Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

Dinâmica: Circuito dos Cantos 17 de outubro de 2011

Apresentação

Esta é uma dinâmica proposta a um grupo de professores de educação profissional, dentro de um programa de formação continuada desses docentes. A dinâmica, usada já no começo do curso, objetiva dar início a um processo de desenvolvimento da capacidade de elaborar planejamentos de ensino-aprendizagem com foco no desenvolvimento de competências.

I. Introdução

Em um cartaz, que será colocado no centro da sala, é apresentada uma competência a ser desenvolvida

Em cartazes colocados em cada um dos cantos da sala estão escritas as tarefas. Para o desenvolvimento da competência, prever: (1) Ações; (2) Conhecimentos, Habilidades e Atitudes/ Bases tecnológicas / Eixos Temáticos (3) Situações de aprendizagem / Atividades / Estratégias de aprendizagem; (4) Avaliação / Indicadores de avaliação / Indicadores de desempenho.

A turma é dividida em quatro grupos. Os grupos devem se formar por afinidades percebidas na criação do poema, que foi elaborado pelo grupo já na primeira hora do curso. Cada grupo deve se dirigir para um canto. O coordenador apresenta o cartaz em que a competência está escrita. Uma vez lançado o desafio, o cartaz é colocado no centro da sala.

II. Primeiro movimento: “Tempestade de idéias” 

Cada participante deve, sem censura, produzir o maior número possível de idéias que resolvam o problema implicado no desafio. Durante 15 minutos, os integrantes do grupo, usando tarjetas, devem indicar as condições necessárias para o desenvolvimento da competência, de acordo com o tema de cada grupo. As tarjetas devem ser fixadas nos cantos. Música para o início e depois para o fundo: Bach: Chorus 1 – Saint Matthew Passion – BWV 244.

III. Segundo Movimento: Análise.

Os grupos mudam de canto (caminhando para a esquerda). O coordenador distribui a poesia “Ou isto ou aquilo”, de Cecília Meireles, para ser lida por todos, sob a forma de jogral. Cada verso poderá ser lido por um grupo. O quinto verso de cada série pode ser lido por todos. Após a leitura, os grupos trabalham sobre as sugestões que foram registradas em tarjetas pelos participantes do grupo que ocupou aquele canto anteriormente. O coordenador pede que selecionem as situações de aprendizagem organizando-as em três colunas, logo abaixo de três tarjetas onde está escrito: AS REPETIDAS, AS ADEQUADAS, AS INADEQUADAS[1]. Música de fundo: Outono (Vivaldi)

IV. Terceiro movimento: Classificação/ordenação

Os grupos mudam novamente de canto e no mesmo sentido da mudança anterior. O coordenador projeta o vídeo “Aprendre a Aprendre”. Após a apresentação do vídeo, sem discutí-lo, os grupos trabalharão sobre a coluna AS ADEQUADAS, organizada pelo grupo que anteriormente ocupou aquele canto. O grupo organizará as situações de aprendizagem da coluna AS ADEQUADAS segundo uma ordem por ele definida: pode ser da mais adequada, colocada no alto da coluna, para a menos adequada ou, então, em uma ordem de desenvolvimento (para as Ações, por exemplo). Música de fundo: Adagieto da Sinfonia Nº 5 de Mahler.

V. Quarto movimento: Avaliação e Transformação.

Os grupos voltam a mudar de canto, no mesmo sentido. Os participantes ouvem, antes de iniciarem o trabalho, a música Ciranda da Bailarina, cuja letra é distribuída previamente para os participantes, cada grupo vai avaliar o painel resultante das intervenções dos grupos que anteriormente passaram por aquele canto. De acordo com a avaliação, os grupos alteram o painel, mexendo em todas as colunas e tarjetas que considerem impropriamente colocadas. Terminadas a avaliação e a reformulação, ainda nos cantos, os grupos apresentam , em 5 minutos, as suas conclusões para os demais. Música de Fundo: Lacrimosa de Mozart.

