Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

CAPACITAÇÃO DE EMPREGADAS DOMÉSTICAS (I) 22 de julho de 2009

 

O programa de Formação e Desenvolvimento da Empregada Doméstica foi desenvolvido pela Germinal para o SENAC de São Paulo, há cerca de 10 anos atrás. Na época de sua implementação, o Programa foi objeto de inúmeras reportagens da grande mídia, que estamos procurando recuperar. Por ora, apresentamos a estrutura curricular do Programa.

 

I. APRESENTAÇÃO

Cas de Dr. Paul Gachet em Auvres-Sur-Oise - Cézanne

Cézanne - Casa de Dr. Paul Gachet en Auvres-Sur-Oise

“Em suma, a casa natal gravou em nós a hierarquia das diversas funções do habitar. Somos o diagrama das funções de habitar aquela casa; e todas as outras não passam de variações de um tema fundamental. A palavra hábito está demasiado desgastada para exprimir essa ligação apaixonada entre o nosso corpo que não esquece e a casa inolvidável” (Bachelard, Gaston, A poética do espaço, São Paulo, Martins Fontes, 1989, p.33).

 

É grande o número de pessoas empregadas em ocupações domésticas. O Sindicato dos Trabalhadores em Serviços Domésticos estimava, em 1999, ser de 500.000 profissionais a base da categoria. A quase totalidade dessas pessoas profissionalizaram-se na prática, tendo como professores os próprios patrões ou outros empregados domésticos. A origem primeira e a base desse saber é, quase sempre, a própria casa do agora profissional. Nela, por observação e prática direta, habilidades como arrumar, limpar, lavar e passar foram sendo construídas desde a infância.

 

Determinadas circunstâncias problematizam hoje tal processo de formação. A ampliação das diferenças de renda, refletidas nas residências do empregado e do empregador, dificultam a transferência dos conhecimentos adquiridos no cotidiano para a situação profissional. A crescente profissionalização das mulheres das classes média e alta, por outro lado, afasta do cenário da casa a presença do mestre antes de plantão. A demanda pelo profissional já treinado aumenta. A qualificação é um requisito cada vez mais exigido para o primeiro emprego e, portanto, um diferencial para aquele que o procura. Para os já empregados, um acréscimo de qualificação enseja o emprego em residências de pessoas de melhor poder aquisitivo e incrementos salariais significativos.

 

a) Natureza (Peculiaridade) da ocupação e da formação

Os serviços domésticos tem um diferencial em relação a outras atividades profissionais: uma superposição de espaços. O espaço do exercício profissional do trabalhador doméstico coincide com o espaço de moradia de seu(s) empregador(es) e rebate sobre a moradia do trabalhador, muitas vezes negando-a.

 

Existe uma separação e uma crescente diferença entre habitar a minha casa (e cuidar dela) e habitar a casa do patrão (e os cuidados dela). Lá não se vive como aqui. Aqui não se mora como lá. Tais diferenças são técnicas em um primeiro plano. Diferentes equipamentos, produtos e processos são utilizados nos trabalhos cotidianos de conservação, limpeza e arrumação, por exemplo. A base conceitual e científica das técnicas, equipamentos e procedimentos utilizados no trabalho funda um segundo plano de diferenças.

 

Leo Birk, ao constatar, em sua pesquisa preliminar ao Programa Senac-SP em Ocupações Domésticas, que as causas da maioria das demissões do empregado doméstico vinculam-se às dimensões profissionais relacionadas à ética e às relações humanas no trabalho, identifica outros planos de diferenças. Se somos o diagrama das funções de habitar a casa natal (Bachelar), algo mais profundo que o hábito mapeia o meu estar na moradia e a minha visão do uso do espaço residencial. Entranhadas no ser, as funções de morar fazem parte da identidade. No espaço profissional do trabalhador doméstico, as diferenças entre a sua perspectiva de morar e as da família residente refletem as diferenças de ser. Como decorrência, as diferenças das casas de origem e as das funções de habitar refletem-se em conflitos nas relações travadas no espaço profissional.

 

Tais planos derivam de um fundo mais abrangente de crescentes diferenças sociais, econômicas e culturais que precisam ser percebidas, analisadas e trabalhadas em um programa de formação. Assim, a tarefa fundamental de um programa de formação de empregados domésticos é, só ao primeiro e superficial olhar, a desconstrução e reconstrução daquilo que Bachelard chamou de “funções do habitar”. Vistos os múltiplos planos de diferenças e a relação funções de morar/identidade a perspectiva de desconstrução/reconstrução das funções de morar, como central no programa de formação, é limitada. É necessário um outro foco educacional.

 

b) Foco Educacional

Chagall, Grey House, 1917A partir da abordagem vivencial dos conflitos e contradições decorrentes da convivência com dois universos similares e paradoxalmente diferentes e das suas “funções do habitar”, o programa buscará, no seu todo, possibilitar a construção do papel profissional do empregado doméstico por ele mesmo. Essa busca deverá resultar não apenas no desenho do papel profissional a partir das expectativas externas de exercício do papel, mas sobretudo na capacidade individual consciente de nele situar-se, interagir e crescer.

 

Da construção pessoal do papel, decorrerá a capacidade de agir com iniciativa, autonomia e profissionalismo, conhecendo o universo de trabalho e distinguindo-o do próprio universo residencial, identificando as diferenças, as origens dessas diferenças, as implicações nas relações pessoais, profissionais e de trabalho delas decorrentes, as próprias capacidades e limites e atuar da forma mais construtiva possível em cada situação, para si mesmo e para os outros, incluindo a perspectiva de ampliação do exercício da cidadania no trabalho e fora dele.

 

Na dinâmica conflituosa do dia-a-dia, o desempenho autônomo e a contínua construção do papel profissional envolve o caminho do autodesenvolvimento e da superação de obstáculos, de diferentes formas. Requer a capacidade de estabelecer relações respeitando e transcendendo as diferenças. Implica na adesão pessoal a um código de ética refletido no comportamento profissional. E, ainda, na busca da transparência na comunicação necessária à prevenção de conflitos. O resultado geral buscado será, além do contínuo crescimento pessoal e profissional, a melhoria da qualidade de vida para todos, nos dois ambientes.

 

No desenvolvimento do Programa, buscar a construção do papel profissional e seu desempenho autônomo significa adotar uma linha educacional/metodológica orientada para o desenvolvimento de competências humanas e profissionais básicas, tais como: autonomia no pensar e no fazer; expressão individual de idéias e valores: compreensão da realidade imediata e mediata; autoconhecimento; aprender a aprender; organizar e planejar o trabalho; avaliar e crescer com os erros e acertos; etc. Essas competências básicas serão trabalhadas não apenas no núcleo central, mas também em todas as estações de trabalho e servirão de base sobre a qual as habilidades específicas para o exercício profissional serão construídas.

 

c) Âmbito do programa

O programa Formação e Desenvolvimento do Empregado Doméstico dirige-se ao profissional polivalente, aquele que executa tarefas diversificadas, especialmente as de limpar e arrumar, cozinhar e servir, lavar e passar. O programa não pretende esgotar toda a gama de ocupações da área, que são especializadas em muitos casos e que atendem a parcelas específicas de mercado. A intenção é buscar a multifuncionalidade baseada na faixa das atividades mais requisitadas e nos atributos do profissional comumente procurados. Para a especialização; como por exemplo as de cozinheira, babá ou copeira; cabem programas ou módulos de aprendizagem específicos que poderão ser desenvolvidos posteriormente.

 

house-drawings in - derekmccreaO Programa de Formação do Empregado Doméstico, no entanto, será dimensionado de forma a proporcionar ao participante o embasamento necessário para que ele continue o seu aprendizado na prática e se especialize trabalhando, desenvolvendo estratégias para o aproveitamento das oportunidades concretas de aprender fazendo em seu cotidiano profissional.

 

 

II. OBJETIVOS GERAIS

 

1) Oferecer ao mercado de demanda por trabalho doméstico profissionais preparados para assumir satisfatoriamente seu papel profissional, tanto do ponto de vista do empregador quanto do próprio profissional, considerando os âmbitos técnico, ético e das relações humanas no trabalho.

