Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

Blogs do Jovem Aprendiz Rural 13 de outubro de 2009

 

Jovem Aprendiz Rural de Batatasi (SP)

No Programa Jovem Aprendiz Rural, a Oficina de Informática opera em torno de duas atividades básicas: a criação de um blog e a edição de uma revista eletrônica sobre agricultura sustentável.

 

Por isso, todo ano inúmeros blogs são criados pelos aprendizes. Os links a seguir dão acesso a alguns desses blogs e às matérias que eles veiculam.

 

Aprendiz Agudos – A força do Campo O QUE EU ACHO DO PROGRAMA JOVEM APRENDIZ RURAL

Evolução da Zootecnia Jovem Aprendiz Rural SENAR-SP

 Jovem Aprendiz Canteiro de flores

Jovem Aprendiz Preparação para o plantio de pepino

Jovem Aprendiz Rural – Fartura – 2009 Saiba mais sobre o Projeto Jovem Aprendiz Rural de Fartura – SP

JOVEM APRENDIZ RURAL DE MIRASSOL – A REVISTA DA REVOLUÇÃO RURAL…

Jovem Aprendiz Rural de Nhandeara Revista Jovem Aprendiz Rural

JOVEM APRENDIZ RURAL- PARDINHO 2009 Horta Mandala – Pomar

Jovem Aprendiz Oficina agregar valores a produtos.

JOVEM APRENDIZ RURAL DE BATATAIS

 

O Programa Jovem Aprendiz Rural, destinado aos jovens oriundos do campo e aprendizes, foi desenvolvido pela Germinal Consultoria para o SENAR de São Paulo. Busca desenvolver competências básicas para o trabalho, competências gerais para o trabalho rural e competências para o empreendedorismo.

 

Para o desenvolvimento dessas competências, tem uma organização curricular composta por Projetos e Oficinas, como pode ser visto aqui.

 

Para cada um dos componentes curriculares foi elaborado um manual para o coordenador docente e uma Cartilha do Aprendiz, de modo a propiciar um referencial para a ação docente, um material de apoio para os alunos e facilitar a integração e o treinamento dos professores do Programa. Para conhecer agumas amostras desses manuais, clique aqui.

 

Letramento Digital – uma amostra 5 de abril de 2009

Capa do livro Navegar é Preciso - ilustração de Mariana Massarani

Livro Navegar é Preciso - ilustrações de Mariana Massarani

 

 

Este post veicula, como amostra, uma sessão de aprendizagem do Projeto Letramento Digital. Para maiores informações sobre o Projeto, acesse os links inseridos ao final da postagem.

 

A imagem à direita é uma reprodução da capa do livro Navegar é Preciso. O livro é um dos  recursos didáticos do Projeto e é destribuído para todos os alunos que o frequentam.

 

 

A PRIMEIRA SESSÃO DE APRENDIZAGEM DA ETAPA REFLETIR

Plano da sessão de aprendizagem (1/5) 

Etapa: Refletir                                            Sessão 1/5

Competências

Situação de Aprendizagem

Recursos

Tempo

Explorar a Internet para efetuar pesquisas.

Utilizar um dicionário e outras ajudas eletrônicas para corrigir textos.

Utilizar dicionários e gramáticas impressas na correção de textos.

Ler textos impressos como forma de expandir a competência de leitura e para ampliar conhecimentos.

Desenvolver mecanismos próprios de correção textual.

Aprimorar, em forma e conteúdo, uma produção textual própria ou alheia.

Explorar livremente os recursos de software disponíveis.

Cena 1: Recepção e introdução à Internet

Água, chá, café. Capas de Revistas. Simulador de Internet

 15’

 Cena 2: As pedras do caminho

 Livro de Leitura

 25’

 Cena 3: Capas

Word.

30’

Cena 4: Manchetes

Word. Revistas usadas.

30’

Cena 5: Arte Final

Disquetes e impressora

30’

 Cena 6: Exposição de arte

  Capas de Revista

 25’

 Cena 7: Navegando e pesquisando

Ambiente de Internet e demais recursos de Informática

15’’

 

Cena 8: Avaliação do Dia

 

MENSAGEIRO

 

10’

 

 

 

 

Modificações no cenário básico

A sala já está ambientada para a etapa Refletir. Os computadores estão desligados. Quando ligados já estarão articulados em rede para possibilitar comunicação escrita entre os participantes. Na rede, cada computador continua recebendo o mesmo número.

Como descanso de tela, alternam-se cópias dos painéis que compõem a ambientação da etapa Refletir. Em uma mesa lateral: Uma garrafa de água, uma garrafa térmica de café e outra de chá.  Em lugar central da sala, no espaço destinado a exposições, estão coladas as capas de revistas produzidas pelos participantes na etapa anterior.

 

Cena 1: Recepção e Introdução à Internet

  Cumprimentando cada participante que chega…

Coordenador: Oi, tudo bem? Não quer tomar um café? Como foi o fim de semana? Disposto para uma nova etapa do Letramento? Viu os novos cartazes? De qual você mais gostou?

Na hora prevista…

Vocês já navegaram na Internet? Hoje vocês poderão experimentar como é navegar na Internet. Ligando os computadores vocês poderão abrir o Internet Explorer (escreve), um programa que permite navegar na Internet. O nosso ambiente de Internet é simulado, não é verdadeiro. É só pra vocês aprenderem a navegar. A Internet real é muito mais rica e complexa; tem-se acesso a milhares de sites do mundo inteiro. Site é uma palavra inglesa que significa sítio.  Dá para navegar a vida toda.

Participantes: Estimulados pelo coordenador, fazem comentários sobre o que conhecem da Internet…

Coordenador: Ocupem seus lugares, liguem as máquinas e entrem na internet. Naveguem e explorem suas possibilidades. Procurem, especialmente, materiais que cada um poderia aproveitar para a revista que estamos fazendo: imagens, fotos, informações etc.; materiais que possam ajudar a melhorar as capas. Nós, hoje, vamos continuar o trabalho com as capas que vocês fizeram na semana passada.

