÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO DE JANEIRO CAMPUS MARACANA Federal 685,67
19 RJ Rio de Janeiro COLÉGIO DE APLICAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Federal 685,53
20 RN Mossoró INSTITUTO FEDERAL DE EDUCACÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RN CAMPUS MOSSORO Federal 684,67
21 SP Cubatão INSTITUTO FEDERAL DE EDUCACÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SAO PAULO – CAMPUS CUBATAO Federal 683,46
22 BA Salvador INSTITUTO FEDERAL DE EDUCACÃO CIENCIA E TECNOLOGIA DA BAHIA Federal 682,55
23 CE Fortaleza CENTRO FEDERAL TECNOLÓGICO DO CEARA CEFET Federal 681,55
24 RJ Rio de Janeiro CEFET CELSO SUCKOW DA FONSECA Federal 680,94
25 CE Juazeiro do Norte CENTRO FEDERAL DE EDUCACÃO TECNOLÓGICA DO CEARÁ Federal 680,79
26 RJ Rio de Janeiro COLÉGIO PEDRO II UNIDADE HUMAITÁ II Federal 680,19
27 SP Guaratinguetá COLÉGIO TÉCNICO E INDUSTRIAL DA UNESP Estadual 679,64
28 SP Mogi das Cruzes ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL PRESIDENTE VARGAS Estadual 679,64
29 MA São Luís INSTITUTO FEDERAL DE EDUCACAO CIENCIA E TECNOLOGIA DO MARANHAO CAMPUS SAO LUIS-MONTE CASTELO Federal 677,47
30 RJ Rio de Janeiro COLÉGIO MILITAR DO RIO DE JANEIRO Federal 675,72
31 ES Vitória IFES-CAMPUS DE VITÓRIA Federal 675,43
32 RJ Niterói COLÉGIO PEDRO II UNIDADE ESCOLAR DESCENTRALIZADA DE NITEROI Federal 674,83
33 SP Osvaldo Cruz ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL AMIM JUNDI Estadual 674,06
34 DF Brasília COLÉGIO  MILITAR DE BRASILIA Federal 673,73
35 RN Natal INSTUTO FEDERAL DE EDUCACAO CIENCIA E TECNOLOGIA DO RN – CAMPUS NATAL-CENTRAL Federal 672,91
36 MG Belo Horizonte COLTEC-COLÉGIO TÉCNICO DO CENTRO PEDAGÓGICO DA UFMG Federal 672,50
37 SP Lorena COLÉGIO TÉCNICO DE LORENA Estadual 672,39
38 SP Paulínia ESCOLA TÉCNICA DE PAULINIA Municipal 671,18
39 PR Curitiba COLÉGIO MILITAR DE CURITIBA Federal 668,99
40 RJ Rio de Janeiro COLÉGIO PEDRO II – UNID REALENGO Federal 668,52
41 PR Pato Branco UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANA Federal 667,74
42 BA Barreiras CEFET BA UNED BARREIRAS Federal 667,25
43 MG Divinópolis CEFET-MG-UNED DIVINOPOLIS Federal 667,20
44 RS Porto Alegre COLÉGIO MILITAR DE PORTO ALEGRE Federal 667,06
45 SP Bauru COLÉGIO TÉCNICO INDUSTRIAL PROF ISAAC PORTAL ROLDAN UNESP Estadual 665,67
46 SP Campinas COLÉGIO TÉCNICO DA UNICAMP Estadual 665,55
47 SP Rio Claro ESCOLA TÈCNICA ESTADUAL ARMANDO BAYEUX DA SILVA Estadual 665,51
48 RJ Nova Iguaçu CEFET – RJ UNED – NOVA IGUACU Federal 664,38
49 SP São Paulo ESCOLA TÈCNICA ESTADUAL PROFESSOR BASILIDES DE GODOY Estadual 664,11
50 RJ Rio de Janeiro COLEGIO PEDRO II-UNIDADE ESCOLAR SAO CRISTOVAO III Federal 663,99

A esmagadora maioria das escolas da relação é técnica. O Colégio Pedro II, tradicional escola secundária do Rio de Janeiro, e os colégios de aplicação vinculados a universidades públicas são as exceções.

Em outro texto já discutimos os motivos para a boa classificação das escolas no ENEM. Consideramos que o fator fundamental para o sucesso são os alunos que essas escolas abrigam e não necessariamente as suas propostas pedagógicas ou a qualidade de ensino que proporcionam.

As escolas são melhor classificadas no Enem porque são freqüentadas pelos alunos com melhor formação inicial. As escolas particulares selecionam os melhores alunos especialmente através de critérios sócioeconômicos. Os alunos que conseguem pagar o valor de suas mensalidades são aqueles que também têm mais acesso aos bens socioculturais e uma formação  de base que facilita percorrer os áridos caminhos de aprendizagem do ensino médio. Os alunos das escolas públicas melhor classificadas passam por uma seleção concorrida (vestibulinho) antes do início do ensino médio. Isso é especialmente verdadeiro para as escolas técnicas federais.

Mas a relação anterior inclui escolas cuja classificação não é necessariamente explicada pela seleção prévia de seus alunos. Não temos informações sobre a concorrência inicial para ingresso nos colégios militares e nas escolas técnicas estaduais situadas em cidades médias, especialmente as do Estado de São Paulo. Mas imaginamos que ela não é tão grande a ponto de explicar a classificação dessas escolas entre as “50 mais”.

