Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

Ceará implementa os Protótipos Curriculares de Ensino Médio 24 de agosto de 2012

O site do Instituto Aliança veiculou a seguinte notícia:

Alunos do ensino médio de 12 escolas do Ceará tiveram, em 2012, um aumento na carga horária para incluir aulas obrigatórias de metodologia de pesquisa e preparação para o mundo do trabalho, ao longo dos três anos de ensino médio. O programa, ainda piloto, chama-se Trabalho, Pesquisa e Práticas Sociais e foi criado pelo Instituto Aliança em parceria com a Secretaria de Educação do Estado do Ceará, como parte do processo de transferência da tecnologia do Com.Domínio Digital para a rede pública de ensino médio do Estado, tendo como matriz referencial os “Protótipos Curriculares para o Ensino Médio” produzido pela Unesco com o apoio do Ministério da Educação.

(…)

Dando continuidade à implementação dessa nova experiência, nos dias 19 e 20 de junho a Coordenadoria de Desenvolvimento da Escola e da Aprendizagem da SEDUC promoveu um seminário para discutir essa proposta de reorganização curricular do ensino médio, com a participação da UNESCO, Instituto Aliança e Instituto Unibanco, gestores e educadores. Neste encontro, Marilza Regattieri, oficial de Projetos do Setor de Educação da Representação da Unesco no Brasil fez uma apresentação da proposta dos Protótipos Curriculares para o Ensino Médio e
mostrou-se emocionada ao visitar a experiência de reorganização curricular piloto do Ceará com base na abordagem dos “Protótipos” desenhada pela UNESCO.

“No seminário a ideia foi refletir sobre o contexto de Reorganização Curricular no estado do Ceará e buscar estruturar a integração entre este processo e as diversas propostas existentes na rede: Protótipos da UNESCO, Com.Domínio Digital, E-Jovem e o Projeto Jovem de Futuro do Instituto Unibanco”, afirma Rogers Mendes, Coordenador de Aperfeiçoamento Pedagógico da Secretaria de Educação do estado.

A notícai completa pode ser lida clicando aqui.

 

Jovem Aprendiz tem 78 turmas no Estado de São Paulo 9 de novembro de 2008

 

O Informativo FAESP – SENAR /SP de julho de 2008 publica a seguinte notícia sobre o Programa Jovem Aprendiz Rural:

 

 

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No seu início, no ano de 2006, o Programa Jovem Aprendiz
Rural do SENAR/SP foi desenvolvido com apenas 6 turmas.
Em razão do acerto da sua metodologia e resultados positivos
em 2007 foram desenvolvidas 30 turmas e, em 2008, já são
78 turmas espalhadas por todo o Estado de São Paulo.

 

Em números, esta quantidade de turmas representa 3.330
participantes, com idade entre 14 anos completos e 18 anos
incompletos, que terão a oportunidade de serem “formados”
para o mercado de trabalho cada vez mais exigente.

 

Em março de 2008, foi realizada a primeira capacitação dos
profissionais envolvidos no Programa, com 40h, e capacitação
de 156 instrutores. Estão previstos mais dois encontros no
decorrer deste ano; em junho, com 24h e, em dezembro,
com 32h.

 

O Programa Jovem Aprendiz Rural está baseado na Lei
10.097/2000. Em cumprimento desta, o SENAR/SP já registra
35 jovens contratados e com a perspectiva de novos contratos
para 2008.

 

 

O Programa de Aprendizagem Rural, destinado aos jovens aprendizes, foi desenvolvido pela Germinal Consultoria para o SENAR de São Paulo. Busca desenvolver competências básicas para o trabalho, competências gerais para o trabalho rural e competências para o empreendedorismo.

Para o desenvolvimento dessas competências, tem uma organização curricular composta por Projetos e Oficinas, como pode ser visto aqui.  Para cada um desses componentes curriculares foi elaborado um manual para o coordenador docente, outro para o participante, de modo a propiciar um referencial para a ação docente e facilitar a integração e o treinamento dos professores do Programa. Para conhecer agumas amostras desses manuais, clique aqui.

