Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

Google lança site para ensinar alunos a pesquisarem 11 de maio de 2012

Filed under: tecnologia educacional — José Antonio Küller @ 8:40 pm
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Google ensina professores a fazer melhores buscasO site PORVIR, que monitora matérias sobre inovações educacionais em 70 veículos de comunicação, publicou a seguinte notícia:

por Patrícia Gomes

Se você digita uma palavra no Google, em menos de um segundo o buscador vai apresentar alguns milhares de resultados que mencionam o termo. Alguns deles, de fato, podem ajudar muito na sua busca; outros, nem tanto. Para ensinar estudantes e professores a separar o joio do trigo e ajudá-los a fazer pesquisas mais qualificadas, o Google lançou, esse mês, o site Search Education.

Ainda completamente em inglês, o site é voltado a professores interessados em ensinar estratégias de pesquisa a seus alunos ou a usuários que querem otimizar suas buscas. “Nós decidimos ensinar a pesquisar porque o Google tem uma gama de ferramentas, mas a maioria das pessoas só conhece parte delas”, diz Tasha Bergsin-Michelson, educadora do Google.

Uma das seções do site é a Lessons Plans, ou planos de aula, em português. Nela, é possível encontrar os tutorias em três níveis de dificuldade que ensinam educadores com mais ou menos intimidade com o Google a pesquisar. Os vídeos dão dicas de como escolher os termos de pesquisa mais adequados, entender o resultado da busca, restringir a pesquisa para chegar a melhores resultados e até avaliar a credibilidade da fonte de informação.

Para ler a notícia completa, clique aqui.

 

Educação para o século XXI 2 de dezembro de 2010

Abaixo postamos uma versão legendada em português de um vídeo no qual CEO de diversas empresas falam das exigências atuais postas à escola, na tarefa de formar cidadãos no Século XXI. A necessidade de incorporar as tecnologias digitais é destacada.

 

Educação Expandida e Aprendizagem Criativa 26 de junho de 2009

Festival Zemos98 - Entrevista de Clara Bog

 

Temos tratado da Aprendizagem Criativa, em um conjunto de artigos ainda não concluído, como uma forma potencialmete inovadora de abordar a educação escolar.  Podemos definir a  Aprendizagem Criativa,  como uma forma de aprender que, para além da construção do conhecimento, possibilita a sua recriação no próprio momento em que ele é aprendido.

 

Em post anterior, já tínhamos constatado a necessidade de explicitar as conexões da Aprendizagem Criativa com o construtivismo e com uma determinada perspectiva escolar orientada pela construção de competências para a vida e para o trabalho. Mas, parece que isso não é o bastante.

 

Recentemente, tomamos contato com o Festival Zemos98, que aconteceu de 23 a 28 de março de 2009, em Sevilla (Espanha) e que promoveu o Simposio Educación Expandida. O Simpósio define Educação Expandida como aquela que pode acontecer em qaulquer momento e qualquer lugar. O contato com o tema do Simpósio lembrou-nos de uma outra conexão com a Aprendizagem Criativa, que hoje é necessária.

 

O termo Educação Expandida, se novo, não indica uma realidade nova. Sempre se aprendeu em todo o tempo e lugar. Mas o que sempre aconteceu adquire uma tonalidade diferente com o crescimento exponencial dos meios e das tecnologias de informação e comunicação atualmente disponíveis. Hoje, praticamente todo o conhecimento do mundo está imediatamente disponível para quem puder e souber acessá-lo.

 

No Simpósio, constatou-se que as pessoas estão inventando as metodologias necessárias para o acesso a esse conhecimento. É um processo vivo que pode ser observado mesmo nos lugares mais pobres e carentes do planeta. As pessoas não estão apenas recriando o conhecimento e apropriando-se dele. Estão também criando seus próprios mecanismos de aprender.

