Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

Supervisores: Administração de conflitos e negociação 6 de novembro de 2008

 

Este é o quarto de um conjunto de posts relacionados, onde estamos apresentando a metodologia utilizada em  um amplo e modular Programa de Formação e Desenvolvimento de Supervisores de Primeira Linha, desenvolvido e inicialmente implementado em parceria da Germinal com o SENAC de São Paulo.

 

O programa foi desenhado a partir de um estudo em profundidade sobre as necessidades estratégicas de desenvolvimento profissional do supervisor de primeira linha, desenvolvido para a ABTD.

 

Foi implementado em empresas como: Villares, Belgo-Mineira, Cosmoquímica, Macsol, Caio, Metalúrgica Nova Americana, … Com alterações também foi implementado na COPENE, hoje Brasken.

 

É um Programa exemplar da perspectiva da Germinal de aproximar os universos da cultura e do trabalho, como forma de facilitar a aprendizagem significativa e a construção criativa do conhecimento. O Programa é composto por sete módulos, com duração de 30 horas cada um. Para o desenho metodológico, cada módulo do Programa tem uma arte como referência, como mostra o quadro a seguir.

 

 
Programa de Desenvolvimento de Supervisores
 
Módulo
Arte de Referência
1. Supervisão e Trabalho Participativo
Teatro
2. Desenvolvimento do Papel de Supervisão e Chefia
Dramaturgia
3. Supervisão e Relações de Trabalho
Artes Plásticas
4. Administração de Conflitos e Negociação
Jogo Dramático
5. Desenvolvimento de Recursos Humanos
Literatura
6. Supervisão e criatividade de grupo
Música
7. Elaboração de Planos de Autodesenvolvimento
Poesia

 

Todas as formas de arte, citadas na coluna “Arte de Referência” são utilizadas simultaneamente em todos os módulos no Programa. Em cada módulo, no entanto, uma específica forma artística é usada como modelo ou como eixo do desenvolvimento metodológico. Além do conteúdo apresentado na primeira coluna, é isso que distingue um módulo do outro: a forma artística que articula a utilização das demais artes. A utilização intensiva da arte para efeitos didáticos é uma das inovações do Programa.

 

No Módulo IV, Administração de Conflitos e Negociação,  o jogo dramático exerce um papel articulador. 

 

 Para justificar a inclusão do jogo, como forma de arte, leia:

 

“Não foi difícil mostrar a presença extremamente ativa de um certo fator lúdico em todos os processos culturais, como criador de muitas das formas fundamentais da vida social. O espírito de competição lúdica, enquanto impulso social, é mais antigo que a cultura, e a própria vida está toda penetrada por ele, como por um verdadeiro fermento. O ritual teve origem no jogo sagrado, a poesia nasceu do jogo e dele se nutriu, a música e a dança eram puro jogo. O saber e a filosofia encontraram expressão em palavras e formas derivadas das competições religiosas. As regras da guerra e as convenções da vida aristocrática eram baseadas em modelos lúdicos. Daí se conclui necessariamente que em suas fases primitivas a cultura é um jogo. Não quer isto dizer que ela nasça do jogo, como um recém nascido se separa do corpo da mãe. Ela surge no jogo, e enquanto jogo, para nunca mais perder esse caráter” (Huizinga, J. Homo Ludens. São Paulo, Editora Prespectiva, 1993, p. 193).
 

 

 

 

 

 

  

A METODOLOGIA DO MÓDULO

Alexander Calder, Day and Night Saucer, 1969, Gouache on paper, 44 1/2 x 30 1/2 inches

Alexander Calder, Day and Night Saucer, 1969, Gouache on paper, 44 1/2 x 30 1/2 inches

 

 

 

A metodologia do módulo Administração de Conflitos e Negociação assenta-se sobre o jogo e a analogia. O jogo, enquanto base metodológica, explica-se pelo objeto de estudo, ou seja: o conflito no interior das organizações de trabalho. Sendo um conteúdo de vivência aversiva (a princípio), o jogo possibilita abordá-lo em campo mais relaxado, reduzindo a tonalidade afetiva adversa.

