Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

Prestígio da educação profissional depende de mudança de mentalidade 9 de novembro de 2012

 Ensino fundamental e médio direcionam jovens para a graduação, mas necessidade do mercado de trabalho reflete outra realidade.

No Brasil, menos de 15% dos jovens entre 18 e 24 anos chegam às universidades, de acordo com o Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) do Ministério da Educação. Ou seja: dos 24 milhões de jovens brasileiros, apenas 3,4 milhões buscam a graduação. O restante, mais de 20 milhões, tem de buscar outros caminhos. Em outra via, todos os setores da economia – indústria, comércio, serviços e agropecuária – apresentam demanda crescente por técnicos. Ha vagas no País, mas faltam profissionais qualificados e com conhecimentos específicos para preenchê-las.

Por isso, a educação profissional no País precisa ser reforçada em um ritmo mais acelerado, defende Rafael Lucchesi, diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), para quem o modelo educacional brasileiro é muito focado na rede regular. O conteúdo dos ensinos fundamental e médio direciona os alunos para a universidade, diz. “Como menos de15% dos jovens brasileiros vão para o ensino superior, milhares de estudantes ficam sem projeto de inserção no mercado de trabalho.”

Esse é um cenário que começa a mudar. Apesar de ainda baixo, o número de jovens no ensino técnico de nível médio tem avançado. De acordo com Marcelo Neri, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2004 a participação dos jovens entre 15 e 17 anos era de apenas 3% nas seis maiores regiões metropolitanas do País. Hoje, já é de 7,6%. “É o que chamamos de onda jovem, estimulada por políticas de ensino estaduais e iniciativas do setor privado, o que antecede o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) do governo federal”, explica.

Principalmente os jovens da classe C passaram a se qualificar. “Quando os jovens partem para os processos de seleção das empresas, percebem que são muitas as exigências. Muitos buscam mais conhecimento, se matriculam em cursos”, acrescenta Luiz Gonzaga Bertelli, presidente do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee).

Modelagem atual – Tradicionalmente, o ensino profissional técnico e os programas de qualificação são oferecidos por escolas particulares e pelo Sistema S, que, apesar de contar com recursos públicos – as contribuições compulsórias de empresas -, é comandado pelo patronato. Por um acordo firmado com o MEC em 2008, as entidades do Sistema S se comprometeram a destinar parcelas significativas de suas receitas aos cursos gratuitos, seguindo metas progressivas até 2014. No caso do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), dois terços do arrecadado terá essa destinação.

“Na formação de técnicos no País, 56% das matrículas estão nas mãos do setor privado; o restante, na esfera pública. Isso mostra que o Estado delegou à iniciativa privada a formação dos trabalhadores técnicos brasileiros”, afirma Aparecida Neri de Souza, professora de Sociologia da Educação na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com base em dados recentes do Inep. Os governos, explica ela, trabalham na ampliação de suas redes e, em muitos casos, articulados com as instituições privadas e o Sistema S. Dessa forma, o financiamento vem do poder público, mas o ensino é organizado pelas organizações privadas.

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) do governo federal já soma vagas gratuitas no ensino técnico de nível médio e nos cursos de qualificação de trabalhadores. “Hoje isso se dá mais nos cursos de formação inicial e continuada. A oferta de vagas em cursos técnicos ainda é pequena, mas esperamos que aumente”, afirma Almério Araújo, coordenador de Ensino Técnico e Médio do Centro Paula Souza do governo do Estado de São Paulo.

No Brasil, empresas e governos se mobilizam para reverter a situação, acrescenta Antonio Freitas, pró-reitor de Ensino da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ) e conselheiro da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Rio de Janeiro (Faetec). “O País é a sexta economia, mas o 60º em educação e o 80º em inovação, o que é inconcebível”, diz o professor. Ele considera importante o lançamento do Programa Ciência sem Fronteiras do governo federal, no qual serão oferecidas 101 mil bolsas ao longo de quatro anos, associadas às ao ensino superior tecnológico e às áreas de engenharia, ciências exatas e biomédicas. O objetivo é que os estudantes tenham acesso às inovações tecnológicas. Além disso, o programa busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros.

