Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

PROPOSTA PEDAGÓGICA, EDUCAÇÃO E PSICOLOGIA AMBIENTAL: INFLUÊNCIAS NO ESPAÇO FÍSICO ESCOLAR 28 de setembro de 2011

 

 

A relação entre espaço e usuário é tida como parâmetro para que o edifício escolar se adeque à proposta pedagógica adotada, visto que é em tal ambiente que a criança passa a desenvolverse, interagindo com o mundo e com outras crianças. Se o objetivo é projetar visando uma organização adequada do espaço para o qual ele se destina e bemestar de quem o usufrui, é imprescindível que haja aprofundamento sobre os significados inerentes ao ambiente (AZEVEDO, 2002).

Na busca de um trabalho interdisciplinar, acreditase que uma instituição de ensino não se forma por meio de um único profissional. É necessário realizar a ligação entre arquitetura e outros campos de atuação para que cada pessoa, conforme sua área de interesse, contribua com seu respectivo conhecimento para um projeto escolar.

Dessa maneira, não somente da arquitetura vive o espaço escolar. Para que o conhecimento das relões entre ambiente e comportamento se desenvolva, é preciso que   haja   interação   de   uma   equipe   multidisciplinar,   composta   por   educadores, pedagogos, psicólogos e arquitetos, com o desempenho dessa ligação permitindo o estabelecimento de elos de comunicação entre os membros (ORNSTEIN, BRUNA, ROMÉRO,  1995).  Assim,  a  arquitetura  relacionase  com  outras  profissões,  com  a ligação entre elas acontecendo do seguinte modo:

entre arquitetura e a psicologia ambiental, por meio da percepção do espaço escolar, em que a instituição precisa ser lúdica, com cores vivas e que chamem a atenção do jovem, o qual, através de tais características, é capaz de apreender aquele espaço e, por consequência, ter um interesse próprio ao aprendizado;

entre arquitetura e pedagogia, ocorrendo com o auxílio das teorias pedagicas de ensino, que de acordo com seus princípios, são capazes de ditar como o espaço físico deve ser montado, levandose em consideração que a escola não segue exclusivamente uma única teoria, recebendo influência de outras;

clip_image001 e entre arquitetura e educação, por meio da educação ambiental, a qual se trata de uma filosofia em que as matérias curriculares usualmente conhecidas são ministradas no ambiente escolar de modo inovador, em que integração com o meio ambiente natural.


 

 

Nos primeiros anos de vida da criança há um contato muito significativo no ambiente  escolar,  por  isso  que  ele  deve  apresentarse  como  um  espaço  físico  que permita o convívio com os colegas, com características que chamem a atenção da criança, ou atividades que a permitam estar em constante movimento.

Portanto, o ambiente escolar, por ser capaz de afetar o comportamento, deve ser concebido com a possibilidade de desenvolver a aprendizagem, não somente referente ao ensino mas também à interação social, para que o indivíduo seja trabalhado como estudante,  recebendo  o  ensino  de  modo  correto;  e  como  cidadão,  desempenhando funções em sociedade. Em suma, os aspectos físicos do processo de aprendizagem não devem ser dissociados no momento da concepção do projeto escolar, o que somente se atinge com a interação  de profissionais, e que  a metodologia projetual sirva como suporte de uma educação de qualidade (ELALI, 2003).

 

 

1 TEORIAS PEDAGÓGICAS DE ENSINO E ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO ESCOLAR

No século XX, o uso do espaço, oferecido pelas teorias pedagógicas de ensino e a consolidação do Movimento Moderno em arquitetura, com plantas sem divisões internas adotandose divisórias, por exemplo, foram consideradas soluções corretas de compor um espaço (ELALI, 2003).

Nos anos 1960 houve muitas mudanças na esfera educacional: acontece o surgimento de escolas, as quais defendiam a liberdade do aluno no espo como pa fundamental para o desenvolvimento das capacidades infantis; e emergem também teorias fundamentadas em uma nova pedagogia, colocando o jovem como o sujeito da aprendizagem com o seu desenvolvimento acontecendo com a experiência que ele adquiriu com o mundo e com as pessoas que nele habitam (SANGER, 2002).

Apesar da preocupação com a relação do ambiente físico ser instrumento de uma metodologia de ensino, tendo sempre o estudante como foco e geração de reflexão, ainda lacunas entre  as teorias de ensino desenvolvidas e o processo do projeto escolar, originandose ambientes inadequados e com ausência de qualidade e identidade (AZEVEDO e BASTOS, 2002).

As teorias pedagógicas de ensino são um processo racional para se atingir o objetivo de ensinar, em que o professor pode organizar suas atividades de ensino da


 

 

melhor maneira para atingir a meta desejada, fazendo seus alunos pensarem maduramente. Dentre essas correntes, as linhas de pensamento mais utilizadas no Brasil são: Montessori, Tradicional, Waldorf, e a Sóciointeracionista (construtivismo).

 

 

1.1 SISTEMA MONTESSORI

 

Esse sistema, com ideais de Maria Montessori (18701952 nasceu na Itália e tem formação em Medicina, e dedicou sua carreira a psiquiatria com interesse por crianças deficientes), aborda o ensino individualizado em que o aluno desenvolve suas potencialidades de modo peculiar, com as crianças apresentando autonomia de seus movimentos dentro de sala de aula. A educação infantil é realizada por etapas, levando em consideração os estágios de desenvolvimento do aluno.

A referente teoria defende o propósito de que a criança é capaz de se prédispor a aprender (auto-educação) dentro do ambiente escolar, mesmo sem a ajuda de outras pessoas. O professor deve agir como observador para que o aluno não se desvirtue dos seus objetivos, funcionando como mediador de situões mais difíceis bem como um estimulador da pesquisa e do trabalho.

