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Colégios da elite do Enem têm poucas turmas e fazem vestibulinho 23 de novembro de 2012

Texto de Tatiana Klix, publicado no iG Último Segundo, em 23/11/2012.

A estratégia adotada pelo Objetivo Colégio Integrado de São Paulo há três anos se concretizou como uma receita de sucesso para garantir um lugar na elite das escolas de ensino médio brasileiras, segundo a nota dos alunos concluintes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Entre os 10 colégios com melhores médias nas provas objetivas em 2011 , nove são particulares, pelo menos seis promovem seleções com seus alunos e sete atendem a um grupo de menos de 100 estudantes privilegiados. No topo, a escola paulistana encabeça a lista com uma turma de 42 alunos de rendimento excepcional, escolhidos a dedo no Sistema Objetivo para entrar em escola separada, amplamente promovida em ações publicitárias.

A polêmica prática não é replicada na íntegra nos outros colégios particulares top 10 do Enem 2011 – Elite Vale do Aço (MG), Bernoulli Lourdes´(MG), Vértice (SP), Ari de Sá Cavalcante (CE), Dom Barreto (PI), Integrado de Mogi das Cruzes Objetivo, Santo Antônio (MG) e São Bento (RJ) -, mas quase. São responsáveis pelas médias acima de 700 de nove escolas apenas 795 estudantes, dos mais de 550 mil concluintes do ensino médio que representam 10.076 instituições incluídas no levantamento do Ministério da Educação divulgado nesta quinta-feira, dia 22. Entre as 10 líderes, há apenas uma escola federal, o Colégio Aplicação da Universidade Federal de Viçosa, de Minas Gerais.

A escola com a segunda melhor média aparece nessa elite pela primeira vez, por uma explicação bem simples: é também a primeira vez que forma uma turma de terceiro ano. O Colégio Elite de Ipatinga é novo, criado por três irmãos da cidade que se formaram no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e voltaram para casa com o objetivo de oferecer preparação de alto nível para os jovens da região entrarem mas melhores universidades do País. E conseguiram. A partir de experiências do sistema Elite em outras cidades e estratégias como boa formação de professores, a escola tem entre as características que garantiram seu sucesso a pré-seleção de alunos para a única turma com 30 vagas disponível para as três séries da última etapa escolar do ensino básico.

“Para entrar na escola, tem um processo seletivo, porque temos turmas reduzidas”, explica André Castro, coordenador pedagógico do Elite Vale do Aço. “A proximidade com alunos e professores possível em uma escola pequena é um diferencial”, completa.

Também fazem algum tipo de vestibulinho para escolher seus alunos o colégio Bernoulli, em Belo Horizonte, que ainda tem uma unidade separada apenas para alunos do terceiro ano do ensino médio e de cursos pré-vestibular, o Santo Antônio, da mesma cidade, o Ari de Sá Cavalcante, em Fortaleza, e o São Bento, no Rio de Janeiro.

Os dois colégios da capital mineira do grupo são os únicos que registraram no Enem no ano passado mais de 100 alunos participantes – 217 do Bernoulli e 239 do Santo Antônio. “São 6 turmas do 3º ano, um total de 283 alunos”, diz o diretor do geral e pedagógico Frei Jacir de Freitas Faria, que estranhou a divulgação do número de participantes abaixo do esperado no Santo Antonio.

Nas outras escolas particulares com médias superiores a 700, o número de alunos concluintes não passou de 89 (Instituto Dom Barreto). Além do Elite, também oferecem apenas uma turma a unidade do Objetivo de Mogi das Cruzes, no interior paulista, que teve 34 alunos no Enem 2011. O Vertice, da capital de São Paulo, tem duas turmas de terceiro ano, das quais fizeram o exame 48 alunos. No Ari de Sá, 47 estudantes são responsáveis pelo excelente resultado, e no São Bento, 52. “Estatisticamente, isso pode ser uma vantagem”, diz Adilson Garcia, diretor do Colégio Vertice, que tradicionalmente aparece entre os primeiros do ranking.

Turma dos inteligentes

O Colégio Integrado Objetivo assumiu a dianteira do ranking do Enem pela primeira vez este ano. Criado em 2009, no ranking daquele ano o colégio que abriga alunos superinteligentes, medalhistas de olimpíadas do conhecimento e até considerados superdotados, conseguiu ocupar o segundo lugar após decisão judicial . Em 2010, a escola ficou em terceiro lugar.

