Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

Instituto Polo Iguassu abre processo seletivo para o Projeto Trilha Jovem 10 de maio de 2014

Filed under: Projeto Trilha Jovem — José Antonio Küller @ 1:24 pm
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Já está aberto o processo seletivo para os adolescentes participarem do Projeto Trilha Jovem Iguassu. As inscrições podem ser feitas através do site http://www.trilhajovem.com.br/inscricao.

O projeto Trilha Jovem Iguassu – Turismo e Inclusão Social prepara jovens para ingressar, permanecer e crescer no mercado de trabalho no setor de turismo.

O Polo Iguassu foi executor do Projeto Trilha Jovem Iguassu – Turismo e Inclusão Social nos anos de 2006 a 2009, sendo eleito nacionalmente como o melhor destino. Foram selecionados ao todo cerca de 600 jovens, e cerca de 50% deste total conquistaram a inserção profissional. Em 2012 o projeto foi retomado, selecionou 90 jovens e inseriu no mercado de trabalho 65% deles.

O projeto conta com o apoio do Parque Tecnológico Itaipu – PTI e Itaipu Binacional e está em sua 6ª edição.

Está previsto 120 vagas para a turma de 2014 com inicio da formação a partir de julho e término previsto para Novembro de 2014. Nas áreas de hospedagem, turismo e atendimento e alimentos e bebidas.

São 500 horas de aulas teóricas e vivência prática. As aulas são gratuitas, diárias e ministradas no contra-turno escolar. Com duração de 5 meses seguidos por uma vivência profissional/estágio obrigatória de 80 horas.

As aulas irão ocorrer no Instituto Polo Iguassu que fica no Parque Tecnológico Itaipu-PTI.

Será fornecido:
Vale transporte para deslocamento
Uniforme
Lanche

Para participar:
Ter idade entre 16 e 24 anos;
Estar cursando ou ter cursado Ensino Médio na Rede Pública;
Renda familiar comprovada de até 2 salários mínimos;
Perfil para o turismo;
Disposição e disponibilidade para frequência no projeto.

Etapas da seleção:

Pré-inscrição;
Palestra de Esclarecimento e Inscrição;
Dinâmicas de grupo;
Entrevista individual;
Convocação dos selecionados.

Palestra de esclarecimento:
LOCAL: Hotel Golden Tulip Internacional Foz
Rua Almirante Barroso, 2006, Centro
DATA: 17/05/2014
HORÁRI: 14h

IMPORTANTE: é necessário trazer cópia do:
RG
CPF
Comprovante de endereço
Declaração de matrícula ou histórico escolar do ensino médio

 

Rodada de negócios do Trilha Jovem 21 de dezembro de 2012

http://globotv.globo.com/rpc/parana-tv-1a-edicao-foz-do-iguacu/v/quadro-sua-chance-fala-sobre-o-projeto-trilha-jovem-desenvolvido-em-foz-do-iguacu/2300600/

 

Nível socioeconômico das escolas condiciona nota no Enem 17 de dezembro de 2012

Filed under: Enem — José Antonio Küller @ 1:25 pm
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De Cartola – Agência de Conteúdo, o  Terra Educação de 14/12/2012 publica a seguinte notícia:

Antes mesmo de serem divulgadas as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), para saber quais escolas têm um bom desempenho no teste basta verificar o nível socioeconômico (NSE) dos alunos que estudam na instituição. A constatação foi feita pelo professor Francisco Soares, do Grupo de Avaliação e Medidas Educacionais (Game) da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ao analisar as médias obtidas por estudantes das escolas de Belo Horizonte na edição de 2011 e compará-las com o indicador social do NSE – estabelecido conforme dados de renda, escolaridade e ocupação informados no questionário do Enem -, o professor percebeu uma associação quase perfeita entre os dois fatores, o que resultou em uma reta praticamente constante: quanto maior o NSE, maior a nota no exame. O estudo, mesmo focado em uma única capital, reflete um quadro nacional, opina Soares.

Na comparação feita pelo professor, a medida de associação entre os dois fatores resultou em uma correlação de 0,883 (muito próxima de uma correlação perfeita, cujo valor seria 1). Isso significa que o NSE reproduz quase fielmente a ordenação dos colégios no ranking do Enem. `Não é uma coisa pequena, acidental, pelo contrário. É uma associação muito alta. Posso prever o resultado sem tê-lo, basta olhar o NSE`, diz o professor da UFMG.

Para montar a tabela, Soares avaliou cada questionário e produziu a média do NSE de cada aluno. Depois, estabeleceu o valor médio para cada escola. Foram incluídas 128 escolas (81 delas privadas) das quais mais de 50% dos alunos tenham comparecido ao Enem no ano passado. Após esse processo, ele comparou os dados com as notas por escola, divulgadas pelo Ministério da Educação (MEC) em 22 de novembro deste ano.

Doutorando pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), o pesquisador Rodrigo Travitzki também produz sua tese com base na comparação entre o NSE (calculado com base nas respostas dos questionários do Enem) e as notas obtidas pelos alunos no exame. No trabalho, que deve ser defendido entre fevereiro e março de 2013, ele toma como objeto de pesquisa quase 20 mil escolas de ensino médio de todo o País que foram incluídas no ranking do Enem 2009 (muito próximo do total das instituições, já que, segundo o Censo Escolar 2009, quase 26 mil instituições no Brasil oferecem ensino médio).