 

Definido o conflito como uma disputa entre duas ou mais partes em torno de um alvo comum, as relações entre o conflito e o jogo tornam-se plausíveis. Vista, por outro ângulo, a negociação como uma forma aceita e muitas vezes regulamentada de operar sobre o conflito no interior das organizações, pontes com o jogo estruturado podem ser estabelecidas. À contraposição que postula a negociação como um processo onde as regras são muitas vezes implícitas e variáveis, pode-se argumentar que nesse caso a negociação guarda similaridades com o jogo espontâneo, onde as regras vão sendo construídas no próprio curso de interação entre os envolvidos.

 

Entendido o conflito nas organizações, análogo metaforicamente a um jogo coletivo, a negociação seria, então, uma forma (estruturada ou não) de jogá-lo.

 

 

 

 

 

 

 

 ANALOGIA METAFÓRICA

 

Alexander Calder, Emerging Globes, 1971, Gouache on paper, 23 x 30 3/4 inches
Alexander Calder, Emerging Globes, 1971, Gouache on paper.

“O termo análogo é aquele que convém a diversos sob um ponto de vista em parte idêntico e em parte diferente.” (S. Thomas de Aquino)

 

A analogia estabelecida no módulo entre conflito e jogo e entre negociação e forma de jogar, tem que ser entendida como metafórica, ou seja, efetuada através de uma construção intelectual, continuamente elaborada pelo próprio jogo e continuamente solicitada aos participantes no transcurso do treinamento.

 

No desenho do jogo, equipe A defronta-se com equipe B, analogamente à Gerência e Força de Trabalho. Assim como há um conflito básico permeando as relações de trabalho e iluminando o sentido dos conflitos secundários, no jogo se propõe uma disputa fundamental. A divisão básica do trabalho nas organizações modernas (nível estratégico, transmissão e nível operacional) é analogamente representada pelos papéis estabelecidos no interior de cada equipe (Diretoria, Técnico, Jogadores).

 

A partir dessas e outras analogias fundamentais, a metodologia do módulo procura suscitar o pensamento analógico dos participantes, no sentido de que a reflexão sobre a vivência do jogo suscite a reflexão sobre a vivência no trabalho. No sentido, incluso, que as conclusões formuladas no treinamento possam ser transpostas para o cotidiano.

 

 

 

 

 O JOGO

 

O jogo proposto está estruturado nos moldes de um torneio de futebol entre duas equipes (A e B). O torneio é composto por uma série de rodadas, cada uma envolvendo um ou mais jogos construídos nos moldes de uma partida de futebol.

 

Nas regras de cada jogo o conteúdo é introduzido. No desenvolvimento do jogo o conteúdo é vivenciado. Na conclusão da rodada o conteúdo é sistematizado. Desta forma, cada rodada é composta de três tempos:

 

a)     Introdução: onde o conteúdo básico é apresentado ao participante, no formato de regras do jogo.

 

 

      Desenvolvimento: onde os jogos são realizados e durante os jogos o conteúdo é vivenciado e subjetivamente ampliado (Jung).

 

      Conclusão: onde o processo e os resultados dos jogos são analisados pelos jogadores e onde, via atividade dramática de imprensa, o conteúdo é revisto e sistematizado.

 

Supervisão e criatividade de grupo 3 de novembro de 2008

 

 Em um conjunto de posts relacionados, estamos apresentando a metodologia utilizada em  um amplo e modular Programa de Formação e Desenvolvimento de Supervisores de Primeira Linha, desenvolvido e inicialmente implementado em parceria da Germinal com o SENAC de São Paulo.

 

O programa foi desenhado a partir de um estudo em profundidade sobre as necessidades estratégicas de desenvolvimento profissional do supervisor de primeira linha, desenvolvido para a ABTD.