 
Festival Zemos98 - Oficina de Introdução ao Teatro do Oprimido

Festival Zemos98 - Oficina de Introdução ao Teatro do Oprimido

 
O mais interessante é que esta criação ocorre ao largo da escola. Esse processo implica em um crescente anacronismo da escola, não apenas em relação à transmissão da informação. Essa é apenas a face mais visível do atraso. As escolas e os professores estão ficando atrasados também em relação às formas de aprender de seus alunos, que as desenvolvem (muitas vezes em solidão) em suas casas, nas ruas (telemóveis), nas lan-houses, nos cibers-café…
 
 
Esse desenvolvimento solitário, essa auto-aprendizagem está se transformando em algo tão importante que Ronaldo Lemos, um brasileiro que participou do Simpósio, acredita que o papel da escola, hoje, nem seja o de favorecer a construção do conhecimento. Ele diz que os estudantes devem ser atraidos para compartilhar seus saberes com os professores.
 
 
Ronaldo Lemos afirma que o papel da escola deveria ser o de compartilhar: compartilhar conhecimentos, compartilhar ferramentas, compartilhar metodologias de aprender…
 
 
Fazendo uma conexão com a Aprendizagem Criativa, que julgamos necessária, diríamos que o papel da escola pode ser esse, sim. É preciso compartilhar conhecimentos, ferramentas e metodologias de aprender. Mas, é necessário que tal compartilhar aconteça em uma atmosfera que incentive, favoreça e possibilite a criação e a recriação dos saberes.
 
 
A intensificação da aprendizagem em espaços não-escolares, por outro lado, obriga pensar a educação em um contexto mais ampliado que o da escola. Esse contexto pode ser o da cidade educativa ou educadora. Mas isso já é tema para outra conversa.
 
 
Festival Zemos98 - Oficina de Fábrica Expandida
 
 
Para os interessados em aprofundar a discussão, incluímos a seguir o link para o vídeo que deu origem às reflexões anteriores.
 

Balzac.tv: Educación expandida

La educación expandida es aquella que puede suceder en cualquier momento y en cualquier lugar. Estuvimos en el ZEMOS98, en Sevilla, con Ronaldo Lemos, Jesús Martín Barbero, Brian Lamb, y Juan Freire, para que nos explicaran cómo veían la educación en la era de Internet. Y te preguntamos: ¿cómo se expande para tí la educación?

 

Escola do futuro? 30 de março de 2009

 

Quem vai ensinar – e o quê – aos alunos do século XXI?

 

Pedro Silveira
LINKS RELACIONADOS

Por Caio Barreto Briso, Kleyson Barbosa, Luís Guilherme Barrucho e Sofia Krause

 

“Uma sala de aula com carteiras enfileiradas diante de um quadro negro. Os alunos, calados, prestam atenção no professor. Memorize esta cena: ela está com os dias contados. A entrada das novas tecnologias digitais na sala de aula criou um paradigma na educação: como tais ferramentas, que os alunos, não raro, já dominam, podem ser aproveitadas por professores que, frequentemente, mal as conhecem? As escolas têm, pela frente, um desafio e uma oportunidade. O desafio: formular um projeto pedagógico que contemple as inovações tecnológicas e promova a interatividade dos alunos. A oportunidade: deixar para trás um modelo de ensino que se tornou obsoleto no século XXI” (clique no título acima da foto para ver a matéria completa).

 

Com o título, a ilustração e o parágrafo acima incluídos, a Revista Veja, edição de 25 de março de 2009, inicia um artigo sobre a escola do futuro.

 

O que chama atenção, neste início de artigo, é a contradição entre foto e texto. A foto contradiz, ponto a ponto, o texto.

 

A sala com carteiras enfileiradas, onde alunos, calados, prestam atenção no professor, não está com os dias contados. A foto mostra que a tecnologia não muda o paradigma tradicional. O professor continua no centro da cena.

 

É verdade que os alunos podem, em suas carteiras digitais, acompanhar de perto o que está sendo apresentado na lousa digital. Podem não olhar para o professor, mas todos olham para o que ele está apresentando. No essencial, a foto mostra que nada muda. Mais que isso. A tecnologia é usada para fixar o paradigma tradicional.

 

O dispositivo arquitetônico instalado para dar suporte às telas dos computadores reforça e fixa o arranjo em auditório. As enormes bancadas fixas, criando dois níveis, impedem outros arranjos da sala. Isso dificulta o desenvolvimento de um conjunto de atividades pertinentes à uma Aprendizagem Criativa.

 

Parece que não será a tecnologia da informação que mudará um modelo pedagógico que está profundamente incrustado no “inconsciente coletivo” de nossa sociedade e de nossos educadores. A fixação em um dispositivo arquitetônico é apenas um exemplo.