Travitzki concluiu que o NSE tem poder de determinar a variação das notas das escolas. Segundo o pesquisador, os fatores socioeconômicos explicam em torno de 80% o desempenho no Enem de cada instituição. Há outras variáveis, como o tipo de escola (regular ou EJA) e o Estado em que ela está localizada. Mas a maior parte é atribuída ao NSE.

Apesar de o estudo ter como objeto as notas do Enem de 2009, Travitzki aposta que o mesmo diagnóstico poderia ser feito nos anos seguintes. `Não vejo nenhum fator diferente. Acho que pode mudar um pouco o número, mas nada muito longe disso`, afirma. Ele presume, ainda, que, sem a publicação da nota da redação em 2011 (em 2009, ela representava praticamente a metade da nota das escolas), esse número poderia até aumentar para cerca de 85%. `A redação, pelo menos no Enem, é menos determinada por fatores externos`, esclarece.

Pesquisador é contrário à ideia de determinismo social

Mesmo com o alto nível de influência do NSE na determinação das notas do Enem, Travitzki prefere não afirmar que há um determinismo social na qualidade do ensino e do aprendizado nas escolas brasileiras. Para ele, definir como determinismo é uma forma simplista de justificar o problema. `Não é uma característica exclusiva do Enem. É um problema mundial`, observa.

O pesquisador estima que, no mundo, esse índice varie entre 70% e 95%. Na comparação feita pelo professor da UFMG, aparecem escolas que fogem ao padrão comum de baixo NSE associado à nota baixa no exame, ficando fora da reta. Essas instituições se distinguem pelo bom projeto pedagógico oferecido. `A gente usa isso para chamar atenção sobre como realmente precisamos de bons projetos educacionais`, analisa Soares. Entre as escolas de alto NSE, também pode haver distinção, geralmente registrada quando há processo de seleção dos melhores alunos para a realização da matrícula.

Embora não considere o NSE um fator determinista, Travitzki concorda que a melhoria das condições socioeconômicas dos alunos de uma escola contribuiria para aperfeiçoar a educação no País. O pesquisador afirma que condições mínimas de alimentação e acesso à cultura, por exemplo, poderiam resultar em um melhor desempenho e aproveitamento das aulas. `No fundo, uma política social é uma política educativa`, entende. Soares, contudo, ataca a lógica educacional na sua base. Para ele, não se trata de mudar apenas o nível socioeconômico das famílias (o que requer ações e investimentos de longo prazo), mas sim a escola. `A educação não poderia simplesmente refletir essas condições`, define.

O professor da UFMG ainda lembra que quem mais precisa da escola é justamente quem menos recebe o devido acompanhamento, uma vez que nessas instituições onde o baixo NSE é percebido, o ensino geralmente é mais deficiente; já nas escolas com bons alunos, o professor opina que sobra pouco para que a escola faça a diferença. `A gente não pode fazer de conta que pode olhar todas as escolas e alunos da mesma forma. Eles vêm de lugares diferentes, com necessidades diferentes`, considera.

Crítica ao ranking

Os levantamentos feitos tanto pelo doutorando da USP quanto pelo professor da UFMG colocam em discussão outra questão: o ranqueamento das escolas segundo a nota obtida no Enem. Para Soares, empregar o exame para avaliar a qualidade de ensino de uma instituição resulta em um indicador extremamente frágil. `É ruim que ele receba a chancela de ser a forma como as famílias olham as escolas`, pontua. O professor da UFMG acredita que o ranking legitima uma atitude socialmente perversa de creditar às escolas no topo da lista méritos que podem ser dos alunos. `A posição da escola não pode ser tomada como uma boa medida de excelência de seu projeto pedagógico. Pode refletir simplesmente o sucesso do sistema de seleção da escola`, destaca Soares.

A publicação de indicadores é considerada fundamental por Travitzki, embora ele faça ressalvas sobre a utilização do modelo de ranking para a educação. O pesquisador afirma que as comparações fazem mais sentido quando levam em conta a qualidade em vez de medir se uma escola fica em 1º ou 10º lugar. `É importante pensar em outros indicadores de qualidade escolar`, ressalta.

Com sua tese, Travitzki pretende desmistificar a ideia de que a pior escola do Enem é também a pior do Brasil. O objetivo mais imediato, segundo ele, é identificar boas instituições que não aparecem no ranking porque trabalham em condições muito difíceis. A longo prazo, o pesquisador pretende lançar a discussão sobre a necessidade de pensar em outras formas de avaliação do ensino. Ele enumera dois dos principais perigos em tomar o Enem como referência para um ranking. Um deles é produzir um efeito que eleve ainda mais a posição das instituições com notas altas, provocando a queda das que estão por baixo na lista. O outro, na visão de Travitzki, é o risco de as escolas passarem a produzir um currículo com base no exame. `Vira preparação para o Enem e leva ao empobrecimento do currículo`, alerta

 

A urgência do Ensino Médio 1 de novembro de 2012

Artigo de Mozart Neves Ramos.

No início da gestão do ministro da Educação, Aloizio Mercadante, uma importante decisão foi tomada: o Brasil precisa fechar de vez a “torneira” do analfabetismo. É preciso que todas as crianças estejam alfabetizadas pelo menos até os oito anos de idade. O secretário de Educação Básica, Cesar Callegari, não perdeu tempo e saiu a campo: trouxe todos os atores diretamente envolvidos com essa etapa educacional, especialmente a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), e elaborou um programa de alfabetização que inclui formação docente, material didático de boa qualidade e avaliação. Em menos de um ano, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic) foi estruturado e em breve será lançado oficialmente. Esse é um exemplo de convicção, decisão política, coragem e investimento direcionado para uma etapa tão importante.