Defasagens – Na visão de especialistas, o aumento da oferta de ensino técnico deve ser feito seguindo padrões de qualidade no âmbito pedagógico e com base no diálogo com as empresas. “Os cursos devem estar alinhados com as necessidades do mercado”, comenta Ana Luiza Kuller, coordenadora de Educação do Senac-SP.

Outro desafio é suprir as defasagens da educação básica em português, matemática e ciências. “Cada instituição se organiza para resolver esse problema. Há uma série de opções para que os alunos aprendam o que deveriam ter aprendido na educação básica e possam acompanhar os cursos”, explica Ana Luiza. E não é só: a professora da Unicamp Aparecida Neri de Souza lembra ainda que 10% dos brasileiros são analfabetos.

“O que se espera é que todos os brasileiros consigam terminar pelo menos o ensino médio. Existem cursos gratuitos de formação inicial que dão oportunidade de trabalho a essas pessoas que não tiveram acesso à educação”, acrescenta o professor Antonio Freitas, da FGV-RJ.

Mudança de paradigma – Por muitos anos, o ensino técnico foi preterido no País. “A sociedade brasileira ainda tem a crença que a formação universitária é a base. Nossa escola tem um modelo academicista, não tem a lógica voltada ao mundo do trabalho. Isso acaba sendo uma limitação”, enfatiza Lucchesi. Os jovens precisam conhecer mais as oportunidades que se abrem, derrubando esse paradigma, diz ele, citando pesquisa do Senai que indica que as remunerações de técnicos superam as oferecidas a diversas ocupações universitárias no Brasil.

“As ocupações técnicas empregam mais e apresentam bons salários. E os jovens têm a chance de ingressar cedo no mercado de trabalho e custear novos estudos”, afirma Anna Beatriz Waehneldt, diretora de Educação Profissional do Senac Nacional.

Estudos revelam que os ganhos salariais após cursos de educação profissional são de 1,4% a 12% para formação inicial, de acordo com as áreas; em torno de 14% para cursos técnicos de nível médio e de 24% para tecnólogos. “Os retornos não são desprezíveis, mas pouco conhecidos”, conclui Marcelo Neri, presidente do Ipea.

(O Estado de São Paulo/ Especial Fóruns Estadão Brasil Competitivo)

 

 

 

 

 

 

 

 

Ceará implementa os Protótipos Curriculares de Ensino Médio 24 de agosto de 2012

O site do Instituto Aliança veiculou a seguinte notícia:

Alunos do ensino médio de 12 escolas do Ceará tiveram, em 2012, um aumento na carga horária para incluir aulas obrigatórias de metodologia de pesquisa e preparação para o mundo do trabalho, ao longo dos três anos de ensino médio. O programa, ainda piloto, chama-se Trabalho, Pesquisa e Práticas Sociais e foi criado pelo Instituto Aliança em parceria com a Secretaria de Educação do Estado do Ceará, como parte do processo de transferência da tecnologia do Com.Domínio Digital para a rede pública de ensino médio do Estado, tendo como matriz referencial os “Protótipos Curriculares para o Ensino Médio” produzido pela Unesco com o apoio do Ministério da Educação.

(…)

Dando continuidade à implementação dessa nova experiência, nos dias 19 e 20 de junho a Coordenadoria de Desenvolvimento da Escola e da Aprendizagem da SEDUC promoveu um seminário para discutir essa proposta de reorganização curricular do ensino médio, com a participação da UNESCO, Instituto Aliança e Instituto Unibanco, gestores e educadores. Neste encontro, Marilza Regattieri, oficial de Projetos do Setor de Educação da Representação da Unesco no Brasil fez uma apresentação da proposta dos Protótipos Curriculares para o Ensino Médio e
mostrou-se emocionada ao visitar a experiência de reorganização curricular piloto do Ceará com base na abordagem dos “Protótipos” desenhada pela UNESCO.

“No seminário a ideia foi refletir sobre o contexto de Reorganização Curricular no estado do Ceará e buscar estruturar a integração entre este processo e as diversas propostas existentes na rede: Protótipos da UNESCO, Com.Domínio Digital, E-Jovem e o Projeto Jovem de Futuro do Instituto Unibanco”, afirma Rogers Mendes, Coordenador de Aperfeiçoamento Pedagógico da Secretaria de Educação do estado.

A notícai completa pode ser lida clicando aqui.