VI. Quinto movimento: Contraposição

Os grupos mudam novamente de canto, ainda no mesmo sentido. Com este movimento, cada grupo retorna ao seu ponto de origem. O coordenador apresenta e discute rapidamente uma transparência sobre o trabalho por competências. Baseados na discussão da transparência, em 10 minutos, cada grupo verifica e critica o resultado do trabalho dos demais grupos sobre a sua produção inicial de idéias e anota sugestões de mudanças. Em painel, cada grupo apresenta suas sugestões de mudança, negociando-as com os demais grupos. Nesse momento, além do grupo que está expondo, todos poderão contribuir com intervenções para crítica e enriquecimento.



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Catar feijão para redigir uma biografia 27 de setembro de 2011

O poema Catar Feijão, de João Cabral de Melo Neto, foi usado em uma situação de aprendizagem em que o desafio era a redação de uma  biografia. A situação de aprendizagem, apresentada nesta página, está incluída em  uma sessão de aprendizagem da Oficina de Comunicação Oral e Escrita, Eixo I – Competências Básicas para o Trabalho,  dimensão Ser Pessoa,  do  Programa Jovem Aprendiz Rural.  O Programa foi totalmente desenvolvido pela Germinal Consultoria para o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) – Administração Regional do Estado de São Paulo, entre 2004 e 2006.

II. A Biografia do Futuro

Major Clanger, Sunset behind Astoria-Megler Bridge - Flickr

Relaxamento e Imaginação ativa

Providencie um fundo musical suave e alegre (As Quatro Estações de Vivaldi, por exemplo). Oriente um relaxamento pedindo aos participantes para se posicionarem de forma confortável em seus lugares, fecharem os olhos e se concentrarem na respiração, inspirando e expirando profundamente. Peça para relaxarem pés, pernas tronco, ombros, nuca, face, pálpebras e testa, sempre respirando profundamente.

Depois, inicie um processo de imaginação ativa. Informe-os que eles estão com vinte e cinco anos (sempre na terceira pessoa do singular). Peça para se olharem com vinte e cinco. O corpo, a pele (que melhorou muito), os cabelos (que estão com outro visual).

Siga falando que faz uma linda manhã e eles estão se preparando para ir ao trabalho. Olham-se no espelho e se dão conta que o tempo passou depressa. Parece que outro dia mesmo estavam terminando o Programa de Aprendizagem Rural.

Você se lembra do “Projeto de Vida” que elaborou nessa ocasião? De lá para cá muita coisa mudou na sua vida. E o melhor é que você soube se adequar às circunstâncias, às oportunidades que foram surgindo. Teve muitas surpresas também, nesse período. Algumas ótimas. Sua vida afetiva virou de cabeça para baixo e ficou intensa, rica. É… parece que não tem do que reclamar. Bem, acho melhor você acabar de se arrumar, senão vai se atrasar para o trabalho.

Faça uma pequena pausa deixando apenas o som do fundo musical. Depois, devagar, peça para os jovens abrirem os olhos e tomarem contato com o ambiente.

Biografia do futuro

Aproveitando o aquecimento da atividade anterior, informe que os aprendizes vão elaborar uma biografia do futuro. Distribua folhas de papel em branco. Peça para localizarem a orientação específica no Cartilha do Aprendiz e coloque-se à disposição para esclarecimentos.

Biografia do Futuro: Trabalho individual

Muita coisa já aconteceu na sua vida, desde que terminou o Programa de Aprendizagem Rural. Conte tudo o que aconteceu nesse período.Escreva sobre sua vida desde o curso até o seu momento atual, com a idade de 25 anos.Não se esqueça de abordar todos os aspectos da sua existência: profissional, educacional, familiar, afetivo, etc. Utilize a primeira pessoa do singular, escreva frases curtas.

Durante a redação, o silêncio deve ser total, com exceção da música de fundo que permanecerá audível até o encerramento da atividade.

Catar feijão

Depois de concluírem seus textos, solicite para os aprendizes localizarem, no Cartilha do Aprendiz, a poesia Catar Feijão, de João Cabral de Melo Neto e fazerem uma leitura silenciosa.

Texto de Apoio 8: Catar feijão

Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

      Ora, nesse catar feijão, entra um risco:
o de entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quanto ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com o risco.

Melo Neto, João Cabral. Obra Completa, Rio de Janeiro, Editora Nova Aguilar, 1999.