 

2) Oferecer, ao profissional da área formado na prática e ao candidato ao primeiro emprego, um Programa de Formação que lhes proporcione a construção de seu papel profissional e social e os capacite a desempenhá-lo da melhor forma possível, buscando bem estar e qualidade de vida para si e para as pessoas que o cercam no ambiente profissional, familiar e social.

 

3) Oportunizar, ao longo de todo o programa, a construção, pelos participantes, de um código de ética , de comportamento profissional e de relações de trabalho dos trabalhadores domésticos, a partir de seus valores, vivências e conhecimentos e da legislação vigente.

 

4) Desvendar a realidade de mercado de trabalho da profissão econfrontá-la com as expectativas dos participantes de forma que possam ajustá-las às suas possibilidades de realização, atualizando perspectivas e evitando possível frustração.

 

5) Proporcionar, através da metodologia e atividades programadas, oexercício de habilidades básicas para a comunicação, incluindo: leitura, escrita, saber ouvir e expressão corporal e oral.

 

 

III. ORGANIZAÇÃO DO PROGRAMA

 

Consideramos para a organização do programa, dois aspectos fundamentais:

 

a) A necessidade de um eixo essencial norteador de todo o programa, enfocado na construção do papel, na ética e comportamento profissional, nas relações humanas e relações de trabalho, no exercício da cidadania. Esse eixo será constituído por um núcleo central entremediado por estações de trabalho para o desenvolvimento de habilidades específicas.

 

b) A opção de formar num primeiro momento o empregado doméstico polivalente; aquele que é o único responsável pela realização de todos os serviços domésticos. Além de ser este o profissional mais procurado no mercado, a formação multifuncional possibilita a posterior especialização, seja na prática ou através de curso complementar. Consideramos, para o desenvolvimento do profissional polivalente, três estações de trabalho: Limpeza e Arrumação de Casas, Cozinhar e Servir, Lavar e Passar.

 

 

Modalidade

Carga horária prevista 

 

 

a) Núcleo Central 

60 horas

 

 

b) Estações de Trabalho

 

    b1. Limpeza e Arrumação de Casas

30 horas

    b3. Lavar e Passar

20 horas

    b2. Cozinhar e Servir

50 horas

CARGA HORÁRIA TOTAL: 

160 HORAS 

 

Cursos Técnicos – Uma estrutura curricular inovadora 10 de outubro de 2008

 

A Germinal Consultoria tem significativa experiência em prestar assessoria no desenho e implementação de cursos técnicos de nivel médio. Parte dessa experiência foi obtida no Senac/Rio. A Germinal ajudou a definir e acompanhou toda a estratégia de desenho dos curriculos e de implementação dos cursos técnicos daquele  Regional do Senac. Já no primeiro movimento, em 2000, foram desenhados cerca de 30 diferentes cursos técnicos. A maioria desses cursos foi implementada em 2001 e continua, com aperfeiçoamentos, a ser oferecida até hoje (2008).

 

No desenho original, todos os cursos técnicos do Senac Rio foram desenvolvidos a partir de uma mesma estrutura  comum. Esta estrutura curricular concretizava um conjunto de inovações educacionais das quais tratamos em artigo anterior. Clique aqui para acessar o artigo. O texto postado a seguir difere um pouco daquele constante dos Planos de Cursos originais do Senac Rio. Também foi editado de uma forma diferente da publicação original.

 

A estrutura curricular dos cursos técnicos

 

“Dessa forma, um currículo para a qualificação ou habilitação de um técnico em uma área profissional, desenhado na perspectiva da construção de competências, é composto, essencialmente de um eixo de projetos, problemas e/ou desafios significativos do contexto produtivo da área, envolvendo situações simuladas ou, sempre que possível e preferencialmente reais. (…) Atividades de apropriação de conteúdos de suporte de bases tecnológicas, organizados em disciplinas ou não, e de acompanhamento, avaliação e assessoria às ações de desenvolvimento dos projetos, são programadas e convergem para esse eixo de currículo”. (MEC/SEMTEC, Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico, Brasília, DF, p.25.)

(Ilustração: Liang Wei, A Northern Trip, Oil on Canvas, 48″x60″)

 

Módulo I: O Núcleo Básico do Setor de Comércio e Serviços

Christina Bardram, Honey Burst, Oil on Canvas, 43,5"x20"

Todos os currículos dos cursos técnicos do Senac Rio fundam-se em três dimensões: ser pessoa, ser cidadão, ser profissional. Esses currículos são centrados em projetos. Basicamente dois tipos de projetos estruturam o currículo destes cursos. Um primeiro projeto e que é o mesmo para todos os cursos técnicos, é denominado Minha Vida, Minha Imagem, Meu Trabalho. Este projeto articula o Núcleo Básico do Setor de Comércio e Serviços e tem como produto individual, um livro sobre a vida passada, presente e futura do participante.

 

Núcleo Básico do Setor de Comércio e Serviços, detalhado a seguir, é comum a todos os cursos técnicos. Ele não é terminal e está dividido em duas partes. A primeira parte do Módulo I constitui a parte inicial de todos os cursos e o projeto Minha Vida, Minha Imagem e Meu Trabalho articula um conjunto de Workshops, como indicado abaixo:

 

Módulo I – primeira parte

 

 

 

Projeto: Minha Vida, Minha Imagem, Meu Trabalho

Workshop

C.H

Produtos

O Novo Mercado de Trabalho

9 horas

Contrato de aprendizagem

 

Código de Ética e Cidadania

 

Plano de Desenv. Pessoal e Profissional

 

Livro: Minha Vida, Meu Trabalho

 

Aprender a Aprender

12 h

Imagem Pessoal

8 h

Falar e Ouvir

4 h

Projeto

23 h

Total de horas da primeira parte

56 h

 

 

Colocada no início de todos os cursos técnicos, a primeira parte tem como produtos mais imediatos a definição de um contrato de aprendizagem e de um código coletivo de ética e cidadania. Ambos serão, ao final dos cursos, singularizados e incorporados ao livro de cada um dos participantes.

Christina Bardram, Tulip, Oil on Canvas, 16"x16"

 

 

Na segunda parte do Módulo I, o projeto articula um conjunto de Oficinas distribuídas ao longo do curso. Essas Oficinas focam setores emergentes de atividades terciárias e, em seu conjunto, buscam o desenvolvimento de competências básicas necessárias ao desempenho de todas as atividades de Comércio e Serviços.

 

 

 

 

Módulo I: Segunda Parte

OFICINAS

CARGA HORÁRIA

OFICINAS

CARGA HORÁRIA

INFORMÁTICA

28 HORAS

MEIO AMBIENTE

20 HORAS

ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO

20 HORAS

ATENDIMENTO AO CLIENTE

20 HORAS

COMUNICAÇÃO

20 HORAS

SAÚDE

20 HORAS

 

As Oficinas da segunda parte do Módulo I estão distribuídas entre os módulos posteriores e fazem parte da carga horária deles. Observe-se que, no entanto, o número de Oficinas varia (de 5 a 6) em função da área. Na área de Informática, por exemplo, a Oficina de Informática não é incluída no Núcleo Básico de Comércio e Serviços. Nesse caso, as competências a serem desenvolvidas pela Oficina, passam a ser desenvolvidas pelo Módulo II: o Núcleo Básico da Área de Informática. O mesmo é válido para a área de Saúde e para a Oficina de Saúde e para as demais oficinas que correspondem a uma área.

Liang Wei, Dancing, Oil on Canvas, 62"x50"

 

 

As competências desenvolvidas pelo Módulo I, dado seu nível de generalidade, são também importantes no existir individual e na convivência social. Nos cursos técnicos, os projetos estão ligados simultaneamente às três dimensões de desenvolvimento do participante: ser pessoa, ser cidadão, ser profissional.

 

Liang Wei, Aspen, Oil on Canvas, 27"x51"

 

 As aprendizagens referentes ao primeiro projeto são sistematizadas ao final de cada módulo posterior ao primeiro e também ao final do curso, culminando com a redação do livro Minha Vida, Meu Trabalho, onde cada participante registra as aprendizagens significativas produzidas pelas experiências e vivências proporcionadas pelo curso e projeta uma trajetória pessoal e profissional.