 

O Projeto Trilha Jovem – Turismo e Responsabilidade Social 17 de setembro de 2008

 O Projeto Trilha Jovem – Turismo e Responsabilidade Social, inicialmente denominado apenas Projeto Turismo e Responsabilidade Social (PTRS), é um programa de educação básica para o trabalho no Setor de Turismo. A primeira versão do programa derivou de uma proposta curricular desenvolvida, em 2001, pela Germinal Consultoria para o Instituto de Hospitalidade (IH), de Salvador, na Bahia.

Além da consultoria no desenho do currículo,  a Germinal criou as Referências para a Ação Docente para todas as unidades curriculares do Projeto. Esse trabalho foi realizado a partir da crítica, sistematização, reformulação e ampliação dos planos de aula utilizados nas primeiras implementações. Clicando aqui, você poderá acessar amostras do trabalho desenvolvido na construção das Referências para a Ação Docente do Programa Trilha Jovem.

Atualmente o Trilha Jovem já está implementado em Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Foz do Iguaçu. Começa a ser implementado em Brasília, São Luiz, Recife, Campo Grande e Manaus.

O texto apresentado a seguir não corresponde exatamente e difere da edição do texto publicado pelo Instituto de Hospitalidade, que incorpora pequenas modificações posteriores. O texto deve ser considerado uma amostra do trabalho de consultoria da Germinal na construção de currículos e programas.

 

 INTRODUÇÃO

Flickr, DSC_0420.JPG por zskdan

O Projeto Trilha Jovem – Turismo e Responsabilidade Social – surge da intersecção de dois desafios socioeconômicos articulados. Procura responder à demanda de inserção social e profissional de jovens, especialmente os oriundos de famílias de baixa renda. Pretende contribuir com o desenvolvimento sustentável do turismo no Brasil.

 

A juventude representa 20% da população brasileira. São trinta e quatros milhões (34.000.0000) de jovens segundo o Censo de 2000. O problema mais grave que aflige os jovens brasileiros é o desemprego. Do total de desempregados, quarenta e quatro por cento (44%) são jovens, que ficam expostos ao consumo e o tráfico de drogas e outras formas de violência. Diante desse fato, a juventude tem aparecido com muita freqüência na agenda pública, especialmente nos últimos anos. Isso é constatado pelo lançamento de inúmeros projetos e pela mobilização de organizações públicas, sociais e empresariais para o enfrentamento das questões específicas que afetam os jovens brasileiros.

 

Vitória Régia - Pantanal

Vitória Régia - Pantanal

 Por outro lado, o crescimento projetado do turismo brasileiro cria perspectivas concretas de geração de trabalho e renda. Mesmo considerando a dimensão atual do mercado de trabalho, o setor apresenta notórias deficiências de pessoal qualificado, sendo muito difícil, especialmente para os empresários de micro e pequenas empresas, contar com mecanismos que garantam a qualificação de seus colaboradores. Existe, hoje, uma percepção generalizada que a elevação da qualidade dos serviços prestados aos turistas tornará o Brasil mais habilitado para aproveitar todo o seu potencial turístico.

 

Revoada - Pantanal
Revoada – Pantanal

 

O crescimento do setor de turismo pode ser, então, uma resposta ao problema crucial da juventude brasileira. As oportunidades de emprego e trabalho geradas pelo setor podem ser aproveitadas pelos jovens. Em um círculo virtuoso, a educação dos jovens para o turismo pode ser uma alavanca de desenvolvimento sustentável.

 

 

 

 

 

 

O CURRÍCULO DO PROJETO TRILHA JOVEM

O Projeto Trilha Jovem é um projeto destinado à preparação profissional de jovens de escolas públicas. Vai além da educação profissional específica, porque esta não seria suficiente para dar respostas ao conjunto de necessidades de sua clientela e do desenvolvimento turístico sustentável. Pressupõe que a transição necessária e as exigências atuais da sociedade e das organizações requerem um cidadão atuante e pessoa autônoma em relação à escolha de seus caminhos e gestão de sua própria existência.