Extraia com os aprendizes as idéias da poesia, sobre a comparação entre catar feijão e escrever. A busca das palavras mais adequadas, a eliminação do que não encaixou bem, do que não deu um bom tom, o encontro da palavra que desperta o leitor… Fale sobre a importância do trabalho artesanal de construir um texto: o rascunho obrigatório, a leitura crítica – do próprio autor ou de outra pessoa – e as correções para fazer o texto definitivo, a consulta ao dicionário e à gramática.

A revisão, ou leitura crítica, feita por olhos estranhos, ajuda a detectar imprecisões e descobrir inúmeras possibilidades de melhorar o texto. Quando a revisão é feita pelo autor, convém aguardar um tempo para conseguir um distanciamento crítico. Isso ajuda a perceber mais os erros e as possibilidades de aprimorar o texto.

No trabalho nem sempre é possível ter esse tempo, então é interessante contar com a revisão de um colega.

Trabalho em duplas

Neste momento, os participantes devem escolher (e é importante que escolham realmente) seus pares, formando duplas, para dar prosseguimento ao trabalho de elaboração da biografia. Peça que eles localizem na Cartilha do Aprendiz a instrução para o trabalho em duplas. Coloque-se à disposição para esclarecimentos.

Biografia Futura: revisão compartilhada

a) Trocar as redações e fazer uma primeira leitura da biografia do colega silenciosamente, sem comentários ou interrupções.

b) Ler pela segunda vez, fazendo revisão. Assinalar, com um lápis, as partes que não entendeu completamente ou teve dificuldade inicial para entender e tudo o que considerar que precisa ser corrigido: coerência, organização dos parágrafos, sinais de pontuação, correção da grafia, acentuação gráfica e concordância.

c) Conversar sobre a biografia de cada um, uma de cada vez, cada um comunicando ao outro as partes assinaladas e explicando as razões.

d) Destrocar as redações, fazer individualmente a versão final da autobiografia futura.

Depois das duplas concluírem seus trabalhos, peça para que todos afixem suas biografias do futuro em lugar visível. Depois, faça a proposta de um pequeno intervalo.

Este post foi publicado originalmente no blog Aprendendo com poesia.

 

Dinâmica: conversando sobre turismo 31 de maio de 2011

Distribua cópias impressas da letra da música “Aquarela Brasileira”[1], de Silas de Oliveira, e convide o grupo para uma audição. Estando todos atentos, dê início à execução em volume alto, ou o mais alto que o ambiente permitir. Durante a audição, se for possível, faça uma projeção de fotos de pontos turísticos de diferentes estados, iniciando a projeção no exato momento em que começa a ser cantada a segunda estrofe: “Passeando pelas cercanias do Amazonas (…)”.

Texto de Apoio 1: Aquarela brasileira[2]

Vejam esta maravilha de cenário
É um episódio relicário
Que o artista num sonho genial
Escolheu para este carnaval
E o asfalto como passarela

Será a tela
Do Brasil em forma de aquarela
Passeando pelas cercanias do Amazonas
Conheci vastos seringais

No Pará, a ilha de Marajó
E a velha cabana do Timbó
Caminhando ainda um pouco mais
Deparei com lindos coqueirais
Estava no Ceará, terra de Irapoã
De Iracema e Tupã

Fiquei radiante de alegria
Quando cheguei à Bahia
Bahia de Castro Alves, do acarajé
Das noites de magia do candomblé
Depois de atravessar as matas do Ipu

Assisti em Pernambuco
À festa do frevo e do maracatu
Brasília tem o seu destaque
Na arte, na beleza e arquitetura
Feitiço de garoa pela serra

São Paulo engrandece a nossa terra
Do leste por todo o centroeste
Tudo é belo e tem lindo matiz
O Rio dos sambas e batucadas
De malandros e mulatas
De requebros febris
Brasil, essas nossas verdes matas
Cachoeiras e cascatas
De colorido sutil
E este lindo céu azul de anil
Emolduram em aquarela o meu Brasil
Lá rá rá rá ráLá lá lá lá ia

Ao final da audição, estimule comentários sobre a música  e sobre o potencial turístico brasileiro, o crescimento das atividades econômicas relacionadas com turismo e as oportunidades de trabalho decorrentes.