 

Foi implementado em empresas como: Villares, Belgo-Mineira, Cosmoquímica, Macsol, Caio, Metalúrgica Nova Americana, … Com alterações também foi implementado na COPENE, hoje Brasken.

 

É um Programa exemplar da perspectiva da Germinal de aproximar os universos da arte e do trabalho, como forma de facilitar a aprendizagem significativa e a construção criativa do conhecimento. O Programa é composto por sete módulos, com duração de 30 horas cada um. Para o desenho metodológico, cada módulo do Programa tem uma arte como referência, como mostra o quadro a seguir.

 

 
Programa de Desenvolvimento de Supervisores
 
Módulo
Arte de Referência
1. Supervisão e Trabalho Participativo
Teatro
2. Desenvolvimento do Papel de Supervisão e Chefia
Dramaturgia
3. Supervisão e Relações de Trabalho
Artes Plásticas
4. Administração de Conflitos e Negociação
Jogo Dramático
5. Desenvolvimento de Recursos Humanos
Literatura
6. Supervisão e criatividade de grupo
Música
7. Elaboração de Planos de Autodesenvolvimento
Poesia

 

 

Todas as formas de arte, citadas na coluna “Arte de Referência” são utilizadas simultaneamente em todos os módulos no Programa. Em cada módulo, no entanto, uma específica forma artística é usada como modelo ou como eixo do desenvolvimento metodológico. Além do conteúdo apresentado na primeira coluna, é isso que distingue um módulo do outro: a forma artística que articula a utilização das demais artes. A utilização intensiva da arte para efeitos didáticos é uma das inovações do Programa.

 

No Módulo IV, Supervisão e Criatividade de Grupo,  a música é a arte que exerce um papel articulador. 

 

METODOLOGIA

 

Foto Chistophe Bonniere

O método define uma específica forma de relação entre docentes e alunos. O método define (e ao definir separa) um conjunto de possibilidades de encontro. O método, visto tal como andança projetada ou tal trilha que, por fim, se viu seguir, em educação sempre se refere a um andar em parceria. O método pedagógico assenta-se no encontro. Neste, como nos demais módulos do “Programa de Formação e Desenvolvimento de Supervisores” o encontro educando-educador é mediado pela arte.

 

 

A utilização da arte, como base metodológica, indica que além da busca conjunta do útil, do instrumental (consecução dos objetivos específicos, domínio do conteúdo), a relação pedagógica proposta almeja o agradável, o belo, o amoroso, o insondável…

 

 

O USO INSTRUMENTAL DA ARTE

 

Assim como nos demais, neste módulo a arte tem duas funções instrumentais. A primeira delas é a introdução do conteúdo. Um conjunto diversificado de formas artísticas – poesia, teatro, escultura, pintura, etc. – é utilizado para realçar focos de atenção, potenciais âmbitos de conhecimentos e vivências.

 

A segunda função da arte é a exploração e, ainda, a articulação do conteúdo. Uma forma artística determinada, a música no caso do presente módulo, é empregada como meio de ampliação objetiva e subjetiva, em largura e profundidade, dos focos de conteúdo inicialmente fixados, resultando em campos multidimensionais.

 

Após esse trabalho, o docente efetua uma síntese onde, a partir do conhecimento acumulado sobre o tema e da vivência concreta, procura captar um sentido unificador.

 

Essa forma artística, no caso deste módulo a música, tem ainda uma função articuladora, axial. Constitui o cerne metodológico que intenta a integração dos referidos campos em uma configuração pessoal e grupalmente significativa.

 

 

ARTE E CRIAÇÃO

 

Palácio do Catete
Palácio do Catete

A arte, enquanto base metodológica, aparte seu uso instrumental, estabelece uma relação pedagógica baseada no intercâmbio. A troca efetiva de conhecimentos e vivências mediada pela arte, visa a reavaliação (reflexão) de concepções e procedimentos, de um lado e, de outro e especialmente, a criação de alternativas de coordenação de grupos de trabalho.