 

Para aprofundar a discussão em relação à fixação dos modelos arquitetônicos, veja o artigo de meu amigo Jarbas Novelino  Barato “Prédios e equipamentos escolares ensinam”, no blog Boteco Escola.  Leiam também o post deste blog: Arquitetura escolar e Aprendizagem Criativa.

 

“Jovem Aprendiz Rural” trabalha empreendedorismo e valoriza alunos da zona rural 25 de agosto de 2008

 

O site da Prefeitura de ITATIBA, divulga uma notícia sobre o Programa Jovem Aprendiz Rural, que reproduzimos a seguir.  Para saber mais sobre o Programa Jovem Aprendiz Rural e sobre a participação da Germinal no design e implementação do Programa, clique aqui. Para saber mais sobre o Projeto Articulador “Tornar uma área produtiva de forma sustentável”, clique aqui.

As aulas são aplicadas pelo professor Antonio José Armênio e pela engenheira agrônoma Clara Geromel.

 

Exercer o empreendedorismo e valorizar o trabalho no campo em adolescentes de escolas rurais da rede municipal de ensino. Esses são alguns dos principais objetivos do Projeto “Jovem Aprendiz Rural”, uma realização da Prefeitura de Itatiba por meio da Secretaria da Educação, em parceria com o SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), com o apoio da Casa da Agricultura.

 

O projeto é realizado na EMEF “Sebastião de Camargo Pires”, no Bairro dos Pires, e atende 30 alunos de várias escolas da rede municipal, filhos de proprietários e funcionários de sítios ou fazendas. “O programa destina-se ao desenvolvimento das competências básicas necessárias a todo tipo de trabalho no campo, estimulando o nascimento de novos empreendedores”, explica a coordenadora de Educação Ambiental da Secretaria Municipal da Educação, Creusa Segatto Cordery.

 

O “Jovem Aprendiz Rural” consiste em um curso de 600 horas, equivalentes a 150 dias letivos. Os participantes aprendem noções e técnicas de pecuária e agricultura, ética e cidadania, monitoramento da saúde de pequenos animais, e a trabalhar com planilha de custos e vendas. “O curso proporciona ao aprendiz uma educação profissional básica para atividades produtivas no meio rural”, enfatiza Creusa. As aulas são aplicadas pelo professor Antonio José Armênio e pela engenheira agrônoma Clara Geromel.

 

Engenho D’Água, Bairro dos Pires e Champirra. “O Jovem Aprendiz Rural possibilitou que esses alunos tivessem contato com uma área bem grande disponível para plantio de árvores frutíferas, mata nativa, hortaliças e flores”, conta Creusa. “Serão desenvolvidas nos alunos competências requeridas para um profissional criador de pequenas aves”, complementa. Entre as atividades programadas para este ano estão visitas a propriedades produtoras de hortaliças, apiários, turismo rural, feira de agronegócios, entre outras.

 

Creusa Cordery informa também que a aprendizagem durante o projeto acontece de forma organizada, de modo que os desafios e problemas pessoais surjam no ambiente do curso de maneira semelhante a como aparecem na vida, na sociedade e no trabalho. “São desenvolvidos os eixos de competências básicas para o trabalho, competências gerais para o trabalho rural e competências para o empreendedorismo, destacando-se como projeto profissional tecnologia da informação, trabalho em equipe, atendimento ao cliente, promoção da saúde, ação comunitária, ética e cidadania, oficina de manutenção de propriedades agrícolas, oficina de recuperação de áreas degradadas, marketing e comercialização, gestão de RH e empreendimento agrícola”.

 

A metodologia tem a aprovação dos alunos. “Eu uso o que aprendi no Jovem Aprendiz Rural no meu dia-a-dia. Esse programa é uma maneira de ocupar a mente com coisas boas. Espero que a turma que está participando este ano aproveite bastante o curso, pois quando ele terminar, deixará saudades”, disse a aluna Roseane da Cruz Silva, que fez parte da turma de 2007.

 

O curso é realizado em horário contrário às aulas do ensino regular, de segunda a sexta-feira, no período entre 13h30 e 17h30. Os participantes recebem almoço e lanche da tarde, oferecidos pelo SENAR, com apoio da empresa JVS e do restaurante A Palhoça. O transporte e o fornecimento de insumos agrícolas, implementos, ferramentas e animais, são de responsabilidade da Prefeitura.