Na outra ponta da educação básica está o ensino médio, com diversos problemas que desencadeiam baixos indicadores de aprendizagem. Esses problemas não são de hoje, já vêm de longe, e seus efeitos começam a se tornar mais nítidos agora. Sem resolvê-los, o país não atingirá uma das metas do novo Plano Nacional de Educação (PNE): o de elevar a 33% o percentual de jovens de 18 a 24 anos no ensino superior. Vale lembrar que essa já era a meta do PNE que se concluiu em 2010. Nem sequer nos aproximamos desse percentual ao seu término, chegando a apenas 14,6%.

De antemão, sabemos que essa será uma das metas mais desafiadoras do plano, em função da crise que o ensino médio vem enfrentando. Faltam professores, um currículo atraente e escola de tempo integral. Enquanto isso, o Ministério da Educação e os secretários estaduais de Educação não se entendem. A consequência desse descompasso em relação ao ensino médio pode afetar diretamente o crescimento do país, que vive hoje uma boa onda econômica.

Ou o Brasil forma bem os jovens de agora ou não teremos quem sustente a sua economia num futuro próximo. Faltará – o que já se vem observando nos mercados internos em expansão – mão de obra qualificada para atender as demandas. O Brasil terá que importá-la, enquanto os nossos jovens ficarão à margem do processo produtivo.

Para tentar ajudar a resolver o problema da mão de obra qualificada, as empresas e o Sistema S (Senai, Senac, Sesi, Sebrae e outros) começam a investir fortemente no aumento de escolaridade de seus trabalhadores, tal como vem fazendo o Sesi/SC. Essas iniciativas vêm contribuindo para a redução da desigualdade de renda. Números do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelam que o aumento da escolarização da mão de obra fez cair a diferença salarial entre os que têm menos e mais instrução. Uma das consequências foi que o Índice de Gini – indicador que mede a distribuição de renda – baixou de 0,552 em 2001 para 0,485 em 2011. Pela primeira vez, ficou abaixo de 0,5 – e quanto mais próximo de zero, melhor a distribuição de renda.

Mas muito do que se investe hoje em educação é para tapar o buraco deixado pela baixa qualidade do ensino oferecido. Uma situação análoga à da formação continuada de professores, que deveria ser uma atualização e uma nova qualificação, e não uma formação complementar à inicial, como acontece.

O Brasil precisa resolver o problema do ensino médio. Não há mais tempo. Um país que quer ser protagonista num cenário mundial competitivo não pode se acomodar com uma geração nem-nem – jovens que nem trabalham nem estudam. Segundo estudo do Senai, o país tem hoje 5,3 milhões de brasileiros entre 18 e 25 anos que estão excluídos do mercado de trabalho e do ensino formal. Para esses sobram profissões de baixa remuneração, que não exigem o ensino médio. Ocorre que nos tempos atuais, com mudanças tecnológicas tão intensas, as mudanças estruturais são cada vez mais rápidas nos meios de produção. Assim, em médio prazo, esses trabalhadores precisarão de maior escolarização, seja para aperfeiçoar a educação num curso universitário, seja para fazer um curso profissionalizante.

No País há alguns poucos modelos, já em escala razoável, de bons programas de ensino médio, a exemplo das Escolas de Referência de Tempo Integral, em Pernambuco. Porém, diferentemente do pacto nacional que vem se estabelecendo pela alfabetização de crianças na idade certa, para melhorar o ensino médio, ainda faltam entendimento, cooperação, humildade e investimentos. É preciso estabelecer também um pacto pelo ensino médio, e o mais rápido possível!

 

Mozart Neves Ramos é membro do Conselho de Governança do Todos Pela Educação e do Conselho Nacional de Educação e professor da UFPE. Artigo publicado no Correio Braziliense de hoje (1º).

 

 

Observatório mundial III 1 de julho de 2012

 

A organização do  II Fórum Mundial de Edução Profissional e Tecológica continua publicando vídeos e apresentações que foram feitas durante o evento, em Florianópolis.  É o caso da apresentação em Power-Point que utilizamos no Observatório Mundial III para falar sobre os Protótipos Curriculares de Ensino Médio e de Ensino Médio Integrado, projeto que coordenamos para a UNESCO. A apresentação pode ser acessada, clicando aqui.

 

Projeto Trilha Jovem 28 de junho de 2012

 

O Projeto Trilha Jovem nasceu de uma proposta curricular desenvolvida, em 2001, pela Germinal Consultoria para o Instituto de Hospitalidade (IH), de Salvador, na Bahia.

Essa primeira versão foi alterada pelo IH nas primeiras implementações, em 2004. Depois, em 2006, a versão original e a inicialmente implementada foram fundidas na versão atual, que ganhou dimensão nacional. A Germinal contribuiu nesse trabalho.

A partir da crítica, sistematização, reformulação e ampliação dos planos de aula utilizados nas primeiras implementações, a Germinal criou também as Referências para a Ação Docente (Eixos I, II e III), que são manuais que apresentam sugestão, passo a passo, de desenvolvimento de todas as unidades curriculares do Projeto. As Referências para a Ação Docente facilitam e são fundamentais na manutenção da qualidade  da expansão nacional do Projeto.