 

Novo currículo do ensino médio poderá ser inspirado no Enem 20 de agosto de 2012

Com texto de Amanda Cieglinski, a Agência Brasil, em  17/08/2012, publicou a seguinte matéria:

Após a divulgação dos resultados insuficientes das escolas de ensino médio na última edição do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o Ministério da Educação (MEC) planeja uma modernização do currículo, propondo a integração das diversas disciplinas em grandes áreas. A inspiração deverá vir do próprio Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que organiza as matrizes curriculares em quatro grandes grupos: linguagens, matemática, ciências humanas e da natureza. Essa é a divisão que segue a prova, diferentemente do modelo tradicional por disciplinas como química, português, matemática e biologia.

O debate não é novo: no ano passado, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou as novas diretrizes curriculares do ensino médio que propõem uma flexibilização do formato atual. O diagnóstico é que o currículo do ensino médio é muito inchado – em média são 13 disciplinas – o que, na avaliação do secretário de Educação Básica do MEC, César Callegari, prejudica a aprendizagem. “O Enem é uma referência importante, mas não é o currículo, ele avalia o currículo. Mas ele traz novidades que têm sido bem assimiladas pelas escolas”, diz o secretário.

De acordo com Callegari, a ideia é propor uma complementação às diretrizes aprovadas pelo CNE, organizando as diferentes disciplinas em grandes áreas. “O que tem que ficar claro é que não estamos propondo a eliminação de disciplinas, mas a integração articulada dos componentes curriculares do ensino médio nas quatro áreas do conhecimento em vez do fracionamento que ocorre hoje”, explica.

Na próxima semana, o ministro Aloizio Mercadante se reúne com os secretários de Educação com o objetivo de discutir os caminhos para articular a mudança. Uma providência já foi tomada para induzir essa modernização dos currículos. Segundo Callegari, a próxima compra de livros didáticos para o ensino médio dará prioridade a obras que estejam organizadas nesse formato. O edital já está sendo preparado. O MEC tem um programa que distribui os livros para todas as escolas e a próxima remessa será para o ano letivo de 2015 – as obras são renovadas a cada três anos.

Para o secretário de Educação do Espírito Santo, Klinger Barbosa Alves, uma das explicações para os maus resultados da etapa em diferentes indicadores, além do Ideb, está na própria estrutura organizacional do ensino médio que se baseia na preparação para o vestibular e tem pouca atratividade para o projeto de vida do adolescente.

“A visão de que o ensino médio serve para formar pessoas para ingressar na universidade não se aplica à realidade de muitos. Os jovens têm necessidades econômicas e sociais diferentes. Existe uma pressão para que parte dos jovens ingresse no mercado de trabalho e aí o curso superior entra como uma segunda possibilidade” explica Alves, que é vice-presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Educação (Consed).

O secretário do Espírito Santo, um dos estados em que a nota do Ideb caiu de 2009 para 2011, defende um modelo de ensino médio que dialogue com as diferentes necessidades dos estudantes e inclua também a preparação para o mundo do trabalho, já que para muitos o ingresso na universidade pode não estar na lista de prioridades.

Para que a escola possa abranger essa formação diversificada – que inclua a aprendizagem dos componentes curriculares, a articulação com o mundo do trabalho e a formação cidadã –, Callegari defende que é indispensável a ampliação do número de horas que o estudante permanece na escola, caminhando para o modelo de tempo integral.

“Temos consciência de que os conteúdos e as habilidades que os estudantes precisam desenvolver não cabem mais em um formato estreito de três ou quatro horas de aula por dia. É assim [com ensino em tempo integral] que os países com um bom nível de qualidade do ensino fazem”, diz.

Em relação à matéria,  os seguintes comentários são pertinentes:

1. Há muito tempo o currículo do Ensino Médio é orientado para preparação para os Exames Vestibulares. Ter o Enem como referência para organização do currículo do Ensino Médio é um avanço. Entretanto, tendo em vista as funções que o Enem vem assumindo, a exclusiva orientação do Ensino Médio para a preparação para os exames de acesso ao Ensino Superior poderá ser mantida.

