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Mário de Andrade: Louvação Matinal 17 de outubro de 2012

Esta situação de aprendizagem faz parte da aula 3/4 da Oficina De Empreendedorismo, do Projeto Trilha Jovem. Foi extraída das Referências para a Ação Docente, manuais do educador elaborados pela Germinal Consultoria, que descrevem passo-a-passo cada sessão de aprendizagem.

Atividade 4. Rodando o PDCA

Em painel, distribua cópias de um excerto do poema Louvação Matinal, de Mário de Andrade. Peça para os jovens fazerem uma leitura silenciosa.

LOUVAÇÃO MATINAL(excerto)…Que a vida de cada qual seja um projeto de casa!Sêco, o projeto agride o ôlho da gente no papel,

Porém quando a casa se agarra no lombo da terra,

Ela se amiga num átimo com tudo o que enxerga em volta,

Se adoça, perde a solidão que tinha no projeto,

Se relaciona com a existência, um homem vive nela,

E ela brilha da fôrça do indivíduo e o glorifica

Deflorar a virgindade boba do que tem de vir!…

Eu nunca andei metido em sortes nem feitiçarias,

Não posso contar como é a sala das cartomantes,

E minhas mãos só foram lidas pelos beijos das amadas,

Porém sou daqueles que sabem o próprio futuro,

E quando a arraiada começa, não solto a rédea do dia,

Não deixo que siga pro acaso, livre das minhas vontades.

O meu passado… Não sei. Nem nunca matuto nele.

Quem vê na noite? o que enxerga na natureza assombrada?

O que passou, passou; nossa vaidade é tão constante,

Os preconceitos e as condescendências são tão fáceis

Que o passado da gente não é mais

Que um sonho bem comprido aonde um poder de sombras lentas

Mostram que a gente sonhou. Porém não sabe o que sonhou…

Não recapitular! Nunca rememorar!

Porém num rasgo matinal, em coragem perpétua

Ir continuando o que um dia a gente determinou!

Eu trago na vontade todo o futuro traçado!

Não turtuveio mais nem gesto meu para indeciso!

Passam por mim pampeiros de ambições e de conquistas,

Chove tortura, estrala o mal, serenateia a alegria,

Futuro está gravado em pedra e não se apaga mais!

Por isso é que o imprevisto é para mim mais imprevisto,

Guardo na sensação o medo ágil da infância,

Eu sei me rir! Eu sei me lastimar com ingenuidade!

ANDRADE, M. Poesias Completas. São Paulo, Livraria Martins Editora, 1974, p. 194.

A seguir, explique o que é um jogral e lance um desafio: o grupo deverá criar um jogral do poema, de forma a produzir uma leitura com arte. Pergunte: como ficaria bonita a interpretação da poesia através de um jogral? Como produzir belos efeitos com o ritmo e a divisão da leitura, a utilização de vozes diferentes, etc.

Transfira a responsabilidade ao grupo de propor a organização do jogral. O poema pode ser dividido em partes e cada parte poderá ser lida por um, alguns ou todos os jovens, com ritmo e sincronia. Assim que o grupo chegar a uma proposta de realizar o jogral, peça para todos se levantarem para ensaiar.

(Deixe o grupo agir por algum tempo. Observe momentos de propostas, planejamento da ação, experimentação – ensaio)

Depois do ensaio, mudanças e ajustes podem ser realizados para melhorar o resultado. Proponha um novo ensaio. O grupo experimenta nova execução.  Depois, volta a avaliar e aperfeiçoar, assim por diante, enquanto o interesse dos participantes se mantiver. Por fim, o grupo deve fazer a sua apresentação “final” em jogral do poema completo.

Novamente sentados em semicírculo, peça ao grupo para comentar a atividade. Depois, fale sobre como a dinâmica do jogral, vivenciada pelos jovens, pode ser uma forma de exercitar a “rodagem” do PDCA, uma técnica para promover a excelência em serviços. A seguir, apresente o PDCA como uma das ferramentas básicas da qualidade.

Em painel, encerre o dia com novo círculo de energia, fazendo variações em relação aos utilizados em aulas anteriores.

 

Mário Andrade: poeta e educador

Mário de Andrade por Tarsila do Amaral

Iniciamos a publicação de uma nova categoria de postagens: Arte e Educação. Nela, iremos identificar e indicar textos que falem de grandes artistas brasileiros: poetas, escritores, músicos, arquitetos, pintores, escultores, cineastas, dramaturgos, atores…

Ao buscar os textos, teremos o cuidado de selecionar os que possam apoiar, fundamentar ou dar indicações para o uso da arte no que já denominamos de Aprendizagem Criativa. Daremos prioridade aos textos que falem também sobre o processo criativo daquele autor.

Nos posts dessa categoria iremos buscar o educador e explorar o uso educacional possível da obra dos grandes artistas brasileiros. Em um primeiro post falaremos do criador e indicaremos um artigo ou vídeo sobre ele, sempre disponível na Internet. Em post imediatamente posterior, publicaremos um exemplo do uso educacional de sua obra.

Começaremos com Mário de Andrade. Do texto que indicaremos, extraímos o seguinte parágrafo:

No artigo “A personalidade poética de Mário de Andrade”, seu autor Carlos Burlamáqui Köpke expressa a opinião de que Mário de Andrade “…pertencia, sem dúvida alguma, à família de poetas como T. S. Eliot e Pessoa, nos quais, convergindo para a unidade do ser e do espírito, se associam a mais completa liberdade de anseios, de impulsos anímicos, de peregrinações agônicas pelos temas, e a disciplina interior da própria razão legisladora. O que quer dizer: sem deixar de ter sido um grande artista, foi, a par, um grande doutrinador…” (13, p. 53).

O parágrafo foi retirado do artigo “A dramatização da experiência vivida na poesia de Mário Andrade”, de  Zuzana Burianová. O artigo completo pode ser acessado clicando aqui.