Quinze minutos após o horário marcado…

 

Cena 2: As pedras do caminho

Luís Penetra - Fotógrafos de Elvas
Luís Penetra – Fotógrafos de Élvas

Coordenador: Vamos interromper a navegação pela Internet. Vocês terão outras oportunidades de voltar a ela. Abram o Livro de Leitura, no capítulo Refletir (escrever). A primeira página desse capítulo é a poesia “No Meio do Caminho” (escrever), de Carlos Drummond de Andrade. Todos encontraram? Vamos ler a poesia todos juntos?

Todos: Lêem a poesia.

 

 

 

 

No meio do caminho tinha uma pedra

Tinha uma pedra no meio do caminho

Tinha uma pedra

No meio do caminho tinha uma pedra.

 

Nunca me esquecerei desse acontecimento

Na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho

Tinha uma pedra

Tinha uma pedra no meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra

 

Poesia Completa / Carlos Drummond de Andrade. – 1ª ed. -Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar S.A., 2002

 

Coordenador: Este poema é muito famoso. O que vocês acharam da mensagem?

Participantes: Estimulados pelo coordenador, fazem comentários a respeito do poema lido.

Coordenador: O que significa, no poema, a expressão “no meio do caminho tinha uma pedra”?

Participantes: Interpretam o texto.

Coordenador: Na vida, a gente sempre encontra uma pedra no caminho ou até mais de uma, não é? Até aqui, no caminho da Revista, vocês encontraram muitas pedras?

Participantes: Estimulados pelo coordenador, comentam a respeito dos problemas que já encontraram na criação da revista, como os enfrentaram e como conseguiram superá-los.

Coordenador: As pedras ainda não terminaram porque o caminho da criação e construção da revista ainda não acabou. A partir de hoje e nas próximas sessões, melhoraremos o que já fizemos e escreveremos muito mais. Voltaremos a cada uma das páginas realizadas na etapa passada em todos os dias da fase Refletir (escrever). Aperfeiçoaremos o trabalho já feito. Tornaremos tudo mais bonito. Corrigiremos o que for necessário corrigir. Escreveremos mais e melhor. Cada um vai fazer da sua parte da revista uma obra prima. Estão prontos para começar?

Participantes: Comentam a proposta de continuidade.

 

 

Cena 3: Capas

criação de Rodrigo Oliveira
Criação de Rodrigo Oliveira

Coordenador: Voltemos, então, para a capa da revista (mostrar a exposição). Lembram-se dela? Foi o primeiro trabalho que fizemos. Abram o arquivo no qual está a capa da revista. O nome da pasta é Revista (escrever) e o nome do arquivo é Capa (escrever). Todos acharam?

Participantes: Abrem o arquivo.

Coordenador: Melhoraremos todas as propostas de capa para a revista. O primeiro desafio é revisar o que já foi feito. Esta é a oportunidade de corrigir o que deve ser corrigido. Vamos verificar se o título da revista e o slogam estão escritos corretamente. Vamos trabalhar em duplas. Formem duplas!

Participantes: Formam duplas, organizadas segundo a proximidade dos computadores.

Coordenador; Cada integrante da dupla ajudará o outro a melhorar a redação do  título e do slogan da revista. Podem começar o trabalho de correção. Utilizem o comando Ortografia e gramática (escrever), em Ferramentas (escrever), que indicará, em vermelho, possíveis incorreções e fornecerá dicas para corrigir o que pode estar errado. Cuidado, no entanto. Às vezes o Word assinala palavras com um risco vermelho e não existe erro nenhum. Algumas vezes, ele dá sugestões para a correção, outras vezes não dá. Converse com o colega de dupla. Discutam.  Usem os dicionários da sala. Usen o Dicionário que vocês encontram na pasta LIVROS. Procurem dicionários na Internet.

 O coordenador acompanha os trabalhos, fornecendo orientações em relação à correção sempre que necessário. Após vinte minutos e verificando que todos conseguiram concluir as correções…

Coordenador: Muito bem! Desfaçam as duplas. Aqueles que não estiverem satisfeitos com o trabalho anterior, e quiserem fazer outras modificações no título e no slogam, podem fazê-lo.

Participantes: Trabalham a capa da revista, de acordo com a proposta.

Coordenador: Todos conseguiram fazer as modificações e correções na capa da revista? Salvem o trabalho no computador e no disquete, sem mudar o nome do arquivo. Vamos ao próximo passo.

 

Cena 4: Manchetes

Coordenador: O segundo desafio é incluir na capa da revista uma coisa nova: as manchetes. Todos sabem o que são manchetes? Manchetes são títulos em destaque, escritos com letras maiores para serem colocados em evidência (mostrar capas de revista previamente selecionadas com manchetes) como estas. Este título é um exemplo de manchete (mostrar). A manchete também é conhecida como chamada de capa. É uma espécie de anúncio do que o leitor vai encontrar no interior da revista. Peguem as revistas que estão nas mesas de vocês e localizem as manchetes nelas existentes. Cada um de nós lerá uma como se estivesse anunciando a revista no rádio ou na televisão. Eu vou começar.

Participantes: Seguindo o exemplo do coordenador, um a um, lêem uma manchete para os companheiros.

Coordenador. Percebam que as manchetes anunciam os assuntos abordados na revista. Em nossa revista, os assuntos tratados são os saberes de cada um. Sobre o que cada um está escrevendo?

Participantes: Cada um diz sobre o que está escrevendo.

Depois de escrever os temas dos integrantes do grupo…

Coordenador: Vocês escolherão uma ou mais dessas matérias para dar destaque na capa da revista. Escolham as que vocês querem colocar em evidência. Todos entenderam?

Participantes: Comentam a proposta. Esgotadas as dúvidas, começam a trabalhar na inclusão de uma manchete (ou mais de uma) na capa da revista.

