Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

Projeto Trilha Jovem 28 de junho de 2012

 

O Projeto Trilha Jovem nasceu de uma proposta curricular desenvolvida, em 2001, pela Germinal Consultoria para o Instituto de Hospitalidade (IH), de Salvador, na Bahia.

Essa primeira versão foi alterada pelo IH nas primeiras implementações, em 2004. Depois, em 2006, a versão original e a inicialmente implementada foram fundidas na versão atual, que ganhou dimensão nacional. A Germinal contribuiu nesse trabalho.

A partir da crítica, sistematização, reformulação e ampliação dos planos de aula utilizados nas primeiras implementações, a Germinal criou também as Referências para a Ação Docente (Eixos I, II e III), que são manuais que apresentam sugestão, passo a passo, de desenvolvimento de todas as unidades curriculares do Projeto. As Referências para a Ação Docente facilitam e são fundamentais na manutenção da qualidade  da expansão nacional do Projeto.

 

 

O trabalho doméstico profissional 28 de julho de 2009

“A casa de infância de Henri Bachelin é a mais simples de todas. É a casa rústica de um povoado de Morvan. No entanto, com suas dependências campesinas e graças ao trabalho e à economia do pai, é uma casa onde a vida da família encontrou a segurança e a ventura. No quarto iluminado pela lâmpada junto à qual o pai, agricultor e sacristão, lê de noite a vida dos santos, o menino vivencia seu devaneio de primitividade, um devaneio que lhe acentua a solidão até o ponto de imaginar que mora numa cabana perdida na floresta. Para um fenomenólogo que procura as raízes da função de habitar, a página de Henri Bachelin é um documento de grande pureza. Eis a passagem essencial (p. 97): “Eram horas em que com força, juro, eu nos sentia como eliminados da cidadezinha, da França e do mundo. Eu sentia prazer – e guardava para mim as minhas sensações – em imaginar-nos vivendo no meio dos bosques, numa bem aquecida cabana de carvoeiros: gostaria de ouvir os lobos aguçarem as garras no granito indestrutível da soleira de nossa porta. Nossa casa servia-me de cabana. Via-me ao abrigo da fome e do frio. Se eu tremia, era só de bem estar” (Gaston Bachelard).

 

O texto a seguir é a descrição de uma sessão de aprendizagem do Programa de Capacitação de Empregados Domésticos, desenvolvido pela Germinal para o SENAC de São Paulo. Para mais informações sobre o Programa, clique aqui.

 

 

 

            Sessão 2

 

                                                                            O Trabalho Doméstico Profissional

 

 

 

 

Objetivos: Analisar os universos residencial e profissional e reconhecer as diferenças sobre a sua aparente similaridade. Reconhecer seus “hábitos de morar” e contrapô-los com os do ambiente de trabalho. Valorizar a sua forma de viver e conviver, sem desconsiderar a necessária adaptação às demandas de ambientes profissionais distintos. Desenvolver a competência de ouvir.

  

Atividade 3: minha casa, meu trabalho?

Descrição: o coordenador retoma as anotações feitas em flip-chart na Atividade 2 sobre “suas casas da memória”. A seguir orienta um pequeno relaxamento que facilite a audição de uma fita contendo sons da natureza. Seguem-se comentários gerais sobre as sensações e a experiência desse ouvir.

  

 

Terminado o aquecimento inespecífico, os participantes se dividem em quatro grupos. O coordenador informa que cada grupo será responsável por trabalhar com um dos segmentos de filmes que irá exibir . Os segmentos retratam casas e formas de morar, são eles:

 

· Grupo 1: A Dama e o Vagabundo, desenho animado de Disney, segmento inicial.

 

· Grupo 2: Vestígios do Dia, segmento em que pai e filho (mordomos) servem o jantar.

 

· Grupo 3: Cinderela, desenho animado de Disney, segmento inicial em que Cinderela serve o café da manhã.

 

· Grupo 4: A Casa dos Espíritos, segmento inicial até a cena em que Clara movimenta o vaso com o pensamento.

  

 

Cada grupo deverá preparar uma pequena representação, sem fala, em dois atos. O primeiro ato terá por título: cuidar e morar em minha casa. O segundo ato: cuidar e morar (enquanto empregado doméstico) da casa retratada no filme.

  

Terminada a preparação, os grupos apresentam seus pequenos espetáculos teatrais. Após as apresentações, o coordenador estimula, coordena e articula a análise das cenas em torno das seguintes questões:

 

1. Quais os sentimentos suscitados pela vivência dos dois ambientes (representação da minha casa e representação da casa do filme)?

2. Quais as diferenças de comportamento condicionadas pela mudança de ambiente e de situação?

3. Como meu jeito de morar interferiu com a minha atuação dentro da reprodução do cenário do filme?

4. Como eu vejo a minha forma de viver e de me comportar em comparação com a forma de viver e se comportar dos donos da casa do filme?

  

Após o debate em torno de cada questão, o coordenador encaminha uma síntese referenciado nos objetivos da sessão.

  

Recursos: Aparelho de som. Fita K7 ou CD. Vídeo. Fitas de vídeo com os segmentos de filme selecionados.


