Por Alexandre Sayad, publicado originalmente no Portal Aprendiz em 08/03/2012
|
||
Pensar em modelos de educação que inovem ironicamente não é uma novidade. A morte do currículo foi decretada cinicamente algumas vezes – o paradigma de não seccionar o conhecimento em áreas de conhecimento chega a ser um discurso cansativo, proferido por quem acredita em uma “educação contemporânea”. O fato é que o mundo da educação padece por ser formado em sua maioria por pensadores, e não executores. Mudar um sistema de ensino é muito complexo; realizar experiências pontuais – construir escolas ideais – que sirvam de exemplo e instiguem mudanças maiores, não tanto. Mesmo assim educadores preferem elaborar teorias a realizar experiências e correr riscos. Há alguns dias fui provocado por dois jovens e inteligentes documentaristas, Antonio Lovato e Raul Perez, a dar um depoimento sobre “a escola que considero ideal”. Nunca havia pensado de forma totalmente onírica e livre sobre esse tema, então coloquei minha mente para rodar antes da câmera ser ligada. Viajei muito no Brasil e no mundo para conhecer escolas; ouvi outras tantas de amigos. Nesse meu fluxo de pensamento interno me lembrei dos laboratórios do MIT (Massachusetts Institute of Technology), do |
Schumacher College, da Escola da Ponte, da Cidade Escola Aprendiz, de uma escola dinamarquesa relatada pelo Rubem Alves, em que estudantes aprendiam a construir uma casa e também da Oregon Episcopal School, a OPS, que me encantou. Todos os exemplos têm elementos em comum: ignoram o currículo, pois trabalham por projetos – teoria que data dos anos 40. E todas são idealizadas e coordenadas por educadores fora dessa cátedra. Antes de dar a reposta cara a cara com os dois cineastas, pensei, muito centralmente, nas minhas experiências com jovens produzindo comunicação – como o Idade Mídia, do Colégio Bandeirantes. Vivências em que os estudantes se apropriam do espaço escolar e aprendem muito mais assim: quando sua expressão surge no universo do aprendizado; e quando são estimulados a acreditar na sua capacidade de realização de um projeto – no caso uma revista ou um documentário. Mas quando comecei a falar, quis dar um passo atrás do meu sonho de escola educomunicativa para ser mais desamarrado de conceitos, e procurei achar pontos em comum a todas elas. E percebi: são experiências de e para “garagens”. Me lembrei daquelas garagens de casas antigas, onde se acumulam |
bugigangas, mas há sempre uma mesa para se sentar e organizar as ideias. Portanto, cheguei a conclusão que minha escola ideal assemelha-se a uma garagem. Dessas mesmo onde as crianças têm a tentação de montar robôs com peças velhas. Lá, o foco está na criação e inovação do estudante. O professor é um tutor que circula entre os objetos, orienta as criações e aprende muito também. Um tablet conectado à internet seria o material básico. Os produtos lá desenvolvidos trariam um pouco de cada disciplina. Quando terminei a entrevista, tive a estranha sensação de ter vivido essa atmosfera de garagem, na maioria das vezes, em ambientes educomunicativos. Fui induzido a pensar na comunicação novamente. Muito porque ela está no DNA do estudante antes mesmo da escolarização chegar. Este é seu ponto mais forte – joga a favor do estudante. A garagem tem um apelo tão forte para a educação que, se nenhum projeto for capaz de brotar daquele ambiente, ainda é possível vender limonada (como fazem os norte-americanos) ou montar uma banda de rock (como faz qualquer jovem). O que, em ultima instância, são também projetos. |
Escola deveria ser garagem 9 de março de 2012
Revista Nova Escola e Os Protótipos Curriculares de Ensino Médio 13 de outubro de 2011
A revista Nova Escola – Gestão Escolar, de agosto/setembro de 2011, publica uma longa matéria sobre o currículo do Ensino Médio. A matéria inclui uma entrevista com Marilza Regattieri da UNESCO. Na entrevista, Marilza fala sobre os Protótipos Curriculares de Ensino Médio e de Ensino Médio Integrado, sobre os quais já escrevemos aqui. Transcrevemos abaixo um excerto da entrevista de Marilza:
Como funciona o protótipo de Ensino Médio de formação geral, criado pela Unesco em parceria com o MEC?
MARILZA Ele segue o modelo-padrão das escolas públicas brasileiras: três anos de duração e carga horária anual de 800 horas. O diferencial, porém, é que o currículo tem um núcleo de preparação básica para o trabalho e demais práticas sociais, que ocupa 25% do tempo letivo (200 horas anuais) e consiste num trabalho interdisciplinar que envolve todos os professores e estudantes de uma mesma série. Esse grupo irá desenvolver um projeto focado em atividades de pesquisa e trabalho tendo, para cada ano do Ensino Médio, um tema norteador – no primeiro, escola e moradia como ambientes de aprendizagem, no segundo, ação comunitária, e no terceiro, vida e sociedade. Essa formação curricular considera as áreas de conhecimento – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Ciências Humanas e suas Tecnologias – e a matriz de competências e habilidades do novo Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). Leva em conta ainda o que chamamos de dimensões articuladoras do projeto – Ciência, Cultura, Tecnologia e Trabalho.
A íntegra da matéria pode ser lida clicando aqui.