 

Vagamundo - Pantanal
Vagamundo – Pantanal

 

Disso decorre a necessidade de desenvolver competências para elaborar e perseguir um projeto de vida pessoal e profissional, competências para a aprendizagem e o trabalho independentes, competências para a participação efetiva em projetos coletivos e competências para o empreendedorismo.

 

A vertente diretamente profissionalizante do projeto está centrada no desenvolvimento de competências básicas para o trabalho no setor de turismo. Elas foram selecionadas a partir da identificação das competências comumente requeridas por ocupações do setor de turismo. A base para sua identificação foram os perfis profissionais de 52 ocupações do setor de turismo, nacionalmente validados e incluídos nas Normas para Ocupações e Competências do Sistema Nacional de Certificação da Qualidade Profissional do Setor de Turismo.

 

O foco em competências básicas para o trabalho no setor de turismo diferencia o Projeto Trilha Jovem de outras iniciativas de educação profissional e de projetos alternativos que têm sido propostos na área. Este foco permite uma linha de fuga da formação profissional típica, centrada na formação para o exercício de uma ocupação. Amplia os horizontes da capacitação. Prepara os jovens para uma ampla gama de possibilidades de inserção, sem restringi-los, de imediato, a uma formação técnica específica.

 

Além de seu foco, é distintiva a proposta educacional e metodológica do Projeto Trilha Jovem. Ele centra-se na constituição de competências. O Projeto Trilha Jovem parte do princípio que o conhecimento efetivo que se transforma em competência, sempre resulta do engajamento do educando em ações concretas, especialmente as que são criativas e transformadoras. Aprende-se de forma significativa através do engajamento em processos de mudança. Aprende-se, de fato, formulando, executando e avaliando projetos de ação criativa e transformadora.

 

O problema, o desafio e o projeto são assim fundamentais no desenvolvimento de competências e são componentes essenciais da metodologia do Projeto Trilha Jovem. A adoção dessa perspectiva metodológica e a intenção de focá-la no desenvolvimento sustentável do turismo, mais que supera o distanciamento entre teoria e prática, comum nos demais projetos educativos. Coloca todos os educandos como agentes da construção do conhecimento sobre turismo e agentes efetivos de desenvolvimento integrado e sustentável. Coloca-os já no processo de aprendizagem, em um estilo de ação que é desejado em seu desempenho profissional futuro.

 

 

Organização Curricular

Os cursos oferecidos aos jovens estão estruturados em períodos semestrais, com carga horária total de 580 horas, distribuídas em 400 horas de atividades presenciais e assistidas pelos orientadores de aprendizagem, 100 horas de atividades desenvolvidas de forma autônoma pelos próprios jovens e 80 horas para a vivência profissional supervisionada em empresas do setor.

 

 Mabu Thermas e Resort, Foz do Iguaçu

Alunos do programa Trilha Jovem - Foz do Iguaçu

 

 A vivência profissional supervisionada em empresas do setor deve propiciar o exercício das competências desenvolvidas nas etapas anteriores, em situações reais de trabalho. Para tanto, esta etapa será planejada, executada, acompanhada e avaliada tendo em vista as competências que devem ser desenvolvidas pelos jovens.

 

 

 

 

 

Alunos do programa Trilha Jovem - Foz do Iguaçu

A organização didática do curso está articulada por projetos. Os projetos estruturam e integram as experiências de aprendizagem e são propostos a partir de um problema a resolver ou um produto final que se quer obter. Considera-se que o jovem aprende participando, vivenciando, tomando iniciativa diante das dificuldades, escolhendo procedimentos para atingir determinados objetivos.

 

 O currículo do PROJETO TRILHA JOVEM está organizado em três eixos interdependentes e complementares. São eles:

Þ      Eixo 1 – Promover o Desenvolvimento Sustentável do Turismo

Þ      Eixo 2 – Promover a Excelência em Serviço

Þ      Eixo 3 – Construir um Plano de Vida e Carreira

 

Os eixos indicam que o currículo está organizado em conjuntos articulados e sinérgicos de ações educacionais. O eixo é composto por oficinas que se inter-relacionam, se comunicam e se complementam de forma flexível e dinâmica, através do desenvolvimento de um projeto. Entre elas, não existe propriamente uma relação de dependência ou de ordem seqüencial. Existe sim uma área de conhecimento a ser explorada, uma problemática a ser investigada, diferentes campos de atuação a serem vivenciados, soluções a serem criadas e experimentadas através do projeto.