 

O livro embute um plano de desenvolvimento pessoal e profissional. Mesmo admitindo módulos terminais, visando qualificar em nível técnico e habilitar o técnico, o pressuposto subjacente é que a aprendizagem não se encerra no curso. Ele é um ponto de inflexão e de impulso em uma trajetória, posto que humana, imersa no aprender.

 

 

 

  

Módulo II: Núcleo Básico da Área

Malcolm Martin & Gaynor Dowling, 1000 openings, 2006-2007, Courtesy of Martin and Dowling Sarah Myerscough Fine Art, Collect 2008

Malcolm Martin & Gaynor Dowling, 1000 openings, 2006-2007, Courtesy of Martin and Dowling Sarah Myerscough Fine Art, Collect 2008

 

Além da parte comum a todos os cursos do setor de comércio e serviços, nos currículos dos cursos técnicos foi previsto um núcleo comum a todos os cursos de uma determinada área (Artes, Comunicação, Saúde, etc.). 

 

O Módulo II tem uma duração e uma composição curricular que é típica de cada área. Em geral, destina-se ao desenvolvimento das competências comuns àquela área de atividades profissionais. Os componentes curriculares e o desenvolvimento do Módulo II podem ou não estar articulados pelos outros tipos de projetos que funcionam como segundo elemento estruturante do currículo dos cursos técnicos. O Módulo II, quando presente como Núcleo Básico da Área, é especificado em cada Plano de Curso.

 

 

Módulos com Terminalidade (de III a N)

Gustav Klimt, Floresta de Faias, 1902

Gustav Klimt, Floresta de Faias, 1902

A partir do Módulo II, todos os demais são terminais. Conduzem a uma qualificação de nível técnico e/ou à habilitação do técnico. As ações educativas compreendidas pelos módulos terminais são articuladas por um segundo tipo de projetos. Os projetos agora são relacionados diretamente com a formação técnica objetivada pelo módulo.

 

Os projetos desse segundo tipo tratam de criar, transformar ou melhorar as atividades do Setor de Comércio e Serviços, onde atuará o profissional de nível técnico em formação.

 

Destinam-se a desafiar o participante e a problematizar o corpo de saberes já constituído. Estão no rumo da desconstrução do saber já pronto e do favorecer a construção do conhecimento e a incorporação das competências pelo aluno. Esses projetos serão relacionados com situações reais e objetivam mudanças efetivas nas formas de praticar o comércio e/ou de prestar serviços. Objetivam formar um agente de mudanças.

 

Em cursos técnicos de Educação Profissional e na perspectiva de formação do agente de mudança, a escola é um espaço insuficiente para a mudança proposta e para a conseqüente produção de conhecimento dela derivada. A ação do projeto tem que transcender os muros da escola. O espaço de aprendizagem precisa abranger as atividades produtivas e sociais reais onde as funções profissionais ganham sentido e o profissional a ser formado pode enfrentar os desafios e desenvolver as competências necessárias à tarefa de transformação.

 

Essa proposta transcende, em muito, a noção de estágio ou prática supervisionada. No estágio e na prática supervisionada, trata-se, no máximo, de aprender o trabalho tal como ele já está posto. Aqui, não. Trata-se de olhar a prática com olhos críticos. Uma crítica não derivada de uma teoria previamente assimilada e sim de uma teoria que se constrói na própria busca da transformação. Engajar os participantes em um processo de crítica e mudança, visando a melhoria das atividades terciárias e, com elas, a melhoria da qualidade de vida, é a característica comum dos projetos que articulam os módulos terminais dos cursos técnicos.

 

Um único projeto, dividido ou não em subprojetos, pode articular as ações educativas de todos os módulos terminais. Esses projetos ou subprojetos terão um produto específico e estarão destinados ao desenvolvimento das competências necessárias para o desempenho eficaz do profissional a ser qualificado em nível técnico.

 

Nos Planos de Curso são especificadas, em cada módulo, as ações educativas (oficinas, ciclo de pesquisas, workshops) que são articuladas pelo projeto. O próprio projeto e os subprojetos, quando houver, são neles definidos. Aos projetos e às ações educativas são também atribuídas cargas horárias mínimas que possibilitem manter uma unidade entre os diversos cursos desenvolvidos pela instituição educacional.

 

Ensino Médio – Cursos Técnicos 7 de outubro de 2008

 

A Germinal Consultoria tem significativa experiência em prestar assessoria no desenho e implementação de cursos técnicos de nivel médio.

 

Parte dessa experiência foi obtida no Senac/Rio. A Germinal ajudou a definir e acompanhou toda a estratégia de desenho dos curriculos e de implementação dos cursos técnicos daquele  Regional do Senac. Já no primeiro movimento, em 2000, foram desenhados cerca de 30 diferentes cursos técnicos. A maioria desses cursos foi implementada em 2001 e continua, com pequenos aperfeiçoamentos, a ser oferecida até hoje (2008).

 

No desenho original, todos os cursos técnicos do Senac Rio foram desenvolvidos a partir de uma mesma estrutura  comum. Esta estrutura curricular concretizava um conjunto de inovações educacionais que vale a pena destacar. Para connecer a estrutura básica dos cursos técnicos do Senac Rio, clique aqui.

 

 

1. Educação básica para o trabalho e para a cidadania

Marina Fedorova, Rússia

 

A legislação atribui ao Ensino Médio, como um todo, o objetivo de educação básica para o trabalho e a cidadania. O objetivo de preparação básica para o trabalho deve ser buscado pelo Ensino Médio mesmo quando ele não é profissionalizate. De forma básica, no mínimo, todo egresso do ensino médio deveria estar preparado para o trabalho. Segundo o Parecer CNE/CEB 15/1998, a educação básica para o trabalho, deve ser entendida como a base da formação de todos e para todos os tipos de trabalho.

 

É sabido, no entanto, que o Ensino Médio de caráter geral não realiza essa preparação básica para o trabalho.  A maioria dos cursos técnicos de nível médio também não se preocupa com ela. A educação profissional , quando desenvolvida de forma concomitante ou seqüencial ao Ensino Médio, é geralmente desenvolvida a partir de um currículo centrado no desenvolvimento de competências técnicas específicas.

 

Todos os levantamentos e análises de mercado, no entanto, apontam que as competências básicas para o trabalho são muito importantes  na obtenção do primeiro emprego e na manutenção dele.

 

A experiência da Geminal, no assesoramento da implementação de programas de educação básica para o trabalho, permite conclusão similar. Programas centrados nas competências básicas são efetivos na inclusão de jovens no mercado de trabalho. Superam inclusive os programas de qualificação destinados ao desenvolvimento de competências técnicas específicas para uma ocupação determinda.

 

Iniciativas como o Programa de Educação para o Trabalho (PET) do Senac de São Paulo, Portal do Futuro do Senac Rio e Trilha Jovem – Turismo e Responsabilidade Social do Instituto de Hospitalidade (IH) têm como resultado um número de jovens incluídos no mercado de trabalho em proporção superior aos convencionais programas de qualificação profissional.

 

Mais recentemente, também as competências ligadas ao exercício da cidadania vêm ganhando importância nos processos seletivos, especialmente nas grandes organizações.

 

 

Marina Fedorova, «Reflection 3» 2007, oil on canvas, Pintura Contemporânea

Levando em consideração esses estudos, análises e constatações, no currículo das habilitações profissionais de nível médio do Senac Rio foi incluído um módulo para o desenvolvimento de competências básicas parao exercício de profissões do Setor de Comércio e Serviços: O Núcleo Básico de Comércio e Serviços.

 

O Núcleo abrange competências básicas para a vida (ser pessoa ou saber ser), para o exercício da cidadania (ser cidadão ou saber conviver) e para o trabalho (ser profissional ou saber fazer). Esta última dimensão é depois complementada pelo desenvolvimento das competências necessárias para o trabalho em uma determinada área profissional e, por fim, pelas competências requeridas por uma habilitação específica.

 

No desenho curricular proposto, a educação básica para o trabalho e a cidadania (LDBN – Artig.35, II) não é o que contextualiza o currículo, embora também o faça ou possa fazer. Não é resultado de um trabalho interdisciplinar, embora facilite a interdisciplinaridade. Também não é produto da “compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando teoria com a prática, no ensino de cada disciplina” (LDBN – Art. 35, IV), embora possa se beneficiar disso.