Rio Grande do Sul vai mudar ensino médio 10 de outubro de 2011
O portal IG São Paulo, em texto de Cinthia Rodrigues, no dia 08/10/2008, publicou a seguinte notícia:
A partir do ano que vem, escolas no Estado terão menos tempo de aulas exclusivas de uma disciplina e mais para projetos integrados
A partir de 2012, os estudantes do 1º ano do ensino médio na rede pública do Rio Grande do Sul deixarão de ter a tradicional divisão das aulas em química, física, biologia, história, geografia, sociologia, filosofia, língua, língua estrangeira, educação física e matemática. No lugar entrarão projetos temáticos interdisciplinares que contemplem as mesmas quatro áreas de conhecimento cobradas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza e as respectivas tecnologias.
Aprender a aprender 30 de junho de 2009
Com o vídeo Aprendre a Aprendre, iniciamos uma nova categoria no blog: Educação Em Vídeo.
Sobre o vídeo, como um comentário breve, é importante destacar as características indispensáveis à incorporação dos esquemas operatórios do aprender com autonomia, que estão presentes na primeira fase do vídeo:
- o despertar do interesse pela aprendizagem;
- o lançamento, pelo mestre, de um desafio (problema, projeto) passível de ser superado pelo aprendiz (o vaso de cerâmica);
- a indicação do resultado esperado (o vaso) e não do processo de obtenção dele;
- a indução, pelo mestre, da repetição do processo de fazer – refletir – refazer;
- o mestre espera, com paciência e a distância que o aprendiz supere o desafio;
- a valorização do resultado obtido (o abraço).
Já na segunda parte do vídeo, o processo educativo tem caracaterísticas diferentes.
Utilizando essa diferença entre as duas partes do vídeo, em capacitação de educadores, sugere-se a seguinte forma de explorar o recurso:
1. Solicitar que os professores em capacitação relacionem as características do aprender a aprender presentes na primeira etapa do vídeo, como fizemos acima.
2. Depois, perguntar pela diferença entre os dois momentos educativos (confecção do vaso e a sequência posterior);
3. Lançar a pergunta: a segunda parte do vídeo pode ser considerada uma forma de facilitar o aprender a aprender, como foi a primeira?
4. Debater;
5 Concluir.
O MEC anuncia: a aula expositiva e a demonstração estão proibidas 12 de junho de 2009

Piet Mondrian - Opposition of Lines
É claro que o título deste post é uma ficção.
A aula expositiva é seguramente o método didático mais difundido e de uso quase exclusivo nas quatro últimas séries do Ensino Fundamental, em todo Ensino Médio e no Ensino Superior. A demonstração (mostrar como se faz e pedir para repetir) é ainda o método prevalecente na educação profissional e no ensino que envolva um saber fazer qualquer.
Um Ministro da Educação que ousasse uma proibição desse tipo de práticas provavelmente seria considerado louco e perderia seu cargo no dia seguinte. Se não perdesse e a proibição vigorasse para valer, milhares de professores não teriam nada o que fazer na próxima aula. No mesmo dia, milhões de alunos seriam retirados de sua passividade recorrente ou de sua atividade subserviente.
A proibição não seria um ato despropositado? Daria resposta a uma questão importante? Face aos problemas da educação brasileira parece uma medida superlativa, tratando de coisa menor. Não é.
Desconsiderando a pouca efetividade deles, sabe-se que os métodos centrados no professor nem sempre partem e sempre dependem do saber existente em um determinado grupo-classe. Assim, o “bom professor” ajusta sua fala ou sua demonstração ao saber prévio de seus alunos.
O professor inclusivo, preocupado com promoção de todos os seus alunos, especialmente dos mais carentes, ajusta sua palavra ou demonstração para atender aos que menos sabem. Foca no grupo dos 25% mais fracos, digamos. Já o professor “durão”, preocupado com a “qualidade” do ensino, ajusta seu foco nos que mais sabem.
Um e outro perdem 50% da turma. Um por desinteresse e o outro por incompreensão. A proibição teria o mérito de parar com essa perda inconcebível e irreparável.

Robbi Musser - The Four Faces of Whiskres
Proibida a exposição e a demonstração, o que colocar no lugar?
Qualquer método centrado na atividade dos alunos, orientada por problemas, desafios ou projetos teria o mérito de focar o ensino no grupo mais avançado sem deixar para trás os que menos sabem (Vigotski, zona de desenvolvimento proximal). Basta um mínimo de organização dos pequenos grupos.
Em um conjunto ainda inacabado de artigos temos abordado uma alternativa metodológica à exposição e à demonstração, que denominamos de aprendizagem criativa. É uma insignificante parte do repertório metodológico disponível como alternativa à fala e ao gesto magistral. Não é a ausência de opções que mantém as velhas práticas excludentes.
Neste blog, temos discutido as causas do imobilismo. Em uma série, também ainda inconclusa, sobre o Ensino Médio localizamos quatro causas: o currículo imutável, o sistema de formação de professores, a atual facilidade de operação administrativa do ensino (de teor taylorista/fordista) e o pensamento pedagógico dominante.
Um monstro de quatro faces segura a evolução. Quem terá a coragem de enfrentar tal animal? Armas inusitadas precisam ser usadas. Senhor Ministro, que tal proibir a aula expositiva e a demonstração?
Competências básicas para o trabalho e para a vida: a experiência da Oficina de Comunicação Oral e Escrita no Programa de Aprendizagem Rural 13 de setembro de 2008
O Programa de Aprendizagem Rural, destinado aos jovens aprendizes, foi desenvolvido pela Germinal Consultoria para o SENAR de São Paulo. Busca desenvolver competências básicas para o trabalho, competências gerais para o trabalho rural e competências para o empreendedorismo. Para o desenvolvimento dessas competências, tem uma organização curricular composta por Projetos e Oficinas, como pode ser visto aqui. Para cada um desses componentes curriculares foi elaborado um manual para o coordenador docente, outro para o participante, de modo a propiciar um referencial para a ação docente e facilitar a integração e o treinamento dos professores do Programa.
