Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

Resultados do ENEM e Arquitetura escolar 3 de setembro de 2009

 

  Percebi que, no processo de construção deste blog, temos deixado muitas trilhas e atalhos incompletos.

  

 

Quem me alertou para o fato, foi uma leitora: Isabella Chaves Carvalho, que comentou em relação ao post Arquitetura Escolar e Resultados do ENEM: “Acredito sim na relação da arquitetura escolar com o Enem. Isso porque o espaço, quando bem elaborado, é capaz de exercer influência positiva no aluno, gerando seu bom desempenho nas atividades, o que leva a resultados satisfatórios na avaliação do ENEM”.

  

 A busca de uma possível relação entre a arquitetura escolar inovadora (especialmente a da sala de aula) e os resultados do ENEM é um dos atalhos que iniciei e não completei. Vou tentar fazê-lo, neste e num próximo post.

 

 Vamos começar apresentando as escolas melhor classificadas no ENEM, em 2008. Depois, vamos pesquisar como são organizados os ambientes de aprendizagem de tais escolas.

  

As campeãs do Enem de 2008, e como elas se saíram nos três anos anteriores (ver mais na Revista Época).
 Reprodução

 

 

Neste post vamos pesquisar como são organizados os ambientes escolares das cinco primeiras escolas na classificação do ENEM de 2008, dando ênfase e foco às salas de aula.

   

 

1. Colégio de São Bento, Rio de Janeiro, Particular

  

 

Observem que as mesinhas móveis possibilitam a reorganização da sala. Mas, o que aparece na foto divulgada pela Revista Época é o arranjo tradicional e a tradicional relação entre professor e aluno. No site do Colégio, encontramos a seguinte descrição: 

Laboratório de informática Todas as salas de aula têm acesso à Internet através do “kit multimídia” – datashow + notebook + microsystem. O CSB oferece acesso à rede Wireless no pátio da cantina no 5º andar, na recepção do 4º andar e no hall do 3º andar, aos alunos, pais e responsáveis que desejarem conectar seus notebooks, sem nenhum custo. Para isso, basta solicitar o registro na recepção do 4º andar”.

 

 Pelo que observamos, não é possível afirmar que a arquitetura escolar do Colégio São Bento é inovadora e, muito menos, que é revolucionária. Muito pelo contrário.

  

A proposta político-pedagógica do colégio não veicula nenhuma consideração sobre os espaços e ambientes de aprendizagem.

  

 

2. Colégio Bernoulli, Belo Horizonte, Particular

 

O Colégio Bernoulli facilita muito nosso trabalho de pesquisa. Seu site veicula fotos dos ambientes de aprendizagem do colégio. Uma delas reproduzimos ao lado. Há pouco a comentar. Nada mais tradicional do que isso.

 

No entanto a Proposta Pedagógica do Colégio diz:Acreditamos que a Educação é um processo dinâmico e que a sala de aula é um centro de debates, discussões, diferenças e questionamentos. É lugar onde se compartilha conhecimentos abrindo espaço para erros, contradições, criatividade e, fundamentalmente, colaboração mútua na relação aluno-aluno e aluno-professor. Essa é a Escola de nossos sonhos e que,  juntamente com os nossos alunos e seus familiares, estamos construindo”.

 

No entanto, as salas de aula retratadas no site do colégio apresentam dispositivos arquitetônicos contrários à proposta pedagógica enunciada. Então…

 

 

3. Colégio de Aplicação da UFV – Coluni, Viçosa(MG), Federal

 

No colégio de aplicação da UFV a pesquisa via imagens, no Google, foi mais alentadora. Não apareceu uma única foto de ambientes escolares convencionais. Das fotos que retratam situações de aprendizagem, selecionei duas. São exemplos promissores de superação do ambiente tradicional. Serão exceções ou a norma?

 

Além disso o site afirma:

 “As atividades de ensino do COLUNI desenvolvem-se em modernas instalações no campus da UFV que, além de salas de aula, dispõe de salas de projeção, laboratórios de química, física, biologia e humanidades, bem como de informática, que possibilita acesso a uma rede de computadores conectada à internet. Os alunos utilizam, ainda, a Biblioteca Central, a Praça de Esportes, o Restaurante Universitário e a Divisão de Saúde da UFV.”

  

 Mas, nenhuma informação sobre a Proposta Pedagógica, sobre as salas de aula ou sobre a configuração física delas. Como será o arranjo cotidiano das salas de aula do Colégio de Aplicação da UFV? Quem souber e puder, mande-me fotos.

 

  

4. Colégio Santo Antônio, Belo Horizonte, Particular

 

No site do Colégio Santo Antônio e no Google-imagens não conseguimos nenhuma foto dos ambientes de aprendizagem.

 

  A foto da fachada externa do colégio não promete muita inovação no interior do edifício.

   

A proposta pedagógica do colégio está em um promissor processo participativo de reconstrução. Mas, não sabemos se a questão do arranjo ambiental das salas de aula é um dos temas em discussão.

 

Não sabemos se a foto da sala com computadores, ao lado, encontrada na pesquisa de imagens, pertence de fato ao colégio. Se, sim, é mais um exemplo de modernização conservadora.

 

 

 

 

 

 

5.  Colégio Helyos – Feira de Santana (BA) – Particular

 

 

Por  fim, apresentamos fotos dos ambientes de aprendizagem do Colégio Helyos, quinto colocado no ENEM 2008.

 

A primeira imagem ilustra o texto da Proposta Pedagógica do Colégio. Não é preciso dizer muito mais.

 

A segunda foto é, seguramente, do colégio e retrata mais um exemplar de modernização conservadora: o uso de uma tecnologia nova para deixar as coisas da forma como elas sempre foram.

 

Até agora, nossa pesquisa mostra que os bons resultados no ENEM não tem nenhuma relação com inovações na arquitetura escolar, seja do edifício como um todo ou do dispositivo arquitetônico da sala de aula.

 

Em próximo post, analisaremos as escolas colocadas do sexto ao décimo lugar no ENEM de 2008.

 

Qualificação Profissional Básica:Turismo e Hospitalidade 18 de maio de 2009

 


Capa de livro da SENAC editora - autores diversos

Capa de livro da Editora SENAC - autores diversos

O material a seguir é um excerto de um ambicioso projeto de reestruturação dos programas de educação profissional básica do Senac Rio. O trabalho envolveu a revisão da programação de nove áreas profissionais do Senac Rio, entre elas a de Turismo e Hospitalidade.

 

Deste trabalho já publicamos um excerto da área de Administração e Desenvolvimento Empresarial.

 

Uma das caracterísiticas fundamentais do trabalho foi a articulação dos curículos da educação profissional básica com os da formação técnica de nível médio.

 

  O resultado do projeto foi publicado em um CD-ROM denominado O Futuro Começa Aqui. A Germinal Consultoria assessorou a elaboração e o desenvolvimento de todo o projeto.

 

 

 O Processo de Construção do Trabalho

A construção pedagógica do Senac Rio tem como característica primordial estar embasada não apenas nas teorias educacionais, mas na prática diária de uma instituição que respira educação profissional. A Proposta Pedagógica da instituição foi construída aproveitando esta característica.

 

De forma similar, o presente trabalho foi elaborado a partir de vários encontros de toda a estrutura organizacional e operacional do Senac Rio, e partindo de discussões que mobilizaram todas as Unidades, Centros e Gerências. A partir dos problemas identificados, em todos os níveis da Instituição, para a construção de uma programação de qualificação eficiente e com diferencial qualitativo, passou-se a trabalhar com Pesquisa Qualitativa. Ao fazê-lo, tinha-se como objetivos:

· Subsidiar a reformulação dos Programas de qualificação e suplementação adequando-os a nova proposta pedagógica e mantendo-os em sintonia com o mercado;
· Ter uma visão de futuro da área;
· Conhecer a demanda de mercado;
· Definir os contornos valorativos do segmento de mercado a ser atendido por um produto ou serviço;
· Ajustar esses produtos e serviços aos desejos e aspirações do público alvo;
· Definir o perfil adequado dos docentes;
· Ampliar o poder de atuação;
· Identificar as competências necessárias para o profissional de cada área;
· Conhecer a concorrência; e
· Ter uma visão estratégica de ação educacional.

 

Grupo FocalNa realização do trabalho, foram investigados as motivações e as tendências do mercado tanto em relação à oferta quanto á demanda para postos de trabalho, a partir de entrevistas abertas, direcionadas para grupos focais heterogêneos, compostos por docentes, participantes e especialistas do mercado. Nas conclusões finais, outros dados, obtidos em órgãos de referência da área, foram agregados. Também foram utilizadas pesquisas estatísticas e uma variada bibliografia.

 

A pesquisa qualitativa mostrou-se um instrumento bastante eficaz para renovar o olhar para todos os tipos de interesses e atividades humanas e compreendê-los. O desenho de cenários amplos permite a percepção do novo que se encontra em evolução sob o manto do cotidiano. Para a Pesquisa Qualitativa, foram constituídos grupos focais por subárea de atuação. Esta divisão facilitou identificar as características do participante interno e externo, perceber as novas áreas que estão surgindo com as mudanças do mercado, compreender os pontos fortes e fracos da imagem institucional e os pontos sujeitos à reformulação.

 

A Construção da Árvore

A árvore do conhecimento manifesta e sistematiza a visão que uma determinada instituição educacional tem do processo educativo do profissional, do homem e do cidadão.