O sistema Montessori, com a escola adotando uma postura liberal, com o intuito de fazer com que a criança aprenda a concentrarse, põe em prática seus ensinamentos através de estímulos externos, podendo usar objetos que provoquem o olfato, paladar, tato, etc., com a desvantagem de que esses materiais didáticos responsáveis por ajudar nos  métodos  de  aprendizagem  são  caros.  Devese  a  ela  [Maria  Montessori]  a introdução de um mobiliário adaptado às características antropométricas (Relativo a parte da antropologia que trata das mensurões do corpo humano ou de alguma das suas partes) da criança, permitindo livre locomoção nos ambientes pedagógicos” (AZEVEDO, 2002) (Figura 01).

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Fig. 01: Materiais didáticos do sistema Montessori

Fonte: (J.S., 2006).

 

Assim, é uma teoria em que fica claro que o mobilrio deve ser adaptado às condições de estatura infantil e os ambientes devem ser amplos para que haja fácil mobilidade e atividades com o corpo no momento do uso de materiais didáticos característicos do próprio sistema (CARVALHO, 2008).

Para complementar a definição do sistema Montessori, envolvendo o ambiente físico, temse como exemplo a escola de ensino infantil e fundamental PRIMA, em São

Paulo.

 

A escola apresenta filiação com uma organizão internacional, a UNESCO, e uma   nacional,   a   OMB   (Organização   Montessori   do   Brasil),   para   auxiliar   o embasamento teórico e prático da instituição.

O conteúdo didático é vivenciado e trabalhado com supervisão individual dos educadores. As salas de aula, as quais devem ser amplas pelo fato do sistema defender a liberdade individual, a autodeterminação infantil e uso de material didático concreto e lúdico  (ELALI,  2003),  dando  ao  aluno  a chance de praticar as  habilidades  sociais através de uma variedade de situões, levando a um aprendizado prazeroso, com áreas verdes, que abrigam espécies arbóreas para serem exploradas e viveiros de animais, proporcionando contato com a natureza

Para o berçário, temse um espaço escolar planejado para favorecer o convívio e o desenvolvimento social. Em um local aparentemente tranqüilo e organizado, a criança, com a ajuda do educador, recebe estímulos para vencer desafios, através de movimento e exercícios, chegando a descobertas (Figura 02).

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Fig. 02: Criança do berçário da escola PRIMA, vencendo desafios por meio de brincadeiras

(Fonte: PRIMA)


 

 

 

 

No ensino infantil, com crianças variando entre 4 e 6 anos, as salas de aula são cientificamente preparadas e o atendimento individualizado, característico do sistema Montessori, é garantido pelos educadores especializados disponíveis para cada aluno.

Quanto ao ensino fundamental, a metodologia é a mesma, com o professor acompanhando os passos do aluno. Objetivase desenvolver o hábito e o prazer de estudar e estimular a convivência e o relacionamento social durante as aulas, fornecendo os  meios  para  uma  melhor  interpretação  da  realidade   Informações  referentes  à

instituição obtidas através do site oficial da escola Prima Montessori (Figura 03).

 

 

 

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Fig. 03: Aluno do ensino fundamental da escola PRIMA, recebendo atendimento individual (Fonte: PRIMA).

 

 

1.2 SISTEMA TRADICIONAL

 

Na linha Tradicional, com a escola apresentando postura conservadora e o professor responsável por transmitir o conhecimento aos alunos, o conteúdo e as regras tornamse comumente rígidas. É dada grande importância a quantidade de informações, com o aluno tendo que as absorver.

Com tais princípios, a educação tradicional é criticada pelo modo como aplica seu conhecimento aos alunos, com o professor tido como a figura que tudo sabe (SANGER, 2002). É um modelo antigo de educação, em que o papel do professor é o de velar pelos seus alunos, ensinálos e corrigilos de maneira sistemática, com um conhecimento propagado por meio de aulas expositivas, exercícios e sobrecarga de informação, capaz de não permitir que o aluno assimile tudo o que lhe está sendo passado.


 

 

Caracterizamse por ausência de ambientes flexíveis e mobiliário inovador, por as escolas tradicionais não serem adeptas à livre circulação de alunos no interior da sala de aula, as quais abrigam de 40 a 50 alunos, dificultando atendimento individual do professor; são espaços que comportam apenas carteiras e lousa, tornando o ambiente pouco estimulante para aos jovens; e o mais importante não é espaço físico, mas sim o cumprimento de carga horária, podendo gerar queda na qualidade de ensino.

 

 

1.3 SISTEMA WALDORF

 

A linha Waldorf, de postura liberal, criada pelo pesquisador alemão Rudolf Steiner (1861 1925 foi filósofo, educador, artista e esoterista, sendo o fundador da Pedagogia Waldorf), é mais uma filosofia de vida do que uma proposta pedagógica de ensino, já que tem a finalidade de estimular os alunos no aspecto físico, social e individual. Agrupados em faixa eria, com crianças estudando na mesma turma e com o mesmo professor dos 7 aos 14 anos, acreditandose que desse modo interação entre os jovens e aprimorase o conhecimento da melhor maneira possível. É contra o uso da televisão e da alfabetização a os 7 anos de idade, explicando e fundamentando que o desenvolvimento de sua teoria em seres humanos acontece por meio de etapas que compreendem 7 anos, denominadas setênios.

Como é uma teoria baseada na atividade motora da criança, não há utilização de materiais artificiais e produtos acabados como o plástico, preferindo oferecer ao aluno um pedo de madeira para ele próprio possa produzir o seu brinquedo (Figura 04).

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Fig. 04: Crianças da mesma faixa etária em atividade em sala de aula: produção de seus próprios objetos (Fonte: MICAEL).

 

 

Para exemplificar a referida teoria de ensino, temse o Colégio Waldorf Micael de São Paulo. No Brasil, Waldorf Micael está entre as aproximadamente 12 escolas que apresentam esse tipo de teoria pedagógica, com ensino infantil, fundamental e médio.