2 A simples organização do currículo em áreas do conhecimento poderá não superar a perspectiva propedêutica e conteudista do atual Ensino Médio. Na Matriz de Habilidades e Competências do Enem é perceptível a divisão disciplinar. Assim, o currículo dividido por disciplinas pode sobreviver oculto pelas áreas, como já tem acontecido nos útimos 12 anos.

3. É preciso que o Ensino Médio também prepare para o trabalho. Para tanto, é necessário prever e destinar tempos e espaços à preparação básica parao trabalho. è sempre bom lembrar que a preparação básica para o trabalho é um dos objetivos previstos em lei. Sem um componente curricular especificamente destiando a esse fim, é improvável que esse objetivo seja conseguido só através de uma simples soma das disciplinas em quatro áreas do conhecimento, nenhum delas preocupada com o trabalho e outras práticas sociais.

4. Não basta ampliara a carga horária do Ensino Médio. Isso pode ampliar o problema antes de resolvê-lo. É precisso revolucionar a organização e o funcionamento currícular. Em trabalho da UNESCO: Protótipos Curriculares para o Ensino Médio e para o Ensino Médio Integrado,  foi desenhada uma orientação curricular em que um Núcleo de Preparação Básica para o Trabalho é proposto como um componente curricular articulador das quatro áreas de conhecimento, dando sentido e função prática imediata aos connecimentos construídos dentro das áreas. Para esse Núcleo é destinado 25 % das aulas. Para conhecer melhor a proposta da UNESCO, clique aqui.

 

MEC vai propor a fusão de disciplinas do ensino médio 17 de agosto de 2012

Em reportagem de  FÁBIO TAKAHASHI , a Folha de São Paulo,  de 16/08/2012, publicou a seguinte notícia:

O Ministério da Educação prepara um novo currículo do ensino médio em que as atuais 13 disciplinas sejam distribuídas em apenas quatro áreas (ciências humanas, ciências da natureza, linguagem e matemática).

A mudança prevê que alunos de escolas públicas e privadas passem a ter, em vez de aulas específicas de biologia, física e química, atividades que integrem estes conteúdos (em ciências da natureza).

A proposta deve ser fechada ainda neste ano e encaminhada para discussão no Conselho Nacional de Educação, conforme a Folha informou ontem. Se aprovada, vai se tornar diretriz para todo o país. Para o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, os alunos passarão a receber os conteúdos de forma mais integrada, o que facilita a compreensão do que é ensinado.

O aluno não vai ter mais a dispersão de disciplinas`, afirmou Mercadante ontem, em entrevista à Folha.

Outra vantagem, diz, é que os professores poderão se fixar em uma escola. Um docente de física, em vez de ensinar a disciplina em três colégios, por exemplo, fará parte do grupo de ciências da natureza em uma única escola. Ainda não está definida, porém, como será a distribuição dos docentes nas áreas.

A mudança curricular é uma resposta da pasta à baixa qualidade do ensino médio, especialmente o da rede pública, que concentra 88% das matrículas do país. Dados do ministério mostram que, em geral, alunos das públicas estão mais de três anos defasados em relação aos das particulares. Educadores ouvidos pela reportagem afirmaram que a proposta do governo é interessante, mas a implementação é difícil, uma vez que os professores foram formados nas disciplinas específicas. O secretário da Educação Básica do ministério, Cesar Callegari, diz que os dados do ensino médio forçam a aceleração nas mudanças, mas afirma que o processo será negociado com os Estados, responsáveis pelas escolas.

Já a formação docente, afirma, será articulada com universidades e Capes (órgão da União responsável pela área). Uma mudança mais imediata deverá ocorrer no material didático. Na compra que deve começar neste ano, a pasta procurará também livros que trabalhem as quatro áreas do conhecimento. Organização semelhante foi sugerida em 2009, quando o governo anunciou que mandaria verbas a escolas que alterassem seus currículos. O projeto, porém, era de caráter experimental.

Em relação à notícia, alguns comentários:

1. Não é necessária nenhuma normatização adicional do Conselho Nacional da Educação. As atuais Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio permitem inciativas como as anunciadas, especialmente o tratamento do conteúdo por àreas de conhecimento (Linguagens, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Matemática).