 

A organização curricular do Turismo e Hospitalidade é flexível, com módulos bem definidos, oferecendo diversificados itinerários de Educação, com possibilidade de exames de certificação das competências, para aproveitamento de estudos, ao longo dos caminhos e ao fim dele. Na organização curricular, os módulos iniciais e comuns, em sintonia com o perfil de saída das qualificações básicas, funcionam como berços para saídas dos Programas de qualificação para ocupações reconhecidas pelo mercado de trabalho.

 

Cada Programa de qualificação básica foi desenhado com as Ações Educativas que o compõe. Algumas dessas Ações Educativas são produtos educativos independentes que podem ser cursados separadamente. Podem, ainda, ser componentes de outro Programa de qualificação básica, criando a desejável flexibilidade dos itinerários. Podem, por fim, somadas com outras Ações Educativas, constituir uma nova alternativa educativa, possibilitando uma construção individualizada dos currículos.

 

A programação de Programas livres do Turismo e Hospitalidade, desta forma, baseia-se em uma articulação de um conjunto de perspectivas. A programação atende a perspectiva de integração sinérgica dos programas (Programas) e das diversas modalidades de programas (habilitação técnica, qualificação técnica, qualificação básica, aperfeiçoamento, e, futuramente, Educação tecnológica).

 

A programação do Turismo e Hospitalidade atende à perspectiva de uma mudança curricular radical ajustada às demandas dos novos tempos, sem perder o contato com a rica tradição do Senac Rio na oferta de educação profissional. A programação está sintonizada com a perspectiva de atender às necessidades de mercado, identificadas a partir de pesquisas qualitativas e outras referências, sem perder de vista a possibilidade de exercer uma ação transformadora em relação a esse mercado.

 

A programação a seguir é mais uma oportunidade de colocar em prática a Proposta Pedagógica do Senac Rio. Atende, nesse sentido, ao conjunto dos dez princípios que resumem a proposta. Contempla especialmente o princípio de manter uma relação dinâmica e transformadora entre o contexto e a educação profissional do Senac Rio para o desenvolvimento de produtos que atendam às necessidades e tendências do desenvolvimento social e do mercado. ( 1 )

 

Dá uma atenção privilegiada ao princípio de ampliar a participação dos atores sociais e as áreas de atuação, atualizando e diversificando permanentemente os programas (princípio 6). Finalmente, é a concretização da perspectiva de desenho curricular inserida na proposta, em especial:

 

Queremos o desenho de um currículo flexível. Um currículo que acompanhe o momento presente e a velocidade das mudanças. Um currículo adequado aos grandes movimentos do trabalho e ajustado às demandas regionais. Entendemos que o desenho ideal de um currículo é aquele que permite ao participante o controle e a responsabilidade pela construção de seu aprendizado. Queremos um currículo modular.

 

 

Apresentação e Justificativa

A apresentação e a justificativa do Plano de Curso do Centro de Turismo, Hotelaria, Entretenimento e Lazer, dado o número e a complexidade das áreas e subáreas abrangidas pelo Centro, será feita contemplando as especificidades das áreas, de um lado, e o processo de elaboração do plano, que foi comum para todas as áreas e subáreas, de outro. De início, são apresentadas as indicações de mercado, divididas pelas subáreas.

 

 

Subáreas de Agenciamento e Condução de Grupos e seu contexto

Embora o mercado de turismo esteja em franca expansão, as áreas de agenciamento e condução de grupos não acompanham este movimento. O trabalho do Guia de Turismo como prestador de serviços para agências de turismo, como dita a legislação em vigor, vem sendo superado pelo trabalho do Guia Agenciador, aquele que organiza, opera, vende seus programas, roteiros e guia seus próprios grupos de turistas.

 

As atribuições do Agente de Viagens vêm sendo transformadas para acompanhar as mudanças no mercado, como por exemplo, os acessos disponibilizados pela Internet para a aquisição de serviços turísticos, a diminuição das comissões, etc. No lugar do intermediador de serviços, vendedor de serviços de terceiros, surge o consultor especializado, o assessor de serviços ao turista, profissional que tem mais responsabilidades junto ao seu participante e mais competências a serem desenvolvidas.

 

As atuações especializadas, dentro dos diversos segmentos turísticos, estão consolidando-se como estratégia de marketing e resposta às exigências cada vez mais diferenciadas do mercado. Podemos constatar agências, operadoras e guias especializados em turismo religioso, ecológico, terceira idade, compras, cruzeiros marítimos, etc.

 

O turismo receptivo vem sendo repensado e reavaliado para que, como modalidade fundamental que é, possa ocupar a sua posição de destaque e empregabilidade potenciais.

 

O mercado assimilou e atua de acordo com a legislação que prevê que o Guia de Turismo tem que ser cadastrado na Embratur. O cadastro de Guia vai ser obtido após a conclusão de Programa credenciado, conforme legislação em vigor.

 

O emissor de bilhetes iniciante tem a certificação como uma carta de referência. Vale ressaltar que neste segmento, a competência na utilização de ferramentas informatizadas de forma geral vem se sobrepondo à necessidade de competência específica referente à emissão de bilhetes. A emissão de bilhetes está sendo informatizada, sendo utilizados softwares cada vez mais simples e accessíveis, tornando a emissão manual cada dia mais obsoleta e dentro em pouco não mais aceita.

 

O agente de viagens e o operador vêm buscar na certificação um embasamento para atender mais a uma necessidade pessoal do que uma exigência do mercado. Observa-se, ainda que de forma incipiente, uma movimentação para que seja exigida uma certificação para o profissional que atua em agência de turismo.

 

Os levantamentos efetuados e as exigências legais existentes permitem identificar as seguintes necessidades de qualificação profissional básica:

· Recepcionista Turístico;
· Operador de Turismo Receptivo;
· Agente de Viagens e Turismo;
· Guia Regional;
· Guia de Excursão Nacional;
· Guia Internacional;
· Guia Especializado em Atrativos Turísticos Naturais;
· Gerente de Agência de Viagens; e
· Emissor de Passagens Aéreas.

 

 

 

A sub-área de Alimentos e Bebidas e o seu contexto

  Alimentos e bebidas

 Se o turismo é uma mola propulsora para o setor terciário movimentando negócios e criando novos postos de trabalho, o setor de A & B é uma das subáreas mais importantes, empregando 60% da força de trabalho do setor de Comércio e Serviços. A demanda por profissionais qualificados é impulsionada pela necessidade de diversificação e sofisticação de cardápios.

 

O mercado de A & B, até recentemente, contratava profissionais com baixo nível de escolaridade e sem qualificação prévia. Atualmente, o nível de exigência vem sendo cada vez maior. Agora já é necessário que os candidatos a tais postos de trabalho tenham, no mínimo, o Ensino Fundamental. Sabe-se, no entanto, que o domínio de uma língua estrangeira deverá ser acrescido a tal exigência.

 

A expansão do setor tem aumentado também o nível de exigência quanto à Educação profissional específica. Hoje, não basta apenas o domínio de competências estritamente ligadas ao fazer diário. O mercado já exige, para o acesso, pessoas capazes não só de atender aos serviços próprios do ofício, mas também com capacidade de exercer funções de planejamento, gestão, promoção e venda de serviços de alimentos e bebidas.

 

Desta forma, a oferta de qualificação para a subárea de Alimentos e Bebidas precisa ter como alvo ampliar o papel dos profissionais da área, exigindo cada vez mais que estejam preparados para dar soluções econômicas, técnicas e sociais às principais questões do setor turístico e hoteleiro.

Na subárea, foram identificadas as seguintes ocupações no mercado:

· Ajudante de Cozinha;
· Cozinheiro Nível I;
· Cozinheiro Nível II;
· Pizzaiolo;
· Chef Internacional;
· Chef Internacional Master;
· Confeiteiro;
· Patissier;
· Garçom;
· Maitre;
· Barman;
· Sommelier;
· Gerente de A & B; e
· Hostess.

 

 

Subárea Hospedagem e seu contexto

 

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  O processo produtivo no setor de Hospitalidade está voltado para a criação e oferta de produtos e prestação de serviços. A evolução das modalidades de hospedagem, o desenvolvimento do setor, os processos eletrônicos de informação acentuam a necessidade de Educação de pessoal para atuação em outros meios, que não apenas os hotéis, bares e restaurantes, mas também hospitais, escolas e outros serviços interligados ou autônomos como clubes, bufês e distribuição de alimentos em pontos de venda.

 

A expansão do setor, portanto, impõe o acesso de pessoas capazes não só de atender aos serviços específicos, mas também com capacidade de exercer funções de planejamento, gestão e promoção e venda de serviços de alimentos e bebidas e de hospedagem.

 

A indústria hoteleira é responsável pela movimentação de U$ 1 bilhão por ano. A expansão deste segmento, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – ABIH, prevê até o ano de 2003 a construção de 220 novos hotéis e o emprego de 14.000 pessoas. No Brasil, existem cerca de 18 mil meios de hospedagem que faturam por ano US$1,5 bilhão. Com esta atividade o governo arrecada mais de US$ 400 milhões com a cobrança de taxas e impostos, de acordo com a ABIH.