 

 

Diversos aspectos apontam características peculiares do espaço físico demonstrando sua falta de interesse pela ostentação ao luxo. Isso é possível se observar na composição da escola, que é em cores de tons pastéis, como o bege; nos brinquedos e bonecas, que são de madeira, pano e com elementos mais artesanais do que industriais; e nos objetos e mobiliários, que são adequados à estatura das crianças.

O espaço físico também possui elementos em sala de aula acessíveis aos alunos, para que eles pratiquem atividade motora dentro do próprio ambiente, como no jardim de infância, formado por pequenos módulos, como o quarto das bonecas ou a cozinha (Figura 05).

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Fig. 05: Sala de aula do ensino infantil (Fonte: MICAEL).

 

 

também mesas grandes em vários ambientes com o objetivo de fazer com que a criança tenha uma vivência social nas refeições e em algumas outras atividades, como a culinária ou aquarela (Figura 06).

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Fig. 06: Mesas grandes ocupadas com a finalidade de sociabilizar com os outros alunos no momento da refeição (Fonte: MICAEL).


 

 

A área externa é bastante arborizada, apresentando caixas de areia, água, balanços, escorregadores, gangorras, pontes, ou seja, amplo espaço em que o jovem podedesenvolver-se Informações referentes à instituição obtidas através do site da escola Waldorf Micael (Figura 07).

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Fig. 07: Crianças ao lado externo da escola (Fonte: MICAEL).

 

 

1.4 SISTEMA SÓCIOINTERACIONISTA (CONSTRUTIVISMO)

 

A corrente Sóciointeracionista (relacionada aos estudos de Lev Vygotsky foi um psicológico direcionando seus estudos às crianças e seu desenvolvimento através da interação com o meio) é aquela que o sujeito aprende através da interação com o outro, ou seja, é em contato com a sociedade que o desenvolvimento se desencadeia.

O  construtivismo,  elaborado  por  Jean  Piaget  (1896   1980,  que  estudou Biologia, Epistemologia, Psicologia e Educação e foi responsável por estudos relativos à construção de conhecimentos), é uma teoria de postura liberal, difundida no Brasil a partir da década de 1970, pautada no sociointeracionismo, diferenciando-se apenas na maneira de como a evolução do conhecimento ocorre: para Vygotsky o sujeito amadurece na mesma proporção que aprende, enquanto que para Piaget, o indivíduo aprende com suas próprias ões dentro do espaço, por meio de estágios de amadurecimento.

A proposta construtivista valoriza as relações com a realidade, enfatizando os conhecimentos que a criança traz consigo; importância ao conteúdo, mas com prioridade de como o aluno chega a ele, aprofundando saberes; e seus seguidores não a consideram como uma teoria rígida, já que se volta à reflexão própria e autoajuda.

De acordo com Carpigiani e Minozzi (2002), baseados nos conceitos de Jean Piaget, construtivismo defende o pensamento de que o conhecimento não é algo pronto, mas obtido de maneira paulatina e com características peculiares. Para Jean Piaget, que


 

 

realiza  sua  pesquisa  fundamentada  em  crianças,  é  apenas  através  de  movimentos próprios realizados dentro do espaço que tais crianças conseguem compreender as informações referentes a ele, inicialmente a partir de ões de explorão, ainda não consideradas  como  o  conhecimento  propriamente  dito  de  determinado  espaço.  E somente com o desenvolvimento dessa noção espacial nas primeiras idades, através de deslocamentos, é que o jovem passa a adquirir percepção ambiental levando à criação de seu conhecimento, já que as primeiras ões de vida não podem ser tidas como interpretação de espo, pois para isto acontecer é necessário que elas conheçam primeiramente a si mesmas.

As crianças chegam com uma pequena carga de interpretação da realidade na escola, devido à convivência com outras pessoas (como família, por exemplo), mesmo que por um curto período. E é na escola que os indivíduos vão aprimorar este conhecimento por estarem em coletividade, formando suas próprias opiniões através da interação com o outro. Isso acontece através de práticas de sociabilização que envolve a maneira como a criança se educada, teorias educacionais usadas e o espo físico da instituição de ensino, com esse último sendo pa essencial para a aproximação de estudantes primários. Dependendo do modo como é projetado, o espaço tem poder de permitir aos jovens estarem mais próximos uns dos outros, criando entre eles relação de afeto, motivação e melhor assimilação de atividades educativas, bem como estimular a evolução do pensamento da criança.

No período inicial de formação do jovem, em que se passa a maior parte do tempo na escola, o domínio do espaço por parte da criança é imprescindível para seu crescimento educacional, o que acontece através de meios que chamem sua atenção, como as cores, textura, adequação à escala da criança ou o gigantismo das proporções, a comunicação visual etc.; assim como alguns conceitos referentes ao lar, ao aconchego e à segurança materna que podem fazer do ambiente um local acolhedor, convidativo e menos opressor (AZEVEDO e BASTOS, 2002). Sendo assim, quem o utiliza é capaz de apropriá-lo e sentirse a vontade naquele local, atingindose o objetivo da escola, que é o de fazer o estudante querer aprender pela própria iniciativa, já que o ambiente escolar foi responsável por estimulálo.

A organização espacial, com características físicas e compositivas, tem profunda relação com a proposta pedagógica que se aplicada na escola. Se o objetivo é o propor


 

 

uma teoria construtivista, é preciso que o espaço exerça um papel interacionista entre aquelas presentes no local, ou seja, um ambiente construtivista pede espaço físico que oferece ao estudante a capacidade de exploração e de experimentação, como volumetria, materiais e acabamentos diferenciados, para que a escola estimule a percepção espacial e a integração por parte do estudante. Assim, o espaço construtivista prezando também pelas  relações  interpessoais,  permite  que  jovens,  de  faixa  eria  distinta,  possam conviver  no  momento  de  recreação,  para  que  haja  socialização  e  relacionamento coletivo, tanto com outros estudantes, como com professores e funcionários. Pom, esse modo de integrar os alunos deve ser feito cautelosamente e com supervisão de um profissional, pois as crianças mais velhas acabam por segregar as mais novas, levando a apropriação dos melhores espaços, como os de recreação, gerando o amedrontamento das crianças mais novas, que os mais velhos encontramse presentes (AZEVEDO,

2002).