Lagos, foto António Serra - Fotógrafos de Elvas
Lagos, foto António Serra – Fotógrafos de Elvas

 

É importante observar que se trata de uma inovação curricular. Ao conjunto de experiências de aprendizagem que resultam na educação básica para o trabalho é  reservado um componente curricular específico. O projeto que articula o Núcleo de Comércio e Serviços – a edição do livro MInha Vida, Meu Trabalho – é também aquele que articula o currículo como um todo. A educação básica para o trabalho e cidadania não é a alma do currículo. É o coração dele. Isso será exemplificado em um artigo posterior.

 

 

2. Currículo integrado

 

Mais recentemente, a proposta do Parecer CNE/CEB 15/1998 tem sido questinada. A educação básica para o trabalho, como lá entendida, tem sido considerada insuficiente para a superação da histórica dualidade do Ensino Médio. O currículo integrado de formação geral e educação profissional tem sido proposto por muitos educadores.

 

Observa-se, no entanto, que um currículo do Ensino Médio em ato não é apenas dual. Ele é fragmentado em disciplinas desconexas e descontextualizadas. A contextualização e a interdisplinaridade, embora normativas, não são praticadas. Em geral, não há o que integre de forma efetiva as partes ou as disciplinas do currículo, quer sejam de formação geral ou de educação profisional.

 

Embora restrito à parte de educação profissional, os cursos técnicos do Senac Rio são um modelo de integração curricular. O perfil profisional de conclusão de cada curso é um primeiro fator de integração. Dele decorrem as unidades curriculares que compõem o Núcleo Básico de cada área e os Módulos destinados à terminalidade, com uma qualificação ou habilitação profissional específica.

 

Um segundo motor de integração é constituído pelos projetos.  Eles articulam o currículo inteiro, como é o caso do livro Minha Vida, Meu Trabalho. Articulam também cada um dos módulos que compõem a estrutura curricular.

 

A arquitetura do currículo considera o projeto um componente curricular, com atribuição de carga horária para seu desenvolvimento. Atribui aos projetos o desenvolvimento das competências mais gerais e mais próximas do enfrentamento dos desafios e problemas da vida pessoal, cidadã ou profissional, especialmente as competências previstas no perfil profissional.

 

O currículo é completado pelas oficinas que giram em torno dos projetos, desenvolvendo as competências mais específicas ou os elementos de competência que vão ser requeridos pelas competências em desenvolvimento nos projetos.  Esse desenho será mostrado em exemplo a ser postado posteriormente.

 

 

3. Aprender a aprender

 

O incíso IV do artigo 35 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional qualifica a educação profissional básica que se pretende. Ele diz: “preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar a novas condições de ocupação ou aprefeiçoamento posterior”.

 

Espiral, foto João Bravo Pires, Fotógrafos de Elvas
Espiral, foto João Bravo Pires, Fotógrafos de Elvas

Para continuar aprendendo é necessário que o educando adquira mecanismos próprios de aprendizagem. Na vida profissional, é necessário que seja capaz de extrair aprendizagem a partir do enfrentamento dos desafios cotidianos do trabalho e da adaptação aos movimentos dos processos produtivos em evolução. Isso só é possível a partir de um exercício continuado de cliclos de ação – reflexão e ação, que devem ser feitos em condições transitórias e cambiantes.

 

Em príncípio, as condições da aprendizagem do aprender são providas pela metodologia de ensino-aprendizagem, que deve ser desenhada para produzir tais efeitos. Em geral, é uma questão metodológica.

 

Aí também a estrutura curricular dos cursos técnicos do Senac Rio é inovadora. Ela qualifica os projetos a serem desenvolvidos, configurando-os para a facilitação do aprender a aprender. Os projetos que articulam a porção especificamente profissionalizante dos currículos, por exemplo, devem “criar, transformar ou melhorar as atividades do Setor de Comércio e Serviços, onde atuará o profissional de nível técnico em formação”.

 

Os projetos não devem recriar ou simular as condições de vida, de participação comunitária ou do futuro trabalho dos educandos. Eles devem envolver os participantes em processos de transformação de tais condições de vida, de excercío da cidadania e de trabalho. Eles não visam uma adaptação dos educandos à condições mutantes do mercado de trabalho. Eles visam preparar agentes de transformação.

 

Do enfrentamento dos desafios gerados no envolvimento em processos de mudança é que decorre a aprendizagem do aprender. A perspectiva pedagógica de fundo postula que só se aprende efetivamente, de forma própria e significativa, enfrentando os desafios da transformação pessoal, social ou produtiva. 

 

O texto está ficando muito longo. Voltaremos ao tema oportunamente.

 

O Projeto Trilha Jovem – Turismo e Responsabilidade Social 3 de agosto de 2008

 

Logotipo do Trilha Jovem

 Sobre o Projeto Trilha Jovem

 O Projeto Trilha Jovem – Turismo e Responsabilidade Social, inicialmente denominado apenas Projeto Turismo e Responsabilidade Social (PTRS), é um programa de educação básica para o trabalho no Setor de Turismo. Surgiu da intersecção de dois desafios socioeconômicos articulados: a demanda de inserção social e profissional de jovens, especialmente os oriundos de famílias de baixa renda, e a necessidade de desenvolvimento sustentado do turismo no Brasil.

A primeira versão do programa derivou de uma proposta curricular desenvolvida, em 2001, pela Germinal Consultoria para o Instituto de Hospitalidade (IH), de Salvador, na Bahia.

O IH, com o apoio do SEBRAE e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), havia concluído a elaboração de um conjunto de cerca de 50 normas ocupacionais, baseadas em competências, dentro de um Projeto de Certificação para o Setor de Turismo.

A proposta curricular desenvolvida pela Germinal partia da identificação das competências comuns a todas as ocupações abrangidas pelas normas do Programa de Certificação. A partir dessas competências, a Germinal desenhou um currículo totalmente baseado em competências.

Jovens de Foz do Iguaçu mostram Excelência em ServiçosAs competências mais complexas constituem as unidades curriculares. As competências secundárias, sub-competências ou elementos de competências compõem o conteúdo de cada unidade curricular.

Projetos articulam os três eixos curriculares destinados ao desenvolvimento das três competências fundamentais a serem desenvolvidas pelo Projeto: Promover a excelência em serviços; Exercer a cidadania no trabalho; Construir um plano de vida e trabalho.

Implementado inicilamente em Salvador, o PTRS sofreu um conjunto de alterações. Algumas foram influenciadas pelo primeiro financiador do Programa (Internacional Youth Fundation – Entra 21), que privilegiava ações na área de informática. Houve, assim, uma ênfase no desenvolvimento de competências relacionadas como uso da tecnologia da informação no turismo. Outras foram derivadas de necessidades do mercado de trabalho local. Outras surgiram das dificuldades de trabalhar com uma perspectiva educacional tão distinta da convencional.

Em 2006, com o apoio adicional do BID e do Ministério do Turismo o Programa começou a ganhar uma dimensão nacional.

A Germinal novamente participou deste processo. Prestou consultoria ao IH no sentido de aproximar o currículo do Projeto (tal como foi implementado) de sua formulação original. O currículo atual é uma mescla da versão original do Projeto e do formato de suas primeiras implementações. Assim, na versãoa tual são matidos praticamente inalterados os eixos curriculares, as competências fundamentais e os projetos articuladores da versão original. Hoje, por exemplo, as macro-competências desenvolvidas especialmente pelos projetos que articulam os eixos curriculares são: Promover a excelência em serviços, Promover o desenvolvimento sustentável do turismo e Construir um plano de vida e carreira.

Além da consultoria no desenho do currículo,  a Germinal criou as Referências para a Ação Docente para todas as unidades curriculares do Projeto. Esse trabalho foi realizado a partir da crítica, sistematização, reformulação e ampliação dos planos de aula utilizados nas primeiras implementações.

As referências são sugestões de desenvolvimento das atividades didáticas do Programa, passo a passo, aula a aula. O trabalho de consultoria resultou na redação de 26 diferentes manuais para os docentes e um volume de mais de 800 páginas de orientação didática.

Clicando aqui, você poderá acessar amostras do trabalho desenvolvido na construção das Referências para a Ação Docente do Programa Trilha Jovem.