A partir desses casos, é interessante propor e pesquisar outra variável explicativa: essas escolas são bem classificadas porque são técnicas. Ou seja, o conteúdo do ensino médio, que é comumente alheio ao cotidiano dos jovens, passa a fazer sentido na medida em que, nessas escolas, se associa a um saber prático e a um fazer correspondente. O interesse despertado por esse fazer se amplia de forma abranger os conteúdos disciplinares de educação geral, que, de outra forma, são abstratos e sem interesse porque apartados das questões concretas da vida, do trabalho e do exercício da cidadania.

 

Educadores do Brasil – Paschoal Lemme 1 de dezembro de 2009

O texto a seguir foi extraído do Programa de Estudos e Documentação Educação e Sociedade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, arquivo Paschoal Lemme.

Paschoal Lemme, 1978

Paschoal Lemme nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 12 de novembro de 1904 e faleceu na mesma cidade em 14 de janeiro de 1997. Filho de Antônio Lemme e de D. Maria do Nascimento Paes, ambos brasileiros naturalizados. Casou-se em 1927 com D. Carolina de Barros e Vasconcelos, professora normalista, sua companheira por mais de meio século. O casal teve seis filhos.

Paschoal aprendeu a ler e a escrever com a mãe que usava a velha cartilha de Thomaz Galhardo. Fez o primário em escolas públicas do bairro do Méier. Na última delas, depois denominada Escola Profissional Visconde de Cairu, aproximou-se do Diretor, professor Teófilo Moreira da Costa que revolucionou os métodos de ensino e a disciplina. Esse professor exerceu forte influência no espírito de Paschoal, levando-o a optar pela profissão de educador. Em 1919, ingressou na escola normal, diplomando-se em 1923. No ano seguinte, foi nomeado professor adjunto do município, indo trabalhar em escola da zona rural carioca. Simultaneamente, a partir de 1925, após obter os certificados dos exames preparatórios no Colégio Pedro II, foi aprovado no vestibular da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, matriculando-se no Curso de Engenharia Civil que freqüentou até a 3ª série.

Em 1926, ingressou na Associação Brasileira de Educação, fundada em 1924, nas salas dessa Escola, por professores de seu corpo docente como Heitor Lira, Francisco Venâncio Filho, Mário de Britto e Edgar Sussekind de Mendonça, aos quais se ligou, desfrutando de sua convivência. A convite do Professor Teófilo, começou a ensinar Matemática Elementar na Escola Visconde de Cairu. Em junho de 1928, passou a integrar a equipe de Fernando de Azevedo que empreendia grande reforma do ensino no Distrito Federal, no cargo de assistente da Subdiretoria Técnica, dirigida por Jonatas Serrano, acumulando mais tarde com a função de Oficial de Gabinete e assumindo gradativamente responsabilidades maiores. Ao mesmo tempo, lecionava Matemática e era vice-diretor da Escola de Comércio Amaro Cavalcanti.

Fundou em 1931 o Instituto Brasileiro de Educação, visando à experimentação pedagógica e à aplicação de novos métodos de ensino. Participa das atividades da Associação Brasileira de Educação (ABE) integrando seu Conselho Diretor. Foi um dos principais articuladores do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova que seria publicado em 1932, bem como das Conferências Nacionais de Educação promovidas pela ABE, tendo sido relator de várias delas. Ainda em 1931, retorna à Diretoria de Instrução, depois Secretaria de Educação, incorporando-se à equipe de Anísio Teixeira que implementava um programa de grandes transformações educacionais no Distrito Federal. Em 1932, foi efetivado como professor de escolas técnicas secundárias do município do Rio de Janeiro. Lecionou História e Filosofia da Educação na Escola Normal de Niterói e no Instituto de Educação do Rio de Janeiro. Trabalhou como inspetor de ensino de 1933 a 1937.

Assumiu em 27 de janeiro de 1936 a Superintendência de Educação de Adultos do Distrito Federal, permanecendo no cargo até 14 de fevereiro de 1936, menos de um mês, quando foi preso sob a acusação de ministrar curso de orientação marxista para operários da União Trabalhista. Ficou na prisão durante um ano e quatro meses, junto com outros intelectuais, por suas idéias políticas, no ambiente das perseguições após a Intentona Comunista. Em 1938, foi aprovado em concurso para técnico de educação, indo integrar o quadro de profissionais do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos, sob a direção de Lourenço Filho, onde chefiou as seções de “Documentação e Intercâmbio” e de “Inquéritos e Pesquisas”. Em 1939 participou dos Cursos “Critical Problem in Secundary Education”, promovido pela Universidade da Pensylvania no Rio de Janeiro e “Public School Administration and Social Interpretate”, na Universidade de Michigan. Esteve também na União Soviética em viagem de observação do sistema educacional.

Cabe ressaltar que, nos idos de 1933 e 1934, Paschoal Lemme já havia feito opção clara pelas teses fundamentais da Filosofia Marxista, sobretudo em seus aspectos humanísticos, contra a exploração do homem pelo homem, tendo sido, a rigor, o primeiro educador marxista brasileiro.

Seu pensamento pedagógico é marcadamente progressista, tendo sido defensor do ensino público universal, gratuito e obrigatório, como responsabilidade básica do Estado. Sua tese central é a de que não existe educação democrática e não ser numa sociedade democrática.

Foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Nacional de Mérito Educativo (1993) e com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal Fluminense (1995) assim como pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

 

 
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