O coordenador acompanha o desenvolvimento dos trabalhos sem interferir diretamente. Após vinte minutos

 

Cena 5: Arte Final

Coordenador: Todos incluíram suas manchetes de capa da revista? Atenção! Enquanto fazem a arte final, percorrerei as telas para fazer uma revisão final. Revisão final é a revisão que se faz em todas as publicações – jornais, livros, revistas, etc. – para ver se não sobrou nenhuma incorreção por distração do redator ou mesmo de outras revisões já feitas. Então, vou passar no lugar de cada um para fazer a revisão final e apontar casos que precisam de ajustes e/ou de melhorias…

Atenção, coordenador

Evite falar a palavra erro, ou expressões como: “está errado”, “precisa fazer certo”, “tem que mudar o que está errado”. Opte por expressões como: “está bem, mas são necessários alguns ajustes”; “está muito bem, mas com algumas correções vai ficar melhor ainda”; “está ótimo! Com pequenas correções fica perfeito!”

Participantes: Fazem a arte final da capa e correções baseadas nas indicações do coordenador.

 

Cena 6: Exposição de arte

Coordenador: Todos já concluíram? Já podemos fazer uma exposição dos trabalhos? Salvem as mudanças realizadas. Não se esqueçam também de salvar os trabalhos em disquete. Depois, cada um pode imprimir duas cópias da sua capa.

Concluída a impressão…

Coordenador: Para todos analisarem os progressos do grupo, vou expor a capa que cada um acabou de fazer ao lado da sua capa anterior, feita há vários dias.

Coloca os dois trabalhos de cada participante um ao lado do outro, construindo uma exposição coletiva.

Participantes: Movimentam-se para observar todos os trabalhos realizados no dia ao lado dos anteriores. Fazem comentários entre si e com o coordenador sobre suas impressões a respeito do progresso observado.

Coordenador: Parabéns a vocês. O trabalho está muito bom. Desta vez, nem elegeremos o melhor porque todos já são campeões em superação e progresso pessoal e, por esta razão, incomparáveis.

 

Cena 7: Navegando e pesquisando

Coordenador: Vamos  navegar na Internet novamente?  Vocês voltarão para a Internet com uma missão: a de encontrar coisas interessantes  sobre o assunto que estão trabalhando para acrescentar na revista. Ficou claro? (Pausa; depois, enfatizar) A navegação agora não deve ficar à deriva. A atitude é de pesquisador: cada um vai procurar material para enriquecer a sua revista.

Participantes: Comentam a proposta, solicitam esclarecimentos, lançam hipóteses a respeito do aproveitamento de recursos da Iternet.

Coordenador: O que encontrarem e quiserem guardar para uma utilização posterior, selecionem, copiem e colem numa pasta nova. Chamem esta pasta de Pesquisa Internet (escrever). Dêem um nome para cada arquivo. Nomes que facilitem achá-los depois. Todos entenderam?

Participantes: Exploram a Internet procurando textos, gravuras ou qualquer outro recurso sobre o “seu assunto” para incluir na revista. Trocam idéias sobre as possibilidades de aproveitamento. Copiam e arquivam tudo o que considerem interessante.

Dez minutos antes do horário marcado para a saída…

Coordenador: Já não temos mais tempo. Salvem tudo no computador e no disquete. Amanhã voltaremos ao material hoje pesquisado.

 

 Cena 8: Avaliação do Dia

Coordenador: Por favor, abram o MENSAGEIRO e escrevam uma mensagem para mim. Enviem para o meu endereço eletrônico. Para escrever a mensagem, vocês completarão a frase: O que mais me entusiasmou no trabalho de hoje foi… (escrever).

Participantes: Completam a frase e encaminham ao coordenador.

Coordenador: Já recebi a mensagem de todos. Muito obrigado. Espero vocês na próxima sessão. Venham com grandes idéias. Até amanhã. 

 

 

O Projeto Letramento Digital foi desenvolvido e está sendo implementado  pela Germinal e pelo Senac Rio, em parceria. Destina-se à inclusão digital de pessoas com dificuldades de leitura e escrita, objetivando, ao mesmo tempo, ampliar as competências de ler e escrever dessas pessoas com o uso do computador.

Lançado em 26 de maio de 2006, na sede do Senac Rio, a população alvo do Projeto é a que está incluída no nível mais elementar de alfabetismo (nível 1), do Índice Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF), criado pela Ação Educativa e pelo Instituto Paulo Montenegro (IBOP).

”O nível 1 de alfabetismo corresponde à capacidade de localizar informações explícitas em textos muito curtos, cuja configuração auxilia o reconhecimento do conteúdo solicitado. Por exemplo, identificar o título da revista utilizada na testagem ou, num anúncio, localizar a data em que se inicia uma campanha de vacinação ou a idade a partir da qual a vacina pode ser tomada gratuitamente“.

A população alvo do Projeto está estimada em 40.000.000 de pessoas. Para enfrentar o desafio de atender pelo menos em parte uma população tão grande, o projeto foi desenvolvido de forma a ser facilmente replicado através de parcerias com instituições  governamentais, ONGs ou através de ações de responsabilidade social das empresas.

 

As organizações ou comunidades interessadas em participar do projeto podem procurar o Centro de Educação para o Trabalho e a Cidadania do Senac Rio. Telefone (21) 2473-8671. Podem também entrar em contato com a Germinal, através do Fale Conosco.

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Clique no link se estiver interessado em mais informações sobre o Projeto Letramento Digital ou em Amostra I ou Amostra II se quiser conhecer outros exemplos de sessões de aprendizagem (aulas) do Projeto Letramento Digital.

 

 

 

O Projeto Letramento Digital 20 de junho de 2008

 

 

 Neste post estão publicados excertos do Plano de Curso do Projeto Letramento Digital. O Projeto é uma iniciativa do Senac Rio e da Germinal Consultoria, em parceria. Destina-se à inclusão digital de pessoas com dificuldade de leitura e escrita. O texto a seguir é um excerto do livro Letramento Digital, de José Antonio Küller e Natalia F. Rodrigo, publicado pela Editora Senac Rio (2006). O excerto foi editado de forma diversa da originalmente publicada no livro.