Atualmente o Trilha Jovem já está implementado em Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Foz do Iguaçu. Começa a ser implementado em Brasília, São Luiz, Recife, Campo Grande e Manaus.

 

 

 Algumas referências sobre o Projeto Trilha Jovem na Internet

 

Existem inúmeras referências sobre o Projeto Trilha Jovem na Internet. Destacamos algumas:

 

O Projeto Trilha Jovem tem um sítio próprio na Internet (Uma trilha, muitos destinos). Nele se informa:

 

 

“O Trilha Jovem – Turismo e Inclusão Social é uma iniciativa que busca desenvolver o turismo sustentável por meio da inserção de jovens de famílias de baixa renda, capacitados para atuar em empresas do setor turístico brasileiro. Através de um programa de formação, os participantes desenvolvem competências nas áreas de Alimentos e Bebidas, Viagens e Turismo e Hospedagem, e são preparados para atender exigências mais amplas do mercado de trabalho e da sociedade, criando oportunidades de inclusão socioprofissional.

Idealizado pelo Instituto de Hospitalidade, em 2004 (sic), o programa é totalmente gratuito, e já beneficiou cerca de 3.000 jovens em diversas cidades brasileiras, como Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Foz do Iguaçu. Para participar, os candidatos devem ter renda familiar de até três salários mínimos, idade entre 16 e 24 anos e ser alunos do Ensino Médio da Rede Pública.

A formação tem carga horária total de 580 horas, contemplando aulas de inglês e informática, oficinas específicas e complementares do segmento turístico, e vivência profissional supervisionada. O estímulo ao espírito empreendedor também é parte integrante das aulas. Os instrutores são profissionais de turismo, com conhecimentos práticos sobre a rotina das várias ocupações. O conceito pedagógico é amplo, e busca preparar os jovens para a vida enquanto cidadãos e membros da comunidade.

A vivência profissional, associada com treinamento em empresas do setor, faz com que o jovem aprenda por meio das experiências vividas, dos problemas enfrentados e da ação desencadeada para sua solução. A oportunidade geralmente leva a estágios e aprendizados remunerados e, em muitos casos, a contratos formais de trabalho.”

 

 

Mosta de Qualidade em Serviços
O Brasilturis Jornal, em sua edição de 26/07/2008, informa

 

“O Projeto Trilha Jovem – Turismo e Inclusão Social, desenvolvido em parceria do Ministério do Turismo com o Instituto de Hospitalidade (IH), formou mais uma turma. São mais 180 jovens qualificados nas áreas de alimentos e bebidas, hospedagem e viagens e turismo, prontos para o mercado de trabalho.  Para comemorar a formatura os jovens organizaram um evento, nesta quarta-feira, em São Paulo, do qual participaram empresários do setor.”

 

 

 

O site do Instituto de Hospitalidade, em 07/04/2008, divulga:

 

A secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, participou de um evento promovido pela Coelba e pela parceira do Programa Trilha Jovem, USAID, realizado no Centro de Eficiência Energética da Coelba. Durante o evento, oito jovens egressos do Trilha tiveram a oportunidade de demonstrar algumas das competências adquiridas durante o Programa, servindo convidados e autoridades presentes, entre eles, o Governador da Bahia, Jacques Wagner, o prefeito de Salvador, João Henrique, ministros de Estado, e a própria Condoleezza Rice.

 

 

 Projeto Excelência em ServiçosO H2FOZ – O Portal das Cataratas, em sua edição de 25 de junho de 2008, publica:

 Aconteu na última terça-feira, dia 24, a III Mostra de Excelência em Serviços Turísticos. O acontecimento é um dos eventos paralelos do III Festival Internacional de Turismo. Além da abertura da Mostra realizada nesse dia, durante toda a realização do Festival os jovens do Projeto Trilha Jovem estão demonstrando suas competências e habilidades aprendidas durante um curso teórico e prático com 580 horas de atividades.A III Mostra funciona como uma formatura para os jovens, mas diferentemente dos eventos tradicionais de conclusão de curso, na Mostra os jovens atuam na execução do evento, prestando serviços nas diferentes funções características da atividade turística. Os convidados para o evento são empresários do setor turístico, principalmente das áreas de alimentos e bebidas, hospedagem e viagens e turismo.

A abertura desta III Mostra contou com a presença de importantes autoridades públicas como o Prefeito do Município, Paulo Mac Donald, Superintendente do Parque Tecnológico Itaipu, Juan Sotuyo, representante do Ministério do Turismo, Kátia Silva, Diretor Jurídico da Itaipu, João Cabral e o Diretor Técnico, Antônio Cardoso, além da representante do Instituto de Hospitalidade, Cláudia Soares.

Destacou-se entre os pronunciamentos o Dr. João Cabral da Itaipu que fez referência à redemocratização do país e a reconquista dos direitos políticos, na década de 80 e que atualmente o Brasil segue o rumo da implementação dos direitos sociais, entre eles a educação, como é o caso do Trilha Jovem, também apoiado pela Itaipu Binacional.

 

 

Fotos do Projeto Trilha Jovem

A Agência Brasil, em 13 de março de 2007, destaca:

 

Brasília – Alunos do projeto Trilha Jovem, que atende a estudantes de comunidades de baixa renda do Rio de Janeiro, podem ter oportunidade de conseguir estágio nos Jogos Pan-Americanos Rio 2007.  Após participarem de cursos de hotelaria e de alimentos e bebidas, os estudantes são encaminhados para estágios no setor de turismo e alimentação. Neste ano, os alunos concorrerão ainda a oportunidades de trabalho nos Jogos Pan-Americanos.

Segundo o Ministério do Turismo, os jovens que participarem do projeto Trilha Jovem serão  encaminhados para o processo de seleção da empresa responsável pelo serviço de alimentação nos locais do evento, ou poderão atuar, voluntariamente, no atendimento ao público durante os Jogos.

 

 

 Por fim, postamos o vídeo de formatura de uma das turmas doTrilha Jovem, disponível no Youtube.

 

 

Curso Normal Superior – Educação Infantil 27 de junho de 2008

 

O excerto de projeto de Curso Normal Superior – Educação Infantil, apresentado a seguir, faz parte de um Projeto Institucional de Instituto Superior de Educação (ISE) não implementado, por questões estranhas ao projeto técnico. A Germinal foi responsável pela redação do projeto. Seu desenho surgiu em resposta a uma norma que  implicaria em uma transformação radical no modo de formar novos professores. Mas isso não se deu. A norma foi contornada. O recuo normativo tornou a opção pelos Institutos Superiores de Educação menos atrativa.

 

INTRODUÇÃO

O atendimento de crianças de 0 a 6 anos em estabelecimentos públicos e privados tem uma história de 150 anos no Brasil. O crescimento do atendimento é expressivo a partir da década de 60. Na faixa de 0 a 3 anos, com um marco histórico de forte viés assistencialista, o atendimento foi-se concentrando em estabelecimentos denominados creches, que sempre tiveram uma acentuada tendência de priorizar o cuidado e a guarda das crianças em detrimento de uma proposta educativa mais sistemática. O atendimento institucional da criança de 3 a 6 anos, por outro lado, foi-se concentrando preferencialmente na pré-escola, mais demandada pelas classes média e alta, com visíveis tendências de antecipação da escolaridade. 

 

A educação infantil, em creches e pré-escolas, no Brasil, passa a ser direito da criança e dever do estado a partir da constituição de 1988[1]. O reconhecimento legal da necessidade de ações institucionais e escolares para a educação infantil deriva de um conjunto de razões. São cada vez freqüentes as evidências científicas da importância do período de 0 a 6 anos na constituição de uma base psicofísica fundamental para o desenvolvimento da escolaridade posterior. O crescente ingresso da mulher na força de trabalho e as transformações na organização e na estrutura das famílias requerem alternativas à educação infantil que antes era proporcionada exclusivamente no lar. As mudanças urbanas destruíram importantes espaços de convivência infantil que existiam no passado. As rápidas mudanças tecnológicas da sociedade contemporânea criam necessidades educacionais cada vez mais complexas, dificultado o seu atendimento exclusivamente no seio da família.