 

Letramento Digital 20 de junho de 2008

 

O Projeto Letramento Digital foi desenvolvido e está sendo implementado  pela Germinal e pelo Senac Rio, em parceria. Destina-se à inclusão digital de pessoas com dificuldades de leitura e escrita, objetivando, ao mesmo tempo, ampliar as competências de ler e escrever dessas pessoas com o uso do computador.

 

 Lançado em 26 de maio de 2006, na sede do Senac Rio, a população alvo do Projeto é a que está incluída no nível mais elementar de alfabetismo (nível 1), do Índice Nacional de Alfabetismo Funcional (INAF), criado pela Ação Educativa e pelo Instituto Paulo Montenegro (IBOP).

 

”O nível 1 de alfabetismo corresponde à capacidade de localizar informações explícitas em textos muito curtos, cuja configuração auxilia o reconhecimento do conteúdo solicitado. Por exemplo, identificar o título da revista utilizada na testagem ou, num anúncio, localizar a data em que se inicia uma campanha de vacinação ou a idade a partir da qual a vacina pode ser tomada gratuitamente[1]“.

 

 

O logotipo ao lado identifica o Projeto. Notícias sobre a implementação do Projeto podem ser vistas na internet:

 

 

1. Existe disponível na internet uma apresentação em PowerPoint do Projeto. Ela pode ser acessada em:  http://www.inclusaodigital.gov.br/inclusao/noticia/arquivos/outros/5-oficina/apresentacoes-nao-governamentais/monica.ppt

 

2. O site Assessibilidade Brasil assim convida para o lançamento do Projeto Letramento Digital: “Será lançado no dia 26, de 13 às 18h, o projeto Letramento Digital, voltado para a inclusão digital de pessoas com dificuldades de leitura e escrita. Outro objetivo é ampliar, nessas pessoas, as competências de ler e escrever com o uso do computador.”

Lançamento do Projeto Letramento Digital - FComércio RJ

 

3. O Boletim da FComércio – RJ, assim noticiou o lançamento do Projeto: “O Centro de Educação para o Trabalho e a Cidadania do Senac Rio lançou, dia 26 de maio, no auditório da Casa do Comércio, no Flamengo, o Programa de Letramento Digital, em parceria com a Germinal Consultoria, destinado a pessoas incluídas no nível mais elementar de analfabetismo. No Brasil, esse universo abrange mais de 30 milhões de indivíduos que, até agora, não tinham um projeto de inclusão digital voltado para eles. O programa conta com tecnologia de fácil replicação e foi testado durante quatro anos. O objetivo é incluir digitalmente pessoas de baixa escolaridade, ampliando as competências de ler e escrever com o uso do computador.”

 

 

FGV/RJ - Revista Sistema - ilustração -exclusão digital

4. Em um bom artigo sobre o mapa da exclusão digital no Brasil, sobre o Projeto Letramento Digital diz a Revista Sistema da Fundação  Getulio Vargas do Rio: “Atento ao problema e ainda para o alto grau de analfabetismo real, o Senac Rio está desenvolvendo o programa Letramento Digital, uma solução de conhecimento destinada a analfabetos e aos não-letrados, que objetiva um significativo avanço nas competências de ler e escrever, necessárias ao desenvolvimento da cidadania e ao desempenho profissional. A proposta busca, ao mesmo tempo, a inclusão digital tornando os participantes aptos à navegação e a utilização de comandos fundamentais de seus principais aplicativos, especialmente o editor de texto.”  

 

No site do Senac Rio o Projeto é assim apresentado:

O programa Letramento Digital inclui digitalmente pessoas com baixa escolaridade, possibilitando o acesso às novas tecnologias de informação e comunicação.

Foi desenvolvido em parceria entre a empresa Germinal Consultoria e o Senac Rio, e destina-se à inclusão digital de pessoas com dificuldades de ler e escrever, objetivando, ao mesmo tempo, ampliar essas competências com o uso do computador.

É um programa resultante de pesquisa aplicada que durante quatro anos vem obtendo resultados positivos.

É uma importante ferramenta no combate à exclusão digital.