 

Como exemplo de uma escola de teoria construtivista, temse o Ponto Alfa

 

Escola, instituição de ensino infantil, localizada em São José do Rio Preto.

 

Sua linha pedagógica estimula a descoberta do conhecimento, não oferecendo ao aluno coisas prontas, para que o próprio indivíduo busque, pense, compare, reflita e saiba tomar suas decisões, tendo iniciativa de participação para ser capaz de atuar na sociedade, discernindo o certo do errado (Figura 08).

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Fig. 08: Alunos trabalhando juntos em atividades práticas construindo conhecimento de modo coletivo, ao mesmo tempo em que produzem trabalhos individuais (Fonte: < http://www.escolapontoalfa.com.br> Acesso em 28 fev.2009).

 

 

A escola procura relacionar suas atividades com a natureza, para que o estudante se desenvolva com consciência das questões ambientais, preocupando-se com os problemas  que  envolvem  o  meio  natural,  sabendo  trabalhar  de  modo  individual  e


 

 

coletivo para estudar os problemas atuais Informações referentes à instituição obtidas através do site oficial da escola Ponto Alfa (Figura 09).

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Figura 09: Alunos em momento de recreação, praticado em áreas verdes (Fonte: Design e Tecnologia

FitWeb Studio).

 

 

2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL: FILOSOFIA INSERIDA NO CONTEXTO EDUCACIONAL

Primeiramente  considerouse  relevante  a  discussão  da  noção  das  atitudes

 

praticadas pelo jovem estudante, analisando seu comportamento. Após as justificativas anteriores e acreditandose que a escolha de uma teoria de ensino é necessária para nortear os fundamentos de uma escola, com o usuário apresentando posição firme diante dos problemas ambientais decorrentes, considerase relevante também a presença de uma educação filosófica que sirva de base para a instituição, com estabelecimento de uma consciência ambiental.

Assim, o objetivo é propor um novo olhar sob a educação, levando para o interior da escola conteúdos vivos e dinâmicos movidos dentro de uma abordagem transdisciplinar (SILVA, 2005).

Não é dever das instituições dar soluções a problemas sociais, mas sim educar cidadãos  para  que  estes,  através  de  princípios  adquiridos,  determinem  o  tipo  de sociedade que irá surgir, por meio de um ensino que integre as atividades educacionais ao meio ambiente e ao espo físico.

A educação que baseia algumas escolas, por ser tradicional, necessita ser reorientada, para que o estudante tenha noção de sustentabilidade, a qual deve fazer parte do seu processo de construção do conhecimento, com o indivíduo refletindo sobre a prática social, cultural, política e histórica, ligadas a construção de informações.


 

 

E um meio de transformação é a chamada educação ambiental, que aborda a estratégia pedagógica de ensino e aprendizagem de maneira diferente, em que as disciplinas ministradas não são dissociadas do meio ambiente. Tratandose, portanto, de processo  educativo  que  vai  além  de  barreiras  impostas  pelas  disciplinas  escolares quando inclui às aulas as experiências tiradas do cotidiano, como fazer uma caminhada por locais públicos e arejados, cultivar um jardim de flores, o exercício da observação da fauna e da flora na realização de trilhas, etc. (SILVA, 2005).

Essa nova proposta de educação consolidouse a partir da segunda metade do século XX, e que uma forma de conter os avanços que envolvem a degradação do planeta  gerando  problemas  futuros  seria  por  meio  de  uma  educação  voltada  ao ambiente, já que seria preciso conter desmatamento, poluição de rios, aquecimento global, etc. (MONTEIRO, 2009). Desse modo, o espaço escolar deve ser aquele que promove o desenvolvimento diretamente no aluno e indiretamente na sociedade, local esse onde o jovem aplica seus conhecimentos.

Mesmo que a programação curricular a se desenvolver na escola não faça referência direta à questão ambiental, não possuindo trabalhos nesse sentido, matérias como a Literatura, a Geografia, a História e as Ciências Naturais sempre veiculam alguma concepção de ambiente, fazendo relação com questões voltadas ao meio natural, e que de certa maneira efetivam a educação ambiental. Levando tais argumentos em consideração,  é  necessário  que  a  natureza  seja  trabalhada  de  forma  contínua, sistemática, abrangente e integrada a outras disciplinas e ao meio ambiente. (Brasil. Secretaria de Educação Fundamental)

Dessa  forma,  a  educação  ambiental  possibilita  que  os  mesmos  temas  e disciplinas usuais sejam ministrados em sala de aula, mas voltandoos à realidade com a ajuda de um espaço construído capaz de estabelecer o contato do estudante com o meio ambiente, estimulando a coletividade, estreitando a relação entre aluno e professor por meio de jogos interativos, oficinas, trabalho em equipe, vídeos, etc. Isso tudo para que os estudantes tenham condições de formar opiniões e questionamentos próprios sobre os problemas ambientais, com a escola servindo para abrir caminhos para resoluções de tais críticas (MAGALHÃES, 2006). O meio ambiente natural passa a ter novas concepções, pois profissionais vem preocupandose com tendências sustentáveis, fazendo com que tal meio seja incluído no processo de construção do conhecimento.


 

 

É importante implantar esse tipo de educação em escolas primárias, para que os jovens entendam melhor os problemas ambientais e a importância de uso controlado de recursos naturais, desde a fase escolar. Para que estejam prontos para entrar na sociedade, é necessário que esta última esteja conscientizada das questões atuais, para que a educação dada aos jovens tenha finalidade quando estes atuarem de fato no mundo real.