Como na amostra da Oficina de Comunicação Oral e Escrita publicada no post anterior, o manual do coordenador docente contém sugestão para o desenvolvimento da Oficina, detalhada passo a passo. Os manuais estão desenhados de forma a promover a integração entre as diferentes unidades curriculares. Esta integração é feita pelo projeto que articula cada eixo temático ou dimensão do Programa. No caso da Oficina de Comunicação Oral e Escrita, Ser Pessoa é o eixo temático e o Projeto de Vida é o que articula o currículo do eixo.
Todos os eixos do Programa (Ser Pessoa, Ser cidadão, Ser Profissional, Ser Profissional da Agricultura e da Pecuária, Ser Empreendedor) são articulados pelo Projeto “Tornar uma Área Produtiva de Forma Sustentável”, que implica no trabalho em um terreno experimental. Assim, o trabalho concreto é a dimensão que integra todo o currículo. A forma como os conteúdos se integram através dos projetos pode ser vista claramente na quarta sessão de aprendizagem da Oficina, postada anteriormente.
Esses manuais já foram utilizados por um conjunto de coordenadores docentes do Programa de Aprendizagem Rural, em diferentes localidades do Estado de São Paulo. Posteriormente, em reunião de avaliação, os docentes relataram experiências com o desenvolvimento do Programa, em suas diferentes oficinas.
Resultados
Os relatos dos resultados obtidos com a Oficina de Comunicação Oral e Escrita foram particularmente interessantes, e em alguns casos surpreendentes, porque iniciaram uma mudança positiva mais ampla na vida dos aprendizes.
Vários coordenadores docentes que utilizaram efetivamente as sugestões do manual, em diferentes localidades, comunicaram resultados similares, tais como:
- Os jovens se envolveram, e com prazer, nas atividades de expressão oral e escrita propostas;
- Escrever e falar sobre si mesmo, seus planos, perspectivas e necessidades reais funcionou como um estímulo para a superação das dificuldades de expressão oral e escrita;
- Escrever sobre as atividades do Projeto Articulador “Tornar uma Área Produtiva de Forma Sustentável” constituia um ato efetivo de comunicação, o que tornava motivadora a escrita.
- A utilização intensiva da competência de ler e escrever foi uma experiência motivadora e importante para a continuação do aprendizado;
- Coordenadores docentes receberam comunicações espontâneas de escolas regulares freqüentadas pelos aprendizes sobre progressos surpreendentes que os alunos haviam feito na disciplina Língua Portuguesa, após sua inserção no Programa de Aprendizagem Rural.
- Alguns dos coordenadores docentes chegaram a relatar ter recebido avaliações das escolas traduzidas como “salto de desenvolvimento” dos alunos na comunicação escrita.
- Outros receberam notícias sobre progressos pontuais importantes, reconhecidos pela escola regular, como, por exemplo, melhor compreensão da leitura e mais qualidade na comunicação escrita e, ainda, mais e melhor expressão oral.
- Houve depoimentos com afirmativas de que alunos que não escreviam passaram a escrever.
Comentários sobre a importância desses resultados para os aprendizes, na vida e no trabalho, no contexto da educação nacional hoje, são desnecessários por serem evidentes. Entretanto, pensar em como chegar a eles pode ser de grande valia.
O que a Oficina fez foi muito simples: proporcionou condições para que ocorressem experiências significativas de comunicação oral e escrita.
Quais foram essas condições? Entre outras, merecem destaque:
1. A experiência de comunicar através da escrita e da fala com envolvimento emocional sobre o conteúdo comunicado:
-
comunicando conteúdo relevante que diz respeito diretamente ao comunicador;
-
trocando idéias com os pares sobre essas comunicações pessoais;
-
fazendo continuamente auto-avaliação de desempenho nas experiências de comunicação e buscando superação.
2. A superação de dificuldades técnicas da escrita e da fala:
- tirando lições a partir da reflexão sobre a própria experiência de comunicação oral e escrita;
- comparando e discutindo suas lições com as lições das experiências dos outros;
- buscando adicionalmente informações sobre a adequação à norma culta através da literatura e fazendo novas tentativas de comunicação, aplicando-as, com ganho de qualidade.
O fato do aprendiz concluir a Oficina com a convicção pessoal de ser capaz de comunicar-se oralmente e por escrito, é outro resultado inestimável. Proporciona o impulso para continuar melhorando a capacidade de comunicação, qualidade imprescindível para o bem viver e para o desempenho profissional futuro.
Jovem Aprendiz Rural ganha sede própria em Taguaí 3 de setembro de 2008
O jornal Sudoeste do Estado divulga uma notícia sobre a implementação do Jovem Aprendiz Rual no Município de Taguaí (SP), que reproduzimos a seguir. Para saber mais sobre o Programa Jovem Aprendiz Rural e sobre a participação da Germinal no design e implementação do Programa, clique aqui. Para saber mais sobre o Projeto Articulador “Tornar uma área produtiva de forma sustentável”, clique aqui.
Observem que as fotos não fazem parte do contexto da notícia e foram incluídas por nós. Duas delas ilustram o projeto de criação de uma revista eletrônica, proposta na Oficina de Informática. A outra mostra uma repesentação teatral, recurso para o desenvolvimento de competências básicas para o trabalho, que junto com o desenvolvimento das competências gerais para o trabalho rural e das competências para o empreendedorismo, constituem o propósito do curso.