As comunidades interessadas em participar do projeto podem procurar o Centro de Educação para o Trabalho e a Cidadania do Senac Rio. Nosso telefone (21) 2473-8671.”

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Clique no link se estiver interessado em mais informações sobre o Projeto Letramento Digital ou em Amostra I ou Amostra II se quiser conhecer exemplos de sessões de aprendizagem (aulas) do Projeto Letramento Digital.


[1] Vera Masagão Ribeiro, Letramento no Brasil, São Paulo, Global Editora, 2003, p.16. Numa concepção distinta, os incluídos na população em questão são considerados analfabetos funcionais. 
 

O Projeto Letramento Digital

 

 

 Neste post estão publicados excertos do Plano de Curso do Projeto Letramento Digital. O Projeto é uma iniciativa do Senac Rio e da Germinal Consultoria, em parceria. Destina-se à inclusão digital de pessoas com dificuldade de leitura e escrita. O texto a seguir é um excerto do livro Letramento Digital, de José Antonio Küller e Natalia F. Rodrigo, publicado pela Editora Senac Rio (2006). O excerto foi editado de forma diversa da originalmente publicada no livro.

 

 

   INTRODUÇÃO

 

Ilustração de Maraina Massarani

Mariana Massarani - Ilustação do Livro Navegar é Preciso

A inclusão digital da população com dificuldade de leitura e escrita é um desafio metodológico.

Em geral, as propostas de inclusão digital utilizam métodos que pressupõe o ler e escrever com um mínimo de desenvoltura. Assim, a população alvo do Projeto se defronta, no interior das propostas usuais de inclusão digital, uma forma sutil de exclusão: a didática. O seu fracasso no domínio da tecnologia deriva da proposta pedagógica dos programas de iniciação à informática, centrada na leitura e na escrita, e não de sua incapacidade de dominar os comandos que lhe dariam acesso aos recursos e benefícios da nova tecnologia.

O primeiro levantamento do INAF, em 2001, indicou que, na população brasileira, cerca de 70% dos que estão incluídos no nível 1 de alfabetismo tem entre um e quatro anos de escolaridade.

A inclusão digital da população com escolaridade entre um e quatro anos e o desenvolvimento da capacidade de ler e escrever dessa população são os objetivos centrais do Projeto Letramento Digital.

O projeto se justifica pela ausência de qualquer outro programa de inclusão digital especificamente destinado a esta população. Uma população que é constituída por cerca de quarenta milhões de brasileiros. Destes, segundo o INAF, apenas 4% usam de alguma forma o computador.

Cantinho virtual da educação - ilustração

No desenho metodológico do projeto Letramento Digital, buscou-se superar a dificuldade de leitura e escrita e transformá-la de empecilho em objeto de desenvolvimento educacional. Procurou-se favorecer uma aproximação à informática em que a leitura e a escrita fluentes não fossem requisitos, mas competências a serem desenvolvidas simultânea e sinergicamente ao domínio das competências de navegação e operação de aplicativos.

Procurou-se, além disso, que o interesse no domínio da informática fosse instrumento de uma nova aproximação da leitura e da escrita, que facilitasse a superação da sensação de incompetência e de traumas derivados de mal sucedidas experiências escolares anteriores. O objetivo de recuperar a auto-estima e a vontade de voltar a estudar dos participantes esteve presente desde as formulações iniciais do projeto.

         

AS COMPETÊNCIAS A SEREM DESENVOLVIDAS

Professor - ilustração de "A Nossa Escola"

           

  • Navegar, sem receio, por um sistema operacional.
  • Utilizar o ambiente da Internet para melhoria da comunicação e da interação social.
  • Utilizar as principais ferramentas de um editor de textos na criação de documentos eletrônicos.
  • Produzir pequenos textos adequados aos seus destinatários e aos assuntos e objetivos propostos.
  • Interpretar textos com complexidade equivalente aos das notícias sobre o cotidiano de um jornal.
  • Dominar ferramentas que possibilitem a continuidade da aprendizagem digital e o aprimoramento da produção e interpretação de textos.

 

 A METODOLOGIA

Pipa e casal - misterangel.wordpress.com

A proposta pedagógica do Projeto Letramento Digital funda-se nas perspectivas de construção do conhecimento e no desenvolvimento de competências. Uma e outra perspectiva exigem a atividade criadora do educando como centro do processo de aprendizagem.