 

O mercado nacional de hotelaria e turismo é responsável por 3,5% do PIB, com faturamento anual de R$ 53 bilhões e potencial para R$ 221 bilhões nos próximos dez anos, começa a registrar um boom de investimentos das principais redes do setor. De acordo com a EMBRATUR só nos próximos três anos, desembarcarão no País investimentos da ordem de US$ 6 bilhões. Os 300 hotéis em construção vão gerar cerca de 600 mil empregos diretos e indiretos.

 

Existem cerca de dez mil hotéis instalados no Brasil, dentre esses estima-se que entre 5% e 7% são de marcas internacionais (Embratur). São elas que mais investem em modernização e ampliação do mercado. Entre as redes que mais estão apostando no Brasil, destaca-se a Espanhola Sol Meliá; a francesa Accor e as americanas Marriott e Choice Hotels (comanda as marcas Sleep Inn, Confort, Quality e Clarion).

 

Para atender a mudança do perfil profissional e as exigências de um turismo em expansão e mais competitivo, a oferta de qualificação para a subárea de Hospedagem precisa ter como alvo ampliar o papel dos profissionais da área, exigindo cada vez mais que estejam preparados para dar soluções econômicas, técnicas e sociais às principais questões do setor turístico e hoteleiro.

 

Na análise do mercado foi identificada a necessidade de qualificação profissional básica para as seguintes ocupações da subárea de Hospedagem:

· Camareira;
· Supervisora de Andar;
· Governanta de Hotéis;
· Recepcionista de Hote;l
· Auxiliar de Reservas;
· Guest Relations;
· Gerente de Pousadas; e
· Taifeiro.

 

 

A área de Lazer e Entretenimento e seu contexto

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A área de Lazer e Entretenimento apresenta como principal cenário o crescente aumento do tempo livre. Essa é uma tendência verificada atualmente em quase todos os países, não obstante os diferentes graus de desenvolvimento.

 

Desde a revolução industrial, a redução da jornada de trabalho é a principal reivindicação dos movimentos sociais. Tal fato se constituiu no principal fator contribuinte para o aumento do tempo livre, e que, hoje, é reservado ao entretenimento e ao lazer nos fins de semana, feriados, férias e aposentadoria.

 

Dessa forma, surgiu a economia do tempo livre. Esse setor econômico está hoje estruturado em três grandes grupos que procuram atender as diferentes necessidades recreativas dos indivíduos. São eles:

· Os meios de comunicação – televisão, cinema, jornais, revistas, jogos eletrônicos, vídeo, publicidade e outros;
· O Turismo e a Hotelaria; e
· A comunicação interpessoal – a chamada área da recreação.

 

Atualmente, os indivíduos são preparados apenas para o trabalho e sentem dificuldades em vivenciar as potencialidades desse tempo livre no cotidiano. Com isso, os governos, as empresas privadas e as empresas do terceiro setor desempenham um papel de destaque na área criando, a todo momento, produtos novos e diferenciados.

 

O entretenimento no dia-a-dia também exige estruturas e apoio, que se configuram como serviços comerciais e não-comerciais onde o indivíduo desfruta o melhor do seu tempo livre em diferentes pontos do espaço antrópico e natural.

 

Existe hoje uma recreação sistematizada pelo setor público em pelo setor privado para grandes, médios e pequenos grupos de todas as faixas etárias. No setor público, a maioria dos cinco mil municípios brasileiros possui um ou mais órgãos que cuidam da criação e da animação de espaços recreativos. No setor privado, os investimentos estão concentrados em parques temáticos, em shoppings centers e shoppings de lazer (casas de jogos eletrônicos).

 

Nesse panorama econômico, que interessa diretamente a esta área, foram identificadas as seguintes necessidades de qualificação profissional básica para as seguintes ocupações:

· Recreador Infantil;
· Recreador para Idosos;
· Recreador para Hotéis;
· Recreador Hospitalar;
· Recreador para Creche;
· Recreador para Portadores de Deficiência;
· Recreador para Empresas;
· Recreador para Parques Temáticos;
· Animador de Festas Infantis;
· Produtor e Marketing Cultural; e
· Animador Cultural.

 

 

Subárea Eventos

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É comum ouvir-se falar ou participar de algum evento de caráter popular, como festas religiosas, cívicas ou comemorativas de datas representativas de um município. Mas os eventos não se restringem apenas a essas manifestações. Evento é qualquer acontecimento social programado para tratar dos mais diversos assuntos, sejam eles políticos, culturais, científicos, comerciais, profissionais, entre outros.

 

Ao longo do tempo, os eventos foram se firmando como sinônimo de sucesso, sendo um excelente meio de divulgação e proporcionando a troca de experiências que pode levar ao enriquecimento do conhecimento. Na sociedade atual, é um rePrograma cada vez mais adotado, quer por associações de classe, quer por empresas, para a difusão de técnicas e conhecimentos ou até como forma de decidir sobre questões de interesse dessas organizações.

 

Seja qual for a sua natureza, os eventos reúnem grupos de pessoas em torno de um mesmo objetivo e muito ajudam a desenvolver o turismo. Afim, atraem pessoas de outras cidades ou regiões, incentivam a economia e enriquecem a vida cultural da cidade onde são realizados. O setor hoteleiro também é beneficiado, o que faz com que grande parte dos hotéis tenha instalações especialmente destinadas a esses acontecimentos.

 

É importante destacar que o crescimento do interesse por essa atividade cria oportunidades para profissionais preparados para as funções de planejamento e organização de eventos, o que representa uma expansão significativa do mercado de trabalho.

 

Considerando o caráter prático da Educação do pessoal para atuar no setor de eventos, o Senac Rio em seus Programas de qualificação na área, trata de todos os elementos fundamentais à organização e promoção de eventos, desde o momento do levantamento das reais necessidades para a sua produção até o fechamento e a avaliação de todo o processo de realização.

 

A Educação do profissional responsável por eventos é complementada por atividades práticas, onde se pode aprimorar cada vez mais. O estudo, o aperfeiçoamento e o trabalho bem realizados certamente irão favorecer suas perspectivas de atuar nesse setor de atividades com um elevado padrão de desempenho profissional.

 

No levantamento de mercado, constatou-se a necessidade de qualificação profissional básica para as seguintes ocupações do mercado:

· Recepcionista de Eventos;
· Coordenador de Eventos;
· Organizador de Eventos; e
· Decorador de Eventos.

 


Notas
(1) Princípio 5 – Em Relação ao Contexto – Proposta Pedagógica do Senac Rio. Ver em: Senac Rio, Construindo a Proposta Pedagógica do Senac Rio, Rio de Janeiro, Editora Senac Rio, 2000.

 

Maria Nilde Mascellani 24 de fevereiro de 2009

 

Este texto, release de Maria Nilde Mascellani – foi lido na inauguração do Ciep em Americana que levou seu nome, em 11 agosto 2007. O texto foi reproduzido do blog Vocacional: ontem, hoje e sempre na mente, onde outras informações sobre os Ginásios Vocacionais podem ser encontradas.


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Principal figura ligada aos Ginásios Vocacionais, a professora e pedagoga Maria Nilde Mascellani nasceu em São Paulo a 03 de abril de 1931.

 

Filha do dentista Dr Tito Mascellani, descendente de imigrantes italianos, e da dona-de-casa Margarida Swoboda Mascellani, de origem austríaca, Maria Nilde tinha mais três irmãos. Estudou a partir da 2ª série ginasial, atual 6º série, na Escola Estadual Padre Anchieta no Brás, bairro onde a família morava.

 

Foi na adolescência que os primeiros sinais da doença que a acompanharia durante toda a sua vida se manifestaram. Vítima de reumatismo deformante, quando adulta caminhava com dificuldade, sentia muitas dores e só suportava as crises a base de analgésicos. Essa terrível enfermidade, no entanto, não impediu que Maria Nilde dedicasse toda sua energia para o problema da educação e suas alternativas, tornando-se uma das maiores educadoras que o Brasil já teve.Concluído o ginásio, seguiu o Curso Normal (Curso de Formação de Professores) na mesma escola, o Padre Anchieta. No ano de sua formatura como professora primária, ingressou no curso de Pedagogia da Universidade de São Paulo. Foi aluna e depois se tornou muito amiga do professor Florestan Fernandes, seu mestre e inspirador.

Como professora de Educação, lecionou em escolas públicas do Estado. Foi trabalhar no Instituto de Educação da pequena cidade paulista de Socorro, e em 1959, faz parte da equipe das Classes Experimentais de Socorro que, fundamentadas na linha pedagógica da Escola de Sévres (França), viriam a ser a semente do Sistema de Ensino Vocacional.

 

Luciano Carvalho, secretário da Educação do Estado de São Paulo na época, formou uma comissão de educadores para elaborar um projeto piloto de educação que levasse em conta a vocação do aluno e abrisse as portas da escola para a comunidade e suas aspirações. Maria Nilde Mascellani foi um dos nomes chamados para fazer parte da montagem do S.E.V. (Serviço de Ensino Vocacional) e após sua criação em 1961, tornou-se sua coordenadora, ficando no cargo até o ano de sua extinção, em 1969.