A escola com tendências sustentáveis é aquela que irá preparar a criança para uma sociedade de novas considerações, procurando incentivar o desenvolvimento de suas habilidades e valorizando a importância de relacionar o estilo de vida à realidade sustentável. Assim, a educação ambiental, quando introduzida nas práticas escolares, significa a inserção da escola e dos saberes que acontecem em seu interior em um movimento de análise e reflexão (SILVA, 2005).

O meio ambiente deve ser tido como um recurso a mais, tornandose também um espo de aprendizagem. O grau de participão dos estudantes no ambiente escolar, com adequada organização funcional e estrutural, não pode ser dissociado da natureza.

 

 

2.1 ESCOLA BOSQUE DO AMAPÁ

 

A  educação  ambiental,  baseada  na  elaboração  do  conhecimento  ligado  à realidade com atividades voltadas à consciência crítica do homem, pode ser aplicada em escolas, incentivando projetos e ões inovadoras relacionadas ao ambiente natural e ao espaço construído. Assim, escola com tal filosofia educacional, utilizase de um ensino que resulta em um homem de serventia social e que leve em consideração os problemas ambientais, para que suas ões minimizem tais pendências (ARAÚJO e LIMA, 2003).

A Escola Bosque do Amapá, um dos mais importantes frutos do Programa de Desenvolvimento Sustentável do estado, é um projeto de educação com grande alcance no Amapá, em que a rede formal é composta do pré-escolar ao ensino médio, com esse último sendo profissionalizante.

A escola está situada no Arquipélago do Bailique, a qual é formada por mais de

 

40 comunidades. E para atender essa demanda populacional, objetivando-se oferecer educação de melhor qualidade ao povo ribeirinho, o Governo do Amapá, no ano de

1995, tomou a iniciativa de desenvolver o projeto de construção da Escola Bosque para a localidade (Figura 10).


 

 

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Fig. 10: Escola Bosque do Amapá, no Arquipélago do Bailique

Fonte: PEDROSA, 2002).

 

 

Para sua localização foi escolhida uma região com disponibilidade de recursos naturais, em que a educação ambiental pudesse ser aplicada, com os educadores usando o meio ambiente como um recurso às aulas. Também se prezou por uma área de relativo tamanho espacial, em que fosse possível integrar à ela uma base social local para que se conseguisse empregar o método sócio-ambiental – os jovens interagindo com o social e adquirindo conhecimento com a ajuda fundamental do meio ambiente (ARAÚJO e LIMA, 2003). Assim, a escola, com aproximadamente novecentos alunos, os quais são baixo rendimento escolar, diferencia-se das outras instituições usualmente conhecidas pelo seu relacionamento com a natureza, já que essa é a base de ensino do local.

Para a elaboração do projeto arquitetônico, além da exigência da escola ser situada em área preservada, outras premissas básicas foram elaboradas, como: ser próxima de área urbana que pudesse abastecer a instituição com infraestrutura necessária, a qual deveria abranger telefonia, energia, facilidade de acesso, etc.; área edificada não poderia ser um elemento devastador, mas sim saber aproveitar espos que já teriam sido devastados anteriormente, reconstituindo a Fauna; e, por fim, o planejamento da escola incluiria a comunidade no desenvolvimento de atividades e no processo de elaboração do projeto, com a população usufruindo do espaço físico (ARAÚJO e LIMA, 2003).

Sua configuração geométrica é composta de formatos octogonais, acreditandose que desse modo otimizase o uso amplo e variado dos espaços internos; a facilidade de articulação  entre  os  módulos;  e,  a  perfeita  adequação  da  escola  às  questões  de iluminação natural, ventilação e orientação, bem como o uso de paredes permveis que facilitam esses fatores (ARAÚJO e LIMA, 2003) (Figura 11).


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


(a)


(b)


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(c)                                                                                     (d)

 

clip_image020Fig. 11: Escola Bosque do Amapá, no Arquipélago do Bailique. (a) Trilhas ecológicas fazem parte do programa metodológico da escola. (b) Blocos de ambientes da escola interligados por passarela,

facilitando articulação entre eles. (c) Área de contemplação do meio ambiente natural (d) Refeitório / Cozinha, com parede permeável por onde ocasiona a passagem de luz natural para o interior do ambiente.

(Fonte: ARQUIPÉLAGO DO BAILIQUE)

 

 

Segundo Araújo e Lima (2003), com o intuito de fazer referência à cultura local, cada espaço da escola bosque, em sua distribuição espacial, foi inspirado em diferentes etnias remanescentes de uma aldeia temporária chamada Waiãpi. Seguindo essas ideias, o programa de necessidades da escola tem a seguinte configuração:

·    Maloo  Cultural  I:  abriga  cursos  livres  para  oficinas  de  danças,  cinema, artesanato, fotografia, etc. Com forma de coroa regular e de 230.42m², possui uma circunferência na cobertura que forma um solarium, permitindo iluminação à área interna;

·    Maloo Cultural II: com mesma configuração do Maloo I e de 231.37m², é destinado apenas à musicalização (Figura 12);


 

 

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Fig. 12: Espaço cultural com partido semelhante ao restante da escola: forma de coroa circular com solarium na cobertura permitindo iluminação natural.