Ainda antes da divulgação dos dados de 2011, o Colégio Etapa, de São Paulo, acusou através de cartazes em suas unidades e pelas redes sociais o Objetivo de praticar embuste, através de ação publicitária. O concorrente questiona folhetos distribuídos pelo Objetivo, como o disponível no site http://www.portalobjetivo.com.br/noticias.asp?id=3781 , em que a frase “Sistema Objetivo 1º Lugar no Enem” é destacada no topo do anúncio. Apenas abaixo, dentro de um mapa do Brasil, aparece: “Colégio Objetivo Integrado 1º lugar no Enem; Em toda a capital de São Paulo; Em todo o estado paulista; nas provas das quatro áreas do conhecimento, em todo o Brasil”.

*Colaborou André Carvalho

 

Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente 24 de maio de 2010

O MEC está instituindo o Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente. O exame procura verificar o nível da formação inicial de professores para a Eduação Infantil e para o Ensino Fundamental.

 

Similarmente ao papel que o Enem tem exercido nos processos seletivos para a universidade, o exame procura ser coadjuvante ou protagonista nos processos de seleção para a carreira docente, atualmente desenvolvidos pelos sistemas estaduais de ensino ou pelas prefeituras municipais.

 

Em relação ao exame, o site IG – último segundo, publicou a seguinte notícia:

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) espera receber contribuições de todo o País sobre quais conhecimentos deverão ser cobrados dos professores que participarão do primeiro Exame Nacional de Ingresso na Carreira Docente. A prova, espécie de Enem do magistério, pretende dar mais qualidade à seleção de futuros professores da educação básica. A matriz de referência está em consulta pública.

Os interessados em dar sugestões sobre os 16 temas centrais da proposta – que listam habilidades específicas que deverão ser exigidas dos professores em cada área – devem acessar o site do Inep: http://consultaexamedocente.inep.gov.br/index/login. As áreas de conhecimento foram escolhidas com base em experiências internacionais de bons resultados em docência, como Austrália, Canadá, Cingapura, Chile, Cuba, Estados Unidos e Inglaterra.

A consulta pública ficará aberta por 45 dias (4 de julho). Após esse prazo, as sugestões serão analisadas pela equipe técnica do Inep e especialistas da área. Com o material em mãos, a matriz final de parâmetros para a avaliação será definida.

 

Melhores colégios tem até 50 candidatos por vaga 21 de setembro de 2009

 

 

Em post anterior: Resultados do ENEM e Mudanças no Ensino Médio, constatamos que as escolas melhores situadas no ENEM não apresentavam inovações em sua concepção arquitetônica e no arranjo de suas salas de aula.


 

Por indícios recolhidos no levantamento sobre a relação entre arquitetura escolar e resultados do ENEM, levantamos a hipótese de que as melhores do ENEM também não se distinguem pela inovação metodológica. Chegamos a supor que as melhores do ENEM são escolas tradicionais e/ou fortemente orientadas para a transmissão e memorização dos conteúdos curriculares.


 

Prometemos um aprofundamento do estudo de forma a explicar as razões dos melhores resultados. No meio tempo, a Folha de São Paulo publicou uma matéria sobre os colégios de São Paulo que foram os melhores colocados no ENEM de 2008. Usou o seguinte título: Melhores colégios tem até 50 candidatos por vaga.


 

Uma das tabelas publicadas no artigo, chamou-nos a atenção. A tabela relaciona variáveis relacionadas à seleção e os preços cobrados pelos colégios que se classificaram nos primeiros 20 lugares. Reproduzimos a tabela a seguir:


 

image

 

A tabela permite uma conclusão fundamental. Os colégios são bem colocados porque selecionam os melhores alunos já no início do Ensino Médio. A seleção se faz por meio de exames de admissão e/ou através da condição sócio-econômica dos candidatos. Não são os colégios que são os melhores. São os alunos que os frequentam que o são.


 

Em post posterior, voltaremos às questões arquitetônicas e metodológicas. Será uma volta temperada pela constatação de que a metodologia pode ser irrelevante quando se dispõe  de tantas vantagens já no início da corrida. Uma retomada com o molho de uma interrogação: o que faz um colégio ser tão demandado ou poder cobrar mensalidades tão altas?

 

 

 
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