 

O S.E.V. constituiu-se como um órgão especializado, diretamente subordinado ao Gabinete do Secretário da Educação do Estado. Foram instaladas seis unidades em todo Estado. A unidade da capital começou a funcionar em 1962, bem como as unidades da cidade de Americana (zona industrializada) e Batatais (zona agrícola). Em 1963, instalaram-se as unidades de Rio Claro (centro ferroviário), Barretos (zona agropecuária) e, em 1968, entrou em funcionamento a unidade de São Caetano do Sul. Todas ofereciam o então 1º ciclo do ensino secundário (de quatro anos) em período integral. A partir de 1967, instalou-se na unidade da capital, Oswaldo Aranha,o ensino médio de 2º grau e o curso noturno que atendia aos jovens trabalhadores do bairro com escolaridade tardia. Nos seus oito anos de existência, as Escolas Vocacionais desenvolveram-se em termos estrutural-administrativos e conceituais.

 

Os Ginásios Vocacionais continham uma proposta pedagógica revolucionária que utilizava estratégias de integração curricular, como os estudos do meio e os projetos de intervenção na comunidade e planejamento curricular através da pesquisa junto à comunidade. Na construção do currículo, procurava-se trazer a realidade social para o interior da escola.Os GVs foram definidos como escolas comunitárias instaladas a partir de sondagens das características culturais e socioeconômicas da localidade.

 

Procuravam executar programas de interesses comuns com outras instituições, particularmente outras escolas primárias e secundárias. Suas linhas diretrizes na condução da prática pedagógica eram a apreensão integrada do conhecimento, o valor do trabalho em grupo, o desenvolvimento de condições de maturidade intelectual e social, o exercício consciente do trabalho, a definição de opções de estudo e ocupações, a disposição para atuação no próprio meio e a descoberta da responsabilidade social.

 

A área de maior peso era a de Estudos Sociais, que incluía noções de História, Geografia, Economia, Sociologia e Antropologia. Uma ou outra dessas disciplinas poderia ser explorada mais profundamente, dependendo da unidade em estudo. A partir dos Estudos Sociais desenvolvia-se um sistema de relações com as demais áreas: Português, Matemática, Ciências, Física, Biologia, Economia Doméstica, Artes Industriais, Práticas Comerciais e Agrícolas, Artes Plásticas e Educação Musical e, conforme o tipo de situação-problema, seriam obtidos diferentes esquemas integratórios.

 

Esse currículo integrado exigia, para sua execução, a ação articulada de professores, funcionários e demais técnicos.

 

O processo de avaliação nessas escolas também era considerado inovador: substituía as notas por conceitos. Os alunos se auto-avaliavam em relação aos objetivos, aos métodos e estratégias, conteúdos e atitudes. Atribuíam a seu próprio desempenho um conceito que era levado aos Conselhos de Classe e aí eram discutidos.

 

GV de Batatais

Implantada em um momento de intenso debate político e desenvolvida em grande parte sob o regime militar, a experiência do Serviço de Ensino Vocacional foi constantemente objeto de controvérsias, sabotagens e, por fim de aberta repressão. Maria Nilde sofreu muitas pressões como coordenadora do S.E.V. Em 1965, por exemplo, no governo Adhemar de Barros, o S.E.V. recebia inúmeros pedidos de contratação de professores e técnicos e de vagas para alunos que não tinham passado pelo processo de seleção. Diante da resistência em atender esses pedidos, o S.E.V. começou a receber ameaças de corte de verbas e de demissões de funcionários não comissionados. A primeira grande crise, conhecida dentro do S.E.V. como a “crise de 65”, aconteceu diante da negativa de matricular um candidato a aluno que era filho de um funcionário de confiança do secretário de Educação, e que não tinha passado no processo de seleção no Oswaldo Aranha. Esta atitude causou o afastamento de Maria Nilde da coordenação do S.E.V e da diretora administrativa do Ginásio Vocacional Oswaldo Aranha.

 

Esta intervenção mobilizou todos os professores e funcionários da rede de Ensino Vocacional e das Associações de Pais e Amigos do Vocacional, órgãos de representação dos pais de alunos que tinham grande envolvimento com a escola.

 

Houve muita mobilização, assembléias na capital e no interior. O envolvimento de pais, professores, pessoas representativas da comunidade e com a grande imprensa dando cobertura ao movimento, fez com que o governo voltasse atrás e reconduzisse, através de um decreto, Maria Nilde ao cargo de coordenadora e nomeasse Joel Martins e Lygia Furquim Sim como diretores do Oswaldo Aranha.

 

Aula de economia doméstica

GV de Batatais

 

 

 

O último período de vida do Ensino Vocacional coincidiu com o endurecimento do regime ditatorial. Com a criação do Ato lnstitucional n° 5, o governo adquiria armas para reprimir as liberdades democráticas. No Ensino Vocacional isso significou a prisão de orientadores, professores e alunos, e a invasão policial-militar em ação conjugada para todos os Ginásios Vocacionais no dia 12 de dezembro de 1969. Vários professores e funcionários foram detidos. Em janeiro de 1970, Maria Nilde foi aposentada com base no AI-5.

 

Impedida de trabalhar pela ditadura, Maria Nilde, juntamente com alguns ex-companheiros de serviço público, também perseguidos pelo regime militar, criou a Equipe RENOV, entidade de assessoria, projetos, pesquisa e plane­jamento de ação comunitária e educacional, com atuação na defesa dos direitos humanos e dos per­seguidos políticos do regime militar. O RENOV (Relações Educacionais e do Trabalho), foi a alternativa encontrada para, a partir da área privada, continuar formando educadores, jovens de grupos populares e outros. Em janeiro de 74, o RENOV foi invadido por policiais militares e Maria Nilde e seus companheiros foram presos por cerca de um mês.

 

Levada para o SEDES pela psicóloga Lélia Vizanni, sua amiga desde a juventude, Maria Nilde logo abriu seu espaço dentro da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Criou um centro educacional e se tornou professora de psicologia educacional. Professora da PUC a partir de 1970, orientou teses de inúmeros alunos, deixando para segundo plano, a sua própria tese de doutorado. Em toda a sua carreira como pedagoga, trabalhou com Educação Popular em programas educacionais, formais ou informais, para a população de baixa renda excluída da escola. Colaborava com os programas educacionais da CNBB desde 62. A partir de 1972, esta colaboração se dá por intermédio do RENOV. Neste mesmo ano, implantou um programa para mulheres de baixa renda na Favela Buraco Quente junto à paróquia Nossa Senhora do Guadalupe, no Campo Belo, e prestou assessoria ao projeto Educacional junto a Favela do Jaguaré, também na capital.

 

Em 1995, a Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM/CUT) procurou algumas instituições de ensino e pesquisa (PUC-SP, UFRJ, UNICAMP, CEFET-SP) para estabelecer uma parceria com o objetivo de estruturar, inicialmente no âmbito estadual e posteriormente no nacional, um amplo projeto de qualificação profissional para metalúrgicos e ex-metalúrgicos, Era o projeto INTEGRAR. A principal idealizadora deste programa foi a professora Maria Nilde Mascellani (PUC-SP). Ela conseguiu reunir sindicalistas, intelectuais, professores e trabalhadores e juntos, montaram um currículo formado por disciplinas básicas e técnicas que estavam relacionadas à experiência dos alunos (o saber acumulado) e à comunidade da qual faziam parte. Nestes anos todos, foram realizados vários cursos para trabalhadores desempregados, empregados e dirigentes sindicais sempre articulando o diálogo entre o mundo do trabalho, a certificação em nível de ensino fundamental, médio e de extensão e a ação concreta para a transformação social.

 

Maria Nilde não se casou e nem teve filhos. Em 19 de dezembro de 1999, vítima de um infarto fulminante, morreu aos 68 anos em São Paulo, interrompendo uma trajetória marcada pela honestidade intelectual, sensibilidade aos pro­blemas do ensino e coragem. Finalmente, acabara de defender na Faculdade de Educação da USP, no dia nove do mesmo mês, sua tese de doutorado Uma Pedagogia para o Trabalhador: o Ensino Vocacional como base para uma proposta pedagógica de capacitação profissional de trabalhadores desempregados (Programa Integrar CNM/CUT), que versava sobre duas de suas realizações: o Ensino Vocacional e a Pedagogia do Programa Inte­grar, da Confederação Nacional dos Metalúrgicos.

 

O trabalho de Maria Nilde faz parte da história da educação brasileira desde os anos 60 e sua proposta de ensino vocacional como base da capacitação de trabalhadores, realizada no projeto Integrar, resgata uma dívida social sem ter assumido uma forma assistencialista.

 

PROGRAMA PORTAL DO FUTURO 19 de outubro de 2008

 

Portal do Futuro é um projeto destinado a jovens em situação de risco de exclusão social, desenvolvido pelo Senac Rio, com consultoria da Germinal. O projeto destina-se à capacitação básica de jovens para atuação no Setor de Comércio e Serviços. Para tanto, está organizado em torno de competências básicas e gerais requeridas por toda ocupação de comércio ou de serviços.

 

A Germinal participou ativamente no desenho do Programa e prestou consultoria na elaboração dos manuais dos docentes das oficinas que constituem os três módulos fundamentais do programa: Ser Pessoa, Ser Cidadão e Ser Profissional.

 

 

 

 A proposta

 

Galeria de elektroholunder, Flickr

Galeria de elektroholunder, Flickr

Portal do Futuro é um programa voltado para o desenvolvimento de jovens, originários de famílias de baixa renda, para facilitar o seu ingresso no mercado de trabalho. O projeto foi construído como um primeiro exemplo de aplicação da Proposta Pedagógica do Senac Rio, construída em 2000.