Alunos do programa Trilha Jovem - Foz do Iguaçu

 

 

 

 

As oficinas proporcionam o desenvolvimento das competências que serão aplicadas no planejamento e execução do projeto ou são exigidas por ele. O projeto que articula o eixo, por sua vez, orienta e dá sentido às atividades das oficinas. Assim, o eixo poderá ser organizado e desenvolvido de acordo com as necessidades e com a evolução do projeto. A figura anterior resume a estrutura curricular do PROJETO TRILHA JOVEM.

 

 

 

 

 

 

 

 

Eixo 1 – Promover o Desenvolvimento Sustentável do Turismo

 

 

Eixo 2 – Promover a Excelência em Serviços

 

 

Este primeiro eixo busca capacitar os jovens para atuarem com propriedade no desenvolvimento do turismo, reconhecendo seus impactos negativos e suas potenciais contribuições para o desenvolvimento sustentável.

 

 

 

No Eixo 2, os jovens, após terem uma visão mais geral e sistêmica das oportunidades de trabalho e de geração de renda no setor de turismo, optam por uma das três áreas específicas do setor (Hospitalidade, Alimentos e Bebidas, Agenciamento do Turismo), identificadas de acordo com a demanda do mercado local, onde irão focar sua capacitação básica e sua tentativa de inserção. Com uma carga horária total de 208 horas, este eixo visa preparar os jovens para assumirem uma postura de permanente busca pela excelência em qualidade para os serviços, como condição prioritária para inserção e permanência no mercado.

 

 

 

Eixo III – Construir Plano de Vida e Carreira

 

 

O eixo 3 tem como objetivo preparar o jovem para gerir o seu processo de desenvolvimento pessoal e profissional. Nele, ele identifica suas necessidades de aperfeiçoamento, define estratégias de superação e mobiliza esforços para colocá-las em prática. Ao final do eixo 3, os jovens constroem seus Planos de Vida e Carreira onde definirão metas e estratégias de ação para o tempo de duração do Projeto Trilha Jovem e para os próximos anos. Também irão elaborar os seus Currículos. Este Eixo tem a prerrogativa de poder acontecer transversalmente aos Eixos 1 e 2, a depender do cronograma de trabalho definido pela Entidade Executora Local.

 

 

 

 

ORGANIZAÇÂO CURRICULAR DO EIXO 1

 

O planejamento do Eixo 1 está orientado pelas competências definidas para este bloco de ação, que são:

  • Disseminar a visão do turismo como vetor para desenvolvimento sócio-econômico e cultural.
  • Planejar e implementar projetos de intervenção na busca do desenvolvimento sustentável do turismo, avaliando seus produtos e resultados.
  • Preservar o meio ambiente e disseminar a cultura da preservação responsável.
  • Salvaguardar o patrimônio cultural local.
  • Contribuir para a formação de uma imagem positiva da região turística.

 

O primeiro eixo do Projeto Trilha Jovem tem um componente didático articulador, o Projeto de Promoção de Desenvolvimento Sustentável do Turismo, e uma carga horária presencial total de 140 horas, sendo 24 horas em atividades extraclasse.

As 116 horas de atividades em classe são divididas entre o projeto e oficinas. A temática do desenvolvimento sustentável perpassa todas as unidades didáticas e proporciona ao olhar dos jovens uma ampla visão do turismo que compreende todas as suas dimensões.

As unidades didáticas do Eixo 1 são:

 

OFICINA

CARGA HORÁRIA

Projeto de Promoção do Desenvolvimento Sustentável do Turismo (PDS)

24 horas

Oficina de Turismo e suas Dimensões (TUR)

36 horas

Oficina de Valorização do Patrimônio Cultural e Natural (PCN)

24 horas

Oficina de Comunicação em Inglês (ING)

20 horas

Oficina de Expressão em Múltiplas Linguagens (LIN)

8 horas

Tecnologia da Informação (INF)

4 horas

 

As horas previstas para Tecnologia da Informação são complementadas com atividades no laboratório de informática, na realização de trabalhos pertinentes ao projeto e às oficinas, como está previsto no plano de Tecnologia da Informação. 