 

 

Ensino médio e educação profissional: desafios da integração. 13 de junho de 2012

Atendendo à sugestão de meu amigão Jarbas Novelino Barato, do Boteco Escola, publico resenha de um livro que foi resultante de um estudo e de um wokshop promovido pela UNESCO, em que ambos participamos. A resenha está publicada abaixo e também pode ser encontrada na redEtis.

Ensino médio e educação profissional: desafios da integração.

Marilza Regattieri y Jane Castro

Regattieri, M. y Castro, J. (Orgs). 2010. Ensino médio e educação profissional: desafios da integração. Brasilia: UNESCO.

La versión completa de este documento se encuentra disponible en Sala de Lectura:
                        Ensino médio e educação profissional: desafios da integração

RESUMEN:

Esta publicación surge de UNESCO Brasil, como una iniciativa que tiene el propósito de contribuir al establecimiento y seguimiento de la nueva propuesta de construcción de una educación secundaria “integrada” (modalidad que articula en un solo plan de estudios la educación general y la formación profesional), propuesta por la reforma educativa de 2004 en Brasil.

La oficina de UNESCO Brasil contribuyó con la iniciativa, llevando a cabo un estudio focalizado en los casos concretos de esta implementación. Ese estudio, “La integración entre la escuela secundaria y la formación profesional”, constituye la primera parte de esta publicación.
Si bien el estudio se limitó a dos escuelas en dos estados, el informe sugiere algunas consideraciones para los responsables de las políticas educativas. En el plano general, primeramente se señala que al momento del diseño, planificación y ejecución de una secundaria integrada, debe considerarse la complejidad legal (representada por una red de leyes, decretos y resoluciones, tanto federales como nacionales) de cada nivel. A dicha complejidad, debe sumársele las diferencias en el plano doctrinario que a veces se contraponen. En este sentido, los Lineamientos Curriculares Nacionales y los documentos teóricos oficiales, son en la mayoría de los casos, muy abstractos, lo que dificulta su comprensión y aplicación. Por ese motivo, la primera recomendación apunta a que los lineamientos nacionales y las normas estatales sean más concisos y simples para una mejor comprensión por parte de todos los actores educacionales involucrados. La segunda es promover la compatibilidad de las regulaciones ministeriales y los Lineamientos Curriculares Nacionales y la tercera recomendación es mantener activa la formación continuada especialmente del personal técnico y docente.

En el plano real, el libro señala que las instituciones actúan de forma pragmática y de acuerdo a la motivación que reciben de los órganos superiores. Como consecuencia, para la implementación de los cursos integrados, fue decisivo el apoyo del MEC, como de los órganos y secretarias regionales.

Las escuelas asumen que los cursos integrados que ofertan, propicia la entrada en el mercado de trabajo de sus egresados, atendiendo en menor medida la consecución de una educación tecnológica deseable. La estructura curricular convencional, compartimentada en disciplinas, contribuye a que esta combinación sea más dificultosa.

Otra recomendación es la capacitación sistemática del personal docente, de directivos y técnicos para diseñar, planificar e implementar currículos flexibles desde una perspectiva innovadora y creativa, así como el uso de metodologías inter y trans-disciplinarias.
Se observa, además, que el currículo de la escuela media, no ha resuelto aún el desafío de la obligatoria “preparación básica y general para el trabajo”; y menos aún, la “orientación para el trabajo”, la “educación tecnológica básica” y los “principios científicos y tecnológicos que gobiernan la producción moderna”, que pueden ser los caminos que conducen a la ambicionada “educación tecnología o politécnica”. Difícilmente, esta educación pueda lograrse sin un plan de estudios innovador, que no se limite a la suma de dos planes de estudio tradicionales.

El diseño y construcción de un currículo pertinente para los cursos de nivel medio integrados con la educación profesional técnica es una cuestión pendiente, que debe considerarse de forma prioritaria en las políticas, de vistas a la implementación y desarrollo de esta modalidad en la perspectiva de la educación politécnica.

Respecto de la disponibilidad de plazas, es necesaria la formulación de estrategias. Como el curso integrado tiene una organización propia, se torna problemática la aceptación de alumnos transferidos de cursos regulares de nivel medio, si no se establecen criterios y procedimientos de “adaptación”. Por tanto, se recomienda que los sistemas educativos incentiven a las escuelas a desarrollar y aplicar esos criterios y procedimientos, en el marco de la autonomía que la ley les permite.

Un aspecto particular de la planificación de los cursos integrados, por ser ofrecidos a los jóvenes que egresan de la escuela primaria, es la etapa de “pasantías supervisadas”. Aunque no ocurre en los cursos estudiados, es necesario tener en cuenta que algunas profesiones o lugares de trabajo tienen restricciones legales para el ejercicio del trabajo de los menores de 18 años. Por lo tanto, la recomendación es que el plan de estudio, considere y compatibilice siempre, los factores de competencias profesionales, pasantías obligatorias, edad de los alumnos y las restricciones legales para los menores.

Respecto del cuerpo docente, se recomienda que, incluso aquellos que son profesionales del área de la disciplina, tengan un tratamiento igual a aquellos de formación en magisterio y además, deben ser objeto de programas específicos destinados a desarrollar las competencias docentes. Para los coordinadores, directivos, profesores y técnicos involucrados, se insiste en la capacitación enfocada en la concepción, gestión, planeamiento e implementación curricular a fin de que, se mantenga la integración de la formación general con la formación profesional.
El último comentario se refiere a la falta de recursos, equipos y materiales – que, no sorprende, ya que es una problemática de los sistemas educativos públicos, en general.