 

 

   INTRODUÇÃO

 

Ilustração de Maraina Massarani

Mariana Massarani - Ilustação do Livro Navegar é Preciso

A inclusão digital da população com dificuldade de leitura e escrita é um desafio metodológico.

Em geral, as propostas de inclusão digital utilizam métodos que pressupõe o ler e escrever com um mínimo de desenvoltura. Assim, a população alvo do Projeto se defronta, no interior das propostas usuais de inclusão digital, uma forma sutil de exclusão: a didática. O seu fracasso no domínio da tecnologia deriva da proposta pedagógica dos programas de iniciação à informática, centrada na leitura e na escrita, e não de sua incapacidade de dominar os comandos que lhe dariam acesso aos recursos e benefícios da nova tecnologia.

O primeiro levantamento do INAF, em 2001, indicou que, na população brasileira, cerca de 70% dos que estão incluídos no nível 1 de alfabetismo tem entre um e quatro anos de escolaridade.

A inclusão digital da população com escolaridade entre um e quatro anos e o desenvolvimento da capacidade de ler e escrever dessa população são os objetivos centrais do Projeto Letramento Digital.

O projeto se justifica pela ausência de qualquer outro programa de inclusão digital especificamente destinado a esta população. Uma população que é constituída por cerca de quarenta milhões de brasileiros. Destes, segundo o INAF, apenas 4% usam de alguma forma o computador.

Cantinho virtual da educação - ilustração

No desenho metodológico do projeto Letramento Digital, buscou-se superar a dificuldade de leitura e escrita e transformá-la de empecilho em objeto de desenvolvimento educacional. Procurou-se favorecer uma aproximação à informática em que a leitura e a escrita fluentes não fossem requisitos, mas competências a serem desenvolvidas simultânea e sinergicamente ao domínio das competências de navegação e operação de aplicativos.

Procurou-se, além disso, que o interesse no domínio da informática fosse instrumento de uma nova aproximação da leitura e da escrita, que facilitasse a superação da sensação de incompetência e de traumas derivados de mal sucedidas experiências escolares anteriores. O objetivo de recuperar a auto-estima e a vontade de voltar a estudar dos participantes esteve presente desde as formulações iniciais do projeto.

         

AS COMPETÊNCIAS A SEREM DESENVOLVIDAS

Professor - ilustração de "A Nossa Escola"

           

  • Navegar, sem receio, por um sistema operacional.
  • Utilizar o ambiente da Internet para melhoria da comunicação e da interação social.
  • Utilizar as principais ferramentas de um editor de textos na criação de documentos eletrônicos.
  • Produzir pequenos textos adequados aos seus destinatários e aos assuntos e objetivos propostos.
  • Interpretar textos com complexidade equivalente aos das notícias sobre o cotidiano de um jornal.
  • Dominar ferramentas que possibilitem a continuidade da aprendizagem digital e o aprimoramento da produção e interpretação de textos.

 

 A METODOLOGIA

Pipa e casal - misterangel.wordpress.com

A proposta pedagógica do Projeto Letramento Digital funda-se nas perspectivas de construção do conhecimento e no desenvolvimento de competências. Uma e outra perspectiva exigem a atividade criadora do educando como centro do processo de aprendizagem.

Assim, o desenho metodológico do Projeto está orientado no sentido de criar situações concretas ou simuladas em que as competências em desenvolvimento e o conhecimento em construção sejam requeridos, exercitados e avaliados.

Para desenvolver a competência de navegar por um sistema operacional e construir o conhecimento correlato, por exemplo, é preciso criar situações onde o participante é solicitado a enfrentar desafios de navegação, buscar referências para superá-los, refletir sobre suas tentativas de solução e continuamente aprimorá-las.

O uso do termo letramento dá mais nitidez ao contorno do desenho metodológico do Projeto. A palavra letramento, quando utilizada no contexto da aprendizagem da leitura e da escrita, refere-se não a capacidade de converter signos escritos em orais ou vice-versa, mas ao domínio das habilidades, atitudes e conhecimentos necessários ao uso efetivo e competente da leitura e da escrita nas práticas sociais que as requerem e no cotidiano das pessoas (Magda Soares).

A competência manifesta-se no desempenho concreto. Ela é requerida para enfrentar os desafios e problemas cotidianos e inusitados da vida, da convivência em sociedade e do trabalho. Assim, para o letramento digital, para desenvolver a capacidade do uso efetivo do computador (também da leitura e da escrita), as situações de aprendizagem devem ser propostas de forma que os desafios desse uso surjam no ambiente de aprendizagem de forma muito semelhante de como aparecem ou podem aparecer no cotidiano, na vivência social e no trabalho.

 

               DESAFIOS, PROBLEMAS, PROJETO

Época - Época na Educação - Monte a sua Revista (capa)

A metodologia circunscreve, então, um contexto de problemas, desafios, tarefas e projetos em que as competências em desenvolvimento serão constantemente requeridas.

Posto o desafio, tarefa, projeto ou problema, os participantes são estimulados à busca da solução a partir de referências também buscadas por eles. Primeiro, no contexto do grupo mais imediato. Depois em recursos disponíveis no próprio computador, inclusive no software que foi desenvolvido especialmente para o Projeto. Depois, mais além.

Definida e experimentada a solução, os educandos são instados a criticá-la, a revê-la, a melhorá-la. Desafio ou problema, busca de referências, geração da solução, atividade, reflexão sobre a atividade e reformulação da ação são, assim, os passos metodológicos fundamentais usados em Letramento Digital.

Os desafios e atividades decorrentes são enfeixados por um projeto. Dando sentido aos desafios iniciais e articulando os posteriores, será proposto o projeto de edição de uma revista eletrônica pelo grupo de aprendizes. A revista eletrônica versará sobre os saberes existentes no grupo de aprendizes. A revista será o espaço para a expressão do saber individual e coletivo dos aprendizes. A idéia da revista foi, depois proposta para outros usos e contextos, como mostra o fascículo 4 (Monte sua Revista) da revista Época na Educação (ver figura e em: http://epoca.globo.com/educacao/). Continua novo e, provavelmente, inédito o público para o qual o projeto é proposto e o contéudo da revista.