 

Locais de Origem e seus atrativos

Apontado com uma régua, desenhe no chão da sala um mapa imaginário do Brasil[3], fazendo com que os participantes acompanhem o traçado. Depois, peça para os jovens se levantarem e se posicionarem no mapa imaginário de acordo com sua origem. Lembre que, mesmo que nascidos no local onde se encontram, eles deverão considerar como origem o lugar do Brasil de onde vieram seus pais. Posicione-se também no mapa de acordo com seu local de origem.

Em pé, distribuídos de acordo com o local de origem, após ligeira preparação, os participantes apresentam o local de sua origem, tratando-o como destino turístico e ressaltando seus atrativos.

Cada participante poderá responder na apresentação de sua origem:

  • § Qual é a sua origem?
  • § Por que vale a pena conhecer esse lugar? (Responder como se estivesse divulgando o lugar como destino turístico, mais ou menos como a música apresenta os diferentes lugares do Brasil).

Antes de iniciar a apresentação dos lugares de origem, aguarde alguns minutos para que todos organizem mentalmente a própria fala. A fala deve ser clara, concisa e estimulante para os ouvintes.

Inicie você mesmo a rodada de apresentações, falando do local de sua origem de forma clara e estimulante, dando o tom que julgar mais conveniente para a atividade do grupo neste momento (tornando-a emocionante ou descontraída e bem-humorada, por exemplos). Após a apresentação do último participante, o grupo retorna ao semicírculo.


[1] Existem inúmeras gravações desta música disponíveis no mercado, com diferentes intérpretes como, por exemplo, Martinho da Vila e Fernanda Abreu. Escolha uma delas.

[2] OLIVEIRA, Silas de. Aquarela do Brasil. Disponível em <http://redeglobo.globo.com/RJTV/0,19125,TJD0-990-13210,00.html>. Consulta em: 14 ago. 2006.

[3] Se perceber que o grupo todo tem sua origem relacionada a diferentes lugares dentro do próprio Estado onde está sendo realizado o Programa, você pode optar por fazer o desenho do mapa imaginário do Estado e não do Brasil.

 

Dinâmica: a velhinha, o caçador e o leão 18 de maio de 2011

O coordenador abre um espaço livre na sala e solicita que todos fiquem em pé. Divide a turma em 2 grupos e explica que cada grupo deverá escolher (mantendo segredo) um personagem: caçador, velhinha ou leão. Esclarece que o caçador atira e mata o leão, o leão come a velhinha e a velhinha bate (com sua bengala) no caçador.

Cada grupo combina, em sigilo, afastado e de costas para o outro, qual será o seu personagem (velhinha, caçador ou leão).

Posicionados frente a frente, ao sinal do coordenador (um,dois, três, JAAAAÁ !!!), os dois subgrupos avançam com ímpeto, um contra o outro, ao mesmo tempo e com todas as pessoas do grupo representando o personagem escolhido: o grupo que representa a velhinha avança mancando, levantando e batendo com a bengala imaginária; o leão ruge e estica as garras das patas da frente em direção à caça; o caçador avança mirando e atirando com a espingarda.

Em cada confronto, o grupo da velhinha vence o do caçador, o do caçador vence o grupo do leão e o do leão vence o da velhinha. O grupo que vencer mais vezes em três confrontos ganha o jogo.

 

Dinâmica: Anúncio Classificado 17 de maio de 2011

Distribua papel sulfite e canetas coloridas para todos.

Em 10 minutos e silenciosamente, cada participante deverá criar um Anúncio Classificado, como os que aparecem nos jornais, oferecendo algum produto ou serviço. Quanto mais atraente e criativo o anúncio, tanto melhor.

O anúncio tem o objetivo fazer a divulgação da própria pessoa por intermédio de um produto ou serviço com o qual ela se identifica (exemplos: fazer doces, plantar flores, consertar carros, fazer algum tipo de artesanato, desenhar, escrever poesia, etc.). Ninguém deve escrever o próprio nome. Os anúncios não devem ser mostrados nem comentados enquanto estão sendo criados.

Depois de pronto, cada pessoa mantém o seu anúncio em sigilo. Isto é importante. Quando todos concluírem, peça que cada um afixe o seu classificado na parede, em lugar visível e previamente determinado. Então, em pé, todos fazem um exame e apreciação dos classificados. As reações serão provavelmente de surpresa com a criatividade natural das pessoas e de curiosidade sobre a autoria dos anúncios.