“Uma parceria entre o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e a Prefeitura Municipal de Taguaí está garantindo a adolescentes taguaienses a chance de aprenderem noções sobre agricultura e pecuária, em um espaço apropriado, já que o antigo matadouro municipal foi reformado e reformulado para atender as necessidades do Programa Jovem Aprendiz Rural.
Desde junho o projeto ganhou uma sede nova, pois antes funcionava no anfiteatro da Escola Pedro Soldera, e agora já pode atender da melhor forma cerca de 30 adolescentes, entre meninos e meninas de 14 a 17 anos, que freqüentam a escola no período da manhã e ao saírem dirigem-se ao projeto, onde recebem almoço fornecido pela Cozinha Piloto de Taguaí e participam de aulas teóricas e práticas.
Das 13:00 horas às 17:00 horas os adolescentes participam do programa, orientados pelas instrutoras Carolina Andrade (zootecnista) e Elisângela de Oliveira (pedagoga). Os cursos ministrados por Carolina são voltados a área da agricultura e pecuária, abordando temas como a degradação do meio ambiente, aulas sobre o plantio e cultivo de milho, mandioca, cana-de-açúcar, legumes, verduras, ervas medicinais, além da criação de animais de pequeno porte como coelho, codorna e frango.
Já a orientadora Elisângela cuida da parte pedagógica do programa, transmitindo aos adolescentes lições de trabalho em equipe, como alcançarem seus objetivos pessoais e profissionais, como se comunicarem melhor verbalmente, entre outras. As aulas teóricas são ministradas dentro da sala, de uma forma que leve os participantes a interagirem com os colegas, permitindo a participação de todos em debates e discussões, facilitando a aprendizagem e a compreensão.
Além da parte didática os jovens atendidos pelo programa também participam de projetos de teatros, viagens e visitas, pois assim os instrutores procuram ensinar de uma forma divertida, com mais brincadeiras e menos rigidez. Um exemplo é a viagem que está programada para Rubião Junior, à Faculdade de Agronomia, Zootecnia e Veterinária, tudo para que os adolescentes conheçam a realidade das profissões que sonham ter.
Outra parte importante do programa Jovem Aprendiz Rural são as aulas de informática, que levará os participantes a aprendem a criar seus próprios blogs, páginas na Internet, tudo para que futuramente possam divulgar seus trabalhos.
Segundo o coordenador e médico veterinário, Neto Lança, neste último sábado, 09, o grupo participou da Campanha de Vacinação, no Centro de Saúde, expondo os produtos cultivados na sede do programa, dando sementes e orientações sobre o seu cultivo às pessoas que por lá passavam, visando incentivar adultos e crianças a consumirem legumes e verduras.
O programa segue até novembro, quando os participantes receberão um certificado de conclusão do curso.”
Curso Especial de Formação Pedagógica 25 de julho de 2008
O excerto de projeto de Curso Especial de Formação Pedagógica, elaborado pela Germinal Consultoria e apresentado a seguir, faz parte de um Projeto de Instituto Superior de Educação (ISE) não implementado, por questões estranhas ao projeto técnico.
“A arquitetura como construir portas, de abrir; ou como construir o aberto; construir; não como ilhar ou prender, nem construir como fechar secretos; construir portas abertas em portas; casas exclusivamente portas e teto. O arquiteto: o que abre para o homem (tudo se sanearia desde casas abertas) portas por-onde, jamais portas-contra; por onde, livres: ar luz razão certa.[…].” [1] João Cabral de Melo Neto
O presente projeto pedagógico é um detalhamento do Projeto Pedagógico do Instituto Superior de Educação (ISE), elaborado pela Germinal Consultoria. O Projeto Institucional atribui ao Projeto Pedagógico a tarefa de integrar em um único currículo duas distintas trajetórias de capacitação para o magistério. Em uma delas, o currículo adiante desenhado cartografa o fim de uma trajetória para a formação docente. Capacita para o magistério os egressos do ensino superior, que não foram licenciados (Programa Especial de Formação Pedagógica). Na outra trajetória, o mesmo currículo está colocado no início do processo destinado à capacitação de docentes. Será o módulo inicial de todas as formações propostas pelo ISE (Módulo I – Módulo Básico de Formação Pedagógica).
No presente projeto pedagógico une-se o começo e o fim. Ao colocar a formação pedagógica mínima e comum no início e no final da trajetória de capacitação para o magistério, efetua-se uma junção de duas perspectivas educacionais opostas. A colocação da formação pedagógica no término do processo de capacitação docente implica em considerar necessário saber antes de ensinar. Implica, ainda, em dividir os tempos de aprender dos tempos de ensinar. Sugere, por fim, uma dicotomia entre os papéis do ser que aprende e do ser que ensina.
A formação pedagógica colocada no início do processo de capacitação para o magistério insinua afirmações opostas. Pode-se ensinar antes de aprender ou, pelo menos, pode-se aprender ensinar ensinando. Os tempos de aprender e ensinar podem ser simultâneos. Os papéis de mestre e aprendiz podem se confundir em uma trajetória comum de construção do conhecimento.