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Qualificação Profissional Básica:Turismo e Hospitalidade 18 de maio de 2009

 


Capa de livro da SENAC editora - autores diversos

Capa de livro da Editora SENAC - autores diversos

O material a seguir é um excerto de um ambicioso projeto de reestruturação dos programas de educação profissional básica do Senac Rio. O trabalho envolveu a revisão da programação de nove áreas profissionais do Senac Rio, entre elas a de Turismo e Hospitalidade.

 

Deste trabalho já publicamos um excerto da área de Administração e Desenvolvimento Empresarial.

 

Uma das caracterísiticas fundamentais do trabalho foi a articulação dos curículos da educação profissional básica com os da formação técnica de nível médio.

 

  O resultado do projeto foi publicado em um CD-ROM denominado O Futuro Começa Aqui. A Germinal Consultoria assessorou a elaboração e o desenvolvimento de todo o projeto.

 

 

 O Processo de Construção do Trabalho

A construção pedagógica do Senac Rio tem como característica primordial estar embasada não apenas nas teorias educacionais, mas na prática diária de uma instituição que respira educação profissional. A Proposta Pedagógica da instituição foi construída aproveitando esta característica.

 

De forma similar, o presente trabalho foi elaborado a partir de vários encontros de toda a estrutura organizacional e operacional do Senac Rio, e partindo de discussões que mobilizaram todas as Unidades, Centros e Gerências. A partir dos problemas identificados, em todos os níveis da Instituição, para a construção de uma programação de qualificação eficiente e com diferencial qualitativo, passou-se a trabalhar com Pesquisa Qualitativa. Ao fazê-lo, tinha-se como objetivos:

· Subsidiar a reformulação dos Programas de qualificação e suplementação adequando-os a nova proposta pedagógica e mantendo-os em sintonia com o mercado;
· Ter uma visão de futuro da área;
· Conhecer a demanda de mercado;
· Definir os contornos valorativos do segmento de mercado a ser atendido por um produto ou serviço;
· Ajustar esses produtos e serviços aos desejos e aspirações do público alvo;
· Definir o perfil adequado dos docentes;
· Ampliar o poder de atuação;
· Identificar as competências necessárias para o profissional de cada área;
· Conhecer a concorrência; e
· Ter uma visão estratégica de ação educacional.

 

Grupo FocalNa realização do trabalho, foram investigados as motivações e as tendências do mercado tanto em relação à oferta quanto á demanda para postos de trabalho, a partir de entrevistas abertas, direcionadas para grupos focais heterogêneos, compostos por docentes, participantes e especialistas do mercado. Nas conclusões finais, outros dados, obtidos em órgãos de referência da área, foram agregados. Também foram utilizadas pesquisas estatísticas e uma variada bibliografia.

 

A pesquisa qualitativa mostrou-se um instrumento bastante eficaz para renovar o olhar para todos os tipos de interesses e atividades humanas e compreendê-los. O desenho de cenários amplos permite a percepção do novo que se encontra em evolução sob o manto do cotidiano. Para a Pesquisa Qualitativa, foram constituídos grupos focais por subárea de atuação. Esta divisão facilitou identificar as características do participante interno e externo, perceber as novas áreas que estão surgindo com as mudanças do mercado, compreender os pontos fortes e fracos da imagem institucional e os pontos sujeitos à reformulação.

 

A Construção da Árvore

A árvore do conhecimento manifesta e sistematiza a visão que uma determinada instituição educacional tem do processo educativo do profissional, do homem e do cidadão.

 

A organização curricular do Turismo e Hospitalidade é flexível, com módulos bem definidos, oferecendo diversificados itinerários de Educação, com possibilidade de exames de certificação das competências, para aproveitamento de estudos, ao longo dos caminhos e ao fim dele. Na organização curricular, os módulos iniciais e comuns, em sintonia com o perfil de saída das qualificações básicas, funcionam como berços para saídas dos Programas de qualificação para ocupações reconhecidas pelo mercado de trabalho.

 

Cada Programa de qualificação básica foi desenhado com as Ações Educativas que o compõe. Algumas dessas Ações Educativas são produtos educativos independentes que podem ser cursados separadamente. Podem, ainda, ser componentes de outro Programa de qualificação básica, criando a desejável flexibilidade dos itinerários. Podem, por fim, somadas com outras Ações Educativas, constituir uma nova alternativa educativa, possibilitando uma construção individualizada dos currículos.

 

A programação de Programas livres do Turismo e Hospitalidade, desta forma, baseia-se em uma articulação de um conjunto de perspectivas. A programação atende a perspectiva de integração sinérgica dos programas (Programas) e das diversas modalidades de programas (habilitação técnica, qualificação técnica, qualificação básica, aperfeiçoamento, e, futuramente, Educação tecnológica).

 

A programação do Turismo e Hospitalidade atende à perspectiva de uma mudança curricular radical ajustada às demandas dos novos tempos, sem perder o contato com a rica tradição do Senac Rio na oferta de educação profissional. A programação está sintonizada com a perspectiva de atender às necessidades de mercado, identificadas a partir de pesquisas qualitativas e outras referências, sem perder de vista a possibilidade de exercer uma ação transformadora em relação a esse mercado.