A seguir, solicite um número de voluntários igual ao número de grupos de trabalho que você queira constituir. Cada voluntário será o líder de um dos grupos. Os líderes devem  escolher os participantes de seu seu grupo de trabalho através dos classificados. Cada líder escolhe apenas um classificado de cada vez. O autor desse classificado fará parte do seu futuro grupo. A cada escolha, o líder retira o classificado da parede, lê o texto em voz alta e pergunta quem é o autor. O autor será seu colega de grupo para o próximo trabalho. As situações de escolha vão se repetindo até que os subgrupos estejam formados.

Durante essas escolhas, leituras e revelações mantenha um ritmo ágil, para a dinâmica seguir interessante até o fim e ficar dentro do tempo previsto. Depois de afixados os classificados, a atividade não deverá levar mais do que 15 minutos.

 

Dinâmica de encerramento: liberdade, liberdade. 25 de abril de 2011

Filed under: Dinâmicas escolhidas — José Antonio Küller @ 8:48 pm
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Citei, em Arquivo68, outro blog que ajudo a editar, no post Das variações e limitações da memória 2, a peça teatral Liberdade, Liberdade, de Millor Fernandes e Flávio Rangel.

Dela, duas cenas me acompanham ainda hoje: a primeira e a última. Na primeira montagem da peça, em um momento da primeira cena, Paulo Autran diz:

“Sou apenas um homem de teatro. Sempre fui e sempre serei um homem de teatro. Quem é capaz de dedicar toda a sua vida à humanidade e à paixão existentes nesses metros de tablado, esse é um homem de teatro. Nós achamos que é preciso cantar (no fundo, os acordes da Marcha da Quarta-feira de Cinzas). Por isso

‘Operário do canto, me apresento

sem marca ou cicatriz, limpas as mãos,

minha alma limpa, a face descoberta,

aberto o peito, e – expresso documento –

a palavra conforme o pensamento.

Fui chamado a cantar e para tanto

há um mar de som no búzio de meu canto.

Trabalho à noite e sem revezamentos.

Se há mais quem cante cantaremos juntos;

sem se tornar com isso menos pura,

a voz sobe uma oitava na mistura.

Não canto onde não seja a boca livre,

onde não haja ouvidos limpos e almas

afeitas a escutar sem preconceito.

Para enganar o tempo – ou distrair

criaturas já de si tão mal atentas,

não canto.

Canto apenas quando dança,

nos olhos dos que me ouvem, a esperança.”

Os versos são um excerto de Profissão do Poeta, poema de Geir Campos.

Acredito que se possa dizer da tarefa de educar o mesmo que é dito em Liberdade, Liberdade a respeito do ator e, no poema, do poeta. Até hoje, quando vou iniciar um curso, repito mentalmente as palavras: “Operário do canto…”. É, para mim, também sempre presente uma analogia entre a sala de aula e “os poucos metros de tablado” e as conseqüências similares de uma vida dedicada, com paixão, a esses particulares espaços de ação.

A cena final de Liberdade, Liberdade também é marcante. Dela, fiz uma adaptação para fins didáticos. Uso essa adaptação como uma cerimônia de conclusão de curso. Ela está reproduzida a seguir.

Começo dizendo:

 
“A última palavra é a palavra do poeta; a última palavra é a que fica.
 
A última palavra de Hamlet:
O resto é silêncio.
 
A última palavra de Júlio César:
Até tu, Brutus?
 
A última palavra de Jesus Cristo:
Meu pai, meu pai, por que me abandonaste?
 
A última palavra de Goethe:
Mais luz!
 
A última palavra de Booth, assassino de Lincoln:
Inútil, inútil…
 
E a última palavra de Prometeu:
Resisto!”
 
A última palavra de Y (nome de um participante).
 
O participante diz sua última palavra.
 
A última palavra de X (nome de outro participante). A cena anterior se repete, com X dizendo sua última palavra.
 
A última palavra de N (nome do último participante). A cena se repete.
 
Por fim, digo a minha última palavra e encerro o curso.
 
 Até a última palavra de Prometeu, o texto é de Liberdade Liberdade.