La segunda parte de este libro, expone las discusiones entre los especialistas de educación medio y educación vocacional que tuvieron lugar en un workshop organizado por UNESCO Brasil en 2008. Allí, se debatieron temas fundamentales en materia de formación para el trabajo y de ciudadanía, el diseño y estructuración de las propuestas curriculares y de los proyectos escolares, el perfeccionamiento docente, la financiación, la integración de la escuela al desarrollo local, regional y nacional con el objetivo la inclusión social, la necesidad de elaborar una oferta diversificada de educación secundaria, teniendo en cuenta a la población que está por fuera del grupo en edad de concurrir al nivel medio y desigualdades socioeconómicas.

A continuación, se señalan algunos de los aspectos más destacados por los participantes del simposio:
• El trabajo es un eje estructurante de la educación. Posición consensual del evento. Influye en la formación docente y en la elaboración de los currículos escolares de toda la educación básica. Los modos de implementación, siguen siendo un desafío para los educadores.
• Los ejemplos presentados en el evento resaltan el rol de las escuelas como promotoras del cambio social. La subordinación a las exigencias del mercado de trabajo, no es una medida que favorezca una educación para la autonomía. Resultan necesarios, mayores incentivos a las iniciativas que convierten a las escuelas de educación profesional en polos regionales de innovación en el campo de trabajo.
• Los saberes del trabajo, constituyen un objeto de estudio que merece más atención en los debates sobre la educación y la formación docente. El predominio de modelos de conocimiento que subordinan el saber del trabajo al saber científico, es una tendencia que merece ser examinada. Los conocimientos ocultos que se desarrollan en y por el trabajo deben ganar más importancia en el ámbito educativo.
• La formación de educadores para trabajar en la educación media integrada, debe considerar las competencias laborales como contenido esencial y explícito en el plan de estudios propuesto, de modo que la deseada integración sea efectiva.
• La dualidad entre la educación general y formación profesional no ha desaparecido. Debe ser superada a nivel de las prácticas escolares.
• Datos sobre la escuela pública en el país indican una nueva dualidad: educación de calidad para pocos, educación de poca calidad para muchos.
• La escuela integrada es una alternativa interesante, no sólo como propuesta en el campo de la educación profesional. Su existencia y su funcionamiento son un laboratorio de experimentación sobre los cambios necesarios en toda la escuela secundaria.
• La situación de pobreza de la inmensa mayoría de los jóvenes brasileños, exige educación inclusiva

 

Universalização do ensino médio 28 de março de 2012

Filed under: ensino médio — José Antonio Küller @ 12:30 pm
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Apresentamos a seguir dados da edição de 2009 da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que foram trabalhados pela área de Estudos e Pesquisas do Todos Pela Educação.

Distribuição das Etapas de Ensino dos alunos de 15 a 17 anos

Etapa de Ensino

Número de alunos de 15 a 17 anos

%

Ensino Fundamental

3.315.658

31,9%

Ensino Médio

5.295.192

50,9%

Alfabetização de Jovens e Adultos

21.883

0,2%

EJA Fundamental

124.216

1,2%

EJA Médio

23.137

0,2%

Ensino Superior

62.361

0,5%

Pré-vestibular

17.127

0,2%

Não estudantes

1.539.811

14,8%

Fonte: Pnad 2009 – IBGE. Elaborado pelo Todos Pela Educação

Os dados mostram os dois principais problemas para a universalização do ensino médio brasileiro.

O primeiro deles é a defasagem idade/série, que faz com que muitos (31,9 %) dos jovens que deveriam estar no ensino médio ainda cursem o ensino fundamental. Se todos esses jovens estivessem cursando o ensino médio teríamos mais de 80% dos jovens neste nível de ensino. A solução para o primeiro problema está no Ensino Fundamental.

O segundo problema é o abandono precoce da escola. Este é um problema que tem múltiplas causas. Duas delas são muito importantes. A primeira é o desinteresse que a escola provoca em muitos jovens que, inclusive, não estudam e não trabalham. A segunda é a necessidade de começar a trabalhar mais cedo, que muitos jovens têm. Essas duas principais causas podem ser removidas. Com mudança no currículo e  incentivos à permanência, talvez metade desses jovens não abandonassem a escola.

Resolvida a defasagem idade/série e evitado (pelo menos em parte) o abandono precoce da escola, o ensino médio brasileiro atenderia 90% da nossa juventude. Não é um resultado quantitativo digno de primeiro mundo?

 

Estados discutem como implantar as novas diretrizes curriculares para o ensino médio 27 de março de 2012

Filed under: ensino médio — José Antonio Küller @ 10:57 am
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A edição  do Estadão de segunda-feira, 26 de Março de 2012, publicou a seguinte notícia:

O Estado conversou com 17 redes estaduais para saber como elas estão se adaptando às diretrizes propostas pelo MEC para o ensino médio.

De acordo com a legislação, são os Estados os responsáveis por oferecer essa etapa da educação básica na rede pública. Na prática, cada escola tem autonomia para elaborar seu projeto político pedagógico e sua proposta pedagógica curricular, seguindo normas e disciplinas obrigatórias dispostas na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) e se orientando pelas diretrizes. Alguns Estados afirmam que as quatro dimensões dispostas nas novas diretrizes estão contempladas em seus referenciais curriculares.