A união das trajetórias distintas é, então, uma junção de opostos. Toda junção de opostos requer criatividade e pode ser um momento criativo[2]. A criatividade é freqüentemente mediada por símbolos. Um símbolo tradicional veicula uma imagem similar à situação vivida aqui. Trata-se do uróboro[3]. O uróbolo pode ser símbolo de uma situação sem saída ou do eterno retorno. Pode também representar um salto qualitativo em uma linha evolutiva. Ao juntar o velho e o novo, o princípio e o fim, espera-se que este projeto pedagógico não repita as deficiências atuais dos cursos destinados à formação para o magistério, inúmeras vezes reconhecidas. Espera-se um salto qualitativo e a definição de um novo padrão e a fixação de uma nova referência para a formação de docentes.
O Programa Especial de Formação Pedagógia
A primeira trajetória a ser integrada é a formação para o magistério de egressos do ensino superior. Nesta vertente está prevista a licenciatura em todos os campos do saber. Tal possibilidade é aberta pelo Programa Especial de Formação Pedagógica, que visa a preparação de docentes especialistas para as disciplinas do currículo do ensino fundamental, do ensino médio e da educação profissional de nível médio.
A lei brasileira de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional já prevê a existência de um programa destinado a egressos do curso superior interessados na carreira do magistério. Ela diz explicitamente:
“Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão:
II – programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à educação básica;”[4]
Na lei, o programa é destinado aos portadores de diplomas de educação superior que queiram dedicar-se à educação básica. Conforme a Resolução CNE no. 2, de 26 de junho de 1997, o programa “destina-se a suprir a falta de professores habilitados, em determinadas disciplinas e localidades, em caráter especial”. Atende portadores de diplomas de nível superior, em cursos relacionados com a habilitação pretendida. Segundo a Resolução, o programa terá uma duração mínima de 540 horas, incluindo a parte teórica e a parte prática. A teoria e a prática devem ser concomitantes, vedada a parte prática exclusivamente ao final do programa. O profissional de nível superior que concluir o programa especial de formação pedagógica receberá certificado e registro profissional equivalente à licenciatura plena.
Nesta primeira vertente, a formação docente parece ser muito semelhante com a que convencionalmente é hoje praticada. A formação do especialista precede e é prioritária em relação à formação docente. A formação do especialista demanda mais tempo, em geral três anos. A formação docente tem formação mais reduzida, em geral um ano. Assim posto, o Programa Especial de Formação Pedagógica nada mais será que uma repetição do esquema 3×1[5], com a diferença que a formação técnica poderá ser feita em outra Instituição de Ensino Superior e a formação pedagógica após a certificação da conclusão da formação técnica ou especializada.
A forma legal do Programa carrega no mínimo duas suposições prévias. Está implícito, tal como no esquema 3×1, que o domínio de um saber especializado é um pré-requisito e uma porta aberta para a docência. Supõe-se também que a formação mínima para a docência exige as citadas 540 horas de duração. O senso comum não questiona a primeira suposição. A segunda, mesmo com base no senso comum, já é muito discutível.
O Módulo Básico de Formação Pedagógica
Integrada ao mesmo programa, a segunda vertente de capacitação contraria e coloca em questão a necessidade de um saber prévio ao ato de ensinar. Assim, o mesmo currículo do Programa Especial de Formação Pedagógica será adotado como currículo do Módulo Básico de Formação Pedagógica. Este será o módulo inicial (Módulo I) de capacitação para todos os profissionais da educação (docentes, técnicos e gestores) a serem formados pelo ISE. Nele serão matriculados, prioritariamente, jovens egressos do Ensino Médio supostamente ainda distantes daquele saber atribuído aos que já concluíram o ensino superior. A visão esquemática do ISE (anexo 1) pode auxiliar na visualização desta dupla destinação do Programa.
Nesta segunda vertente, principalmente no caso da formação inicial de futuros professores especialistas para disciplinas das quatro últimas séries do Ensino Fundamental e do Ensino Médio e no caso de futuros professores de Educação Profissional e Corporativa, a construção do saber pedagógico é simultânea à abordagem do conteúdo específico e objeto de ensino do futuro professor. O Módulo Básico de Formação Pedagógica é colocado pelo Instituto Superior de Educação como centro do Projeto Institucional e assumido como Instrumento fundamental da formação comum de todos os profissionais de educação.
A junção dos opostos
“Adotando o princípio de economia de esforços e o de racionalização do trabalho, ambos aplicados ao desenho curricular, o ISE junta as perspectivas de formação comum e de formação especial em uma só. Com duração de 645 horas, o Instituto oferece a complementação pedagógica (e licenciatura) para os portadores de diplomas de ensino superior. No caso, é mantida a designação de Programa Especial de Formação Pedagógica, enquanto for de direito. Oferece, paralelamente e ao mesmo tempo, como Módulo Básico de Formação Pedagógica, a preparação comum mínima para a formação inicial de todos os professores de educação básica”[6].
O desenvolvimento do presente projeto deverá demonstrar que as duas vertentes de capacitação docentes já referidas só são contraditórias face à visão do papel da escola e do professor como vetores de transmissão do conhecimento.
Na situação presente, a contradição é aumentada com a atual concepção curricular e organização do trabalho no ensino superior que separa e distancia o bacharelado da licenciatura.
Complementa o quadro contraditório a vigente separação entre a teoria e a prática, tanto na formação especializada como na capacitação docente. Superar a contradição significa, também, superar uma determinada concepção de educação, de educação dos educadores e de educação profissional em nível superior.
A fusão do Módulo Básico de Formação com o Programa Especial de Formação Pedagógica é possível na medida em que a capacitação para o magistério esteja centrada no desenvolvimento de competências para a docência. Aí, o desenvolvimento das capacidades especificamente pedagógicas será feito ao mesmo tempo em que se facilita o domínio necessário do campo profissional ou de conhecimento básico ou especializado. O conhecimento especializado ou genérico e o conhecimento pedagógico serão construídos ou ampliados simultaneamente com a constituição das competências para a docência.