 

É uma iniciativa institucional do Senac Rio e destina-se a uma clientela que, por questões sociais, políticas e econômicas, têm um acesso limitado a serviços educacionais de qualidade. Ao jovem em questão, mais que a outros, também é difícil o acesso ao mundo do trabalho. Frente a essa dupla limitação, o risco de exclusão e de marginalização é sempre presente.

 

Devido às dificuldades de acesso aos serviços educacionais de qualidade, e vistos pelos padrões educacionais e culturais dominantes, supostas carências já marcam a vidas dos jovens a serem atendidos pelo Programa. No atendimento desses jovens, iniciativas assistencialistas procuram atenuar as carências já dadas como certas ou desenvolver um programa compatível com seu suposto nível educacional e cultural. Resulta daí, quase sempre, cursos destinados a pobres e de qualidade inferior. Portal do Futuro não pretende ser mais um exemplar dessa série.

 

O Programa percebe os jovens como dotados de saber. Saberes nem sempre iguais e por vezes até contrapostos aos requeridos ou valorizados normalmente pela escola e pelo trabalho formal. Saberes articulados e constitutivos de competências existenciais fundamentais. Saberes ligados, muitas vezes, às competências necessárias à vivência e à sobrevivência em um meio adverso. Portal do Futuro está articulado em torno desses saberes e competências. Constrói, a partir deles, as competências necessárias para o ingresso no moderno mundo do trabalho. Não é isso que todo programa de educação profissional deveria ser?

 

Assim pensando, Portal do Futuro não deve ser visto como um programa especial. Foi concebido, inclusive, para ser a primeira expressão concreta da nova Proposta Pedagógica do Senac Rio. Sendo a primeira expressão dela, não será seguramente a última. Pretende-se que todos os demais cursos tenham um espírito similar. Assim, Portal do Futuro coloca-se como modelo e padrão de qualidade para as demais e futuras iniciativas educacionais do Senac Rio. Propõe mudanças conceituais, curriculares e metodológicas que deverão suscitar movimentos similares nos demais programas.

 

Portal do Futuro foi desenhado com a participação de todos os Centros Regionais e Centros Especializados do Senac Rio. Todos eles participaram ativamente no desenho da estrutura básica do Programa. As unidades curriculares, especialmente as Oficinas, foram formatadas pelas nove Unidades Especializadas, cada uma delas respondendo por uma ou mais Oficinas, segundo sua especialidade. O Programa será desenvolvido nos 8 Centros Regionais do SENAC Rio.

 

Portal do Futuro abrigará 30 adolescentes, no máximo, por turma. Terá uma carga horária de 333 horas, com duração média de 6 meses, com sessões de 3 horas diárias, de segunda a sexta-feira. Cada turma será orientada por um coordenador que contará com a ajuda de um especialista no desenvolvimento das Oficinas. Cerca de 60% do Programa será desenvolvido em dupla docência, mais uma indicação da importância a ele atribuída e uma condição para a garantia de qualidade. O coordenador acompanhará permanentemente a turma e cuidará da articulação e da integração horizontal e vertical dos diferentes componentes curriculares do Programa.

 

O Programa está centrado no desenvolvimento de competências. Adota-se, para o caso, a seguinte definição de competência: “Competência profissional é a capacidade de articular, mobilizar e colocar em ação, valores, conhecimentos e habilidades necessários para o desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho” (parecer CNE 16/99).

 

Portal do Futuro não pretende o desenvolvimento de competências específicas, destinadas à inserção profissional em uma área ou ocupação determinada. O Programa procura o desenvolvimento de competências humanas básicas, competências profissionais básicas e competências de gestão que possibilitem ou facilitem a inserção em qualquer atividade de comércio e serviços. Diferentemente da programação tradicional, mas coerentemente com a Proposta Pedagógica do Senac Rio e com seu nome, Portal do Futuro não se pretende terminal. É uma passagem que abre múltiplas possibilidades de ser pessoa, de ser cidadão e de ser profissional. É um estímulo e um impulsionador para a continuidade de estudos e para a educação continuada.

 

A missão do Programa

 

O Programa tem por missão ampliar as condições e as possibilidades do jovem para:

Ser alguém capaz de construir o seu próprio destino – Ser Pessoa

Ser alguém capaz do exercício pleno da cidadania – Ser Cidadão.

Ser um trabalhador exemplar da área de comércio e serviços – Ser Profissional.

 

 

 

 

 

A ênfase nas competências básicas para o trabalho e para a vida

A evolução tecnológica e organizacional contemporânea tem excluído um número crescente de pessoas dos benefícios do progresso técnico. As atuais condições e exigências do mercado de trabalho requerem de toda sociedade uma constante busca de alternativas para a inclusão das populações potencialmente sujeitas à marginalização.

 

Análises de tendências afirmam que uma das grandes vantagens competitivas, do próximo século, estará a cargo da educação e qualificação da força de trabalho. Qualificações que vão além das responsabilidades inerentes a determinado cargo. Avançam para um amplo conjunto de habilidades necessárias para que o próprio trabalhador seja capaz de ajustar-se e promover múltiplas mudanças profissionais ao longo da vida, acompanhando a dinâmica das transformações produtivas e organizacionais.

 

O jovem do Portal, geralmente oriundo de instituições públicas de ensino, que pouco ou nenhum contato teve com essa realidade precisa, agora, iniciar sua busca por um espaço no mercado de trabalho. Seu encontro com o mundo do trabalho será muito mais complexo do que a tarefa de aprender as técnicas envolvidas na operação de um processo de trabalho qualquer.

 

Ele precisa decidir sobre o seu futuro profissional de forma a ajustá-lo a um projeto de vida. Ajustar a expectativa profissional com a pessoa que pretende ser. Tomar decisões pessoais sobre trabalho, convivência social, estudo, utilização do tempo livre. É preciso que desenvolva as competências necessárias à sua inserção no primeiro emprego. Que perceba e compreenda as diferenças existentes nos distintos ambientes e suas diferentes exigências. Que adquira a flexibilidade necessária para ajustar-se a elas. Que adquira a capacidade de transformar essas exigências quando são limitantes, injustas ou inadequadas. Que a aprendizagem de um modo de fazer seja conduzida de forma que o jovem aprenda, por si só, a apropriar-se de outros. É preciso que aprenda a aprender a partir das próprias exigências do exercício profissional.

 

A preparação do jovem para o mundo do trabalho deve extrapolar a educação formal ou profissional e partir para o desenvolvimento de competências que dêem conta das respostas às necessidades antes referidas. É necessário ainda que ele adquira instrumentos que facilitem uma reflexão permanente sobre o seu fazer e sobre o seu existir.

 

É necessário que ele compreenda que a complexidade do mundo atual quase impossibilita um exercício profissional solitário. Exige a capacidade de propor, empreender projetos coletivos ou participar deles. Que compreenda que essa capacidade é ainda mais necessária para o exercício pleno da cidadania.

 

Objetivos do Programa

My window of opportunity?? Galeria de ~no bullshit~

My window of opportunity?? Galeria de ~no bullshit~ Flickr

Preparar jovens, com idades compreendidas entre 16 e 21 anos e com escolaridade adequada para o ingresso e permanência em um mercado de trabalho restrito e exigente, caracterizado pela progressiva diminuição das ofertas de emprego, deixando-os mais aptos a enfrentar com autonomia esses desafios.

 

O jovem que participar do Programa estará preparado para ocupar uma posição no mercado de trabalho, especialmente na Área de Comércio e Serviços. Revelar-se-á apto a assumir ocupações iniciais nos quadros das empresas, definindo com clareza suas metas pessoais, educacionais e profissionais. Terá referências éticas e estéticas. Compreenderá e agirá de acordo com seu papel de agente do próprio desenvolvimento, na busca e geração de novas soluções e encaminhamentos para situações problemáticas, seja na relação consigo próprio, com os diversos grupos sociais ou com suas atividades profissionais.

 

 

 

 

Perfil do participante do Programa

  • Jovens de 16 a 21 anos.
  • 4a série completa do ensino fundamental.
  • Estar matriculado no ensino regular.
  • Renda familiar de até 1 salário mínimo per capita.

 

 

Perfil de saída

SpiroFlower1, JJjunki - Flickr

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O Programa tem como objetivos específicos o desenvolvimento de determinadas competências. Competências requeridas para a definição de um projeto profissional. Competências básicas requeridas para o ingresso em qualquer atividade de Comércio e Serviços. Competências necessárias para o exercício da cidadania nos espaços de trabalho. Para efeitos do Programa, as competências a serem desenvolvidas foram organizadas em três conjuntos: Competências Humanas Básicas, Competências Profissionais Básicas e Competências de Gestão.