O Ceará, por exemplo, implantou uma das propostas das diretrizes. Neste ano, cem escolas de ensino médio noturno dividiram as disciplinas em dois blocos desenvolvidos simultaneamente em turmas distintas a cada semestre. Dessa forma, matrícula e reingresso de estudantes podem ser realizados em qualquer início de semestre. No entanto, a rede admite a dificuldade de reorganizar o currículo mantendo as 13 disciplinas obrigatórias.

Para ler a notícia completa, clique aqui.

 

CRISE DE AUDIÊNCIA NO ENSINO MÉDIO OU FARSA IDEOLÓGICA? (2ª PARTE) 27 de dezembro de 2011

O  professor e filósofo Westerley Santos fez um novo comentário que publico como post. O comentário constitui uma continuidade de texto anterior, com o mesmo título, já publicado e criticado por nós. Em artigo posterior vamos discutir as teses ora defendidas pelo Prof. Westerley.

Os Erros Das Proposições e a Invalidade Do Paradigma Da Pesquisa.

Para lembrar o leitor, em 19/11 publiquei texto homônimo¹ em que fazia uma análise inicial geral de uma pesquisa intitulada “A crise de audiência no Ensino Médio” realizada pelo IBOP , a pedido do INSTITUTO UNIBANCO. A análise demonstra que se trata de uma campanha de orientação neoliberal, contra a Educação Nacional, principalmente a de nível Médio, cujos princípios são norteados para a formação da cidadania.

No primeiro texto, anunciei que iria demonstrar a verdadeira intenção desta campanha ideológica/neoliberal contra a Educação e que publicaria em breve uma análise crítica completa da pesquisa apresentada no Seminário de São Paulo (17/11), expondo os absurdos e equívocos anunciados: a manipulação que há por trás da ideia de “crise no Ensino Médio”, a invalidade da pesquisa a partir dos erros conceituais de um suposto paradigma; os equívocos das proposições e das premissas usadas, os conceitos inadequados para “tempos e espaços escolares” e a culpabilidade imputada aos professores pela suposta crise.

Por se tratar de uma longa pesquisa com diversos dados e nuances e, por entender que não poderia deixar de analisar as implicações a que nos leva cada um destes aspectos, resolvi publicar minhas notas em partes, usando o mesmo título e, no subtítulo, o tema a ser analisado. Feitas estas observações ao leitor, continuo o exame a que me proponho: Parte- 2.

A INVALIDADE DO PARADIGMA DA PESQUISA

A pesquisa apresentada no seminário em SP foi estrutura em três blocos: 1º) Paradigma e metodologia 2º) dados dos alunos (oportunidade de aprender) e 3º) dados do professor (oportunidade de Ensinar), com um anexo sobre a situação do E.M. noturno. Tratarei aqui do primeiro bloco, ainda que abordando aspectos dos demais itens como apoio à análise principal.

Segundo os signatários, a metodologia utilizada foi a mesma realizada para apurar audiências de TV. Foi realizada em 2010, em 36 turmas do E.M. de 18 Escolas Públicas, em três grandes Centros Urbanos (possivelmente SP, MG e RS), com alunos da faixa etária entre 17 e 18 anos.

Os pesquisadores monitoraram e cronometraram aulas em salas dessas escolas, como observadores, e anotaram em formulário os seguintes dados: 1) tempo efetivo de aula, (foi considerado tempo efetivo de aula, o espaço de tempo inicial em que o professor se dirigia à turma abordando o conteúdo, e esta posicionada em atenção à fala do professor. O tempo final foi considerado quando a abordagem oficial sobre o conteúdo terminava), 2) tipo de aula, (foram considerados três tipos: aula expositiva, atividades em sala ou externas com o professor titular da turma) e 3) Faltas de Professores e/ou alunos, (se houve ou não aula no dia e a quantidade de tempo sem aula).

A partir daí definiram dois vetores, denominados: 1)“Oportunidade de aprender” (o aluno presente em sala) e 2)“oportunidade de Ensinar” (o professor presente em sala dando aula) o que gerou uma resultante, denominada “Audiência” que é o paradigma da pesquisa, o elemento chave, utilizado para desenvolver toda a metodologia. Tudo para determinar o tempo real do que se considerou aula.

Assim, Audiência foi o modelo para definir o espaço tempo de aula  e a partir desta definição apurar o tempo desta Aula para concluir a quantidade de ensino o aluno está tendo, as perdas de Horas/aulas e os motivos. Portanto a Audiência é o que caracteriza a aula e este é o conceito paradigmático nuclear para as inferências feitas na pesquisa.

Ora, já na escolha dessa resultante (Audiência) como elemento paradigmático metodológico da pesquisa, podemos observar um erro de concepção do que seja aula. Isso compromete de pronto a pesquisa e suas inferências.

O conceito-chave da pesquisa definitivamente não se aplica à realidade escolar. É incompatível ao conceito e significado mesmo do que seja Aula. Isto invalida a metodologia adotada para aferir o “tempo de aula”. – O que será abordado em outro momento. Com isso, o conceito chave que norteia e dá sustentação à ideia central da pesquisa está extemporâneo, está deslocado, fora de contexto. E por isso é inválido como paradigma ou modelo. Senão vejamos. Etmologicamente² o termo “Audiência” significa:

1) Atenção que se presta a quem fala. 2) Recepção dada por qualquer autoridade a pessoas que lhe desejam falar. 3) Número de pessoas que assistem a determinado programa de rádio ou de televisão. 4) Dir. Sessão do tribunal, em que o juiz interroga as partes, ouve os advogados e pronuncia o julgamento. A. contraditória, Dir: aquela em que são ouvidas as partes que litigam.