As oficinas “Turismo e suas Dimensões”, “Valorização do Patrimônio Cultural e Natural” e “Projeto de Promoção do Desenvolvimento Sustentável do Turismo” podem ser conduzidas pelo(a) mesmo(a) educador(a) em cada um dos grupos de 30 jovens. Em Salvador, essas oficinas são chamadas de oficinas-base.

As atividades extraclasse estão divididas em 12 horas destinadas ao Projeto de Promoção do Desenvolvimento Sustentável do Turismo e 12 horas destinadas a palestras e outras atividades abordando questões pertinentes à formação dos jovens nesse primeiro momento.

 

AS REFERÊNCIAS PARA A AÇÃO DOCENTE

Planejar, mediar e avaliar a aprendizagem por competência não é fácil. Exige uma atitude de permanente atenção e acompanhamento por parte da equipe pedagógica envolvida. É necessário, como marco zero de ação, um alinhamento conceitual e metodológico do que se compreende por competências e quais as estratégias para viabilizar o seu desenvolvimento. Este objetivo é trabalhado na capacitação inicial realizada junto ao grupo de educadores do Eixo 1.

O alinhamento conceitual e uma visão geral da metodologia, no entanto não é suficiente. A referência educacional mais concreta e presente para quase todo educador é sua própria experiência escolar. No Brasil, essa experiência é fortemente marcada por uma visão educacional acadêmica e fundada na transmissão e memorização de dados e informações.  Mesmo quando convencido da inadequação e ineficiência dessa abordagem para o desenvolvimento de competências, é nela que a prática da maioria dos educadores se refugia na ocorrência de problemas com a proposta educacional alternativa. A ausência de uma vivência da visão alternativa é, em geral, a causa desses recuos e retrocessos.

As referências para a ação docente – sugestões de como desenvolver passo a passo todas as componentes curriculares do Eixo I e do Projeto como um todo –  presentes nos planejamentos didáticos funciona como um substitutivo da memória educacional do docente que ainda não tenha vivido essa abordagem educacional alternativa. Elas são guia de iniciação nesta nova forma de exercer o ofício de educador. Para o educador já experiente em didáticas mais ativas, as referências podem funcionar como uma oportunidade de diálogo com sua própria proposta de trabalho, eventualmente complementando-a e enriquecendo-a. 

Para mais informaçoes sobre o Projeto Trilha Jovem, clique aqui.

 

Competências básicas para o trabalho e para a vida: a experiência da Oficina de Comunicação Oral e Escrita no Programa de Aprendizagem Rural 13 de setembro de 2008

 

O Programa de Aprendizagem Rural, destinado aos jovens aprendizes, foi desenvolvido pela Germinal Consultoria para o SENAR de São Paulo. Busca desenvolver competências básicas para o trabalho, competências gerais para o trabalho rural e competências para o empreendedorismo. Para o desenvolvimento dessas competências, tem uma organização curricular composta por Projetos e Oficinas, como pode ser visto aqui. Para cada um desses componentes curriculares foi elaborado um manual para o coordenador docente, outro para o participante, de modo a propiciar um referencial para a ação docente e facilitar a integração e o treinamento dos professores do Programa.

 

Como na amostra da Oficina de Comunicação Oral e Escrita publicada no post anterior, o manual do coordenador docente contém sugestão para o desenvolvimento da Oficina, detalhada passo a passo. Os manuais estão desenhados de forma a promover a integração entre as diferentes unidades curriculares. Esta integração é feita pelo projeto que articula cada eixo temático ou dimensão do Programa. No caso da Oficina de Comunicação Oral e Escrita, Ser Pessoa é o eixo temático e o Projeto de Vida é o que articula o currículo do eixo.