(Fonte: ARQUIPÉLAGO DO BAILIQUE)

 

 

·    Auditório e Alojamentos: utilizado pelas atividades escolares, pela comunidade e, para fins lucrativos, sendo utilizado em congressos e encontros. Área total de

590.31m²;

 

·    Minishopping: espaço de 235.29m² foi projetado com a meta de ser fonte de renda, pois é formado por lojas que vendem tudo o que a escola produz: mel, ovos, produtos medicinais, etc. Formato de malocão, com solarium e área verde;

·    Salas de ltiplo uso: ambientes de mesma configuração do minishopping, com a diferença que as de múltiplo uso são salas destinadas a cursos livres voltados à comunidade e aula aos próprios alunos;

·    Administração;

 

·    Módulo de saúde;

 

·    Cozinha e restaurante, que preparam a alimentação dos alunos por meio de merenda  regionalizada,  como  o  açaí,  colhido  pelos  próprios  alunos  nas atividades de Educão Física que acontecem na mata da região;

·    Módulo de ensino, com  6 salas de aula e capacidade para 25 alunos  cada, banheiros, depósito, etc.:

pescola

 

ensino fundamental e médio

 

·    Laboratórios:  de  caráter  profissionalizante,  dividemse  em  laboratório  de informática; ciências matemáticas; pedagogia e línguas; botânica; zoologia.

·    Educação Especial: duas salas destinadas a atividades voltadas à deficientes visuais e auditivos.

·    Lavanderia; Biblioteca e salas de leitura; Brinquedoteca.


 

 

 

 

3 PSICOLOGIA AMBIENTAL: PERCEPÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR COM A INSERÇÃO DA CRIANÇA NO MEIO FÍSICO E NATURAL

A psicologia ambiental, que estuda a relação do comportamento humano e seu ambiente (meio construído ou natural), bem como a influência que um exerce sobre o outro, é uma das vertentes de pesquisa que trata do conhecimento relacionado às influências externas em espaços físicos.

Atualmente, a busca pela qualidade de vida no ambiente construído e a relação homem-espaço tem sido motivo de questionamentos, com a psicologia ambiental objetivando interpretar as influências que o meio é capaz de exercer nas atitudes comportamentais do homem, conhecendo como ele pode atingir o indiduo. Assim, a psicologia aplicada à arquitetura, levando em consideração os estudos ambientais (meio físico), poderá revelar seus princípios no espaço, para que esse último seja apto a gerar um bom desempenho, levando o jovem à prática de ões positivas.

O ambiente construído adquire um valor ainda maior quando passa a ser reconhecido por quem os habita. No caso da escola, quando isso ocorre com o jovem, ela passa a ter significados, tornandose mais fácil para o aprendizado atingir seu objetivo, em que a instituição desviase dos atos de destruição, descaso e insatisfação dos alunos.

Atualmente, assuntos acerca das consequências referentes às atividades humanas no ambiente vêm aumentando no curculo de vários campos, como arquitetura, psicologia, antropologia, etc. Tal assunto é recorrente porque o ambiente construído e seu processo de produção e uso são resultados de uma análise que expressa e interpreta a reação dos usuários (ORNSTEIN, BRUNA, ROMÉRO, 1995).

Pesquisas nesse âmbito vêm acontecendo com o intuito de transformar o comportamento das pessoas levandose também em conta assuntos relacionados à degradação do meio ambiente e ao gerenciamento de recursos naturais, para que temas como esses sejam levados em consideração, por quem constrói ou por quem usufrui do espaço. Nas crianças, isso pode ser sugerido por meio de táticas que induzam a mudança de comportamento relacionada à diminuição dos problemas ambientais. Acontecendo através  de  aulas  pticas  e  teóricas,  baseandose,  por  exemplo,  em  cartazes  e propagandas informativas de reciclagem de lixo, aulas de como economizar energia e


 

 

uso de água, lições que utilizem elementos naturais, enfim, propor estratégias em que a escola atue como meio informativo e direcionador de atividades.

Profissionais estão preocupados com tais questões devido a existência mínima ou quase nenhuma de locais para brincadeira tanto na cidade, já que essa tem se preocupado mais em adensar a área urbana; quanto nas residências. Em virtude da ausência dessas áreas em outros locais, vem a importância do espaço de recreação existir na escola, com contato com a natureza e, consequentemente, com a vegetação, areia, água e atividades com hortas, levandose a um estreitamento da relação usuário– meio ambiente e usuáriousuário (ELALI, 2003), com o jovem interagindo em espaços abertos. O primeiro espaço de vivência do jovem, depois da família, tratase da escola, na qual ele é capaz de aprender a socializarse da melhor maneira e criar seu próprio conhecimento.

A discussão da atuação de espaços físicos na escola é relevante por eles serem capazes de influenciar na aprendizagem, ensinando os alunos por meio da comunicação. Para o ambiente fazer parte do desenvolvimento do estudante, é preciso que a escola seja capaz de promover a criatividade e a participação; dar oportunidade a interação social e privativa; possibilitar o contato da criança com o meio natural; etc. (ELALI,

2003).   Isso   acontece   por   meio   de   projetos   elaborados   cuidadosamente   para possibilitarem a atuação da criança no meio físico e, também, no natural, já que ambos são importantes no processo ensino-aprendizagem.

Diversos são os fatores que são capazes de exercer poder nos ambientes e, por conseguinte, nos jovens neles presentes. Aquilo que preexiste no local é hábil para tocar a tranquilidade do desenvolvimento e satisfação pessoal própria da criança, como os aspectos sócio-culturais e econômicos; os condicionantes físico-climáticos e ambientais; as condições do tio; o entorno construído; e a infraestrutura existente (AZEVEDO,

2002).