Cada participante terá, na revista, uma coluna onde falará sobre o que mais conhece e o que mais sabe fazer.  Iniciada depois de 40% do percurso do Projeto, a revista será o desafio fundamental que exigirá todas as competências em construção e desenvolvimento.

Para a prática da metodologia, os participantes precisam acreditar nas suas potencialidades e envolver-se com a busca, a troca, a criação, a experimentação, a reflexão e o crescimento que pavimentam o percurso do enfrentamento do desafio e que resulta na construção do conhecimento e na atuação cada vez mais competente. Para tanto, a proximidade e o envolvimento do participante com o desafio, o problema, a tarefa ou com o projeto é fundamental.

 

 A ESTRUTURA

Flor da Paixão, baixaja.com.br

Flor da Paixão, baixaja.com.br

       

Letramento Digital terá a duração de setenta e cinco (75) horas, divididas em vinte e cinco (25) sessões de três (3) horas. Estará organizado em torno de um projeto que funcionará como eixo articulador das situações e atividades de aprendizagem: a criação de uma revista eletrônica sobre os saberes dos membros do grupo de aprendizagem.

O conjunto das sessões estará dividido em cinco (5) grandes etapas: Nutrir, Partilhar, Agir, Refletir, Criar. Cada etapa terá cinco (5) sessões de sprendizagem, com a duração de três (3) horas cada uma. Inspiradas nos impulsos humanos fundamentais identificados por Jung, as etapas envolvem estímulos, referências, ambientações e elementos simbólicos ligados a impulsos que afetam o comportamento de todo o humano.

Em cada etapa, usam-se referências simbólicas ao impulso privilegiado.   As referências simbólicas são veiculadas por atividades, músicas, textos (especialmente os poéticos) e imagens. Através do uso intensivo de símbolos procura-se criar um ambiente sucessivamente propício à assimilação, à troca, à atividade, à reflexão e à criatividade.

 Nutrir

Nesta primeira etapa, um conjunto de problemas, desafios, atividades e situações de aprendizagem estarão organizados em torno da busca e descoberta individual e do domínio das capacidades básicas necessárias para efetuar operações simples.

 Compartilhar

Nesta etapa, os problemas, desafios, atividades e situações de aprendizagem proporcionarão o compartilhar das aprendizagens da etapa anterior, alinhando o grupo em relação às aprendizagens da primeira etapa. Além disso, através da busca coletiva e do intercâmbio, o ampliar da capacidade de manusear o computador.

 Agir (atividade)

Nesta etapa, os problemas, desafios, atividades e situações de aprendizagem proporcionarão a consolidação das aprendizagens das etapas anteriores e o alinhamento do grupo em relação às aprendizagens da primeira etapa e da segunda etapa.  Além disso, através do projeto central (Revista Eletrônica), facilitar a ampliação da capacidade de transferir textos, refazer operações, formatar textos e gerenciar mensagens.

 Refletir

Além da consolidação das aprendizagens anteriores, esta etapa será concentrada na revisão dos textos da Revista Eletrônica que foram elaborados na etapa anterior. Dar-se-á especial ênfase à melhoria, ampliação e correção dos textos.

 Criar

Nesta etapa os textos da revista serão articulados, ilustrados e recriados a partir de pesquisa na Internet ou outras formas de acesso à informação e, por fim, a revista será editada. O ambiente de informática será totalmente aberto.

 

OS RECURSOS DE ENSINO/APRENDIZAGEM

Para ao atendimento simultâneo dos objetivos de inclusão digital, desenvolvimento das competências de ler e escrever e de retorno aos estudos, foi necessário um desenho metodológico inovador e o desenvolvimento de recursos didáticos de suporte, adaptados à metodologia e à diversidade dos objetivos em jogo.

Foi criado um Software específico para possibilitar que todas as atividades didáticas fossem desenvolvidas e controladas com o uso do computador, considerado como o recurso didático fundamental.

Além do controle do ambiente de informática, o software inclui um Livro Eletrônico de Leitura, contendo os textos que serão utilizados no projeto; DICIONÁRIOS de vários tipos; e um recurso de Ajuda, contendo a versão eletrônica de um Livro de Informática, denominado Navegar é Preciso, que depois será distribuído para os participantes em forma impressa.

O software também inclui um arquivo de imagens onde estarão disponíveis, em formato eletrônico, os Painéis que ambientarão o espaço de aprendizagem, caracterizando as diferentes etapas do Projeto. Uma pasta com Jogos para o desenvolvimento das competências de ler e escrever e para exercitar o manuseio do mouse. Finalmente, o software inclui o BATE-PAPO, um chat para troca de mensagens on line.

 

Capa do Livro Navegar é Preciso - ilustração de Mariana Massarani

                                                                          

 

 

O livro Navegar é Preciso

 

Para os participantes foi escrito um livro didático, denominado Navegar é Preciso, de Marcelo Brum de Azevedo e José Antonio Küller, com ilustrações de Mariana Massarani, publicado pela Editora Senac Rio. O livro apóia a busca autônoma de conhecimento pelos participantes, além de ser instrumento no desenvolvimento da competência de leitura.

 

 

 

 

 

                                                                                                        

  O livro Letramento Digital

Capa do livro Letramento Digital

O conjunto dos recursos criados para o Projeto é complementado pelo livro do docente, denominado Letramento Digital, de José Antonio Küller e Natalia F. Rodrigo, publicado pela Editora Senac Rio. Ele é um manual de operação. Destina-se a orientar a ação das instituições parceiras e dos futuros coordenadores (docentes) na implementação do Projeto.