Não é em todo o final de curso que promovo essa cerimônia de encerramento. Reservo-a para aqueles cursos que efetivamente foram espaço para vivências profundas e oportunidade de aprendizagens muito significativas. Não sei se por isso ou pela força da cena, o momento é sempre emocionante. Tão emocionante quanto foi viver a cena final, quando a assisti pela primeira vez.

 

Escravos de Jó 6 de abril de 2011

Convide os alunos para participarem de um jogo chamado Escravos de Jó, onde os jogadores, sentados no chão, cantam a seguinte canção[1]:

Escravos de Jó

Jogavam caxangá,

Tira, bota,

Deixa ficar!

Guerreiros com guerreiros

Fazem zigue, zigue, zá.

Guerreiros com guerreiros

Fazem zigue, zigue, zá.

Ao mesmo tempo em que cantam, os participantes movem objetos[2] seguindo um ritmo determinado. Cada participante tem um objeto. Durante cada rodada de canto, o objeto que está na mão de cada participante deverá ser passado para o participante à sua direita, com movimentos e sequência ditados pelos versos da canção.

Você perceberá que o jogo admite dois resultados. Se todos jogam corretamente, o movimento grupal é harmonioso e constante e os objetos fluem ritmicamente entre os participantes. Se alguém erra, os objetos se acumulam em pontos específicos da roda de participantes. A probabilidade de erro será muito grande nas rodadas iniciais devido à falta de coordenação do grupo.

A cada erro, você deverá suspender a atividade e solicitar uma avaliação da situação pelos participantes. A causa do erro deve ser identificada e sugestões de mudanças serem formuladas pelos próprios aprendizes. Os participantes, em nova rodada do jogo, tentam implementar as mudanças. Novo erro, nova parada, nova avaliação, nova mudança. Depois do acerto do grupo, as rodadas em ritmo crescente são repetidas. Em qualquer momento do jogo, na ocorrência de erros, você deve repetir as paradas, as avaliações e as mudanças.

Dominadas as competências necessárias ao jogo (cantar a música, fazer os movimentos adequados, ajustar seu ritmo ao ritmo dos companheiros e da música, manter a concentração…), convide os alunos a experimentarem variações do mesmo. A música pode deixar de ser cantada e passar a ser murmurada ou assoviada. Por fim, todos jogam silenciosamente, cantando mentalmente a música e o som dos objetos tocando ritmicamente o chão domina o ambiente.

Terminado o jogo promova uma discussão sobre a experiência vivida. Na discussão deve ficar claro que os participantes viveram uma experiência de aprender a fazer associada à de aprender a conviver. A questões fundamentais que devem orientar a discussão são: como aprenderam a fazer (a cantar a música, as técnicas do jogo) e como aprenderam a conviver (a coordenar seus movimentos com os demais e cooperar com os outros na realização da tarefa comum).


[1] A canção tem variações na letra. Alguns dos participantes podem conhecer outra versão. Um dos desafios do jogo é chegar a um consenso unânime sobre a letra da canção.

[2] Podem ser latinhas de balas, caixas de fósforo, pedras de dominó… O importante é que o objeto produza ruído quando movimentado e, principalmente, quando toca o chão.

 

Jogo da Coordenação 31 de março de 2011

Apresentação e Objetivos

O jogo da coordenação foi desenhado pela Germinal Consultoria para uso em atividades de treinamento ou desenvolvimento com grupos de supervisores ou gerentes. O jogo da coordenação permite evidenciar e refletir sobre as dificuldades que todos temos na coordenação participativa de grupos. O jogo é uma disputa entre o animador e o grupo de participantes do treinamento. O animador, embora só, tem ampla vantagem. Ele joga contando com uma fraqueza fundamental de supervisores ou gerentes: a tendência ao exercício autoritário da chefia e da coordenação.

 

1. Preparação

Comece dizendo que o exercício de uma função organizacional implica em certa separação entre papel e pessoa. Isso significa que o papel organizacional exige o uso de uma máscara social, que, em maior ou menor medida, encobre a pessoa que está por traz dela.

Coloque no centro da sala folhas de cartolina branca e materiais necessários para desenho, pintura ou colagem. Solicite que cada participante recorte um pedaço de cartolina que cubra seu rosto. De um lado desse recorte, solicite que cada participante elabore uma máscara: a máscara que usa quando exerce o papel de supervisão ou gerência.