 

A arte facilita o processo criativo na medida em que:

 

a) integra as funções conscientes, ou seja: o pensamento, o sentimento, a percepção e a intuição;

 

b) opera com símbolos, ou seja: “traduz um fato complexo e ainda não claramente apreendido pela consciência”(Jung);

 

c) facilita a função transcendente e nesse sentido um acesso dirigido ao inconsciente, fonte da criatividade humana.

 

 

 

A ESTRATÉGIA DO MÓDULO

 

 

 

 

Um conjunto diversificado de formas artísticas será utilizado na apresentação e ampliação do conteúdo. Uma forma específica, a música, será o eixo articulador das demais formas. Buscou-se na tradição cultural brasileira uma manifestação em que a música articula um conjunto de formas artísticas: a escola de samba.

 

O módulo foi então desenhado tentando uma analogia com a organização e funcionamento de uma Escola de Samba. O samba-enredo articula um conjunto de manifestações artísticas que, na avenida, desenvolvem um tema.

 

No caso, a partir de um tema, Supervisão e Criatividade de Grupo, e de um resumo de enredo (conteúdo do curso) os participantes deverão planejar um desfile, envolvendo:

 

 

 

 

 

 

 

 

a)     composição do samba-enredo, que sintetiza a compreensão geral e intuitiva do tema e articula as demais manifestações.

 

b)     Definição e desenvolvimento dos destaques, das fantasias, das alegorias e da evolução (pantomima), que ampliam a compreensão inicial a partir da análise histórica e conjuntural do tema e de seus componentes (roteiro do enredo).

 

 

 

Resumo do Enredo

 

1. Tecnologia e organização do trabalho

2. Necessidades humanas e trabalho

3. Necessidades humanas e tendências do trabalho

4. Âmbitos e fundamentos do processo criativo

5. O Supervisor como facilitador de criatividade de seu grupo de trabalho

6. Estratégias de Desenvolvimento da criatividade

7. Desenvolvendo uma estratégia de criatividade adequada à organização de origem

 

O uso metodológico da Arte na educação profissional e corporativa 30 de outubro de 2008

 

 

Em um conjunto de posts relacionados, estamos apresentando a metodologia utilizada em  um amplo e modular Programa de Formação e Desenvolvimento de Supervisores de Primeira Linha, desenvolvido e inicialmente implementado em parceria da Germinal com o SENAC de São Paulo.

 

O programa foi desenhado a partir de um estudo em profundidade sobre as necessidades estratégicas de desenvolvimento profissional do supervisor de primeira linha, desenvolvido para a ABTD.

 

Foi implementado em empresas como: Villares, Belgo-Mineira, Cosmoquímica, Macsol, Caio, Metalúrgica Nova Americana, … Com alterações também foi implementado na COPENE, hoje Brasken.

 

É um Programa exemplar da perspectiva da Germinal de aproximar os universos da arte e do trabalho, como forma de facilitar a aprendizagem significativa e a construção criativa do conhecimento. O Programa é composto por sete módulos, com duração de 30 horas cada um. Para o desenho metodológico, cada módulo do Programa tem uma arte como referência, como mostra o quadro a seguir.

 

 
Programa de Desenvolvimento de Supervisores
 
Módulo
Arte de Referência
1. Supervisão e Trabalho Participativo
Teatro
2. Desenvolvimento do Papel de Supervisão e Chefia
Dramaturgia
3. Supervisão e Relações de Trabalho
Artes Plásticas
4. Administração de Conflitos e Negociação
Jogo Dramático
5. Desenvolvimento de Recursos Humanos
Literatura
6. Supervisão e criatividade de grupo
Música
7. Elaboração de Planos de Autodesenvolvimento
Poesia

 

 

Todas as formas de arte, citadas na coluna “Arte de Referência” são utilizadas simultaneamente em todos os módulos no Programa. Em cada módulo, no entanto, uma específica forma artística é usada como modelo ou como eixo do desenvolvimento metodológico. Além do conteúdo apresentado na primeira coluna, é isso que distingue um módulo do outro: a forma artística que articula a utilização das demais artes. A utilização intensiva da arte para efeitos didáticos é uma das inovações do Programa.