Assim, o desenho metodológico do Projeto está orientado no sentido de criar situações concretas ou simuladas em que as competências em desenvolvimento e o conhecimento em construção sejam requeridos, exercitados e avaliados.

Para desenvolver a competência de navegar por um sistema operacional e construir o conhecimento correlato, por exemplo, é preciso criar situações onde o participante é solicitado a enfrentar desafios de navegação, buscar referências para superá-los, refletir sobre suas tentativas de solução e continuamente aprimorá-las.

O uso do termo letramento dá mais nitidez ao contorno do desenho metodológico do Projeto. A palavra letramento, quando utilizada no contexto da aprendizagem da leitura e da escrita, refere-se não a capacidade de converter signos escritos em orais ou vice-versa, mas ao domínio das habilidades, atitudes e conhecimentos necessários ao uso efetivo e competente da leitura e da escrita nas práticas sociais que as requerem e no cotidiano das pessoas (Magda Soares).

A competência manifesta-se no desempenho concreto. Ela é requerida para enfrentar os desafios e problemas cotidianos e inusitados da vida, da convivência em sociedade e do trabalho. Assim, para o letramento digital, para desenvolver a capacidade do uso efetivo do computador (também da leitura e da escrita), as situações de aprendizagem devem ser propostas de forma que os desafios desse uso surjam no ambiente de aprendizagem de forma muito semelhante de como aparecem ou podem aparecer no cotidiano, na vivência social e no trabalho.

 

               DESAFIOS, PROBLEMAS, PROJETO

Época - Época na Educação - Monte a sua Revista (capa)

A metodologia circunscreve, então, um contexto de problemas, desafios, tarefas e projetos em que as competências em desenvolvimento serão constantemente requeridas.

Posto o desafio, tarefa, projeto ou problema, os participantes são estimulados à busca da solução a partir de referências também buscadas por eles. Primeiro, no contexto do grupo mais imediato. Depois em recursos disponíveis no próprio computador, inclusive no software que foi desenvolvido especialmente para o Projeto. Depois, mais além.

Definida e experimentada a solução, os educandos são instados a criticá-la, a revê-la, a melhorá-la. Desafio ou problema, busca de referências, geração da solução, atividade, reflexão sobre a atividade e reformulação da ação são, assim, os passos metodológicos fundamentais usados em Letramento Digital.

Os desafios e atividades decorrentes são enfeixados por um projeto. Dando sentido aos desafios iniciais e articulando os posteriores, será proposto o projeto de edição de uma revista eletrônica pelo grupo de aprendizes. A revista eletrônica versará sobre os saberes existentes no grupo de aprendizes. A revista será o espaço para a expressão do saber individual e coletivo dos aprendizes. A idéia da revista foi, depois proposta para outros usos e contextos, como mostra o fascículo 4 (Monte sua Revista) da revista Época na Educação (ver figura e em: http://epoca.globo.com/educacao/). Continua novo e, provavelmente, inédito o público para o qual o projeto é proposto e o contéudo da revista.

Cada participante terá, na revista, uma coluna onde falará sobre o que mais conhece e o que mais sabe fazer.  Iniciada depois de 40% do percurso do Projeto, a revista será o desafio fundamental que exigirá todas as competências em construção e desenvolvimento.

Para a prática da metodologia, os participantes precisam acreditar nas suas potencialidades e envolver-se com a busca, a troca, a criação, a experimentação, a reflexão e o crescimento que pavimentam o percurso do enfrentamento do desafio e que resulta na construção do conhecimento e na atuação cada vez mais competente. Para tanto, a proximidade e o envolvimento do participante com o desafio, o problema, a tarefa ou com o projeto é fundamental.

 

 A ESTRUTURA

Flor da Paixão, baixaja.com.br

Flor da Paixão, baixaja.com.br

       

Letramento Digital terá a duração de setenta e cinco (75) horas, divididas em vinte e cinco (25) sessões de três (3) horas. Estará organizado em torno de um projeto que funcionará como eixo articulador das situações e atividades de aprendizagem: a criação de uma revista eletrônica sobre os saberes dos membros do grupo de aprendizagem.