 

Seguindo a Constituição de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional[2] (Lei 9394/96) estabelece, pela primeira vez da história da educação do Brasil, que a Educação Infantil de 0 aos 6 anos é a primeira etapa da Educação Básica e a ela se integra. Decorrentes da LDB, as Diretrizes Curriculares da Educação Infantil regulam a elaboração das propostas pedagógicas das creches e pré-escolas no atendimento educacional das crianças de 0 a 6 anos[3].

 

Devido ao escasso histórico de regulação institucional de creches e pré-escolas, foi necessário ainda o Parecer CEB 04/00 de 16 de fevereiro de 2000, definindo as Diretrizes Operacionais para a Educação Infantil. As Diretrizes Operacionais regulam a inserção das creches e pré-escolas nos sistemas de ensino, integrando-as preferencialmente nos sistemas municipais de ensino. O Parecer regula também a formação de professores e outros profissionais para o trabalho nas instituições de Educação Infantil. Ao fazê-lo, afirma:

“Todas as instituições de educação infantil, qualquer que seja sua caracterização, terão o prazo até 2007 para ter todos o seus professores com pelo menos, o curso normal de nível médio. Dentro do mesmo prazo, será também exigida a escolaridade de ensino médio, admitindo-se como mínimo o ensino fundamental, para outros profissionais[4].”

 

O Parecer parece incidir em erro não intencional[5]. Ele mesmo fixa uma data, certamente relacionada à Década da Educação prevista no artigo 87 das Disposições Transitórias da LDB, que diz:

§ 4º. Até o fim da Década da Educação somente serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço. 

         

 Assim, até 2007, tendo em vista o disposto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, só serão admitidos professores de Educação Infantil com formação superior, no caso, em Cursos Normais Superiores. Em função da determinação legal, o levantamento diagnóstico elaborado para fundamentar a proposta do Instituto Superior de Educação (ISE) – prevê a necessidade de elevação ao nível superior de 30.000 professores que já atuam na Educação Infantil, na cidade de São Paulo, até 2007.

 

Ainda na tentativa de dimensionar as necessidades quantitativas de formação de professores para a Educação Infantil, é interessante notar a afirmação contida no diagnóstico da Educação Infantil feita no Plano Nacional de Educação:

“Estimativas precárias indicavam, até alguns anos atrás, um número de 1.400.000 crianças atendidas na faixa de 0 a 3 anos. A Sinopse Estatística da Educação Básica reuniu dados de 1998 sobre a creche, indicando um atendimento de 381.804 crianças, em idades que variam de menos de 4 a mais de 9 anos. São dados incompletos, mesmo porque só agora as creches começam a registrar-se nos órgãos de cadastro educacional. Qualquer número, no entanto, será uma quantidade muito pequena diante da magnitude do segmento populacional de 0 a 3 anos, constituído de 12 milhões de crianças (Plano Nacional de Educação, 2000. p26)”

 

A partir do diagnóstico, o Plano Nacional de Educação fixa um conjunto de metas. Entre elas:

 “Ampliar a oferta de educação infantil de forma a atender, em cinco anos, a 30% da população de até 3 anos de idade e 60% da população de 4 e 6 anos (ou 4 e 5 anos) e, até o final da década, alcançar a meta de 50% das crianças de 0 a 3 anos e 80% das de 4 e 5 anos”.[7]

 

Entre outras conseqüências, a meta implica em incluir, em 10 anos, no mínimo 4.800.000 crianças de 3 anos ou menos na Educação Infantil, atendidas em creches. Supondo-se uma média (exagerada) de 20 crianças por professor, só para atendimento da meta referente às crianças de até 3 anos, será necessária a formação de 240.000 novos professores de Educação Infantil nos próximos 10 anos[8]. A necessidade quantitativa de formação de novos professores de Educação Infantil é inquestionável.

 

Para além das necessidades quantitativas, o Projeto Institucional-Pedagógico do ISE apresenta um conjunto de razões de ordem qualitativa para justificar a necessidade de mudança radical na proposta pedagógica dos cursos destinados à formação dos docentes, de forma geral. As necessidades qualitativas específicas de formação de docentes em nível superior para a Educação Infantil estão relacionadas às necessárias mudanças a serem implementadas neste nível da Educação Básica e as conseqüentes necessidades de profissionalização do pessoal que presta este serviço educativo. Nas Diretrizes para  a Educação Infantil, o mesmo Plano Nacional de Educação afirma:

“A educação infantil é a primeira etapa da Educação Básica. Ela estabelece as bases da personalidade humana, da inteligência, da vida emocional, da socialização. As primeiras experiências da vida são as que marcam mais profundamente a pessoa. Quando positivas, tendem a reforçar, ao longo da vida, as atitudes de autoconfiança, de cooperação, solidariedade, responsabilidade. As ciências que se debruçaram sobre a criança nos últimos cinqüenta anos, investigando como se processa o seu desenvolvimento, coincidem em afirmar a importância dos primeiros anos de vida para o desenvolvimento e aprendizagem posteriores. E têm oferecido grande suporte para a educação formular seus propósitos e atuação a partir do nascimento. A pedagogia mesma vem acumulando considerável experiência e reflexão sobre sua prática nesse campo e definindo os procedimentos mais adequados para oferecer às crianças interessantes, desafiantes e enriquecedoras oportunidades de desenvolvimento e aprendizagem. A educação infantil inaugura a educação da pessoa”[9].

 

No entanto, dados veiculados pelo próprio Plano Nacional de Educação permite constatar que cerca de 14% dos professores de educação infantil possuem apenas o Ensino Fundamental. Outros 66% têm uma formação de nível médio. Apenas 20% deles cursaram o ensino superior. A formação em nível superior, em si, não garante a constituição de competências para a “inauguração da educação da pessoa”. No entanto:

a) a informalidade das iniciativas anteriores de atendimento educacional das crianças pequenas;

b) a ausência anterior de uma formação específica para este nível de ensino;

c) a necessidade de imprimir uma forte e competente marca educacional à prestação do serviço e as demandas sociais crescentes para as creches e pré-escolas,

recomendam uma formação de profissionais e professores de Educação Infantil pelo menos tão complexa e completa quanto a dos demais níveis de ensino.

 

tecnocientista.info/Imagens
tecnocientista.info/Imagens

 

PERFIL PROFISSIONAL DE SAÍDA

Ao final do Curso Normal Superior – Educação Infantil o concluinte terá condições de assumir as funções profissionais do professor generalista de Educação Infantil, apresentando, além das comuns a todo professor[10], as seguintes características:

  • Ajusta seu cuidado e suas atividades educacionais às características e necessidades específicas  das diferentes fases de desenvolvimento de crianças de 0 a 6 anos.
  • Auxilia o desenvolvimento das capacidades de ser e conviver das crianças, a partir da apropriação de conhecimentos sobre si mesmo e o outro e sobre a realidade social e cultural; e do desenvolvimento das capacidades e potencialidades corporais, afetivas, emocionais, éticas e estéticas na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis[11].
  • Cuida com carinho e orienta os cuidados individuais com a higiene, a segurança, a alimentação e o bem-estar das crianças, respeitando as necessidades, o estágio de desenvolvimento e a singularidade de cada uma delas, mantendo uma atmosfera afetiva e prazeirosa de relacionamento interpessoal com seus alunos.
  • Organiza o tempo e o espaço de vivência e convivência infantil, ajustando-os às necessidades da faixa etária e potencializando o seu efeito educativo.
  • Compartilha, com freqüência, informações sobre a evolução grupal e individual com os pais e responsáveis, estabelecendo com eles uma relação de parceria para o desenvolvimento e continuidade do trabalho educativo. 
  • Formula, com a equipe da escola, uma concepção de educação e ensino, compatível com os avanços dos estudos sobre a criança pequena, com a evolução da educação infantil e com as experiências de trabalho desenvolvidas na escola, que irá orientar com clareza todas as suas ações, ficando apto a esclarecer os pais e outros profissionais sobre a concepção de educação adotada e os resultados obtidos.
  • Realiza seu trabalho cotidiano baseando-se em pensamentos, valores e normas, métodos de trabalho e recursos inspirados na concepção de educação e ensino da equipe.
  • Busca sistematicamente conhecer outras concepções educacionais e outras experiências de educação infantil desenvolvidas em outros contextos e, eventualmente, aproveita aspectos que venham contribuir com a sua própria experiência.
  • Considera o contexto sociocultural e familiar de seus alunos ao programar e desenvolver ações educativas grupais e individuais, identificando necessidades especiais.
  • Cria múltiplas oportunidades de exploração e de aprendizagem expontânea, preservando e estimulando a curiosidade e criatividade próprias dos primeiros anos de vida.
  • Desenvolve estratégias de aproximação das crianças com a natureza, aproveitando seu potencial exploratório, desenvolvendo a observação, o respeito à natureza e o interesse por questões de preservação ecológica e ambiental.
  • Respeita e apoia aptidões, gostos e interesses individuais.
  • Acompanha e apóia o processo de desenvolvimento global (físico, emocional, afetivo, cognitivo) da criança, estimulando sua passagem da heteronomia para a autonomia.
  • Orienta e acompanha o processo de socialização das crianças, estabelecendo com elas regras e limites claros , construindo código ético de comportamento a partir das experiências grupais, de acordo com a faixa etária.