 

Todos os eixos do Programa (Ser Pessoa, Ser cidadão, Ser Profissional, Ser Profissional da Agricultura e da Pecuária, Ser Empreendedor) são articulados pelo Projeto “Tornar uma Área Produtiva de Forma Sustentável”, que implica no trabalho em um terreno experimental. Assim, o trabalho concreto é a dimensão que integra todo o currículo. A forma como os conteúdos se integram através dos projetos pode ser vista claramente na quarta sessão de aprendizagem da Oficina, postada anteriormente.

 

Esses manuais já foram utilizados por um conjunto de coordenadores docentes do Programa de Aprendizagem Rural, em diferentes localidades do Estado de São Paulo. Posteriormente, em reunião de avaliação, os docentes relataram experiências com o desenvolvimento do Programa, em suas diferentes oficinas.

 

 

 

 

 

 

 

Resultados

 

 

 

 

 Os relatos dos resultados obtidos com a Oficina de Comunicação Oral e Escrita foram particularmente interessantes, e em alguns casos surpreendentes, porque iniciaram uma mudança positiva mais ampla na vida dos aprendizes.

 

Vários coordenadores docentes que utilizaram efetivamente as sugestões do manual, em diferentes localidades, comunicaram resultados similares, tais como:

 

  • Os jovens se envolveram,  e com prazer, nas atividades de expressão oral e escrita propostas;
  • Escrever e falar sobre si mesmo, seus planos, perspectivas e necessidades reais funcionou como um estímulo para a superação das dificuldades de expressão oral e escrita;
  • Escrever sobre as atividades do Projeto Articulador “Tornar uma Área Produtiva de Forma Sustentável” constituia um ato efetivo de comunicação, o que tornava motivadora a escrita.
  • A utilização intensiva da competência de ler e escrever foi uma experiência motivadora e importante para a continuação do aprendizado;
  • Coordenadores docentes receberam comunicações espontâneas de escolas regulares freqüentadas pelos aprendizes sobre progressos surpreendentes que os alunos haviam feito na disciplina Língua Portuguesa, após sua inserção no Programa de Aprendizagem Rural.
  • Alguns dos coordenadores docentes chegaram a relatar ter recebido avaliações das escolas traduzidas como “salto de desenvolvimento” dos alunos na comunicação escrita.
  • Outros receberam notícias sobre progressos pontuais importantes, reconhecidos pela escola regular, como, por exemplo, melhor compreensão da leitura e mais qualidade na comunicação escrita e, ainda, mais e melhor expressão oral.
  • Houve depoimentos com afirmativas de que alunos que não escreviam passaram a escrever. 

Comentários sobre a importância desses resultados para os aprendizes, na vida e no trabalho, no contexto da educação nacional hoje, são desnecessários por serem evidentes. Entretanto, pensar em como chegar a eles pode ser de grande valia.

O que a Oficina fez foi muito simples: proporcionou condições para que ocorressem experiências significativas de comunicação oral e escrita.

 

Quais foram essas condições? Entre outras, merecem destaque:

 

1. A experiência de comunicar através da escrita e da fala com envolvimento emocional sobre o conteúdo comunicado:

  • comunicando conteúdo relevante que diz respeito diretamente ao comunicador;
  • trocando idéias com os pares sobre essas comunicações pessoais;
  • fazendo continuamente auto-avaliação de desempenho nas experiências de comunicação e buscando superação.

2. A superação de dificuldades técnicas da escrita e da fala:

  • tirando lições a partir da reflexão sobre a própria experiência de comunicação oral e escrita;
  • comparando e discutindo suas lições com as lições das experiências dos outros;
  • buscando adicionalmente informações sobre a adequação à norma culta através da literatura e fazendo novas tentativas de comunicação, aplicando-as, com ganho de qualidade.
Salvador Dali, Person in the window
Salvador Dali, Person in the window

 

 O fato do aprendiz concluir a Oficina com a convicção pessoal de ser capaz de comunicar-se oralmente e por escrito, é outro resultado inestimável. Proporciona o impulso para continuar melhorando a capacidade de comunicação, qualidade imprescindível para o bem viver e para o desempenho profissional futuro.

 

 

 

 
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