 

A programação a seguir é mais uma oportunidade de colocar em prática a Proposta Pedagógica do Senac Rio. Atende, nesse sentido, ao conjunto dos dez princípios que resumem a proposta. Contempla especialmente o princípio de manter uma relação dinâmica e transformadora entre o contexto e a educação profissional do Senac Rio para o desenvolvimento de produtos que atendam às necessidades e tendências do desenvolvimento social e do mercado. ( 1 )

 

Dá uma atenção privilegiada ao princípio de ampliar a participação dos atores sociais e as áreas de atuação, atualizando e diversificando permanentemente os programas (princípio 6). Finalmente, é a concretização da perspectiva de desenho curricular inserida na proposta, em especial:

 

Queremos o desenho de um currículo flexível. Um currículo que acompanhe o momento presente e a velocidade das mudanças. Um currículo adequado aos grandes movimentos do trabalho e ajustado às demandas regionais. Entendemos que o desenho ideal de um currículo é aquele que permite ao participante o controle e a responsabilidade pela construção de seu aprendizado. Queremos um currículo modular.

 

 

Apresentação e Justificativa

A apresentação e a justificativa do Plano de Curso do Centro de Turismo, Hotelaria, Entretenimento e Lazer, dado o número e a complexidade das áreas e subáreas abrangidas pelo Centro, será feita contemplando as especificidades das áreas, de um lado, e o processo de elaboração do plano, que foi comum para todas as áreas e subáreas, de outro. De início, são apresentadas as indicações de mercado, divididas pelas subáreas.

 

 

Subáreas de Agenciamento e Condução de Grupos e seu contexto

Embora o mercado de turismo esteja em franca expansão, as áreas de agenciamento e condução de grupos não acompanham este movimento. O trabalho do Guia de Turismo como prestador de serviços para agências de turismo, como dita a legislação em vigor, vem sendo superado pelo trabalho do Guia Agenciador, aquele que organiza, opera, vende seus programas, roteiros e guia seus próprios grupos de turistas.

 

As atribuições do Agente de Viagens vêm sendo transformadas para acompanhar as mudanças no mercado, como por exemplo, os acessos disponibilizados pela Internet para a aquisição de serviços turísticos, a diminuição das comissões, etc. No lugar do intermediador de serviços, vendedor de serviços de terceiros, surge o consultor especializado, o assessor de serviços ao turista, profissional que tem mais responsabilidades junto ao seu participante e mais competências a serem desenvolvidas.

 

As atuações especializadas, dentro dos diversos segmentos turísticos, estão consolidando-se como estratégia de marketing e resposta às exigências cada vez mais diferenciadas do mercado. Podemos constatar agências, operadoras e guias especializados em turismo religioso, ecológico, terceira idade, compras, cruzeiros marítimos, etc.

 

O turismo receptivo vem sendo repensado e reavaliado para que, como modalidade fundamental que é, possa ocupar a sua posição de destaque e empregabilidade potenciais.

 

O mercado assimilou e atua de acordo com a legislação que prevê que o Guia de Turismo tem que ser cadastrado na Embratur. O cadastro de Guia vai ser obtido após a conclusão de Programa credenciado, conforme legislação em vigor.

 

O emissor de bilhetes iniciante tem a certificação como uma carta de referência. Vale ressaltar que neste segmento, a competência na utilização de ferramentas informatizadas de forma geral vem se sobrepondo à necessidade de competência específica referente à emissão de bilhetes. A emissão de bilhetes está sendo informatizada, sendo utilizados softwares cada vez mais simples e accessíveis, tornando a emissão manual cada dia mais obsoleta e dentro em pouco não mais aceita.

 

O agente de viagens e o operador vêm buscar na certificação um embasamento para atender mais a uma necessidade pessoal do que uma exigência do mercado. Observa-se, ainda que de forma incipiente, uma movimentação para que seja exigida uma certificação para o profissional que atua em agência de turismo.

 

Os levantamentos efetuados e as exigências legais existentes permitem identificar as seguintes necessidades de qualificação profissional básica:

· Recepcionista Turístico;
· Operador de Turismo Receptivo;
· Agente de Viagens e Turismo;
· Guia Regional;
· Guia de Excursão Nacional;
· Guia Internacional;
· Guia Especializado em Atrativos Turísticos Naturais;
· Gerente de Agência de Viagens; e
· Emissor de Passagens Aéreas.

 

 

 

A sub-área de Alimentos e Bebidas e o seu contexto

  Alimentos e bebidas

 Se o turismo é uma mola propulsora para o setor terciário movimentando negócios e criando novos postos de trabalho, o setor de A & B é uma das subáreas mais importantes, empregando 60% da força de trabalho do setor de Comércio e Serviços. A demanda por profissionais qualificados é impulsionada pela necessidade de diversificação e sofisticação de cardápios.

 

O mercado de A & B, até recentemente, contratava profissionais com baixo nível de escolaridade e sem qualificação prévia. Atualmente, o nível de exigência vem sendo cada vez maior. Agora já é necessário que os candidatos a tais postos de trabalho tenham, no mínimo, o Ensino Fundamental. Sabe-se, no entanto, que o domínio de uma língua estrangeira deverá ser acrescido a tal exigência.

 

A expansão do setor tem aumentado também o nível de exigência quanto à Educação profissional específica. Hoje, não basta apenas o domínio de competências estritamente ligadas ao fazer diário. O mercado já exige, para o acesso, pessoas capazes não só de atender aos serviços próprios do ofício, mas também com capacidade de exercer funções de planejamento, gestão, promoção e venda de serviços de alimentos e bebidas.