 

Princípios e Estrutura Curricular para a Formação do Professor Generalista de Educação Infantil

La grotte, Miquel Barceló

Nos três primeiros bimestres do primeiro ano será desenvolvido o Módulo I – Módulo Básico de Formação Pedagógica, com duração de 645 horas, que também funcionará como Programa Especial de Formação Pedagógica. Esta parte do percurso é comum a todas as formações docentes.

 

No último bimestre do primeiro ano será desenvolvido o Módulo II – Módulo Comum de Formação dos Professores Generalistas. Esse macro componente curricular terá a duração de 275 horas. Esta parte do percurso é comum às duas alternativas curriculares do Curso Normal Superior: Educação Infantil e Ensino Fundamental.

 

O segundo ano é destinado à formação específica (Módulo III) e ao projeto de operação de uma creche. Este componente curricular terá a duração de 940 horas. No terceiro ano (Módulo IV), dar-se-á continuidade à formação específica. Neste ano, além da operação de uma pré-escola, os alunos do Curso Normal Superior – Educação Infantil serão envolvidos no projeto Aplicação na Escola, atuando como consultores em atividades no interior de um sistema de ensino, especialmente em atividades de orientação e assessoria a unidades e instituições de Educação Infantil. Estão previstas 940 horas letivas nesse terceiro ano.

 

Além dessa estrutura curricular, o Projeto Institucional Pedagógico do Instituto Superior de Educação definiu um conjunto de princípios orientadores para a formação inicial de professores. Esses princípios também orientarão o desenho curricular do Curso Normal Superior – Educação Infantil. No entanto, em cada singular Projeto Pedagógico estes princípios ganham alguma especificidade. No Caso do Curso Normal Superior, temos:

 

1.      Da formação comum para a específica

(Ver mesmo item no Projeto do Curso Normal Superior)

 

2.      Da ação para a reflexão e da reflexão para a ação

 

 

“O percurso da formação básica e inicial de docentes será desenvolvido a partir da ação (prática, criativa, transformadora). A toda ação seguir-se-á momentos estruturados de reflexão. A reflexão deverá sempre resultar em uma ação renovada, mais rica e complexa. Essa ação melhorada dará início a um novo movimento de reflexão e transformação. A melhoria contínua da atuação docente é princípio inerente ao currículo(…).

 

Já no Módulo I – Módulo Básico de Formação Pedagógica, a ação, vista como prática docente, centraliza o desenho curricular (ver o Anexo 2). No módulo, a prática docente é realizada através da operação de Programas Especiais de Educação Básica e/ou de Educação Profissional. No caso do Curso Normal Superior – Educação Infantil, a prática docente no Módulo I será realizada no interior da operação de Programas de Educação de Jovens e Adultos (EJA)[13] correspondentes às quatro primeiras séries do Ensino Fundamental. O Projeto Pedagógico do Módulo I já mostra que a prática docente é, aqui, efetiva. Não se trata de estágios de observação ou de simulações de aulas. Os professores e alunos do ISE efetivamente responsabilizam-se pela condução de um processo educativo completo.

 

Em todo o Curso Normal Superior, incluindo o Módulo I, a prática docente não é entendida como a mera mediação do processo de aprendizagem em salas de aula. Ela inclui os momentos de planejamento e avaliação da atuação direta com os alunos, a participação na elaboração, execução e acompanhamento da proposta pedagógica da creche ou pré-escola e uma incisiva atuação no entorno comunitário da creche ou pré-escola. A função ampliada é o objeto da ação, da reflexão sobre ela e da melhoria contínua da ação docente.

 

 3. A formação docente estará orientada para a constituição de competências

 Finisterra/Photo Thomas
Finisterra/Photo Thomas

 

(Ver mesmo item no projeto de Curso Normal Superior)

 

4. Os projetos articulam o currículo

A prática, entendida como o engajamento em uma atividade criativa e transformadora e orientada para a elaboração, execução, avaliação e sistematização dos resultados de projetos, constitui o cerne da proposta curricular e institucional do ISE e, conseqüentemente,  do Curso Normal Superior – Educação Infantil. São quatro projetos:

§ Projeto 1:  Operação de programas especiais de educação básica

§ Projeto 2: Operação de Escola

§ Projeto 3: Aplicação na Escola

§ Projeto 4: Cidade Educativa

–  Aprender a cidade-  Aprender na cidade-  Aprender com a cidade 1-  Aprender com a cidade 2

 

A função e o desenvolvimento do Projeto 1, que articula o currículo do Módulo I – Módulo Básico de Formação Pedagógica já foram detalhadamente descritos no Projeto Pedagógico do Programa Especial de Formação Pedagógica. No caso do Curso Normal Superior – Educação Infantil, como já dito, o Programa Especial assume a função do Módulo I – Módulo Básico de Formação Pedagógica, regido pelo mesmo Projeto Pedagógico. O quadro abaixo apresenta um resumo da estrutura do Módulo I, para o caso do Curso Normal Superior – Educação Infantil.

 

 MÓDULO I:  Módulo Básico de Formação Pedagógica 
1º ano – 3 bimestres – 645horas 
COMPONENTES CURRICULARES: núcleos 
CONTEXUAL  INTEGRADOR (Prática/Projeto 1) ESTRUTURAL

 

Competências Pedagógicas

 

 

Planejamento e

Organização  do Trabalho Docente ou Tutoria

 

Docência ou

Tutoria do

Projeto 1

 

Avaliação e Sistematização dos resultados do trabalho docente

 

Competências relativas às áreas do conhecimento (Educação Básica)

 150 horas  100 horas  100 horas  100 horas  150 horas
 PROJETOS ARTICULADORES: 

 

Projeto 1: Operação do Programa de Educação de Jovens e Adultos

 

Projeto 4 (articulador de todos os módulos): Cidade Educativa – aprender a cidade.  45 horas
           

 

 

kids playing
kids playing

 O Projeto 2 envolve a operação de uma creche. Pretende-se que a creche não seja criada especialmente para funcionar como instância de aplicação. Uma creche próxima ao ISE será selecionada para tanto. Como no caso do Projeto 1, trata-se também de operação efetiva. A creche será operada pelos professores e alunos do ISE. A creche escolhida, contudo, não deixará de pertencer à rede de ensino. Evita-se, assim, a criação de uma situação privilegiada e atípica e garante-se a vivência do processo educativo dentro das normas e procedimentos comuns a um sistema de ensino.

 O Projeto 2 articula o currículo do Módulo II – Núcleo Comum de Formação de Professores Generalistas. O Módulo II terá a duração de um bimestre letivo (275 horas) e está centrado no planejamento da operação da creche que será feita a partir do segundo ano letivo do Curso Normal Superior – Educação Infantil. O quadro adiante sintetiza as informações sobre o Módulo.

 

 

MÓDULO II: Núcleo Comum de Formação de Professores Generalistas

 

1º ano – 4º bimestre – 275 horas

 

 

Desenvolvimento de competências docentes  para a elaboração do Projeto Pedagógico e para o planejamento didático detalhado da operação de uma Creche.

 

 

Estudo, análise, discussão e sistematização do Projeto Pedagógico de uma Creche.

 

Elaboração do Plano de Trabalho  Docente (Creche – Crianças de 0 a 3 anos).

 

Estudo das Diretrizes Curriculares Nacionais e dos Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Básica e Educação Infantil.