Veremos que em qualquer dos sentidos etimológicos acima, o conceito de Audiência utilizado não retrata o que seja uma aula. A pesquisa errou em seu objeto real de investigação e acabou por produzir outro objeto, distinto de aula, composto de dois vetores e uma variante exótica – a realidade escolar.

O paradigma utilizado é aplicado ao universo conhecido dos realizadores da pesquisa (IBOP). Um instituto de pesquisa televisiva, com seu método de apuração de audiência de TV, domiciliar ou individual. Neste universo, o sentido de Audiência é entendido, em seu uso mais popular, como (o conjunto de pessoas que estão assistindo a determinado programa de TV). Porém, se aplicarmos este modelo na Educação, como foi feito, e o analisarmos à luz dos sentidos etimológicos (acima), que parece ter sido o sentido aplicado, perceberemos uma fraca e ultrapassada leitura e interpretação do que seja uma aula. Isso por que, “Audiência” alude a uma relação entre ouvintes passivos, aqueles que assistem a um espetáculo ou a alguém,  neste caso, os alunos, e pressupõe um orador, aquele que fala ao um público, aqui, neste sentido, o professor.

Sendo assim, ao usar o paradigma da “Audiência” está se concebendo, por analogia, a atividade Aula como algo estático e formal. O que não condiz com a realidade. Em outros termos; comparar aula e presença dos alunos em sala, com audiência (aqueles que assistem), significa conceber aula como uma ação estática, fria e distante, colocando aqueles como telespectadores diante de uma tela eletrônica. E o professor como uma espécie de animador de auditório, distante afetivamente do seu  interlocutor.

Uma das revistas de divulgação da pesquisa apresenta na capa uma ilustração emblemática sobre o que estou dizendo: há em segundo plano o desenho de uma escola e, no primeiro, uma mão apertando botões de um controle remoto de TV direcionado à escola.

Ora! Presença, sala de aula, relação de ensino/aprendizagem, professor/aluno, não equivalem nem a uma coisa nem a outra. Pelo contrário, sala de aula ou mesmo a escola se equiparam a uma ágora grega, onde a aula acontece como uma atividade efervescente. É o locus onde se dá a socialização, o encontro de pessoas que se relacionam em torno de uma das mais essenciais necessidades humanas: a  troca de saberes, o debate de ideias, em que as várias Ciências se colocam como objetos vivos do saber, pelos quais se revisitam valores, expectativas de vida, história, memória, conhecimentos, aprendizagens, concepções políticas.

Aula é um tempo e espaço diário, onde comumente se forjam mais claramente os desejos e planos, onde a angústia pelo conhecer vai ao encontro do prazer com a realidade experimentada, experiência que diz respeito aos seus sujeitos, numa relação direta, presencial, intersubjetiva, calorosa.

Em síntese, está posta intrinsecamente neste espaço de convivência e socialização (escola ou sala de aula), uma interação afetiva e interativa, motivada pela busca do conhecimento. Ainda mais em se tratando de jovens no auge de suas expectativas de vida, ávidos pelo desvelamento do mundo do saber, do viver e do ser, na prática mesma das relações humanas com o outro. Isso não se iguala a uma postura inerte de telespectador diante de uma TV.  Audiência é uma concepção que se liga a telespectador ou radiouvintes e refere-se, ao contrário de aula, a um postar-se passivo diante de uma tela de imagens e sons, o que não se vê na atividade “Aula”.

O telespectador assiste; o aluno interage, o telespectador é passivo; o aluno é ativo, o telespectador se põe diante da TV numa posição unilateral e distante: não está inserido naquilo. Aula é uma relação de alteridade, entre o eu e o outro, que se apresenta diante de mim, rico em significações e pluralidade de sentidos e emoções reais. Na aula o aluno é o outro polo que busca uma nova determinação em termos de uma ascensão crítica, dentro de uma cultura elaborada, de forma a elaborar novos conhecimentos, adquirir novas habilidades e modos de agir.

Na lógica da Audiência, o sujeito é aquele que recebe informações indiretas. Na lógica da aula, os sujeitos são: o professor e o aluno que participam dialeticamente da construção do conhecimento. O telespectador não dialoga, está diante de estímulos imagéticos, de sensibilizações e apelos eróticos e comerciais. Já o aluno dialoga e troca expectativas de vida, está diante de estímulos cognitivos, epistemológicos, racionais e psicológicos, orientados pedagogicamente. O telespectador não questiona com o outro, pois não há o outro. O aluno questiona e desenvolve raciocínios dialógicos na interação com o conhecimento e com aquilo que recebe e doa aos professores, colegas e meio ambiente socioescolar.

Na aula, o aluno assimila, analisa, constrói inferências, troca interpretações, dúvidas e inquietações internas com os colegas, e devolve ao professor numa espiral do conhecimento: percepção, problematização, significação, absorção, análise e crítica, até forjar o conhecimento. O que torna a aula uma construção cognitiva, dialética, qualitativa, valorativa e crítica sem equivalente. Isto é totalmente e essencialmente distinto de estar diante de uma TV.