 

Desta forma, a oferta de qualificação para a subárea de Alimentos e Bebidas precisa ter como alvo ampliar o papel dos profissionais da área, exigindo cada vez mais que estejam preparados para dar soluções econômicas, técnicas e sociais às principais questões do setor turístico e hoteleiro.

Na subárea, foram identificadas as seguintes ocupações no mercado:

· Ajudante de Cozinha;
· Cozinheiro Nível I;
· Cozinheiro Nível II;
· Pizzaiolo;
· Chef Internacional;
· Chef Internacional Master;
· Confeiteiro;
· Patissier;
· Garçom;
· Maitre;
· Barman;
· Sommelier;
· Gerente de A & B; e
· Hostess.

 

 

Subárea Hospedagem e seu contexto

 

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  O processo produtivo no setor de Hospitalidade está voltado para a criação e oferta de produtos e prestação de serviços. A evolução das modalidades de hospedagem, o desenvolvimento do setor, os processos eletrônicos de informação acentuam a necessidade de Educação de pessoal para atuação em outros meios, que não apenas os hotéis, bares e restaurantes, mas também hospitais, escolas e outros serviços interligados ou autônomos como clubes, bufês e distribuição de alimentos em pontos de venda.

 

A expansão do setor, portanto, impõe o acesso de pessoas capazes não só de atender aos serviços específicos, mas também com capacidade de exercer funções de planejamento, gestão e promoção e venda de serviços de alimentos e bebidas e de hospedagem.

 

A indústria hoteleira é responsável pela movimentação de U$ 1 bilhão por ano. A expansão deste segmento, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – ABIH, prevê até o ano de 2003 a construção de 220 novos hotéis e o emprego de 14.000 pessoas. No Brasil, existem cerca de 18 mil meios de hospedagem que faturam por ano US$1,5 bilhão. Com esta atividade o governo arrecada mais de US$ 400 milhões com a cobrança de taxas e impostos, de acordo com a ABIH.

 

O mercado nacional de hotelaria e turismo é responsável por 3,5% do PIB, com faturamento anual de R$ 53 bilhões e potencial para R$ 221 bilhões nos próximos dez anos, começa a registrar um boom de investimentos das principais redes do setor. De acordo com a EMBRATUR só nos próximos três anos, desembarcarão no País investimentos da ordem de US$ 6 bilhões. Os 300 hotéis em construção vão gerar cerca de 600 mil empregos diretos e indiretos.

 

Existem cerca de dez mil hotéis instalados no Brasil, dentre esses estima-se que entre 5% e 7% são de marcas internacionais (Embratur). São elas que mais investem em modernização e ampliação do mercado. Entre as redes que mais estão apostando no Brasil, destaca-se a Espanhola Sol Meliá; a francesa Accor e as americanas Marriott e Choice Hotels (comanda as marcas Sleep Inn, Confort, Quality e Clarion).

 

Para atender a mudança do perfil profissional e as exigências de um turismo em expansão e mais competitivo, a oferta de qualificação para a subárea de Hospedagem precisa ter como alvo ampliar o papel dos profissionais da área, exigindo cada vez mais que estejam preparados para dar soluções econômicas, técnicas e sociais às principais questões do setor turístico e hoteleiro.

 

Na análise do mercado foi identificada a necessidade de qualificação profissional básica para as seguintes ocupações da subárea de Hospedagem:

· Camareira;
· Supervisora de Andar;
· Governanta de Hotéis;
· Recepcionista de Hote;l
· Auxiliar de Reservas;
· Guest Relations;
· Gerente de Pousadas; e
· Taifeiro.

 

 

A área de Lazer e Entretenimento e seu contexto

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A área de Lazer e Entretenimento apresenta como principal cenário o crescente aumento do tempo livre. Essa é uma tendência verificada atualmente em quase todos os países, não obstante os diferentes graus de desenvolvimento.

 

Desde a revolução industrial, a redução da jornada de trabalho é a principal reivindicação dos movimentos sociais. Tal fato se constituiu no principal fator contribuinte para o aumento do tempo livre, e que, hoje, é reservado ao entretenimento e ao lazer nos fins de semana, feriados, férias e aposentadoria.

 

Dessa forma, surgiu a economia do tempo livre. Esse setor econômico está hoje estruturado em três grandes grupos que procuram atender as diferentes necessidades recreativas dos indivíduos. São eles:

· Os meios de comunicação – televisão, cinema, jornais, revistas, jogos eletrônicos, vídeo, publicidade e outros;
· O Turismo e a Hotelaria; e
· A comunicação interpessoal – a chamada área da recreação.

 

Atualmente, os indivíduos são preparados apenas para o trabalho e sentem dificuldades em vivenciar as potencialidades desse tempo livre no cotidiano. Com isso, os governos, as empresas privadas e as empresas do terceiro setor desempenham um papel de destaque na área criando, a todo momento, produtos novos e diferenciados.

 

O entretenimento no dia-a-dia também exige estruturas e apoio, que se configuram como serviços comerciais e não-comerciais onde o indivíduo desfruta o melhor do seu tempo livre em diferentes pontos do espaço antrópico e natural.

 

Existe hoje uma recreação sistematizada pelo setor público em pelo setor privado para grandes, médios e pequenos grupos de todas as faixas etárias. No setor público, a maioria dos cinco mil municípios brasileiros possui um ou mais órgãos que cuidam da criação e da animação de espaços recreativos. No setor privado, os investimentos estão concentrados em parques temáticos, em shoppings centers e shoppings de lazer (casas de jogos eletrônicos).