 

Estudo das Diretrizes e Planos da Secretaria de Educação

 

80 horas

 

100 horas

 

80 horas

 PROJETO ARTICULADOR:Projeto 2 – Operação de uma creche
 Projeto 4 (articulador de todos os módulos): Cidade Educativa – Aprender na cidade.  15 horas 
       

 

A partir do planejamento efetuado no Módulo II, o Projeto 2, enquanto operação efetiva da creche, articulará o currículo do Módulo III (Formação Específica). O módulo terá a duração de um ano letivo e de 940 horas. O Projeto 2 articulará ainda o currículo do Módulo IV (também destinado à Formação Específica e com a mesma duração do Módulo III). Neste caso, a pré-escola será o campo da prática e da aplicação. O quadro adiante apresenta a estrutura curricular do Módulo III.

 

MÓDULO III: Formação Específica

 

2º ano – 940 horas

 

Desenvolvimento das competências didático/ pedagógicas

 

 

Planejamento da operação da creche

 

Operação da creche

 

Avaliação da operação da creche

 

Aprofundamento na área de especialização (Educação Infantil)

 235 horas  100 horas  200 horas  100 horas  235 horas
 PROJETOS ARTICULADORES: 

Projeto 2. Operação de Creche (atendendo crianças de 0 a 3 anos de idade)

 

Projeto 4 (articulador de todos os módulos) : Cidade Educativa – Aprender com a cidade 1 70 horas
           

 

O Módulo IV terá uma dupla articulação. O currículo do módulo IV será também articulado pelo Projeto 3 – Aplicação na Escola. Distintamente do Projeto 2, que tem a creche e a pré-escola como ambientes de aplicação, a Aplicação na Escola acontecerá em uma rede de ensino. No caso do Normal Superior – Educação Infantil ela acontecerá na rede de creches e pré-escolas vinculadas à Secretaria de Educação do local onde estará situado o ISE. No Projeto 3, trata-se de trabalhar em conjunto com os professores de Educação Infantil da rede. Trata-se de uma ação docente em parceria com os professores efetivos e com o objetivo de elevar a qualidade da Educação Infantil no entorno do ISE. A estrutura curricular do Módulo IV é adiante apresentada.

 

Módulo IV: Formação Específica

 

3º ano – 940 horas

 

Desenvolvimento das competências didáticas/ pedagógicas

 

 

Planejamento da operação da pré-escola

Planejamento da Aplicação na Escola (Assessoria à Rede Municipal)

 

Operação da pré-escola

 

Execução do Projeto 3: Aplicação na Escola.

 

Avaliação da operação da Escola de Aplicação (pré-escola)

 

Avaliação da Aplicação na Escola

 

Aprofundamento na área de especialização (Educação Infantil)

 235 horas  100 horas  200 horas  100 horas  235 horas
PROJETOS ARTICULADORES:
Projeto 2. Operação da Pré-escola.Projeto 3. Aplicação na Escola. Atuação no Sistema de Ensino

 

Projeto 4 (articulador de todos os módulos): Cidade Educativa – Aprender com a cidade 2 70 horas

 

Sakuras
Sakuras

 O Projeto 4 não se relaciona apenas com a aplicação na rede de ensino. Ele diz respeito ao trabalho com o entorno comunitário das instituições de educação infantil em uma perspectiva que transcende a de relação escola-comunidade. O projeto Cidade Educativa articulará a realização de todos os módulos do Curso Normal Superior – Educação Infantil. As atividades diretamente relacionadas ao projeto Cidade Educativa terão uma duração de 200 horas, que serão distribuídas pelos 3 anos letivos. Corresponde às 200 (duzentas) horas para “outras formas de atividades acadêmico-científico-culturais”, previstas pela Resolução CNE/CP 2/02, de 19 de fevereiro de 2002 [14].

 

A perspectiva de construção da Cidade Educativa orientará o desenvolvimento dos demais projetos e toda a ação educativa do Curso Normal Superior. No desenvolvimento do projeto, as quatro dimensões básicas da cidade educativa[15] serão consideradas:

· Aprender a cidade: organizar, aprofundar e sistematizar o conhecimento da região onde será situado o ISE. A região será objeto da aprendizagem. Aprende-se a ler criticamente a cidade, a utilizá-la e a participar de sua construção. A articulação com os demais projetos é evidente quando a visão do espaço educativo é ampliada para além dos muros da instituição de educação infantil.

· Aprender na cidade: nesta dimensão, a região será vista como contexto e continente de agentes educativos. Aprende-se mais na cidade quando se potencializa e se adensa a trama de agentes educativos formais e informais pela articulação em torno de um projeto comum. Desta dimensão em diante a articulação com o Projeto 3 fica cada vez mais evidente ao pensarmos em uma escola e em uma rede escolar que transcendem os seus muros e tenham uma função transformadora.

· Aprender com a cidade – 1 (a cidade como agente educativo incidental): a dimensão implica em tomar a região focal como agente educativo informal. “O meio urbano é um denso, mutante e diversificado emissor de impactos educativos”[16]. Trata-se, aqui, de incluir essas emissões nos projetos educacionais dos agentes educativos formais e informais.

· Aprender com a cidade – 2 (a cidade como agente educativo intencional): tornar intencional a dimensão educativa da cidade. Desenvolver um processo planejado e participativo em direção a um modelo de cidade ou de uma utopia urbana.

No caso do Curso Normal Superior – Educação Infantil, a proposta pedagógica básica será centrada no conjunto das quatro dimensões. A aprendizagem far-se-á em função de projetos de ação criativa e transformadora dos espaços de vida, trabalho e, principalmente, de convivência da região do entorno do ISE. Neste fazer, as quatro dimensões da cidade educativa serão consideradas. A dimensão Aprender a Cidade será especialmente abordada em conexão com o Módulo I. A dimensão Aprender na cidade em conexão com o Módulo II. A dimensão Aprender a cidade 1, com o Módulo III e Aprender a cidade 2 com o Módulo IV.


[1] Artigo 208 – IV – “O dever do Estado com a educação será efetivado mediante garantia de: (…) atendimento em creche e pré-escola às crianças de 0 a 6 anos de idade.

[2] O artigo quarto, inciso V, atribui aos municípios a incumbência de oferecer Educação Infantil em creches e pré-escolas. O destaque é nosso.

[3] Parecer CNE/CEB 22/98 e Resolução CNE/CEB 01/99 de 7 de abril de 1999.

[4] Parecer CNE/CEB 04/00 in:  www. mec.gov.br/cne/ftp/PCB/PCB004v03.doc  

[5] O Parecer só cita a exceção e não a regra. A regra, inscrita no artigo 62 da LDB diz: “A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.”

[6] Marchesan, Nelson (relator). Plano Nacional de Educação, Brasília, Coordenação de Publicações da Câmara dos Deputados, 2000, p.26. O Plano Nacional de Educação pode ser consultado através da Home-page do MEC: http://www.mec.gov.br .

[7] Plano Nacional de Educação, op.cit., p.42.

[8] Memória de cálculo: 50% de 12.000.000 = 6.000.000 – 1.200.000 (crianças já atendidas) = 4.800.000 / 20 = 240.000.

[9] Plano Nacional de Educação, p.35.

[10] Ver Projeto Pedagógico do Programa Especial de Formação Pedagógica / Módulo Básico de Formação Pedagógica (Anexo II).

[11] Ver: MEC/ Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil,  Brasília, 1998, p23

[12] Projeto Institucional do ISE, documento já citado.

[13] A prática docente prevista visa desenvolver as competências básicas e comuns a todos os professores de Educação Básica. Ao incidir sobre o Ensino Fundamental proporciona inserir os objetivos da Educação Infantil em uma visão longitudinal dos objetivos da Educação Básica.

[14]CNE. Resolução CNE/CP 2/2002. Diário Oficial da União, Brasília, 4 de março de 2002. Seção 1, p. 9. Institui a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de formação de professores de Educação Básica (artigo primeiro, item IV).

[15] Ver o texto de Jaime Colamer, La Ciudad Educadora: Conceptos, Estratégias y Acciones, apresentado em Seminário sobres Cidades Educadoras e que pode ser encontrado no site da Prefeitura de Porto Alegre (www.portoalegre.rs.gov.br ).

 

[16] Idem, ibid. p.18.

 

 
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