Como fundo da atividade, coloque para tocar uma música que suscite a criatividade. Em geral, as músicas de fundo religioso são apropriadas. Durante a tarefa, garanta silêncio absoluto e impeça a comunicação entre os participantes. Evite que um participante comente o trabalho do outro. Depois de algum tempo, solicite aos que forem terminando que, no outro lado do recorte de cartolina, completem as seguintes frases:

– Eu acho que o trabalho é ……………………………………………………………..

– Eu me sinto motivado para o trabalho quando ………………………………….

2. Aquecimento

Na medida em que os participantes vão concluindo a atividade, forme grupos de no máximo sete pessoas. Solicite que, no pequeno grupo, cada participante apresente seu trabalho. Estabeleça um tempo de cerca de 5 minutos para a apresentação de cada um. Solicite e acompanhe os grupos para que nenhum participante comente o trabalho do outro. Só são permitidas questões que objetivem melhor entendimento do trabalho de cada um.

 

3. Desfile de máscaras

Distribua elásticos para os participantes e peça que coloquem as máscaras. Em pé, circulando pela sala os participantes devem interagir com as máscaras, registrando as sensações que cada uma e o conjunto de máscaras provocam. Depois, já sem as máscaras, reúna os participantes em um grande círculo e peça para compartilharem as sensações provocadas pelo desfile de máscaras. Ao final, peça que todos os participantes coloquem suas máscaras no chão, no centro da sala, uma sobre as outras.

 

4. Primeira rodada

Divida os participantes em dois grupos: um de atuação e o outro de observação. Peça que os grupos permaneçam em pé. Solicite aos integrantes do grupo de atuação que se reúnam, em pé, em torno das máscaras antes depositadas no chão. O outro grupo deve observar o grupo de atuação permanecendo, também em pé, em torno do circulo por ele formado. Informe aos participantes do grupo de atuação que eles vão participar de um jogo dramático com as seguintes regras:

1.    O objetivo do jogo é a produção de um arranjo qualquer que integre todos os desenhos e pinturas do grupo.

2.    Qualquer arranjo é aceitável, desde que conte com a concordância unânime do próprio grupo;

3.    A comunicação através da palavra oral ou escrita é proibida.

4.    O grupo terá um coordenador designado pelo animador do treinamento.

5.    O animador interfere na atividade. Ele designa o coordenador inicial da atividade e pode mudar o coordenador a hora que ele quiser.

6.    Os participantes do grupo de observação deverão manter absoluto silêncio;

7.    O jogo terá a duração máxima de 10 minutos.

O grupo pode concluir o jogo (chegar a um arranjo consensual dos desenhos) antes dos 10 minutos fixados. Isso é raro, no entanto. Na situação mais comum, o grupo adota uma “solução de compromisso”. Opta por isso por cansaço ou tentando evitar um conflito mais sério. Os participantes desistem de defender suas idéias em prol de uma que tenha o apoio da maioria. Isso deve ser evitado. Usando a regra 4, o animador pode indicar o participante que visivelmente não concorda com o arranjo para atuar como coordenador.

Considere sempre que o jogo pode provocar conflitos muito intensos. Manter o bom humor durante o seu desdobramento é, também, uma tarefa importante do coordenador da atividade.

Decorridos os 10 minutos, você deve encerrar o jogo. Os desenhos devem permanecer no chão com o arranjo produzido pela última modificação.

 

5. Segunda rodada

Peça que os grupos troquem de papel. O grupo de atuação passa a se o de observação e vice-versa. Repita o exercício, partindo do último arranjo produzido na primeira rodada.  Ao final da rodada, o arranjo produzido deve ser mantido no centro da sala.

 

6. Aprendendo através da própria experiência

Em torno do último arranjo, peça que todos se reúnam, agora sentados. Solicite que discutam a atuação de seu grupo e do outro grupo. Depois de algum tempo, solicite que discutam o que aprenderam sobre o trabalho em equipe e sobre a coordenação de grupos a partir da atuação dos dois grupos.

Observação importante: devido à dificuldade de condução este jogo exige um animador com formação e muito experiente em dinâmica de grupo.