 

Nesse panorama econômico, que interessa diretamente a esta área, foram identificadas as seguintes necessidades de qualificação profissional básica para as seguintes ocupações:

· Recreador Infantil;
· Recreador para Idosos;
· Recreador para Hotéis;
· Recreador Hospitalar;
· Recreador para Creche;
· Recreador para Portadores de Deficiência;
· Recreador para Empresas;
· Recreador para Parques Temáticos;
· Animador de Festas Infantis;
· Produtor e Marketing Cultural; e
· Animador Cultural.

 

 

Subárea Eventos

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É comum ouvir-se falar ou participar de algum evento de caráter popular, como festas religiosas, cívicas ou comemorativas de datas representativas de um município. Mas os eventos não se restringem apenas a essas manifestações. Evento é qualquer acontecimento social programado para tratar dos mais diversos assuntos, sejam eles políticos, culturais, científicos, comerciais, profissionais, entre outros.

 

Ao longo do tempo, os eventos foram se firmando como sinônimo de sucesso, sendo um excelente meio de divulgação e proporcionando a troca de experiências que pode levar ao enriquecimento do conhecimento. Na sociedade atual, é um rePrograma cada vez mais adotado, quer por associações de classe, quer por empresas, para a difusão de técnicas e conhecimentos ou até como forma de decidir sobre questões de interesse dessas organizações.

 

Seja qual for a sua natureza, os eventos reúnem grupos de pessoas em torno de um mesmo objetivo e muito ajudam a desenvolver o turismo. Afim, atraem pessoas de outras cidades ou regiões, incentivam a economia e enriquecem a vida cultural da cidade onde são realizados. O setor hoteleiro também é beneficiado, o que faz com que grande parte dos hotéis tenha instalações especialmente destinadas a esses acontecimentos.

 

É importante destacar que o crescimento do interesse por essa atividade cria oportunidades para profissionais preparados para as funções de planejamento e organização de eventos, o que representa uma expansão significativa do mercado de trabalho.

 

Considerando o caráter prático da Educação do pessoal para atuar no setor de eventos, o Senac Rio em seus Programas de qualificação na área, trata de todos os elementos fundamentais à organização e promoção de eventos, desde o momento do levantamento das reais necessidades para a sua produção até o fechamento e a avaliação de todo o processo de realização.

 

A Educação do profissional responsável por eventos é complementada por atividades práticas, onde se pode aprimorar cada vez mais. O estudo, o aperfeiçoamento e o trabalho bem realizados certamente irão favorecer suas perspectivas de atuar nesse setor de atividades com um elevado padrão de desempenho profissional.

 

No levantamento de mercado, constatou-se a necessidade de qualificação profissional básica para as seguintes ocupações do mercado:

· Recepcionista de Eventos;
· Coordenador de Eventos;
· Organizador de Eventos; e
· Decorador de Eventos.

 


Notas
(1) Princípio 5 – Em Relação ao Contexto – Proposta Pedagógica do Senac Rio. Ver em: Senac Rio, Construindo a Proposta Pedagógica do Senac Rio, Rio de Janeiro, Editora Senac Rio, 2000.

 

Árvore do Conhecimento de Administração e Desenvolvimento Empresarial 9 de julho de 2008

 

A seguir, estão apresentados excertos do projeto de reformulação da programação de Educação Profissional Básica do Centro de Administração e Desenvolvimento Empresarial, unidade especializada do Senac/Rio. Todo o trabalho de atualização da Educação Profissional Básica do Senac/Rio foi feito com consultoria da GERMINAL. A reformulação procurou ajustar a programação às necessidades atuais do mercado de trabalho, orientou os programas para o desenvolvimento de competências e fixou um desenho curricular articulado por projetos. O texto a seguir foi elaborado parte pelo pessoal técnico do CDE e parte pela Germinal. Foi publicado anteriormente no CD-ROOM  “Senac Rio – O Futuro Começa Aqui”, amplamente distribuído. A publicação original não continha as ilustrações aqui inseridas.

 

Justificativa e Apresentação

O Centro de Administração e Desenvolvimento Empresarial (CDE), está dedicado ao atendimento da crescente demanda por produtos e serviços em três segmentos principais: tecnologia da administração, desenvolvimento empresarial e varejo, proporcionando a pessoas e organizações o desenvolvimento do conhecimento nessas áreas. O Centro atende não só a pessoas que buscam qualificação profissional nos três segmentos considerados como também a organizações de todo tipo e a profissionais de diversos setores econômicos e níveis de educação. Pela sua abrangência e pelas características do conhecimento envolvido (Administração), o CDE tem interfaces com todas as outras áreas de atuação dos demais Centros Especializados do Senac Rio.

Como nas demais áreas, o segmento do Setor de Comércio e Serviços abrangido pelo CDE foi organizado em uma árvore do conhecimento. A árvore do CDE foi construída a partir de pesquisas qualitativas, realizadas pelo próprio CDE e pelos Centros Regionais, das qualificações básicas consideradas necessárias por essas pesquisas e pelas ações educativas e projetos considerados necessários para o desenvolvimento dessas qualificações. Na construção da árvore do conhecimento do CDE, foram integrados os portfólios dos segmentos de administração e varejo.