 

 

 

1. Competências Humanas Básicas: são aquelas que, além de embasar a construção das competências profissionais, são demandadas para o exercício pleno da cidadania.  São elas:

 

·         Utilizar variadas formas e técnicas de expressão;

·         Localizar, entender e interpretar informações escritas;

·         Comunicar pensamentos completos e acurados, idéias e informações por escrito, de forma adequada ao assunto e à audiência;

·         Receber, interpretar e responder as mensagens verbais e outros sinais, tais como linguagem corporal, de pessoas de todas as formações;

·         Organizar suas idéias e comunicar mensagens oralmente para audiências de forma apropriada para o feedback dos ouvintes e responder perguntas, se necessário;

·         Usar os conceitos numéricos básicos e efetuar os cálculos básicos, sem calculadora, interpretando corretamente a informação quantitativa;

·         Abordar problemas práticos e escolher uma técnica matemática correta para solucionar problemas;

·         Emitir criteriosamente juízos de valor;

·         Desenvolver o espírito crítico;

·         Desenvolver mecanismos de autoconhecimento;

·         Construir uma visão estética de si mesmo no presente, passado e futuro;

·         Elaborar um projeto de vida: “A vida como obra de arte” (o ontem, o hoje e o amanhã);

·         Respeitar a si mesmo, as outras pessoas e o meio em que vive;

·         Participar da construção da melhoria da qualidade de vida, exercendo sua cidadania.

 

2. Competências Profissionais Básicas: que são as competências necessárias e comuns para o trabalho em todas as atividades de Comércio e Serviços. São elas:

 

·         Agir de forma autônoma e pro-ativamente;

·         Trabalhar sob pressão;

·         Definir prioridades de acordo com critérios pré-estabelecidos;

·         Mostrar-se motivado, a partir de um comprometimento consigo mesmo e com seu trabalho;

·         Desenvolver permanentemente seus talentos;

·         Estabelecer relações entre teoria e aplicação prática;

·         Criar um estilo próprio de apresentação pessoal e utilizar a aparência como forma de expressão da identidade;

·         Cuidar da própria saúde de forma preventiva e promover a saúde de si mesmo e do outro;

·         Localizar-se no tempo e no espaço;

·         Decodificar a cultura local;

·         Detectar a vocação econômica da região;

·         Valorizar o bairro e a cidade em suas características predominantes;

·         Atuar no seu meio de forma a contribuir para o desenvolvimento de uma consciência ambiental;

·         Detectar os problemas sócio-ambientais locais, buscando possíveis soluções;

·         Construir e acionar mecanismos próprios de aprendizagem no trabalho;

·         Utilizar a informática como instrumento de trabalho;

·         Utilizar a Internet como ferramenta de trabalho, negócios e aprendizagem de idiomas;

·         Utilizar vocabulário básico da língua inglesa, para navegar pela Internet, em especial em sites de Turismo e Negócios;

·         Desenvolver a auto-estima, acreditando em si mesmo, valorizando suas idéias, aceitando suas limitações, tentando superá-las;

·         Discutir e trabalhar em grupo com bases positivas;

·         Apresentar idéias que facilitem o entendimento e a solução de problemas de forma simples;

·         Comunicar-se adequadamente com o grupo, buscando sempre estabelecer parcerias.

 

3. Competências de Gestão: que são as competências necessárias para a gestão da própria carreira e de atividades de Comércio e Serviços. São elas:

  • Utilizar diferentes critérios para optar entre as diversas oportunidades de carreira ou de negócio;
  • Estabelecer metas profissionais adequadas às suas características pessoais, identificando oportunidades no mercado de trabalho;
  • Entender a que lógica social suas atividades estão atreladas e, conseqüentemente, qual é o sentido e significado delas para si e para a sociedade;
  • Desenvolver e apresentar um plano de ação de desenvolvimento profissional para os próximos anos;
  • Ser responsável por seu próprio desenvolvimento profissional, enquanto membro de uma equipe de trabalho, com diferentes expectativas e metas;
  • Gerenciar seu próprio tempo e espaço de trabalho, com vistas à otimização das atividades e à supressão de tarefas desnecessárias ao seu pleno desempenho profissional, eficiência e realização pessoal;
  • Pensar estrategicamente;
  • Desenvolver o espírito de investigação, expresso na constante busca pelas soluções pouco ou nada ortodoxas, respondendo criativamente a situações novas e inusitadas;
  • Utilizar técnicas de elaboração de projetos;
  • Dialogar, negociar, argumentar e questionar, buscando sempre soluções pautadas na solidariedade e respeito mútuo;
  • Coordenar grupos, resolvendo problemas e conflitos, demonstrando equilíbrio nas várias situações;
  • Desenvolver e apresentar um Projeto de Negócio.

 

As Competências Humanas Básicas serão tratadas ao longo do Programa e em todas as oportunidades onde se possa remetê-las ao mundo do trabalho, especialmente, a Comércio e Serviços. As Competências Profissionais Básicas e as de Gestão estarão mais direta e especificamente relacionadas aos Projetos e às Oficinas que compõem a estrutura do Portal do Futuro.

 

 

Proposta pedagógica e plano estratégico (pequenas cidades) 18 de agosto de 2008

 

 

 

PROPOSTA DE CONSULTORIA

 

 1. Proponente

Germinal Consultoria

 

 2. Clientes potenciais:

Prefeituras de pequenas cidades (até 10.000 habitantes) do Estado de São Paulo, cujos resultados no IDEP e na Prova Brasil ficaram abaixo da média estadual.

 

 

 3. Objeto

Capacitação de gestores, professores e pessoal de apoio da Educação Infantil e da Educação Fundamental do município.

 

 

 4. Justificativa

A proposta é justificada pela necessidade de elevar o índice do IDEP do Município e as médias dos resultados em Português e Matemática, que ficaram abaixo da média das escolas municipais do Estado de São Paulo, nas últimas avaliações.

 

 

5. Objetivos

  • Iniciar um processo individual e coletivo de desenvolvimento continuado das competências docentes.
  • Envolver os educadores municipais em um projeto participativo de desenvolvimento pessoal e coletivo, rumo à melhoria da qualidade da educação municipal .
  • Elaborar de forma participativa uma proposta pedagógica e projeto pedagógico estratégico para elevar os índices qualitativos e quantitativos da educação proporcionada pelo município.
  • Iniciar a discussão da viabilidade e de encaminhamento de um projeto de construção da cidade educativa.

 

6. Estratégia de Consultoria

A estratégia de consultoria e de desenvolvimento dos educadores do município será centrada no processo de construção coletiva e participativa de uma proposta pedagógica e de um plano estratégico para a educação do município.

A construção da Proposta Pedagógica e do Projeto Estratégico será efetuada em sete (7) passos fundamentais:

 

A. Primeiro Seminário: sensibilização, fundamentação e organização

Passo inicial do processo, o Seminário será desenvolvido em duas edições: uma para a os educadores da Educação Infantil e a outra para os educadores do Ensino Fundamental[1]. Terá a duração de 24 horas e a seguinte organização básica:

Primeiro dia (8 horas): estabelecer as referências pedagógicas e organizacionais para um diagnóstico da educação municipal. Elaborar um primeiro diagnóstico do município, tendo como horizonte os desafios:

  • Elevar os índices de aprovação na Prova Brasil de ? (número abaixo da média estadual) em 2007 para 94% em 2009 (acima da média estadual).
  • Elevar os resultados médios da Prova Brasil, em 2009. Em português, de Y para 183,03. Em matemática, de Z para 202,27. As letras representam resultados abaixo da média estadual e os números representam os resultados médios das escolas municipais do Estado de São Paulo, em 2007.
  • Elevar o IDEB do município de X para 5,0, em 2011.

Os dois primeiros desafios serão lançados aos educadores do Ensino Fundamental e o último para todos.

Segundo e terceiro dia (12 horas): efetuar uma análise fundamentada das possibilidades de transformação da educação no município, tendo como perspectiva e como horizonte utópico a concepção de cidade educadora ou educativa.

Terceiro dia (4 horas): concluir o diagnóstico e estabelecer o roteiro, a organização e o cronograma de trabalho para a elaboração da proposta pedagógica e do projeto estratégico.

 

B. Pequenos Grupos de Trabalho: em direção à autonomia pedagógica

Atividade de pequenos grupos, conforme roteiro e organização estabelecida para discussão e redação de segmentos da proposta pedagógica e do projeto estratégico. Os grupos trabalharão, conforme organização discutida, entre o Primeiro Seminário e o Segundo Seminário. Poderão contar com consultoria a distância, sempre que necessário.

 

C. Segundo Seminário: em direção à proposta e ao projeto

Duas edições (Educação Infantil e Ensino Fundamental) de um encontro para apresentação, discussão e sistematização dos textos resultantes do trabalho dos pequenos grupos. O encontro terá a duração de 8 horas.

 

D. Trabalho de Consultoria I: reunindo os elementos

A partir dos textos, apresentações, discussões e sistematização do segundo seminário, a consultoria (Germinal) articula e redige a primeira versão da proposta pedagógica e do projeto estratégico.

 

E. Trabalho de Pequenos Grupos: novo exercício de autonomia pedagógica

A primeira versão da Proposta Pedagógica e do Plano Estratégico é analisada pelos mesmos grupos que se reuniram no segundo passo.

 

F. Terceiro Seminário: rumo ao futuro

Em um encontro de oito horas, envolvendo todos os educadores do município, as análises dos pequenos grupos são apresentadas, discutidas e sistematizadas. Propostas de acréscimos, supressões e transformação são feitas e discutidas. Um consenso mínimo é estabelecido.

 

G. Trabalho de Consultoria II: aparando arestas

A partir e obedecendo as conclusões do Terceiro Seminário, a Germinal redige a versão final da Proposta Pedagógica e do Projeto Estratégico. A proposta é submetida aos gestores municipais, melhorada(se necessário e sem ferir as conclusões do Terceiro Seminário) e implementada.