A relação professor/aula/aluno é idiossincrática. Aluno e professores manifestam suas idiossincrasias, se interrelacionam de modo dinâmico, físico, mental e emocionalmente com os colegas. O professor conhece o aluno de perto, convive e participa de suas angústias e alegrias, tem com ele uma relação humana específica, conhece aspectos de sua história, às vezes até de sua origem e família. É uma relação existencial, qualitativa.

Enquanto a Audiência diz de uma concepção simplesmente numérica, quantitativa, “bancária”, número de pessoas que assistem a um programa de TV ou ouvem rádio. Esta concepção aplicada à Educação é o mesmo que perceber o aluno não como indivíduo ou sujeito, mas, como um algarismo. Aula não é assistir incólume ao professor, e este, como a um palestrante que profere uma fala ensaiada e hermética, a semelhança de um apresentador de programa de auditório, lendo um telepront (TP) animando a platéia.

Paulo freire ( 1921-1997) em 1967, já combatia esta mesma concepção de aula que está presente no conceito de “Audiência”, fazendo uma profunda crítica a esta concepção chamada por ele de “educação bancária”³. Em uma rápida passagem em um de seus livros ele diz:

“ Educação bancária é quando o educando recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do educador. Educa-se para arquivar o que se deposita. Mas o curioso é que o arquivado é o próprio homem, que perde assim seu poder de criar, se faz menos homem, é uma peça. O destino do homem deve ser criar e transformar o mundo, sendo o sujeito de sua ação. A consciência bancária -pensa que quanto mais se dá mais de sabe-. Mas a experiência revela que com este mesmo sistema sé se formam indivíduos medíocres, porque não há estímulo para a criação”.  (PAULO, Freire. Educação e Mudança. RJ.  Paz e Terra, 1983.p. 38).

Desculpe-me o leitor se serei repetitivo, mas é preciso frisar bem! Aula e presença não se equivalem a Audiência. O que significa dizer que o sentido implícito no conceito usado como paradigma da pesquisa está errado. Não se aplica à Educação, está preso apenas ao formato de platéia, sugerido por uma educação bancária. Talvez a disposição física tradicional de uma sala de aula, no formato de auditório, com carteiras perfiladas, quando vista a distância, de fora, possa provocar enganos, mas, quando vista de perto e por dentro, imediatamente se percebe que ali há uma relação viva, quente, pulsante.

Este contínuo diário de uma relação psicológica, simbiótica, dialógica, atemporal que se constrói entre aluno/professor, aluno/aluno em torno do conhecimento das diversas ciências, no espaço sociopedagógico da escola é que se denomina Ensino/aprendizagem.

Esta dedicação dos entes envolvidos no processo de ensino/aprendizagem pela investigação permanente e cotidiana, numa busca e descoberta emocionante do mundo, mediada pelo saber e pela didática, com o intuito de se realizar e estabelecer um dos mais valiosos princípios da natureza humana: a socialização dos homens na transmissão de valores fundamentais à vida; é o que consiste a aula. E nesta base relacional é que o ensino e o aprendizado acontecem, no mesmo momento em que as relações com os outros se dão num exercício moral, ético e antropológico evolutivo, dia a dia.

Daí, o erro do paradigma da pesquisa, gerado pela concepção equivocada do que seja Aula. Entenderam aula como uma relação simples, distante, entre orador e ouvinte, e a comparam equivocadamente à Audiência de TV.

Deste modo, só posso deduzir que, necessariamente, o paradigma da pesquisa não faz paralelo ao objeto pesquisado. Chega a ser até antagônico ao objeto real que se pretendeu pesquisar. E, se o objeto real da pesquisa não foi alcançado e decidiu-se por substituí-lo por outro, criando-se a sua dessemelhança, se, houve essa metonímia, se o paradigma acabou por tomar a forma pelo conteúdo, ou seja, Audiência por aula, então, toda inferência advinda desse raciocínio, está equivocada.

Isso torna a proposição de que há uma “crise de audiência no Ensino Médio” falsa, simplesmente por que não há que se falar em audiência no Ensino Médio. Por tanto, não pode haver crise de audiência onde não há audiência. Não pode haver predicado onde não ha sujeito. – E não é só pela invalidade do paradigma que não há crise no Ensino Médio,- demonstrarei  isso mais nas próximas notas.

Por fim, permitam-me insistir mais uma vez, o conceito chave, a resultante, o paradigma usado na pesquisa é inválido. Não serve sequer como analogia. E, se a proposição ou premissas não são válidas, logo toda dedução advinda delas também é falsa. Assim, entendo ter demonstrado o erro no paradigma e de algumas proposições da pesquisa, conforme prometido.

Por: Westerley Santos – Prof./Filósofo. Dezembro/2011

Na parte-3, analisarei os Blocos 2 e 3 da pesquisa. Demonstrarei os erros sobre “tempo de aprendizagem” e das premissas ou vetores denominados: Oportunidade de aprender e Oportunidade de Ensinar. Aguardem! __________________________________________________ 1)”Crise de Audiência no Ensino Médio ou farsa ideológica?” ver:  http://www.westerleysantosfilosofia.blogspot.com/ e WWW. https://germinai.wordpress.com/ 2) Dicionário: Michaelis. 3 ) FREIRE, Paulo. Educação e Mudança; tradução de Moacyr Gadotti e Lilian Lopes Marin.-RJ: Paz e Terra, 1983. 11ªed.