 

As dimensões, a forma e a topografia devem se adequar à implantação do prédio no terreno, onde se devem evitar declives, visando segurança infantil; e áreas próximas de edifícios geradores de poluição (podendo prejudicar na acústica dos ambientes e a qualidade do ar); bem como prezarse por locais de fácil acesso para a população que irá usufruir da escola e com áreas de espera. Questões relacionadas ao programa e à funcionalidade  fazem  menção  à  organização  espacial,  adequação  ergonômica  dos


 

 

mobiliários, segurança, percursos, acessos, etc. Os aspectos da imagem do pdio, também ligados ao desempenho, estimulam o sentido e curiosidade das crianças, oferecendo  ao  edifício  subjetividade  e  gerando  sensações  ao  usuário,  como,  por exemplo, as formas, propoões, princípios construtivos, elementos visuais, etc. (AZEVEDO, 2002). As características estético-compositivas do lugar podem agir positivamente no comportamento da criança e do adolescente. As cores presentes são substancialmente importantes, pois podem acalmar, agitar, comunicar e ilustrar necessárias divisões. A criança é o centro de aprendizagem e a escola tem que ser alegre, acolhedora, bonita, espaçosa, higiênica, para possibilitar uma educação integral.” (BUFFA e PINTO, 2002, p.75) (Figura 13).

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Fig. 13: Escola préescolar americana: sala de aula infantil apresenta cores primárias no mobiliário, brinquedos e tapetes, com as cores neutras sendo aplicadas no piso e nas paredes (Fonte:

<http://www.dmsaonline.com/federicoginers> apud MUELLER, 2007).

 

 

Para ambientes que precisem de concentração recomendase cores frias e suaves, em tons pastéis; para espaços de recreação, cores primárias em tons mais fortes, revelando destaque e marcando àquele espo; e, por fim, às salas de aula podem ser em vários tons, diferenciandose conforme a mudança de série. Reforçando o caráter de espaços de entretenimento da escola, as cores despertam sentidos e criatividade no jovem. Diferentemente de escolas de outrora, as atuais vêm sendo gradativamente substituídas por uma imagem que busca tornar o pdio escolar algo mais próximo do usuário, em que o ato de ir à escola é prazeroso (AZEVEDO, 2002).

A configuração e localização dos ambientes indicam a filosofia que a escola admite, e o que a mesma acredita ser importante para o desenvolvimento de seus alunos. Por exemplo, localizar a biblioteca em posicionamento central é valorizar a ptica ao hábito  da  leitura;  projetar  salas  de  tamanho  razoável  para  as  crianças  menores  é


 

 

considerar  o  seu  sentimento  de  segurança  e  aconchego  naquele  local,  tornandoo familiar ao jovem; prezar pela interação dos usuários, com ambientes que estimulem convivência de grupo é dar subsídios a propostas pedagógicas de ensino; e, fazer das áreas externas uma extensão da sala de aula, com janelas adaptadas à escala infantil, é contribuir para o estudo do meio ambiente natural (AZEVEDO, 2002).

Ornstein, Bruna, Roméro (1995) fizeram um estudo a respeito de fatores existentes no ambiente construído que podem influenciar o comportamento, gerando qualidade ambiental para quem utiliza determinado local, constatando que o projeto adaptado às necessidades humanas pode afetar positivamente o comportamento do usuário através das formas interna e externa, pédireito, cor, materiais de construção, imagem, posicionamento de esquadrias, etc.;

Assim, a influência no comportamento em um ambiente está ligada tanto pelas condições de conforto ambiental que este ambiente exerce no estudante quanto pelas atividades praticadas por jovens e professores nos locais de estudo. De posse disso, os ambientes  escolares  devem  adequarse  às  suas  funções,  com  a  sala  de  aula,  por exemplo, sendo capaz de contribuir para satisfação pessoal, desenvolvimento de tarefas, gerando produtividade e aumentando as relações interpessoais positivas.

Os espaços podem diferenciarse de acordo com a proposta pedagógica ou com a faixa eria dos estudantes que irão oculos. Crianças e adolescentes tem necessidades que se diferem; as primeiras, por meio da linguagem não verbal, têm sua atenção atraída através do estímulo visual e auditivo. Já os adolescentes, que se aglutinam em grupos por afinidades, precisam de espaços que neles despertem o interesse de estarem juntos, em que podem se manifestar e por em prática suas idéias, acontecendo em locais de convivência, gmios estudantis, áreas reservadas para jogos, etc. (AZEVEDO, 2002). Mas, para ambos, independente de faixa etária, ambientes coloridos, variação de formas e de texturas de revestimento, áreas verdes, iluminação, etc. são capazes de atingir o imaginário, estimulando a aprendizagem, a apreensão do local de estudo e a vontade própria de se inter-relacionarem.

Criar uma arquitetura escolar dessa maneira é gerar um bom nível de ensino e desempenho dos ambientes da escola, em que sejam levados em consideração aspectos ambientais de ordem técnica, funcional e estética (AZEVEDO, 2002).


 

 

O espaço escolar atual, de modo geral, não possui características autoritárias e hierquicas como os de períodos anteriores, tanto na sua forma de ensinar quanto no seu espaço físico. O professor passa a ser mediador e o aluno mais participativo, devido às mudanças metodológicas de ensino que influenciam o comportamento infantil. Soluções projetuais, como espaços fora da sala de aula, mobiliário, dimensionamento dos ambientes, etc. podem frisar as relações interpessoais das crianças, que ambientes bem definidos geram nas crianças cooperação tua e interação. As salas de aula não são os únicos locais de incentivo à aprendizagem, pátios também podem servir para leitura ou para atividades dinâmicas com contato interpessoal.

Na implantação de escolas, são locados pátios pequenos ou grandes de acordo com a dimensão do terreno proposto. Nos pátios pequenos é preferível a utilização de formas mais geométricas para que se ganhe espo. Enquanto que nos pátios escolares grandes a tipologia usual é menos complexa, em que se evita espaços muito amplos e vazios  que poderiam  ser mal  utilizados  e  proporcionarem  barulho  e confusão.  Em ambos os tamanhos de pátio, é relevante considerar a subdivisão das áreas em espaços menores, para que se obtenham ambientes de múltiplo uso, com amplas opções de atividades (FEDRIZZI, 2002).