 

 7. Previsão de tempo e cronograma de Consultoria:

 

ATIVIDADES

Carga horária

SEMANAS

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Primeiro Seminário

48 horas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pequenos grupos de Trabalho

12 horas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Segundo Seminário

16 horas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Trabalho de Consultoria I

50 horas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Terceiro Seminário

8 horas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Trabalho de Consultoria II

26 horas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TOTAL

160 h.

   Dois meses e meio de trabalho

 

Observação:

1. A primeira semana do cronograma é contada a partir da assinatura do contrato.

 

8. Produtos de Consultoria

  • Proposta Pedagógica da Educação Infantil
  • Proposta Pedagógica do Ensino Fundamental.
  • Projeto Estratégico da Educação Infantil e do Ensino Fundamental


[1] Chamamos de educadores todos os envolvidos no processo educacional, incluindo o pessoal de apoio.

 

Árvore do Conhecimento de Administração e Desenvolvimento Empresarial 9 de julho de 2008

 

A seguir, estão apresentados excertos do projeto de reformulação da programação de Educação Profissional Básica do Centro de Administração e Desenvolvimento Empresarial, unidade especializada do Senac/Rio. Todo o trabalho de atualização da Educação Profissional Básica do Senac/Rio foi feito com consultoria da GERMINAL. A reformulação procurou ajustar a programação às necessidades atuais do mercado de trabalho, orientou os programas para o desenvolvimento de competências e fixou um desenho curricular articulado por projetos. O texto a seguir foi elaborado parte pelo pessoal técnico do CDE e parte pela Germinal. Foi publicado anteriormente no CD-ROOM  “Senac Rio – O Futuro Começa Aqui”, amplamente distribuído. A publicação original não continha as ilustrações aqui inseridas.

 

Justificativa e Apresentação

O Centro de Administração e Desenvolvimento Empresarial (CDE), está dedicado ao atendimento da crescente demanda por produtos e serviços em três segmentos principais: tecnologia da administração, desenvolvimento empresarial e varejo, proporcionando a pessoas e organizações o desenvolvimento do conhecimento nessas áreas. O Centro atende não só a pessoas que buscam qualificação profissional nos três segmentos considerados como também a organizações de todo tipo e a profissionais de diversos setores econômicos e níveis de educação. Pela sua abrangência e pelas características do conhecimento envolvido (Administração), o CDE tem interfaces com todas as outras áreas de atuação dos demais Centros Especializados do Senac Rio.

Como nas demais áreas, o segmento do Setor de Comércio e Serviços abrangido pelo CDE foi organizado em uma árvore do conhecimento. A árvore do CDE foi construída a partir de pesquisas qualitativas, realizadas pelo próprio CDE e pelos Centros Regionais, das qualificações básicas consideradas necessárias por essas pesquisas e pelas ações educativas e projetos considerados necessários para o desenvolvimento dessas qualificações. Na construção da árvore do conhecimento do CDE, foram integrados os portfólios dos segmentos de administração e varejo.

 

Pesquisa qualitativa

Henrique Matos, 1999, Tzolkin, Óleo sobre tela, 140 x 100 cm

Henrique Matos, 1999, Tzolkin, Óleo sobre tela, 140 x 100 cm

A pesquisa do CDE foi realizada com participantes, ex-clientes e pessoas que possuem o perfil dos participantes dos programas da área de Administração, ou seja, potenciais participantes. Foram entrevistados também os Gerentes Regionais do Senac Rio e representes de empresas consideradas prospects do CDE. Nas pesquisas qualitativas, foram constatados:

 

Demanda de mercado:  

Boa parte do comércio varejista é carente de qualidade profissional e já despertou para a necessidade de qualificação. Do vendedor ao gerente, a constituição de competências de atendimento e fidelização de clientes, gerência de produto e merchandising será necessária para a sobrevivência das empresas. Donos do pequeno comércio demandam educação generalista que vai desde a negociação com fornecedores, passando pela logística e gestão do estoque, até fluxo de caixa, planejamento e noções de marketing. Outras funções apresentaram alta demanda de qualificação. A saber: Operador de Telemarketing; Recepcionista; Auxiliar de Departamento Pessoal; Auxiliar de Escritório; Assistente Administrativo; Tesouraria. De uma forma geral, o mercado tem demandado mais intensamente profissionais que atuem nas áreas de meio ambiente, administração e economia e, principalmente, telecomunicações e tecnologia da informação. 

Visão de futuro:

A importância das habilidades técnicas tende a diminuir, pois o mercado procura cada vez mais profissionais com determinadas competências básicas. Pró-atividade, comunicação, empreendedorismo, postura ética, iniciativa e facilidade no relacionamento interpessoal são algumas das competências que serão consideradas básicas num futuro próximo. Em relação à educação específica, será exigido o nível superior (mesmo para os profissionais de nível técnico-operacional), o domínio do idioma Inglês e de sólidos conhecimentos em informática (como usuário).

Perfil Profissional:

O mercado tem valorizado as competências mais gerais, tais como: Apresentação pessoal; Fluência verbal; Planejamento e organização; Relacionamento interpessoal; Trabalho em equipe; Flexibilidade; Controle emocional; Criatividade; Motivação; Dinamismo; Capacidade de negociação; Multifuncionalidade; Empreendedorismo; Pró-atividade; Adoção de valores éticos; Produtividade; Visão macro; Liderança; e Conhecimento técnico. 

 

Construção do currículo

Henrique Matos, 1997, Ruptura Azul, Óleo sobre tela, 92 x 73 cm

Henrique Matos, 1997, Ruptura Azul, Óleo sobre tela, 92 x 73 cm

No processo de construção da árvore do conhecimento do CDE, partiu-se das qualificações técnicas que compõem o itinerário dos cursos técnicos da área de Comércio e Gestão do Senac Rio (Técnico em Administração, Secretariado, Contabilidade e Transações Imobiliárias). As qualificações técnicas foram comparadas com os programas de qualificação básica já existentes no portfólio do CDE. Com base nessa comparação e nas indicações de mercado foram eliminados os programas de qualificação básica que competiam com os de qualificação técnica.

Foram feitos alguns acertos em relação à natureza de alguns programas e outros foram eliminados por não apresentarem demanda de mercado. Nesse momento, as pesquisas qualitativas foram consideradas. Esse processo de refinamento possibilitou a definição dos programas de qualificação básica que comporiam os “grandes galhos” da árvore do conhecimento do CDE.

Ao fim, para quase todas as qualificações que fazem parte do itinerário dos cursos técnicos há uma qualificação básica correspondente. Assim, as qualificações básicas podem fazer parte do itinerário das formações de técnicos de nível médio, sem, no entanto, serem repetições das qualificações técnicas também integrantes do itinerário formativo de um determinado profissional.

Foram processadas as adaptações na duração, nas ações educativas a serem proporcionadas e nas competências a serem constituídas de modo a viabilizar mercadologicamente as qualificações básicas. Na medida do possível, procurou-se manter as ações educativas ou as competências agrupadas em ações educativas semelhantes às das qualificações técnicas, de modo a facilitar o aproveitamento de estudos.

Selecionadas as qualificações básicas, para a criação do desenho da árvore, um princípio de relação entre elas foi estabelecido. Nesse desenho, o programa de Assistente Administrativo aparece como ponto de ingresso, embora não obrigatório, na área de Administração. A partir desse programa, iniciam-se as opções de caminho na área. O programa de Recepcionista, que também contempla competências de venda, aparece na estrutura da árvore como ligação, como o elo entre as áreas de Administração e Varejo.

Cada programa de qualificação básica foi desenhado com as ações educativas (oficinas, workshops, ciclo de estudos) que o compõem. Algumas dessas ações educativas são produtos educativos independentes que podem ser cursados separadamente. Podem, ainda, ser componentes de outro programa de qualificação básica, criando a desejável flexibilidade dos itinerários. Podem, por fim, somadas com outras ações educativas, constituir uma nova alternativa educativa, possibilitando uma construção individualizada dos currículos. No desenho da árvore também estão integrados os programas de aperfeiçoamento e atualização das áreas de Administração e Varejo. A inclusão dessas modalidades inscreve nos desenhos uma perspectiva de educação profissional permanente e sugere veredas de aperfeiçoamento profissional contínuo.

O planejamento de programas livres do CDE, dessa forma, baseia-se em uma articulação de um conjunto de perspectivas. A programação atende à perspectiva de integração sinérgica dos programas (programas) e das diversas modalidades de programas (habilitação técnica, qualificação técnica, qualificação básica, aperfeiçoamento e, futuramente, educação tecnológica). Atende à perspectiva de uma mudança radical ajustada às demandas dos novos tempos, sem perder o contato com a rica tradição do Senac Rio no trato com essa área de educação profissional. A programação está sintonizada com a perspectiva de atender às necessidades de mercado, identificadas a partir de pesquisas qualitativas e outras referências, sem perder de vista a possibilidade de exercer uma ação transformadora em relação a esse mercado.