Pablo Picasso, Espanha (1881-1973), L'Atelier 1955

 

No Módulo III, Supervisão e Relações de Trabalho,  Artes Plásticas  é a forma artística que exerce um papel articulador. 

 

Em comum com os demais módulos do “Programa de Formação e Desenvolvimento de Supervisores”, a metodologia deste curso é fundada em um conjunto de princípios e articulada com uma leitura específica da evolução das organizações de trabalho.

 

 

I. Princípios:

 

1. Nutrição

O método deve proporcionar ao educando o domínio de novos conhecimentos. Emtodo caso e, especialmente, no caso de educação de adultos, o conhecimento novo deve articular-se com o saber já adquirido  e resignificá-lo.

 

2. Procriação

O método deve proporcionar uma relação pedagógica caracterizada pelo intercâmbio e pela troca, ao nível do pensar e ao nível afetivo pelo encontro direto, pessoal e amoroso entre educando-educando e educando-educador.

 

3. Atividade

O método deve promover a ação livre e espontânea do educando sobre o material em estudo. Uma relação lúdica com o conteúdo (visto como “opus”).

 

4. Reflexão

O método deve proporcionar uma gradativa passagem da ação espontânea para a ação consciente. Passagem intermediada pela Reflexão, entendida como uma interrupção da ação espontânea, num voltar-se para dentro onde a energia do impulso originário é transformada em atividade endo-psíquica, antes de manifestar-se enquanto ato humano (Jung). A partir da reflexão, a ação ganha em liberdade e variabilidade.

 

Vejamos um exemplo. Defronto-me com um campo. O impulso originário é correr pela relva. Detenho-me. Imagino-me correndo (atividade endo-psíquica). Se o impulso é suficientemente forte, ele se manifesta como ato, porém transformado. Posso realizá-lo como expressão verbal (É gostoso correr pela relva, digo.); como pensamento abstrato (como são livres as crianças…); como representação dramática (corro tal criança); como comportamento ético (corro, porque sou livre); como feito científico (estabeleço diferenças entre o comportamento infantil e adulto) ou como obra de arte (desenho, componho músicas, faço poesias, etc. sobre o tema).

 

5. Criatividade

É importante que o método propicie condições de geração de conhecimento, na medida em que o homem é um ser que cria (ver módulo Supervisão e Criatividade de Grupos).

 

 Os princípios derivam dos impulsos humanos fundamentais identificados por Jung. Para um   aprofundamento ver: Determinantes Psicológicos do Comportamento Humano, in: Jung, C.G. A Natureza da Psique. Petrópolis, Vozes, 1984.   

 

 

II. Evolução das Organizações do Trabalho

 

Para um certo olhar, a história da organização do trabalho é também a história da desqualificação do trabalho. De fato, a partir da destruição do Artesanato, a ação produtiva individual vem sendo gradativamente despojada de amplitude, complexidade, pensamento e criatividade (Braverman).

 

Tal desqualificação ganha em sistematização com a introdução do Taylorismo. Do Taylorismo dois processos nos interessam de perto: (1) a separação, no trabalho, entre pensamento e execução e (2) a fragmentação e simplificação das funções de execução (ver crítica de Charlie Chaplin, em Tempos Modernos).

 

A evolução da função de supervisão de grupos de trabalho é um capítulo particular dessa história. Nele, assiste-se à transformação do mestre-artesão, cuja perspectiva era o domínio cada vez mais aprofundado de seu campo de trabalho e a formação de novos mestres, no supervisor clássico, despojado de saber próprio, responsável pela transmissão de conhecimentos advindos do corpo técnico-gerencial e pelo controle da força de execução. No taylorismo, o supervisor é participante e vítima do movimento de desqualificação.