O conjunto das sessões estará dividido em cinco (5) grandes etapas: Nutrir, Partilhar, Agir, Refletir, Criar. Cada etapa terá cinco (5) sessões de sprendizagem, com a duração de três (3) horas cada uma. Inspiradas nos impulsos humanos fundamentais identificados por Jung, as etapas envolvem estímulos, referências, ambientações e elementos simbólicos ligados a impulsos que afetam o comportamento de todo o humano.

Em cada etapa, usam-se referências simbólicas ao impulso privilegiado.   As referências simbólicas são veiculadas por atividades, músicas, textos (especialmente os poéticos) e imagens. Através do uso intensivo de símbolos procura-se criar um ambiente sucessivamente propício à assimilação, à troca, à atividade, à reflexão e à criatividade.

 Nutrir

Nesta primeira etapa, um conjunto de problemas, desafios, atividades e situações de aprendizagem estarão organizados em torno da busca e descoberta individual e do domínio das capacidades básicas necessárias para efetuar operações simples.

 Compartilhar

Nesta etapa, os problemas, desafios, atividades e situações de aprendizagem proporcionarão o compartilhar das aprendizagens da etapa anterior, alinhando o grupo em relação às aprendizagens da primeira etapa. Além disso, através da busca coletiva e do intercâmbio, o ampliar da capacidade de manusear o computador.

 Agir (atividade)

Nesta etapa, os problemas, desafios, atividades e situações de aprendizagem proporcionarão a consolidação das aprendizagens das etapas anteriores e o alinhamento do grupo em relação às aprendizagens da primeira etapa e da segunda etapa.  Além disso, através do projeto central (Revista Eletrônica), facilitar a ampliação da capacidade de transferir textos, refazer operações, formatar textos e gerenciar mensagens.

 Refletir

Além da consolidação das aprendizagens anteriores, esta etapa será concentrada na revisão dos textos da Revista Eletrônica que foram elaborados na etapa anterior. Dar-se-á especial ênfase à melhoria, ampliação e correção dos textos.

 Criar

Nesta etapa os textos da revista serão articulados, ilustrados e recriados a partir de pesquisa na Internet ou outras formas de acesso à informação e, por fim, a revista será editada. O ambiente de informática será totalmente aberto.

 

OS RECURSOS DE ENSINO/APRENDIZAGEM

Para ao atendimento simultâneo dos objetivos de inclusão digital, desenvolvimento das competências de ler e escrever e de retorno aos estudos, foi necessário um desenho metodológico inovador e o desenvolvimento de recursos didáticos de suporte, adaptados à metodologia e à diversidade dos objetivos em jogo.

Foi criado um Software específico para possibilitar que todas as atividades didáticas fossem desenvolvidas e controladas com o uso do computador, considerado como o recurso didático fundamental.

Além do controle do ambiente de informática, o software inclui um Livro Eletrônico de Leitura, contendo os textos que serão utilizados no projeto; DICIONÁRIOS de vários tipos; e um recurso de Ajuda, contendo a versão eletrônica de um Livro de Informática, denominado Navegar é Preciso, que depois será distribuído para os participantes em forma impressa.

O software também inclui um arquivo de imagens onde estarão disponíveis, em formato eletrônico, os Painéis que ambientarão o espaço de aprendizagem, caracterizando as diferentes etapas do Projeto. Uma pasta com Jogos para o desenvolvimento das competências de ler e escrever e para exercitar o manuseio do mouse. Finalmente, o software inclui o BATE-PAPO, um chat para troca de mensagens on line.

 

Capa do Livro Navegar é Preciso - ilustração de Mariana Massarani

                                                                          

 

 

O livro Navegar é Preciso

 

Para os participantes foi escrito um livro didático, denominado Navegar é Preciso, de Marcelo Brum de Azevedo e José Antonio Küller, com ilustrações de Mariana Massarani, publicado pela Editora Senac Rio. O livro apóia a busca autônoma de conhecimento pelos participantes, além de ser instrumento no desenvolvimento da competência de leitura.

 

 

 

 

 

                                                                                                        

  O livro Letramento Digital

Capa do livro Letramento Digital

O conjunto dos recursos criados para o Projeto é complementado pelo livro do docente, denominado Letramento Digital, de José Antonio Küller e Natalia F. Rodrigo, publicado pela Editora Senac Rio. Ele é um manual de operação. Destina-se a orientar a ação das instituições parceiras e dos futuros coordenadores (docentes) na implementação do Projeto.