Para uso das instituições parceiras, o livro define e especifica as competências que serão desenvolvidas, descreve a metodologia utilizada, apresenta a estrutura curricular, indica a infra-estrutura necessária, especifica a configuração dos equipamentos de informática e apresenta a perspectiva de avaliação do Projeto.

O cerne do livro Letramento Digital, no entanto, interessa especialmente ao docente que será o coordenador das atividades de aprendizagem. Trata-se da descrição de uma proposta de desenvolvimento das atividades educacionais do Projeto, etapa a etapa, sessão de aprendizagem a sessão de aprendizagem (aula a aula), passo a passo. Um roteiro de orientação das atividades docentes dentro do ambiente de aprendizagem, do início ao fim do Projeto.

As definições pedagógicas fundamentais, os recursos criados e o roteiro foram testados entre 2003 e 2005 em inúmeros grupos e em diversificadas circunstâncias. Em todas elas, o Projeto mostrou-se eficaz na inclusão digital, no aprimoramento da capacidade de leitura e escrita e no incentivo à continuidade de estudos.

As falhas observadas nos grupos experimentais e nas versões originais foram sistematicamente registradas. Esses registros orientaram reformulações e substituições de atividades de aprendizagem que foram consideradas menos adequadas. Este trabalho de revisão deu origem às definições pedagógicas e ao roteiro ora apresentados.

O roteiro incluído no livro está redigido no formato de uma peça de teatro. A escolha não foi aleatória ou por motivo de sofisticação de estilo. O formato foi escolhido por suas ressonâncias simbólicas.

O teatro evoca um ambiente criativo e requer a criatividade de todos os envolvidos na produção do espetáculo teatral. A peça escrita pelo dramaturgo é interpretada criativamente pelo diretor de cena, pelos atores, cenógrafos, iluminadores… Embora a orientação dada pelo texto original possibilite o reconhecimento da obra teatral, cada espetáculo singular é o resultado da criatividade de seus realizadores na relação com um público específico. Neste sentido, cada montagem e cada espetáculo são únicos e irreproduzíveis.

Ao adotar o formato do drama, espera-se que efeito similar ao do teatro seja obtido em cada implementação do Projeto Letramento Digital. O roteiro, embora detalhado e específico, deve ser uma orientação básica que provoque e estimule a criatividade de indivíduos, instituições e grupos autônomos e independentes de realizadores.

O livro Letramento Digital, desta forma, cumpre um papel decisivo na estratégia de difusão do Projeto Letramento Digital. A sua ambição é proporcionar, articulando o conjunto de recursos didáticos, todas as informações e orientações que possibilitem que uma organização, grupo ou pessoa possa, independentemente de orientação ou vinculação institucional, reproduzir o Projeto em qualquer local do país que disponha dos recursos e dos equipamentos de informática que são fundamentais no seu desenvolvimento.

 

 O CONTROLE DO AMBIENTE DE INFORMÁTICA

Núcleo Avançado de Educação do Senac Minas - ABRH/MG

Núcleo Avançado de Educação do Senac Minas - ABRH/MG

Para possibilitar que o enfrentamento autônomo dos desafios e possibilitar a coordenação do grupo por um único docente, foi necessário controlar o ambiente de informática. A exploração livre dos inumeráveis recursos do computador pode resultar em uma navegação errática e inútil para efeito de aprendizagem. A complexidade pode tolher a busca e a iniciativa.

Para evitar esses efeitos, o software controla o sistema operacional. Ele reduz as possibilidades de navegação às que são úteis no enfrentamento dos desafios de cada sessão ou etapa.

Inicialmente, o ambiente de aprendizagem, no computador, é altamente controlado. Na medida em que as sessões de aprendizagem vão se sucedendo ele vai sendo liberado. Ao final, o controle é exercido apenas como forma de manter acesso ao ambiente inicialmente criado, às pastas de arquivos do Projeto e às pastas de arquivos criadas pelos participantes no momento inicial.

 

 Se você estiver interessado, clique nos links para ver a Amostra I ou a Amostra II de Sessão de Aprendizagem do Projeto Letramento Digital

 

Letramento Digital: Amostra II de Sessão de Aprendizagem

 

                                                                                                   

 Etapa criar – Primeira sessão de aprendizagem

 

 
 
Neste post está publicado texto correspondente ao roteiro para o coordenador orientar a vigésima primeira Sessão de Aprendizagem (aula) do Projeto Letramento Digital. Foi extraído do livro Letramento Digital (Küller J. A. e Rodrigo, N. Rio de Janeiro, Senac Rio, 2006.). 
 
Parte das ilustrações são de Mariana Massarani (in: Küller, J. A. e  Azevedo, M. B., Navegar é Preciso, Rio de Janeiro, editora Senac Rio, 2006.). A edição do excerto difere da original. Corresponde à primeira sessão da quinta etapa (Criar).
 
O projeto Letramento Digital é uma iniciativa do Senac Rio e da Germinal Consultoria, em parceria. Destina-se à inclusão digital de pessoas com dificuldades de leitura e escrita. Para mais informações sobre o Projeto, clique aqui.

 

PLANO DA SESSÃO DE APRENDIZAGEM (21/25)

ETAPA: CRIAR

SESSÃO 1/5

Competências

Situação de Aprendizagem

Recursos

Tempo

 

Utilizar ferramentas de pesquisa para melhorar textos em forma e conteúdo.

Recriar textos integrando contribuições de várias fontes (companheiros, revistas, Internet, etc.).

Revisar, modificar e organizar textos tendo em vista uma finalidade comunicativa (Revista Eletrônica).

Fazer a edição eletrônica de textos, integrando e fixando a utilização de todos os recursos de Informática disponibilizados.

 

Cena 1: Recepção e introdução

 

Água, chá, café e capas de revista.

    10’

Cena 2: Tempo Rei

Livro de Leitura.

    30’

Cena 3: Organizando o trabalho

Word.

     30’

CENA 4: Planejando a edição

Roteiro.

     30’

CENA 5: Editando a revista

Disquetes e impressora.