A competência para a docência é mais complexa do que o domínio do referencial teórico da área especializada (disciplina ou área de estudo) e de uma teoria pedagógica de referência. Envolve a possibilidade de mobilizar (ou de buscar, construir ou criar quando não disponível) os conhecimentos já referidos, as habilidades específicas de coordenação e animação do processo de ensino e o conjunto de valores implicados na arte de ensinar.
O papel do docente do ISE, expresso na prática efetiva e tomado como modelo de comportamento, será o de facilitar a aprendizagem ao propor e coordenar as atividades, as iniciativas individuais e coletivas de resolução de problemas e o desenvolvimento de projetos que possibilitam a constituição das competências docentes. O desenho do currículo será orientado, então, pela definição do papel docente (expresso no perfil profissional de conclusão) e pelas competências docentes a serem constituídas.
Perfil Profissional de Conclusão
O perfil profissional de conclusão referir-se-á ao Programa Especial de Formação Pedagógica e ao Módulo Básico de Formação Pedagógica. No primeiro caso, o perfil deverá expressar o rol mínimo de competências a serem demonstradas pelo professor formado pelo ISE. Isto significa que os concluintes do Módulo Básico de Formação Pedagógica também já terão constituído essas competências, mesmo no início do processo formativo. Vale dizer que, mais que a ampliação do rol de competências, nos demais módulos da formação inicial de docentes (Normal Superior, demais Licenciaturas) buscar-se-á um nível sempre mais especializado e complexo de domínio das mesmas competências definidas para o Programa Especial de Formação Pedagógica.
Ao final do Programa Especial, o aluno terá condições de assumir as funções profissionais básicas do professor especialista da Educação Básica (últimas quatro séries do Ensino Fundamental e Ensino Médio) e da Educação Profissional (básica e técnica de nível médio), apresentando as seguintes características:
PERFIL PROFISSIONAL DE CONCLUSÃO
1· Procura manter-se atualizado em relação aos avanços nos campos da sociedade e da cultura, da ciência e da técnica, da saúde e do meio ambiente, da política e da filosofia de vida e, especialmente, da educação, definindo sua posição e forma de participação em relação a cada um desses avanços, consciente de que é um modelo importante para os seus alunos e que a educação é uma forma de intervenção no mundo. 2· Participa ativamente, organiza e estimula a participação dos alunos no desenvolvimento social , cultural e econômico do entorno comunitário da escola, aproveitando ao máximo o seu potencial educativo. 3· Lida de forma cada vez mais competente com problemas, reconhecendo-os, analisando-os e resolvendo-os, desenvolvendo continuamente suas capacidades relacionadas ao processamento da informação, ao pensamento e ação estratégicos, ao planejamento, à gestão do tempo e à avaliação. 4· Entende que sua missão profissional de ensinar não é a de transferir conhecimento, mas de criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção dentro de um processo de constituição de competências, e que o ensino é inválido se não resulta em aprendizagem, se o aluno não se tornou capaz de recriar ou de refazer o que foi ensinado. 5·Zela pela aprendizagem dos alunos e cria condições para a constituição de competências que cada vez mais: · preservem e estimulem a curiosidade do educando, que deve passar de ingênua a crítica através da reflexão sobre a prática; · respeitem a identidade cultural do educando; · respeitem e solicitem a capacidade criadora e os saberes do educando; · reconheçam o valor das emoções, da sensibilidade, da afetividade, da intuição; · estimulem a autonomia do educando; · abram espaço para a assunção de riscos e a consideração do novo; · cultivem e valorizem o prazer como um importante atributo da aprendizagem; · rejeitem qualquer forma de discriminação. 6· Fundamenta seu trabalho cotidiano em referências teóricas, éticas e estéticas e em métodos e recursos didáticos compatíveis com uma concepção de educação compartilhada e/ou construída ou reconstruída pela equipe escolar. 7· Avalia continuamente seu trabalho de ensino, a aprendizagem dos alunos e a execução do projeto pedagógico da escola como instrumento de aprimoramento pessoal e profissional e de melhoria de processos e resultados. 8· Formula suas demandas de educação profissional continuada e realiza investimentos pessoais em seu aperfeiçoamento profissional contínuo. 9· Cultiva, a partir da análise da sua própria experiência dentro da escola e fora da escola, qualidades indispensáveis à prática educativa que interferem diretamente em seu desempenho como educador: · humildade[7]; · amorosidade ao aluno e ao processo de ensinar; · tolerância, como virtude que ajuda a conviver com o diferente; · disponibilidade para o diálogo; · capacidade de decisão; · segurança, que por sua vez requer competência científica, clareza política e integridade ética; · parcimônia verbal, em prol de um discurso na medida e com o tempero certo. · alegria de viver, para poder estimular e lutar pela alegria na escola[8]. 10· Integra-se de modo ativo na sua categoria profissional.