Para uso das instituições parceiras, o livro define e especifica as competências que serão desenvolvidas, descreve a metodologia utilizada, apresenta a estrutura curricular, indica a infra-estrutura necessária, especifica a configuração dos equipamentos de informática e apresenta a perspectiva de avaliação do Projeto.

O cerne do livro Letramento Digital, no entanto, interessa especialmente ao docente que será o coordenador das atividades de aprendizagem. Trata-se da descrição de uma proposta de desenvolvimento das atividades educacionais do Projeto, etapa a etapa, sessão de aprendizagem a sessão de aprendizagem (aula a aula), passo a passo. Um roteiro de orientação das atividades docentes dentro do ambiente de aprendizagem, do início ao fim do Projeto.

As definições pedagógicas fundamentais, os recursos criados e o roteiro foram testados entre 2003 e 2005 em inúmeros grupos e em diversificadas circunstâncias. Em todas elas, o Projeto mostrou-se eficaz na inclusão digital, no aprimoramento da capacidade de leitura e escrita e no incentivo à continuidade de estudos.

As falhas observadas nos grupos experimentais e nas versões originais foram sistematicamente registradas. Esses registros orientaram reformulações e substituições de atividades de aprendizagem que foram consideradas menos adequadas. Este trabalho de revisão deu origem às definições pedagógicas e ao roteiro ora apresentados.

O roteiro incluído no livro está redigido no formato de uma peça de teatro. A escolha não foi aleatória ou por motivo de sofisticação de estilo. O formato foi escolhido por suas ressonâncias simbólicas.

O teatro evoca um ambiente criativo e requer a criatividade de todos os envolvidos na produção do espetáculo teatral. A peça escrita pelo dramaturgo é interpretada criativamente pelo diretor de cena, pelos atores, cenógrafos, iluminadores… Embora a orientação dada pelo texto original possibilite o reconhecimento da obra teatral, cada espetáculo singular é o resultado da criatividade de seus realizadores na relação com um público específico. Neste sentido, cada montagem e cada espetáculo são únicos e irreproduzíveis.

Ao adotar o formato do drama, espera-se que efeito similar ao do teatro seja obtido em cada implementação do Projeto Letramento Digital. O roteiro, embora detalhado e específico, deve ser uma orientação básica que provoque e estimule a criatividade de indivíduos, instituições e grupos autônomos e independentes de realizadores.

O livro Letramento Digital, desta forma, cumpre um papel decisivo na estratégia de difusão do Projeto Letramento Digital. A sua ambição é proporcionar, articulando o conjunto de recursos didáticos, todas as informações e orientações que possibilitem que uma organização, grupo ou pessoa possa, independentemente de orientação ou vinculação institucional, reproduzir o Projeto em qualquer local do país que disponha dos recursos e dos equipamentos de informática que são fundamentais no seu desenvolvimento.

 

 O CONTROLE DO AMBIENTE DE INFORMÁTICA

Núcleo Avançado de Educação do Senac Minas - ABRH/MG

Núcleo Avançado de Educação do Senac Minas - ABRH/MG

Para possibilitar que o enfrentamento autônomo dos desafios e possibilitar a coordenação do grupo por um único docente, foi necessário controlar o ambiente de informática. A exploração livre dos inumeráveis recursos do computador pode resultar em uma navegação errática e inútil para efeito de aprendizagem. A complexidade pode tolher a busca e a iniciativa.

Para evitar esses efeitos, o software controla o sistema operacional. Ele reduz as possibilidades de navegação às que são úteis no enfrentamento dos desafios de cada sessão ou etapa.

Inicialmente, o ambiente de aprendizagem, no computador, é altamente controlado. Na medida em que as sessões de aprendizagem vão se sucedendo ele vai sendo liberado. Ao final, o controle é exercido apenas como forma de manter acesso ao ambiente inicialmente criado, às pastas de arquivos do Projeto e às pastas de arquivos criadas pelos participantes no momento inicial.

 

 Se você estiver interessado, clique nos links para ver a Amostra I ou a Amostra II de Sessão de Aprendizagem do Projeto Letramento Digital

 

 
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