     50’

Cena 6: Avaliação

Correio.

    20’

 

A sala já está ambientada para a etapa Criar. Os computadores encontram-se desligados; quando ligados já estarão articulados em rede para possibilitar comunicação escrita entre os participantes. Como descanso de tela, alternam-se cópias dos painéis que compõem a ambientação da etapa Criar. Em uma mesa lateral: uma garrafa de água, uma garrafa térmica de café e outra de chá.  Em lugar central da sala estão expostas as capas de revistas produzidas pelos participantes na etapa anterior.

 

 DESENVOLVIMENTO DA VIGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO (21/25)

 

 Cena 1: Recepção e Introdução

Mariana Massarani - ilustração do livro

 

Coordenador: Olá, tudo bem? Vamos entrando. Já temos café à nossa espera. Vamos nos servir enquanto chegam os demais. Estão todos aqui? Ótimo. Estamos entrando na última etapa do nosso curso. Passou muito rápido, não? Tentemos tirar o máximo proveito desses últimos dias.  Nossa missão agora é aprimorar, aperfeiçoar e integrar todos os trabalhos feitos individualmente numa revista da turma.

 Participantes: Fazem comentários sobre a continuidade do curso, perguntas sobre o desenvolvimento do programa, que são respondidas pelo coordenador.

 Coordenador: Estes últimos dias correspondem à etapa Criar do curso. É verdade que já criaram muitas coisas, mas agora vamos criar o produto final do curso: a revista da turma. Vamos utilizar todo o material que já produzimos. Continuarão criando. (mudando de tom) O que acham do trabalho criativo? Não é bom inventar, fazer, compor, escrever algo original?

 Participantes: Estimulados pelo coordenador, comentam suas sensações em relação ao trabalho criativo: dificuldades, prazer, surpresa com os resultados, sofrimento, insight etc…

 Coordenador: Quem ainda não aprendeu alguma das coisas que já trabalhamos em sessões anteriores precisa aproveitar para aprender logo. Não deixem para depois. Explorem os colegas. Qualquer pessoa que ensina alguma coisa acaba aprendendo mais. É um privilégio ensinar, não acham? Em último caso, se ninguém puder ajudar, explorem também o Coordenador. Vamos aproveitar o tempo. Liguem as máquinas, abram o Livro de Leitura.

  

Cena 2: Tempo Rei

 Coordenador: Abram o Livro de Leitura no capítulo Criar e na página onde está a música “Tempo Rei” (escrever). Vamos ouvi-la lendo a letra. Mas, atenção! Durante a audição, cada um de vocês deverá escolher uma frase da música que sinta que esteja relacionada com as sensações proporcionadas pelo trabalho criativo. (Pausa) Pensem nas sensações e sentimentos que acompanham o trabalho criativo.Estávamos conversando sobre isso na hora do café. Durante a execução da música, escolham uma frase da letra que mais se aproxime dessas sensações e sentimentos. Entenderam?

Participantes: Solicitam esclarecimentos e são orientados (brevemente) pelo coordenador, se necessário. Depois ouvem a música em silêncio, lendo a letra na tela.

 

 

 

 

Tempo Rei

Não me iludo

Tudo permanecerá do jeito que tem sido

Transcorrendo, transformando

Tempo e espaço navegando todos os sentidos

Pães de Açúcar, Corcovados

Fustigados pela chuva

E pelo eterno vento

Água mole em pedra dura

Tanto bate que não restará

Nem pensamento

 

Tempo rei, ó tempo rei, ó tempo rei

Transformai as velhas formas do viver

Ensinai-me, ó pai, o que eu ainda não sei

Mãe senhora do perpétuo, socorrei

 

Pensamento

Mesmo o fundamento singular do ser humano

De um momento para outro

Poderá não mais fundar nem gregos nem baianos

Mães zelosas, pais corujas

Vejam como as águas de repente ficam sujas

Não se iludam, não me iludo

Tudo agora mesmo pode estar

Por um segundo

Tempo rei, ó tempo rei, ó tempo rei[1]

Coordenador: Escolheram a frase, o trecho da canção, que mais se aproxima das sensações suscitadas pela criação, ou melhor, pelo trabalho criativo? (Pausa) Fulano, qual foi a frase que escolheu?

Participante: Repete em voz alta a frase que escolheu

O coordenador escreve cada frase escolhida em letra cursiva. Se o participante chamado não escolheu nenhuma frase…

 Coordenador: Tudo bem. Você terá outras oportunidades para encontrar uma frase que faça sentido. Fique atento para encontra-la. Beltrano, qual foi a sua escolha?

 Beltrano: Lê em voz alta a frase que escolheu. 

Quando todos tiverem lido as frases, ou versos que escolheram…

Coordenador: As frases escolhidas são poéticas. Frases como essas, retiradas de textos do Livro de Leitura, podem ser aproveitadas na revista, usadas para enfatizar ou introduzir as idéias que queremos comunicar; podem também ser utilizadas como chamadas. Chamadas são pequenos textos destacados do todo da revista. Elas têm por objetivo chamar a atenção do leitor. Já fizemos chamadas nas capas da revista. (mostrar) Lembram?

 

Mariana Massarani - ilustração do livro Navegar é Preciso

 Cena 3: Organizando o trabalho

 Coordenador: Agora organizaremos o trabalho dos próximos três dias, que será diferente dos dias anteriores. Nós já temos muito texto escrito e material para utilizar na edição final da revista, que faremos em dois grupos. Assim, cada trabalho individual poderá ser cuidadosamente analisado e aproveitado no trabalho final. Vamos dividir a turma em dois grupos para fazer esse trabalho: o Grupo X e o Grupo Y(escrever). Entenderam?

 Participantes: Comentam a proposta da divisão dos grupos e esclarecem as dúvidas por ventura existentes.