|
Princípios Pedagógicos
O Projeto Institucional Pedagógico do Instituto Superior de Educação definiu um conjunto de princípios orientadores para a formação inicial de professores. Esses princípios também orientarão o desenho do Programa Especial de Formação Pedagógica, no mínimo pela sua identidade com o Módulo I – Módulo Básico de Formação Pedagógica, módulo inicial para todas as demais carreiras docentes. No Programa Especial de Formação Pedagógica, no entanto, eles ganham alguma especificidade. A ver:
Da formação comum para a específica
O primeiro princípio diz que o desenvolvimento das competências necessárias e comuns a todos os professores precederá à específica. Este princípio confere ao ISE uma identidade como instituição centralmente preocupada com a formação para o magistério. O objetivo do ISE é a formação de professores e não a formação de especialistas ou técnicos que possam vir a ser professores. No caso do Programa Especial de Formação Pedagógica, no entanto, a formação técnica ou especializada terá precedido a formação docente. Mesmo aqui, a formação comum terá precedência sobre a formação especializada. Isto fica claro no perfil profissional de conclusão. A ênfase é na formação do professor e o perfil descrito não é o de um professor especialista. Isto implica em prioridade da didática geral sobre a específica. Implica ainda em considerar os conteúdos da área específica como meios para o desenvolvimento das competências previstas para a educação básica. Significa, por fim, fazer da formação técnica um instrumento na constituição das competências docentes necessárias a todos os professores[9].
Da ação para a reflexão e da reflexão para a ação
O Projeto Institucional Pedagógico do ISE diz que todo o “percurso da formação básica e inicial de docentes será desenvolvido a partir da ação (prática, criativa, transformadora). A toda ação seguir-se-á momentos estruturados de reflexão. A reflexão deverá sempre resultar em uma ação renovada, mais rica e complexa. Essa ação melhorada dará início a um novo movimento de reflexão e transformação. A melhoria contínua da atuação docente é princípio inerente ao currículo(…)”[10]. No caso do Programa Especial de Formação Pedagógica, a ação e a reflexão repetidas e renovadas, em grau crescente de complexidade, devem incluir uma revisão do conteúdo da área de especialização, tendo em vista a constituição de competências, e uma crítica ao processo de formação especializada anterior. Desconstruir a visão de escola enquanto transmissora de conhecimentos e apagar a marca dos modelos anteriores de professor podem ser alvos necessários desse fazer e refazer repetidos e intermediados pela reflexão.
A formação docente estará orientada para a constituição de competências
Toda a formação de docentes, técnicos e gestores da educação a ser proporcionada pelo ISE será orientada para constituição de competências. No caso da formação de professores, todos os cursos, na definição das competências a serem constituídas, irão pautar-se pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica , em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena.
Os projetos articulam o currículo
A prática, entendida como o engajamento em uma atividade criativa e transformadora e orientada para a elaboração, execução, avaliação e sistematização dos resultados de projetos, constitui o cerne da proposta curricular e institucional do ISE/SENAC-SP. São quatro projetos que articulam todos os currículos: Projeto 1: Operação de programas especiais de educação básica e/ou de educação profissional Projeto 2: Operação de Escola ou Centro de Aplicação Projeto 3: Aplicação na Escola Projeto 4: Cidade Educativa
No caso de formação de professores, os projetos estarão direta ou indiretamente ligados à prática docente. Na formação inicial de docentes, os projetos dizem respeito à regência de classes de Educação Básica ou de Educação Profissional. No caso do Programa Especial de Formação Pedagógica, a prática docente se fará em Programas Especiais de Educação Básica ou de Educação Profissional. As atividades de projeto incluem o planejamento e a avaliação da prática de ensino. O conjunto dessas atividades envolve cerca de 50% (300 horas) da carga horária prevista. No Programa Especial de Formação Pedagógica, a partir do eixo do projeto, de um lado, circularão Oficinas Pedagógicas que terão como foco a abordagem sistemática de uma ou mais competências docentes, como forma de facilitar a preparação, execução, avaliação ou sistematização das atividades de projeto. Estas ações educativas, constituirão cerca de 25% da duração total dos cursos. Complementando a visão circular também no desenho do currículo, do outro lado do centro constituído pelas atividades de projeto, completando os 25% de tempo restante, estão as Oficinas Temáticas voltadas para o desenvolvimento e instrumentalização das competências ligadas à uma especialidade profissional ou a um campo específico do conhecimento. No caso do Programa Especial de Formação Pedagógica, serão, aí, abordadas a Área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, a Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias e a Área de Ciências Humanas Sociais e suas Tecnologias. Essas áreas abordarão as competências próprias da Educação Básica, cujo domínio é fundamental para a capacitação de todos os profissionais docentes que atuarão neste nível de ensino. Ao projeto está destinada a constituição das competências mais amplas e complexas ligadas ao perfil de conclusão projetado. No caso do Programa Especial de Formação Pedagógica e, portanto, do Módulo Básico de Formação Pedagógica, a articulação do currículo será feita pelo Projeto 1 (Operação de Programas Especiais de Educação Básica e de Educação Geral) e pelo Projeto 4 – fase inicial (Aprender a Cidade). Para as Oficinas Pedagógicas e Temáticas está destinado o papel de constituição de competências instrumentais à constituição das competências mais complexas, estas últimas objeto das atividades de projeto.
A constituição de competências orientará a avaliação
Todo o processo de avaliação do ISE será orientado no sentido de acompanhar e aquilatar o nível de constituição das competências previstas. A avaliação será uma tarefa coletiva (beneficiários, dirigentes, professores, companheiros, alunos) e estará prioritariamente orientada para a melhoria contínua de processos e resultados. Uma descrição mais detalhada do processo de avaliação está contida em tópico específico deste documento.
|
Os Núcleos Curriculares
O Programa Especial de Formação Pedagógica tem uma duração prevista de 645 horas. Com a mesma duração, o Módulo Básico de Formação Pedagógica é o primeiro módulo e ocupa uma terça parte dos dias letivos do primeiro ano destinado à formação de novos professores. A responsabilidade pela constituição de competências comuns a todos os professores de educação básica está distribuída entre as ações educativas dos Núcleos Contextual, Estrutural e Integrador, previstos pela Resolução CNE nº2/97. Tal como na Resolução, estão previstas 300 horas de prática. Tal como o prescrito pela Resolução, teoria e prática serão desenvolvidas de forma simultânea e integrada.