 

Pesquisa qualitativa

Henrique Matos, 1999, Tzolkin, Óleo sobre tela, 140 x 100 cm

Henrique Matos, 1999, Tzolkin, Óleo sobre tela, 140 x 100 cm

A pesquisa do CDE foi realizada com participantes, ex-clientes e pessoas que possuem o perfil dos participantes dos programas da área de Administração, ou seja, potenciais participantes. Foram entrevistados também os Gerentes Regionais do Senac Rio e representes de empresas consideradas prospects do CDE. Nas pesquisas qualitativas, foram constatados:

 

Demanda de mercado:  

Boa parte do comércio varejista é carente de qualidade profissional e já despertou para a necessidade de qualificação. Do vendedor ao gerente, a constituição de competências de atendimento e fidelização de clientes, gerência de produto e merchandising será necessária para a sobrevivência das empresas. Donos do pequeno comércio demandam educação generalista que vai desde a negociação com fornecedores, passando pela logística e gestão do estoque, até fluxo de caixa, planejamento e noções de marketing. Outras funções apresentaram alta demanda de qualificação. A saber: Operador de Telemarketing; Recepcionista; Auxiliar de Departamento Pessoal; Auxiliar de Escritório; Assistente Administrativo; Tesouraria. De uma forma geral, o mercado tem demandado mais intensamente profissionais que atuem nas áreas de meio ambiente, administração e economia e, principalmente, telecomunicações e tecnologia da informação. 

Visão de futuro:

A importância das habilidades técnicas tende a diminuir, pois o mercado procura cada vez mais profissionais com determinadas competências básicas. Pró-atividade, comunicação, empreendedorismo, postura ética, iniciativa e facilidade no relacionamento interpessoal são algumas das competências que serão consideradas básicas num futuro próximo. Em relação à educação específica, será exigido o nível superior (mesmo para os profissionais de nível técnico-operacional), o domínio do idioma Inglês e de sólidos conhecimentos em informática (como usuário).

Perfil Profissional:

O mercado tem valorizado as competências mais gerais, tais como: Apresentação pessoal; Fluência verbal; Planejamento e organização; Relacionamento interpessoal; Trabalho em equipe; Flexibilidade; Controle emocional; Criatividade; Motivação; Dinamismo; Capacidade de negociação; Multifuncionalidade; Empreendedorismo; Pró-atividade; Adoção de valores éticos; Produtividade; Visão macro; Liderança; e Conhecimento técnico. 

 

Construção do currículo

Henrique Matos, 1997, Ruptura Azul, Óleo sobre tela, 92 x 73 cm

Henrique Matos, 1997, Ruptura Azul, Óleo sobre tela, 92 x 73 cm

No processo de construção da árvore do conhecimento do CDE, partiu-se das qualificações técnicas que compõem o itinerário dos cursos técnicos da área de Comércio e Gestão do Senac Rio (Técnico em Administração, Secretariado, Contabilidade e Transações Imobiliárias). As qualificações técnicas foram comparadas com os programas de qualificação básica já existentes no portfólio do CDE. Com base nessa comparação e nas indicações de mercado foram eliminados os programas de qualificação básica que competiam com os de qualificação técnica.

Foram feitos alguns acertos em relação à natureza de alguns programas e outros foram eliminados por não apresentarem demanda de mercado. Nesse momento, as pesquisas qualitativas foram consideradas. Esse processo de refinamento possibilitou a definição dos programas de qualificação básica que comporiam os “grandes galhos” da árvore do conhecimento do CDE.

Ao fim, para quase todas as qualificações que fazem parte do itinerário dos cursos técnicos há uma qualificação básica correspondente. Assim, as qualificações básicas podem fazer parte do itinerário das formações de técnicos de nível médio, sem, no entanto, serem repetições das qualificações técnicas também integrantes do itinerário formativo de um determinado profissional.

Foram processadas as adaptações na duração, nas ações educativas a serem proporcionadas e nas competências a serem constituídas de modo a viabilizar mercadologicamente as qualificações básicas. Na medida do possível, procurou-se manter as ações educativas ou as competências agrupadas em ações educativas semelhantes às das qualificações técnicas, de modo a facilitar o aproveitamento de estudos.

Selecionadas as qualificações básicas, para a criação do desenho da árvore, um princípio de relação entre elas foi estabelecido. Nesse desenho, o programa de Assistente Administrativo aparece como ponto de ingresso, embora não obrigatório, na área de Administração. A partir desse programa, iniciam-se as opções de caminho na área. O programa de Recepcionista, que também contempla competências de venda, aparece na estrutura da árvore como ligação, como o elo entre as áreas de Administração e Varejo.

Cada programa de qualificação básica foi desenhado com as ações educativas (oficinas, workshops, ciclo de estudos) que o compõem. Algumas dessas ações educativas são produtos educativos independentes que podem ser cursados separadamente. Podem, ainda, ser componentes de outro programa de qualificação básica, criando a desejável flexibilidade dos itinerários. Podem, por fim, somadas com outras ações educativas, constituir uma nova alternativa educativa, possibilitando uma construção individualizada dos currículos. No desenho da árvore também estão integrados os programas de aperfeiçoamento e atualização das áreas de Administração e Varejo. A inclusão dessas modalidades inscreve nos desenhos uma perspectiva de educação profissional permanente e sugere veredas de aperfeiçoamento profissional contínuo.