 

As organizações de trabalho ainda vivem, hoje, entretanto, a crise do taylorismo. Crise que foi provocada pela redução da produtividade dos modelos tayloristas e limitação de sua eficácia no controle da força de trabalho. Na base inicial da crise: os movimentos coletivos do trabalho (tentando recuperar o controle do trabalho sobre o trabalho) e a reação individual (impontualidade, absenteísmo, rotatividade, sabotagem, fadiga, esquiva, doença; formas de denúncia de um trabalho desmotivador).

 

Esses movimentos indidviduais e coletivos corroem a adesão do trabalhador à organização. Ora, como nenhuma organização pode prescindir da adesão do trabalhador, alternativas de organização do trabalho são sempre tentadas e propostas. O fundo comum dessas tentativas e propostas é a recuperação do pensar no trabalho e ampliação da complexidade de cada posto (reversão do Taylorismo).

 

A função do supervisor flutua em função dos recuos e avanços da organização do trabalho. Ao mesmo tempo, passa a ser figura importante na busca de soluções organizacionais alternativas, dada a sua posição estrutural.

 

 

 Um novo papel

Tendo em vista que propostas efetivamente inovadoras têm que contar, necessariamente, com a participação da força de trabalho, o supervisor é chamado a um novo papel – o de articulador e coordenador de seu grupo de trabalho na formulação de alternativas organizacionais. Para tanto, na sua formação, necessita:

 

1) Adquirir conhecimentos mais amplos sobre evolução e tendências da organização do trabalho (Nutrição).

 

2) Estabelecer relações de solidariedade com seu grupo de trabalho (Procriação).

 

3) Recuperar espaço para o exercício de sua própria iniciativa (Atividade).

 

4) Recuperar a capacidade de pensar o próprio trabalho e promover o pensamento de seu grupo de colaboradores (Reflexão).

 

5) Criar alternativas de coordenação e desenvolvimento de seu grupo de trabalho (Criatividade).

 

Os princípios metodológicos e a leitura sobre a evolução das organizações de trabalho desta forma se articulam.

 

 Uma ampliação dessa visão da evolução das organizações de trabalho pode ser encontrada em:  Küller, J.A. – Ritos de Passsagem: Gerenciando Pessoas para a Qualidade. São Paulo, Editora SENAC, 1996. 

 

 

III. Procedimentos Metodológicos

 

Tendo em vista os princípios metodológicos definidos, utilizar-se, no desenvolvimento do módulo, a seguinte estratégia:

Catfish Mondrian, por Roger Smith, Flickr

Catfish Mondrian, por Roger Smith, Flickr

 

a) Apresentação do conhecimento supostamente novo (Nutrição) através de um estímulo aberto (Símbolo). A apresentação do conteúdo de forma simbólica será efetuada através da música, da poesia, literatura, pintura, escultura e cinema.

 

b) Exploração do conteúdo e intercâmbio de conhecimentos entre os participantes através de ação espontânea (pelo não domínio do código). Para tanto, serão utilizadas técnicas decalcadas das Artes Plásticas.

 

c) Análise do material produzido (Reflexão), via debates em painel e em pequenos grupos, seguida de síntese do docente.

 

d) Elaboração de propostas de ação alternativas (Criatividade), ainda utilizando o suporte das Artes Plásticas.

 

A integração e amorização (Lauro de Oliveira Lima) dos participantes serão efetuadas e mantidas através de procedimentos especificamente (ou não) destinados a esse fim, durante todo o transcorrer do módulo.

 

Desenvolvimento de Supervisores: O uso metodológico da arte 27 de outubro de 2008

 

Spirals - Galeria de Tanakawho - Flickr

Spirals - Galeria de Tanakawho - Flickr

Neste e em próximos posts, vamos apresentar a metodologia utilizada em  um amplo e modular Programa de Formação e Desenvolvimento de Supervisores de Primeira Linha, desenvolvido e inicialmente implementado em parceria com o SENAC de São Paulo.