Os núcleos previstos na Resolução CNE nº2/97 foram adotados como a estrutura básica e centralizadora de todos os cursos do Instituto Superior de Educação. Eles são também a estrutura curricular do Programa Especial e do Módulo Básico de Formação Pedagógica. A saber:
Núcleo Integrador: com a duração de 345 horas correspondente à parte prática, abrigará as atividades diretamente relacionadas ao Projeto 1, Operação de Programas Especiais de Educação Básica ou de Educação Profissional, e ao Projeto 4, Cidade Educativa. Da duração total, 100 horas estarão destinadas à execução em sala de aula (docência, tutoria) do Projeto 1. Outras 100 horas serão destinadas à preparação da operação (planejamento e organização do trabalho escolar). Outras tantas 100 horas serão usadas na avaliação e sistematização dos resultados (a partir de diferentes perspectivas teóricas). Nesses tempos, dividida em pequenos grupos, cada turma do Módulo Básico ou Programa Especial de Formação Pedagógica vai operar completamente pelo menos um dos programas especiais. Finalmente, nas 45 horas restantes será executada a primeira fase, Aprender a Cidade, do Projeto Cidade Educativa.
Núcleo Contextual: visa a constituição de competências didáticas específicas que facilitem o planejamento, a condução e a avaliação do processo de ensino aprendizagem previstos nos programas objeto do Projeto 1 ou de mobilização comunitária prevista no Projeto 4. Não deve ser entendido como um componente curricular destinado à teoria pedagógica ou social isoladas das instâncias de aplicação. A construção teórica no ISE decorre da prática, refere-se sempre a ela e a ilumina. O Núcleo Contextual terá a duração de 150 horas de trabalho efetivo.
Núcleo Estrutural: inclui a busca e a pesquisa de conteúdos curriculares relacionados às diferentes especialidades e necessários à constituição de competências e à ampliação do repertório do futuro professor para que ele possa orientar processos de buscas semelhantes, embora em menor grau de profundidade e complexidade. No caso do Módulo Básico de Formação Pedagógica está centrado na garantia do domínio das competências previstas para a Educação Básica. No caso do Programa Especial de Formação Pedagógica destina-se, sempre que possível, à ampliação do nível de constituição das competências previstas para a Educação Básica. Deve também facilitar o domínio de competências referentes à didática especial e necessárias ao tratamento interdisciplinar. O Núcleo Estrutural terá a duração de 150 horas de trabalho escolar efetivo. |
Estrutura Curricular do Programa Especial de Formação Pedagógica
NÚCLEO CONTEXTUAL 150 Horas
|
|
NÚCLEO INTEGRADOR 300 Horas |
|
NUCLEO ESTRUTURAL 150 Horas |
|||||||||||
|
Oficinas Pedagógicas
|
|
Atividades de Projeto |
Oficinas Temáticas |
|||||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
||||||||
Desenvolvimento do Papel Profissional
50 horas |
|
|
Planejamento da Prática Docente (Projeto 1)
100 Horas |
|
|
Linguagens, Códigos, e suas Tecnologias
50 horas
|
|
||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
||||||||
Criação e Adaptação de Métodos e Recursos Didáticos
50 Horas |
|
|
Prática Docente (Projeto 1)
100 Horas |
|
|
Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias 50 horas
|
|
||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
||||||||
Ação Comunitária
50 horas |
|
|
Avaliação da Prática Docente (Projeto 1)
100 Horas |
|
|
Ciências Humanas e Sociais e suas Tecnologias 50 Horas
|
|
||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|||||||
|
|
|
Cidade Educativa (Projeto 4) – Conhecer a Cidade
45 horas |
|
|
|
|||||||||
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|||||
NOTAS
1. João Cabral de Melo Neto. Fábula de um Arquiteto. In: Obra Completa – A Educação pela Pedra, Editora Nova Aguilar, 1999, p. 345.
2. Vide Jung.
3. “Serpente que morde a própria cauda e simboliza um ciclo de evolução encerrado nele mesmo. (…) Ao desenhar uma forma circular, a serpente que morde a sua própria cauda, rompe com uma evolução linear e marca uma transformação de tal natureza que parece emergir para um nível de ser superior (…). Chevalier, Jean e Gheerbrant, Alain, Dicionário de Símbolos. Rio de Janeiro, José Olympio Editora, 1995, p. 922.
4. Lei 9394/96
5. Três anos de formação técnica ou especializada seguido de um ano de formação para a docência.
6. Jose Anonio Küller, Projeto Institucional Pedagógico do Instituto Superior de Educação São Paulo, 2002.
8. Os termos em itálico dos demais tópicos deste item também são de Freire. Foram retirados do texto antes citado ou de: Freire, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Editora Paz e Terra, 1996.
9. MEC. Diretrizes Curriculares Nacionais – Educação Básica / Educação Profissional de Nível Técnico (Documento Síntese), Brasília, Setembro de 2001.
10. Observe-se que, para os alunos de ensino médio, trata-se de agir como se eles já soubessem o que vão ensinar e, para os egressos do ensino superior, como se eles desconhecem o conteúdo de sua formação técnica ou especializada anterior.
Comentários