 Coordenador: Temos que dividir a turma em dois grupos do mesmo tamanho. A minha sugestão é que o Grupo X seja formado pelas pessoas que escreveram sobre algum tipo de trabalho manual: cozinhar, pentear, consertar, pintar (paredes), reciclar, etc. O Grupo Y pode ser composto por pessoas que escreveram sobre alguma atividade artística, incluindo artesanato: dançar, cantar, tocar, pintar (tecido, cerâmica, papel, etc.), bordar, tricotar, etc. O que vocês acham?

 Participantes: Opinam sobre o critério de formação dos grupos.

 

Para o coordenador: Outra organização grupal deverá ser proposta se esta não fizer sentido para um grupo específico. A tentativa é de integrar num mesmo grupo pessoas com algum tipo de afinidade em relação aos trabalhos que produziram. Isso nem sempre será totalmente possível pela necessidade de formação de dois grupos numericamente iguais. Sentimentos e sugestões manifestados pela turma em relação à formação dos grupos deverão ser considerados. 

Coordenador: Então, o Grupo X será composto por… (menciona e escreve metade dos nomes da turma). O Grupo Y será composto por… (menciona e escreve a outra metade da turma). Todos estão de acordo e satisfeitos com essa divisão?

 Participantes: Manifestam discordâncias e ou consolidam a proposta apresentada.

Coordenador: Cada um dos dois grupos vai montar uma versão da revista. Vai utilizar todo o material existente no grupo. Vai usar todo o material produzido pelos integrantes do grupo durante todo o curso. Cada grupo vai construir uma versão da revista. Uma versão será resultante do material produzido pelas pessoas do Grupo X. A outra resultará dos trabalhos das pessoas do Grupo Y. Entenderam?

 Participantes: Comentam a missão dos grupos e esclarecem suas dúvidas.

Coordenador: Atenção! Vou apresentar um roteiro de trabalho para ser iniciado hoje (menciona o dia da semana e do mês) e estender-se por mais dois dias (menciona os dias da semana e do mês). Cada grupo deverá, no dia de hoje (escreve de forma sintética):

 

 

I.   Decidir como será a revista do grupo:

 

1. A seqüência da revista da primeira à última página, utilizando todos os materiais produzidos por todos os seus integrantes e arquivados com os nomes de:   Ensinando …, Ensinando … 2, Revista-Entrevista, Revista-Memória, Revista – Quem quiser que conte outra, Revista – Publicidade.

2. O grupo poderá organizar a revista como desejar, mas deverá utilizar o material produzido por cada um de seus integrantes, no todo ou parte dele. Todas as páginas de publicidade deverão ser aproveitadas.

3. Se necessário ou desejável, o grupo poderá introduzir frases retiradas dos textos do Livro de Leitura na revista. Sempre que isso for feito o nome do autor da frase deve ser citado.

4. Se necessário ou desejável, o grupo poderá incluir textos e ilustrações encontradas através de pesquisa na Internet e em outras fontes, que devem ser citadas.

5. Dicionários e gramáticas poderão ser utilizados para corrigir e melhorar os textos produzidos nas outras etapas.

 

 

II. Decidir como o grupo irá trabalhar em conjunto usando o computador:

 

1. Cada pessoa deverá ler os trabalhos de todos os colegas do grupo, levantando problemas de compreensão e sugerindo modificações.

2. Este deverá sempre ser o ponto de partida para a montagem de cada página.

3. Utilizem o MENSAGEIRO para trocar os materiais.

4. Salvem em Meus Documentos e nos disquetes tudo o que fizerem.

5. Combinem uma forma de arquivar os arquivos resultantes dos trabalhos individuais e coletivos.

 

Coordenador: Hoje vocês podem fazer uma primeira reunião para combinar a proposta de trabalho. Mas, sempre que necessário, podem voltar a reunir-se e conversar para fazer acertos de continuidade. Ficou claro este roteiro de trabalho?

Participantes: Comentam o roteiro e esclarecem dúvidas com o coordenador.

 

Cena 4: Planejando a edição

Mariana Massarani - ilustração do livro Navegar é Preciso

Mariana Massarani - ilustração do livro Navegar é Preciso

Coordenador: Podem fazer a primeira reunião de trabalho. Se houver dúvidas em relação à continuidade do trabalho podem me chamar.

Grupo X e Grupo Y: Reúnem-se para tomar as primeiras decisões sobre a organização da revista. Devem sair da reunião, obrigatoriamente, com um roteiro de trabalho escrito, para início imediato. Ele deverá prever atividades para todos os integrantes do grupo. As tarefas individuais ou em grupos menores (pares de preferência) devem estar articuladas pelo roteiro. O tempo total para execução do roteiro será resultado da soma do tempo que restar da primeira sessão da Etapa Criar mais as seis (6) horas das duas próximas sessões. 

Joan Miró - Tierra Labrada

O coordenador acompanha os trabalhos, intervindo sempre que verificar que o grupo está se distanciando do roteiro. Apóia os grupos para que consigam chegar aos resultados almejados no tempo disponível. Após 15 minutos de reunião…

 Coordenador: Vocês têm mais 5 minutos para concluir a reunião e, depois, colocar as mãos na massa.

 Grupos: Aceleram a conclusão da reunião e da proposta de trabalho para o dia.

 Depois do tempo esgotado…

Coordenador: Pronto? Podem tomar seus lugares nos computadores e começar a trabalhar.

 

Cena 5: Editando a revista

 Participantes: Tomam seus lugares e trabalham de acordo com as decisões do grupo. São acompanhados pelo coordenador, que acompanha os trabalhos e interfere somente se necessário. O clima de trabalho é estimulante e concentrado.

 

Cena 6: Avaliação

Dez minutos antes do final da sessão…

 Coordenador: Nosso tempo está esgotado. Podem encerrar o que estão fazendo. Na próxima sessão vocês continuam. Por favor, enviem para mim uma mensagem pelo correio avaliando o dia de hoje, completando as seguintes frases: “O trabalho de hoje foi bom porque ————” e “O trabalho de hoje não foi muito bom porque.——————–”.


[1]Gil, Gilberto, L.P. Raça Humana, WEA.

 

 
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