A programação a seguir é mais uma oportunidade de pôr em prática a Proposta Pedagógica do Senac Rio. Atende, nesse sentido, ao conjunto dos dez princípios que resumem a proposta. Contempla o princípio de manter uma relação dinâmica e transformadora entre o contexto e a educação profissional do Senac Rio para o desenvolvimento de produtos que atendam às necessidades e tendências do desenvolvimento social e do mercado. Dá uma atenção privilegiada ao princípio de ampliar a participação dos atores sociais e as áreas de atuação, atualizando e diversificando permanentemente os programas (princípio 6). Finalmente, é a concretização da perspectiva de desenho curricular inserida na proposta, em especial:

Queremos o desenho de um currículo flexível. Um currículo que acompanhe o momento presente e a velocidade das mudanças. Um currículo adequado aos grandes movimentos do trabalho e ajustado às demandas regionais. Entendemos que o desenho ideal de um currículo é aquele que permite ao participante o controle e a responsabilidade pela sua aprendizagem. Por isso, queremos um currículo constituído por unidades de aprendizagem(…). Queremos um currículo modular” (Proposta Pedagógica do Senac Rio).

(…)

Árvore do Conhecimento

 

Perfis profissionais

 Broken Flowers and Grass, 1979,

Broken Flowers and Grass, 1979, watercolor, gouache, acrylic and graphite pencil on paper, Anselm Kiefer, Daunaueschingen/Alemanha - arte conceptual contemporânea

Assistente Administrativo

O Assistente Administrativo é o profissional que une seus conhecimentos técnico-operacionais aos estratégicos da área de gestão. Estará apto a desenvolver as atividades gerais relacionadas a serviços administrativos nos diversos setores da empresa.

Assistente de Departamento de Pessoal

O Assistente de Departamento de Pessoal é o profissional que, conhecendo os objetivos da área de Recursos Humanos, estará apto a atuar nas atividades de admissão, acompanhamento e desligamento de pessoal e aplicar as legislações previdenciária, trabalhista e tributária pertinentes ao ciclo de pessoal.

Assistente de Tesouraria

O Assistente de Tesouraria estará apto a desenvolver as atividades inerentes ao ciclo financeiro, no que se refere às operações de controle do fluxo de caixa, movimentação bancária, dos sistemas de cobrança, recebimento e pagamento e a interpretação de relatórios financeiros.

Assistente Contábil

O Assistente Contábil estará apto a dar apoio à elaboração de relatórios contábeis parciais subsidiados pela legislação vigente e conforme os princípios fundamentais da contabilidade.

Assistente de Comércio Exterior

O Assistente de Comércio Exterior é o profissional que, conhecendo as rotinas e legislações pertinentes, estará apto a atuar em processos de importação e exportação.

 Recepcionista

O profissional de recepção estará apto a desenvolver atividades de atendimento ao cliente em diferentes situações e ambientes, bem como atuar na promoção e venda de produtos e/ou serviços.

Consultor de Vendas

O profissional de venda estará apto a desenvolver atividades de consultoria na busca de soluções e/ou resultados para as empresas e clientes com diferentes expectativas e em diferentes situações.

 

Organização curricular

Henrique Matos, 1995, Lua cheia, Óleo sobre tela, 92 x 73 cm

Henrique Matos, 1995, Lua cheia, Óleo sobre tela, 92 x 73 cm

Os programas de qualificação básica do Senac Rio têm sua organização curricular baseada em uma estrutura curricular comum. A definição dessa estrutura contou com a participação de todas as unidades regionais e especializadas do Regional. Ela é baseada e destina-se a ser instrumento de implementação da Proposta Pedagógica do Senac Rio.

Baseado nessa proposta, pode-se assumir, juntamente com a introdução das diretrizes curriculares, “que os currículos não são fins, mas colocam-se a serviço do desenvolvimento de competências, sendo essas caracterizadas pela capacidade de, através de esquemas mentais ou de funções operatórias, mobilizar, articular e colocar em ação valores, conhecimentos e habilidades”. Isto “significa, necessariamente, adotar uma prática pedagógica que propicie, essencialmente, o exercício contínuo e contextualizado desses processos de mobilização, articulação e aplicação”.

A estrutura curricular comum aos programas de qualificação básica do Senac Rio “Dessa forma, um currículo para a qualificação (…), desenhado na perspectiva da construção de competências, é composto, essencialmente, de um eixo de projetos, problemas e/ou desafios significativos do contexto produtivo da área, envolvendo situações simuladas ou, sempre que possível e preferencialmente, reais. (…) Atividades de apropriação de conteúdos de suporte de bases tecnológicas, organizados em disciplinas ou não, e de acompanhamento, avaliação e assessoria às ações de desenvolvimento dos projetos, são programadas e convergem para esse eixo de currículo.”

A partir da reformulação dos programas de qualificação básica, todo programa do Senac Rio destinado à educação de novos profissionais tem uma organização curricular centrada em projetos.Os projetos são responsáveis pelo desenvolvimento das competências mais complexas a serem exigidas do futuro profissional. Os projetos articulam Oficinas ou outras ações educativas destinadas ao desenvolvimento de competências mais específicas e nelas focadas. As competências desenvolvidas pelas Oficinas são componentes das mais complexas, atribuídas aos projetos. As Oficinas são também instrumentais no desenvolvimento dos projetos e uma mesma Oficina pode estar a serviço de todos eles. Por outro lado, a mesma competência pode ser desenvolvida por mais de um projeto. Os programas de educação profissional do Senac Rio têm uma organização curricular em espiral e em rede.

 

O projeto comum a todas as qualificações e o projeto específico de uma qualificação

Chiwara - Escultura Africana - University of Leeds

Chiwara - Escultura Africana - University of Leeds

O Projeto Gerenciando a Carreira é comum a todas as qualificações básicas do Senac Rio. Esse projeto prevê a efetivação de dois produtos: a definição de um código de ética e a elaboração de um plano de desenvolvimento pessoal e profissional. É um primeiro movimento de resposta à necessidade de desenvolvimento de competências profissionais básicas constatada nas pesquisas qualitativas. O currículo dos diferentes programas de educação profissional básica não prevê um componente curricular específico para o desenvolvimento desse projeto, nem destina um número definido de horas para o desenvolvimento do projeto comum a todas as qualificações e áreas. Ele será desenvolvido em conjunto com um outro projeto, que também é incluído em todos os currículos: o projeto técnico específico.

O projeto técnico específico é derivado e destinado a desenvolver o conjunto fundamental de competências técnicas a serem constituídas por um determinado programa de qualificação profissional básica. Está relacionado com o cerne do processo de desenvolvimento do profissional e articula as demais ações educativas destinadas ao desenvolvimento de competências técnicas específicas. Observe-se, no entanto, que nem sempre as ações educativas restringem-se ao desenvolvimento de competências técnicas. Algumas delas tratam do desenvolvimento de competências básicas, fundamentais na construção do perfil profissional desejado.

Em todos os programas, por outro lado, existe um componente curricular previsto para o desenvolvimento de projetos. Um projeto especificamente relacionado à ocupação objeto da qualificação básica e outro – o Projeto Gerenciando a Carreira –relacionado ao desenvolvimento das competências básicas. Observe-se que, no entanto, os projetos não podem ser vistos como duas entidades distintas convivendo na mesma casa. Assim como as competências técnicas não estão radicalmente separadas das competências gerais, os dois projetos são complementares. Trata-se, então, de dois projetos que se entrelaçam e de uma dupla articulação do currículo. As formas práticas de efetuar essa dupla articulação serão descobertas e fixadas em cada qualificação e em cada local de execução dos programas.

As aprendizagens referentes ao Projeto Gerenciando a Carreira podem ser previstas e sistematizadas ao longo de todo o desenvolvimento do Programa. Podem também ser sistematizadas ao fim dele, culminando com a redação de um plano de carreira que pode embutir um plano de desenvolvimento profissional e pessoal. Mesmo admitindo que cada programa envolve uma educação completa, o pressuposto subjacente no Projeto Gerenciando a Carreira é que a aprendizagem não se encerra no programa. Ele é um ponto de inflexão e de impulso em uma trajetória, posto que humana, imersa no aprender.

Os projetos específicos tratam de criar, transformar ou melhorar as atividades do Setor de Comércio e Serviços, onde atuará o profissional em desenvolvimento. Destinam-se a desafiar o participante e a problematizar o corpo de saberes já constituído. Estão no rumo da desconstrução do saber já pronto e do favorecer a construção do conhecimento e a incorporação das competências pelo participante. Esses projetos serão relacionados com situações reais e objetivam mudanças efetivas nas formas de praticar o comércio e/ou de prestar serviços. Objetivam formar um agente de mudanças.

Em programas de Educação Profissional e na perspectiva de educação do agente de mudança, o espaço escolar é insuficiente para a mudança proposta e para a conseqüente produção de conhecimento dela derivada. A ação do projeto tem que transcender os muros da escola. O espaço de aprendizagem precisa abranger as atividades produtivas e sociais reais onde as funções profissionais ganham sentido e o profissional a ser formado pode enfrentar os desafios capazes de desenvolverem as competências necessárias à tarefa de transformação.

Essa proposta transcende, em muito, a noção de estágio ou prática supervisionada. No estágio e na prática supervisionada trata-se, no máximo, de aprender o trabalho tal como ele já está posto. Aqui, não. Trata-se de olhar a prática com olhos críticos. Uma crítica não derivada de uma teoria previamente assimilada e sim de uma crítica que se constrói na própria busca da transformação. Engajar os participantes em um processo de crítica e mudança, visando à melhoria das atividades terciárias e, com elas, a melhoria da qualidade de vida, é a característica comum dos projetos que articulam os programas de educação profissional do Senac Rio.

 

 
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