O planejamento de programas livres do CDE, dessa forma, baseia-se em uma articulação de um conjunto de perspectivas. A programação atende à perspectiva de integração sinérgica dos programas (programas) e das diversas modalidades de programas (habilitação técnica, qualificação técnica, qualificação básica, aperfeiçoamento e, futuramente, educação tecnológica). Atende à perspectiva de uma mudança radical ajustada às demandas dos novos tempos, sem perder o contato com a rica tradição do Senac Rio no trato com essa área de educação profissional. A programação está sintonizada com a perspectiva de atender às necessidades de mercado, identificadas a partir de pesquisas qualitativas e outras referências, sem perder de vista a possibilidade de exercer uma ação transformadora em relação a esse mercado.

A programação a seguir é mais uma oportunidade de pôr em prática a Proposta Pedagógica do Senac Rio. Atende, nesse sentido, ao conjunto dos dez princípios que resumem a proposta. Contempla o princípio de manter uma relação dinâmica e transformadora entre o contexto e a educação profissional do Senac Rio para o desenvolvimento de produtos que atendam às necessidades e tendências do desenvolvimento social e do mercado. Dá uma atenção privilegiada ao princípio de ampliar a participação dos atores sociais e as áreas de atuação, atualizando e diversificando permanentemente os programas (princípio 6). Finalmente, é a concretização da perspectiva de desenho curricular inserida na proposta, em especial:

Queremos o desenho de um currículo flexível. Um currículo que acompanhe o momento presente e a velocidade das mudanças. Um currículo adequado aos grandes movimentos do trabalho e ajustado às demandas regionais. Entendemos que o desenho ideal de um currículo é aquele que permite ao participante o controle e a responsabilidade pela sua aprendizagem. Por isso, queremos um currículo constituído por unidades de aprendizagem(…). Queremos um currículo modular” (Proposta Pedagógica do Senac Rio).

(…)

Árvore do Conhecimento

 

Perfis profissionais

 Broken Flowers and Grass, 1979,

Broken Flowers and Grass, 1979, watercolor, gouache, acrylic and graphite pencil on paper, Anselm Kiefer, Daunaueschingen/Alemanha - arte conceptual contemporânea

Assistente Administrativo

O Assistente Administrativo é o profissional que une seus conhecimentos técnico-operacionais aos estratégicos da área de gestão. Estará apto a desenvolver as atividades gerais relacionadas a serviços administrativos nos diversos setores da empresa.

Assistente de Departamento de Pessoal

O Assistente de Departamento de Pessoal é o profissional que, conhecendo os objetivos da área de Recursos Humanos, estará apto a atuar nas atividades de admissão, acompanhamento e desligamento de pessoal e aplicar as legislações previdenciária, trabalhista e tributária pertinentes ao ciclo de pessoal.

Assistente de Tesouraria

O Assistente de Tesouraria estará apto a desenvolver as atividades inerentes ao ciclo financeiro, no que se refere às operações de controle do fluxo de caixa, movimentação bancária, dos sistemas de cobrança, recebimento e pagamento e a interpretação de relatórios financeiros.

Assistente Contábil

O Assistente Contábil estará apto a dar apoio à elaboração de relatórios contábeis parciais subsidiados pela legislação vigente e conforme os princípios fundamentais da contabilidade.

Assistente de Comércio Exterior

O Assistente de Comércio Exterior é o profissional que, conhecendo as rotinas e legislações pertinentes, estará apto a atuar em processos de importação e exportação.

 Recepcionista

O profissional de recepção estará apto a desenvolver atividades de atendimento ao cliente em diferentes situações e ambientes, bem como atuar na promoção e venda de produtos e/ou serviços.

Consultor de Vendas

O profissional de venda estará apto a desenvolver atividades de consultoria na busca de soluções e/ou resultados para as empresas e clientes com diferentes expectativas e em diferentes situações.

 

Organização curricular

Henrique Matos, 1995, Lua cheia, Óleo sobre tela, 92 x 73 cm

Henrique Matos, 1995, Lua cheia, Óleo sobre tela, 92 x 73 cm

Os programas de qualificação básica do Senac Rio têm sua organização curricular baseada em uma estrutura curricular comum. A definição dessa estrutura contou com a participação de todas as unidades regionais e especializadas do Regional. Ela é baseada e destina-se a ser instrumento de implementação da Proposta Pedagógica do Senac Rio.

Baseado nessa proposta, pode-se assumir, juntamente com a introdução das diretrizes curriculares, “que os currículos não são fins, mas colocam-se a serviço do desenvolvimento de competências, sendo essas caracterizadas pela capacidade de, através de esquemas mentais ou de funções operatórias, mobilizar, articular e colocar em ação valores, conhecimentos e habilidades”. Isto “significa, necessariamente, adotar uma prática pedagógica que propicie, essencialmente, o exercício contínuo e contextualizado desses processos de mobilização, articulação e aplicação”.

A estrutura curricular comum aos programas de qualificação básica do Senac Rio “Dessa forma, um currículo para a qualificação (…), desenhado na perspectiva da construção de competências, é composto, essencialmente, de um eixo de projetos, problemas e/ou desafios significativos do contexto produtivo da área, envolvendo situações simuladas ou, sempre que possível e preferencialmente, reais. (…) Atividades de apropriação de conteúdos de suporte de bases tecnológicas, organizados em disciplinas ou não, e de acompanhamento, avaliação e assessoria às ações de desenvolvimento dos projetos, são programadas e convergem para esse eixo de currículo.”