 

Dinâmica: Coreografia 22 de março de 2011

A dinâmica Coreografia pode ser utilizada no início de um programa de treinamento (curso, encontro) para diagnóstico inicial sobre o tema do curso e levantamento de expectativas dos participantes. O exemplo abaixo foi retirado de um programa de desenvolvimento de equipes de alto desempenho.

Proposta

Inicie a situação de aprendizagem colocando como música de fundo o Bolero, de Ravel. Depois apresente à classe o seguinte desafio: fazer, em subgrupos, uma representação em três tempos:

  • Como é, hoje, o trabalho em equipe no local de trabalho (organização/empresa/departamento)?
  • Como deve ser o treinamento (curso, seminário, encontro) para que o trabalho em equipe mude para melhor?
  • Como deve ser o trabalho em equipe depois que o treinamento terminar?

Isso significa fazer uma representação sintética do diagnóstico do funcionamento das equipes e das expectativas presentes no subgrupo em relação ao desenvolvimento do curso que se inicia e em relação aos seus resultados. A representação deverá ser feita através de expressão corporal e movimentos rítmicos, da forma mais bela (plástica) e expressiva possível. A palavra não deve ser utilizada. O som pode ser usado. A música que dará ritmo à apresentação será o Bolero, que poderá ser ouvido no fundo.

Preparação

Organize os subgrupos ao acaso. Os subgrupos deverão criar e ensaiar a coreografia em pé para que possam manter a mobilidade e agilidade necessária e concluir o trabalho em torno de 10 minutos.  Estimule e oriente o trabalho circulando pelos grupos. Não deixe que os grupos fujam da experiência e da possibilidade de criação. Estimule a superação. Observe que a coreografia é diferente da mímica. Não se trata de dizer por gestos o que poderia ser dito com palavras. Trata-se de produzir uma forma simbólica de representação. O movimento é uma linguagem específica.

Apresentação

Concluída a preparação, todos ainda em pé, o primeiro subgrupo se apresenta. Terminada a apresentação do grupo, todos os participantes, inclusive os do subgrupo protagonista, replicam a coreografia. Depois, o segundo subgrupo se apresenta e assim sucessivamente. Durante cada apresentação, aumente o volume da música de fundo e transforme-o no tema musical da apresentação.

Análise

Ao final da última apresentação, retorne com os participantes ao semicírculo para análise e julgamento dos trabalhos. Uma a uma as coreografias serão analisadas pelos grupos que não as criaram. Eles devem dizer qual diagnóstico e quais expectativas podem ser extraídas da representação, sem considerar as intenções do grupo que a criou. Em seguida, o grupo criador revela a intenção implícita nos movimentos. Ao final de cada análise, promova um confronto entre as interpretações do público com as intenções do grupo criador e apresentador. Conclua com uma síntese do diagnóstico inicial e das expectativas presentes no grupo, tanto em relação ao treinamento como em relação ao desempenho ideal das equipes.

 

 

Dinâmica: andando em oito 17 de março de 2011

Filed under: Dinâmicas escolhidas — José Antonio Küller @ 7:24 pm
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Andando em oito é uma dinâmica que objetiva a formação de pequenos grupos ao acaso. O processo é o seguinte:

O educador solicita que todos os participantes andem pela sala. Ao andar, todos devem traçar com os pés um imaginário número 8, colocando um pé atrás do outro, cuidadosamente, de forma que o oito fique bem desenhado. Ao fim do traçado, ele deve ser sempre reiniciado.

Quando todos estiverem andando em oito, o educador informa as regras.

Todos andando em oito, de repente, o educador grita: ‘2 a 2’. Neste momento, todos os participantes deverão agrupar-se em pares. Quem ficar sobrando deverá pagar um ‘mico’ (cantar, dançar, recitar uma poesia…). Depois, todos recomeçam a andar em 8, até que o educador grite: ‘3 a 3’. Os participantes agrupam-se em grupos de 3 pessoas, simultaneamente e imediatamente à voz de comando. Da mesma forma que antes, o(s) participante(s) que ficarem sobrando deverão pagar um ‘mico’.

Esse processo de andar em oito e agrupamento repentino e simultâneo deverá repetir-se até que se chegue ao número desejado de participantes por subgrupo, momento em que se interrompe o jogo, passando à atividade principal para a qual foram organizados os subgrupos.