Os locais de estudo devem ser usados a favor do ensino e do bem-estar do estudante tornandose lugares mais flexíveis, em que o layout dos ambientes possa estar em constante modificação, com a criança recriando o que foi planejado, ou seja, tanto para pátios pequenos como para os grandes, é necessário ter cuidado ao elaborálos, principalmente porque se trata de áreas destinadas às crianças, podendo gerar implicações diferentes a tais usuários. Sendo pátios abertos, podem exercer diversas ões comportamentais no imaginário infantil, como por exemplo, em relação ao tamanho da área livre, que se muito grande e erroneamente articulada, pode sugerir desordem e levar à dispersão da criança. Esses espos, por não se tratarem de áreas reservadas como as salas de aula, compostas por paredes que as delimitam, aumentam a probabilidade de brincadeiras sociais acontecerem.

Os pátios grandes não devem ter limites ou obstáculos que dificultem a interação infantil;  devem  ser  flexíveis  pela  sua  amplitude;  capazes  de  combinar  atividades; possuir  bancos  destinados  ao  descanso,  aos  jogos  ou  às  conversas,  incentivando reuniões entre amigos; e vegetação abundante, tornando o local mais vivo. Devem


 

oportunizando brincadeiras com segurança, além de abrigarem locais como um pomar, com presença de vegetação; áreas para esportes; descansos, etc.(FEDRIZZI, 2002). Para tanto, a arquitetura é a grande responsável por tornar essas discussões reais, pois é capaz de articular os diferentes objetivos seguidos por diferentes profissionais.

Quanto à sala de aula, o modo como o mobiliário é nela distribuído também tem seus significados: cadeiras em círculo sugerem discussão com participação de todos; cadeiras enfileiradas pressupõemse aulas expositivas; e mesas próximas, a formação de blocos para realização de trabalhos em grupo (ELALI, 2003). Tais mobílias devem ser devidamente seguras, não se comportando como obsculos ao movimento da criança, para que essas se sintam confortáveis; e proporcionais ao número de alunos e em disponibilidade  adequada,  para  não  gerar  competição  em  sala  ao  mesmo  tempo evitandose que as crianças sejam levadas a brincarem sozinhas.

Considerando que, a interação com o meio físico leva à construção do conhecimento, proporcionando o desenvolvimento infantil, concluise que o jovem é o centro da estrutura de uma escola do ponto de vista pedagógico e do ambiente físico, já que é para tais estudantes que a escola se volta, devendo seus objetivos girarem em torno do aluno. Atentando para tais assertivas, acreditase que o ambiente escolar deve criar desafios à criança, de maneira que contribua para que ela seja desafiada a construir seu próprio conhecimento, moldandoo e reconstruindoo de acordo com as suas conveniências (SAGER, 2002).


 

 

REFERÊNCIAS

 

ARAÚJO, J. M. K. de; LIMA, D, M, B. de. Escola Bosque do Amapá: educação ambiental para o desenvolvimento sustentável. P. 169200 (in Noal & Barcelos, 2003 – Educação Ambiental e cidadania: cenários brasileiros). Santa Cruz do Sul: EDUNISC,

2003.

 

AZEVEDO, G. A. N, BASTOS L. E. Qualidade de vida nas escolas: Produção de uma Arquitetura Fundamentada na interação usuárioambiente. P. 153-160 (in Del Rio, Duarte & Rheingantz, 2002 Projeto do Lugar: Colaboração entre Psicologia, Arquitetura e Urbanismo). Rio de Janeiro: PROARQ, 2002.

CARVALHO, T. C. P. de. Arquitetura escolar inclusiva: construindo espaços para a educação infantil. 2008. 342 p. Tese (Doutorado) Programa de pósgraduação em Arquitetura e Urbanismo e Área de concentração em Arquitetura, Urbanismo e Tecnologia – Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo.

 

ELALI, G.A. O ambiente da escola o ambiente na escola: uma discussão sobre a relação  escola–natureza  em  educação  infantil.  Estudos  de  Psicologia.  Natal,  Ago.

2003,             v.8,             n.2,             p.             309319.             Disponível             em

<http://www.scielo.br/pdf/epsic/v8n2/19047.pdf> Acesso em: 08 mar. 2009.

 

FREDIZZI, B. A organização espacial em pátios escolares grandes e pequenos. P.

221229 (in Del Rio, Duarte & Rheingantz, 2002 Projeto do Lugar: Colaboração entre

Psicologia, Arquitetura e Urbanismo). Rio de Janeiro: PROARQ, 2002.

 

MAGALHÃES, L. M. F. Educação Ambiental Teoria e prática para as pessoas e as sociedades do século 21. 10ª ed. Belém: Alves Gráfica e Editora, 2006. (Estudos do GEPEA, v.1)

 

MONTEIRO,  T.  R.  do  N.  Educação  Ambiental  e  Transformações  no  Espaço Urbano: experiências das escolas estaduais de Belém. 2009. 147 p. Dissertação (Mestrado) Núcleo de Estudos e Pesquisa em Qualidade de Vida e Meio Ambiente – Universidade da Amazônia (UNAMA).

 

ORNSTEIN, S. W., ROMERO, M. D. A., BRUNA, G. C. Ambiente Construído & Comportamento: a avaliação pós ocupação e a qualidade ambiental. São Paulo: Studio Nobel /FUPAM; 1995.

 

SAGER, F. O significado do espaço físico da escola infantil: uma abordagem das representações sociais do lugar. Rio Grande do Sul, 2002. 145 f. Tese (Doutorado em Psicologia) Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível                                                                                                                       em

<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/3079/000381720.pdf?sequence=1> Acesso em: 8 mar. 2009.

 

SILVA,   Rosana   G.   A   Escola   da   Natureza.   In:   II   Congresso   Mundial   de

Transdisciplinaridade,    setembro    de    2005,    Vila    VelhaES.    Disponível    em:

<http://www.cetrans.com.br/artigos/Rosana_Goncalves_da_Silva.pdf> Acesso em: 24 mar. 2009.

 

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