A partir da reformulação dos programas de qualificação básica, todo programa do Senac Rio destinado à educação de novos profissionais tem uma organização curricular centrada em projetos.Os projetos são responsáveis pelo desenvolvimento das competências mais complexas a serem exigidas do futuro profissional. Os projetos articulam Oficinas ou outras ações educativas destinadas ao desenvolvimento de competências mais específicas e nelas focadas. As competências desenvolvidas pelas Oficinas são componentes das mais complexas, atribuídas aos projetos. As Oficinas são também instrumentais no desenvolvimento dos projetos e uma mesma Oficina pode estar a serviço de todos eles. Por outro lado, a mesma competência pode ser desenvolvida por mais de um projeto. Os programas de educação profissional do Senac Rio têm uma organização curricular em espiral e em rede.

 

O projeto comum a todas as qualificações e o projeto específico de uma qualificação

Chiwara - Escultura Africana - University of Leeds

Chiwara - Escultura Africana - University of Leeds

O Projeto Gerenciando a Carreira é comum a todas as qualificações básicas do Senac Rio. Esse projeto prevê a efetivação de dois produtos: a definição de um código de ética e a elaboração de um plano de desenvolvimento pessoal e profissional. É um primeiro movimento de resposta à necessidade de desenvolvimento de competências profissionais básicas constatada nas pesquisas qualitativas. O currículo dos diferentes programas de educação profissional básica não prevê um componente curricular específico para o desenvolvimento desse projeto, nem destina um número definido de horas para o desenvolvimento do projeto comum a todas as qualificações e áreas. Ele será desenvolvido em conjunto com um outro projeto, que também é incluído em todos os currículos: o projeto técnico específico.

O projeto técnico específico é derivado e destinado a desenvolver o conjunto fundamental de competências técnicas a serem constituídas por um determinado programa de qualificação profissional básica. Está relacionado com o cerne do processo de desenvolvimento do profissional e articula as demais ações educativas destinadas ao desenvolvimento de competências técnicas específicas. Observe-se, no entanto, que nem sempre as ações educativas restringem-se ao desenvolvimento de competências técnicas. Algumas delas tratam do desenvolvimento de competências básicas, fundamentais na construção do perfil profissional desejado.

Em todos os programas, por outro lado, existe um componente curricular previsto para o desenvolvimento de projetos. Um projeto especificamente relacionado à ocupação objeto da qualificação básica e outro – o Projeto Gerenciando a Carreira –relacionado ao desenvolvimento das competências básicas. Observe-se que, no entanto, os projetos não podem ser vistos como duas entidades distintas convivendo na mesma casa. Assim como as competências técnicas não estão radicalmente separadas das competências gerais, os dois projetos são complementares. Trata-se, então, de dois projetos que se entrelaçam e de uma dupla articulação do currículo. As formas práticas de efetuar essa dupla articulação serão descobertas e fixadas em cada qualificação e em cada local de execução dos programas.

As aprendizagens referentes ao Projeto Gerenciando a Carreira podem ser previstas e sistematizadas ao longo de todo o desenvolvimento do Programa. Podem também ser sistematizadas ao fim dele, culminando com a redação de um plano de carreira que pode embutir um plano de desenvolvimento profissional e pessoal. Mesmo admitindo que cada programa envolve uma educação completa, o pressuposto subjacente no Projeto Gerenciando a Carreira é que a aprendizagem não se encerra no programa. Ele é um ponto de inflexão e de impulso em uma trajetória, posto que humana, imersa no aprender.

Os projetos específicos tratam de criar, transformar ou melhorar as atividades do Setor de Comércio e Serviços, onde atuará o profissional em desenvolvimento. Destinam-se a desafiar o participante e a problematizar o corpo de saberes já constituído. Estão no rumo da desconstrução do saber já pronto e do favorecer a construção do conhecimento e a incorporação das competências pelo participante. Esses projetos serão relacionados com situações reais e objetivam mudanças efetivas nas formas de praticar o comércio e/ou de prestar serviços. Objetivam formar um agente de mudanças.

Em programas de Educação Profissional e na perspectiva de educação do agente de mudança, o espaço escolar é insuficiente para a mudança proposta e para a conseqüente produção de conhecimento dela derivada. A ação do projeto tem que transcender os muros da escola. O espaço de aprendizagem precisa abranger as atividades produtivas e sociais reais onde as funções profissionais ganham sentido e o profissional a ser formado pode enfrentar os desafios capazes de desenvolverem as competências necessárias à tarefa de transformação.

Essa proposta transcende, em muito, a noção de estágio ou prática supervisionada. No estágio e na prática supervisionada trata-se, no máximo, de aprender o trabalho tal como ele já está posto. Aqui, não. Trata-se de olhar a prática com olhos críticos. Uma crítica não derivada de uma teoria previamente assimilada e sim de uma crítica que se constrói na própria busca da transformação. Engajar os participantes em um processo de crítica e mudança, visando à melhoria das atividades terciárias e, com elas, a melhoria da qualidade de vida, é a característica comum dos projetos que articulam os programas de educação profissional do Senac Rio.