 

O programa foi desenhado a partir de um estudo em profundidade sobre as necessidades estratégicas de desenvolvimento profissional do supervisor de primeira linha, desenvolvido para a ABTD.

 

Foi implementado em empresas como: Villares, Belgo-Mineira, Cosmoquímica, Macsol, Caio, Metalúrgica Nova Americana, … Com alterações também foi implementado na COPENE, hoje Brasken.

 

É um Programa exemplar da perspectiva da Germinal de aproximar os universos da arte e do trabalho, como forma de facilitar a aprendizagem significativa e a construção criativa do conhecimento. O Programa é composto por sete módulos, com duração de 30 horas cada um. Para o desenho metodológico, cada módulo do Programa tem uma arte como referência, como mostra o quadro a seguir.

 

 
Programa de Desenvolvimento de Supervisores
 
Módulo
Arte de Referência
1. Supervisão e Trabalho Participativo
Teatro
2. Desenvolvimento do Papel de Supervisão e Chefia
Dramaturgia
3. Supervisão e Relações de Trabalho
Artes Plásticas
4. Administração de Conflitos e Negociação
Jogo Dramático
5. Desenvolvimento de Recursos Humanos
Literatura
6. Supervisão e criatividade de grupo
Música
7. Elaboração de Planos de Autodesenvolvimento
Poesia

 

 

Todas as formas de arte, citadas na coluna “Arte de Referência” são utilizadas simultaneamente em todos os módulos no Programa. Em cada módulo, no entanto, uma específica forma artística é usada como modelo ou como eixo do desenvolvimento metodológico. Além do conteúdo apresentado na primeira coluna, é isso que distingue um módulo do outro: a forma artística que articula a utilização das demais artes. A utilização intensiva da arte para efeitos didáticos é uma das inovações do Programa.

 

No Módulo I, Supervisão e Trabalho Participativo,  o teatro é a arte que exerce um papel articulador. 

 

A metodologia básica do módulo foi pensada no sentido de facilitar, além da consecução dos objetivos gerais e específicos do módulo (descritos em Plano de Curso), a consecução dos seguintes objetivos gerais do Programa de Desenvolvimento de Supervisores e Chefias Intermediárias:

1. Ampliação da capacidade de comunicação através de utilização da linguagem escrita, oral e corporal;

2. Desenvolvimento da iniciativa, da reflexão e da criatividade.

 

 

O Treinando como agente

 

Característica fundamental do método é a participação ativa do treinando. Tratando-se de educação de adultos e tendo como tema o próprio trabalho do educando, a articulação do conteúdo com o prévio conhecimento empírico do participante é fundamental.

 

 

 

O teatro como centro

Uma arte, o teatro, é utilizada como cerne da metodologia. A utilização da arte (em especial, o teatro) deriva dos objetivos gerais do programa, acima enunciados. Para atingir tais objetivos não basta a transmissão ou aprendizagem de um conteúdo a eles relacionado. A vivência é fundamental.

 

Guia Descape

O Teatro Mágico

O teatro será meio para proporcionar uma vivência emocionalmente significativa do conteúdo (Stanislaviski). Uma vivência que signifique uma experimentação de possibilidades alternativas (Moreno). O teatro, ainda, como uma possibilidade de exteriorização do cotidiano. Cotidiano olhado de fora. Olhado criticamente (Brecht). O teatro, finalmente, como possibilidade de integração entre teoria e prática (Boal).

 

 

Um movimento em quatro passos

Utiliza-se, na apresentação e apropriação do conteúdo, uma estratégia baseada em quatro passos fundamentais:

1)     Introdução do tópico do conteúdo através de estímulo aberto, usando outras formas de arte (pintura, poesia, literatura, dança, etc.) que:

– mobilize as vivências individuais;

– promova a revisão de conhecimento e valores;

– problematize o tema.

2)     Trabalho individual e em grupo sobre o conteúdo (via teatro);

3)      Debates em pequenos grupos ou em painel;

4)     Síntese final, efetuada pelo docente.