2. Não é necessário nehum esforço adicional de qualificação em relação aos conteùdos curriculares de Ciências da Natureza. É um despropósito que um formado em Física, Química ou Biologia, não domine o conteúdo de Ciêncis da Natureza do Ensino Médio. Aliás, se esse conteúdo é pertinente à Educação Básica ele deveria ser de domínio de todo concluinte do Ensino Médio. O mesmo pode ser dito para o caso da área de Matemática e Ciências Humanas. Talvez haja alguma dificuldade em Linguagens, que reune conteúdos muito diversificados, como Lingua Portuguesa, Língua Estangeira e Educação Física).

3. A questão fundamenta é superar o tratamento disciplinara do currículo, quer no Ensino Médio, quer na formação de professores. Essa mudança ameaça interesses estabelecidos muito arraigados e fortemente defendidos.

4. Já existem propostas curriculares consistentes para solucionar os problemas apontados na matéria. Uma delas foi desenvolvida pela UNESCO. Trata-se dos Protótipos Curriculares para o Ensino Médio e para o Ensino Médio Integrado. Um Resumo Executivo desse projeto pode ser encontrado clicando aqui.

 

Projeto Trilha Jovem 28 de junho de 2012

 

O Projeto Trilha Jovem nasceu de uma proposta curricular desenvolvida, em 2001, pela Germinal Consultoria para o Instituto de Hospitalidade (IH), de Salvador, na Bahia.

Essa primeira versão foi alterada pelo IH nas primeiras implementações, em 2004. Depois, em 2006, a versão original e a inicialmente implementada foram fundidas na versão atual, que ganhou dimensão nacional. A Germinal contribuiu nesse trabalho.

A partir da crítica, sistematização, reformulação e ampliação dos planos de aula utilizados nas primeiras implementações, a Germinal criou também as Referências para a Ação Docente (Eixos I, II e III), que são manuais que apresentam sugestão, passo a passo, de desenvolvimento de todas as unidades curriculares do Projeto. As Referências para a Ação Docente facilitam e são fundamentais na manutenção da qualidade  da expansão nacional do Projeto.

 

 

Veja o que mais reprova candidatos a estágio em processos seletivos 15 de junho de 2012

O site G1 divulga um levantamento feito pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), entre janeiro e maio deste ano, com 4.464 candidatos, aponta que 62% dos candidatos a estágio foram reprovados nos processos seletivos. Essas reprovações foram decorrência dos seguintes fatores:

Fatores que reprovam

Índice
1- Erros em testes ortográficos 40%
2- Baixo desempenho em raciocínio lógico 21%
3- Mau desempenho na comunicação e no vocabulário durante   as apresentações e atividades em grupo 12%
4- Falta de competências exigidas pelas vagas 10%
5- Problema na apresentação pessoal 7%
6- Problema na linguagem corporal 5%
7- Deficiência no inglês 5%

Observa-se que apenas 10% das reprovações decorreu de deficiência na formação técnica específica (falta de competências exigidas pela vaga) . As demais resultam de conhecimentos, habilidades e atitudes ou competências que deveriam ter sido desenvolvidas na educação básica de ordem geral. Isso mostra que a educação básica é fundamental, inclusive para obtenção do emprego. Dar prioridade à educação profissional, como pregam as campanhas eleitorais, não garante o emprego da juventude. A prioridade é melhorar o Ensino Fundamental e o Ensino Médio.

 

Ensino médio e educação profissional: desafios da integração. 13 de junho de 2012

Atendendo à sugestão de meu amigão Jarbas Novelino Barato, do Boteco Escola, publico resenha de um livro que foi resultante de um estudo e de um wokshop promovido pela UNESCO, em que ambos participamos. A resenha está publicada abaixo e também pode ser encontrada na redEtis.

Ensino médio e educação profissional: desafios da integração.

Marilza Regattieri y Jane Castro

Regattieri, M. y Castro, J. (Orgs). 2010. Ensino médio e educação profissional: desafios da integração. Brasilia: UNESCO.

La versión completa de este documento se encuentra disponible en Sala de Lectura:
                        Ensino médio e educação profissional: desafios da integração

RESUMEN:

Esta publicación surge de UNESCO Brasil, como una iniciativa que tiene el propósito de contribuir al establecimiento y seguimiento de la nueva propuesta de construcción de una educación secundaria “integrada” (modalidad que articula en un solo plan de estudios la educación general y la formación profesional), propuesta por la reforma educativa de 2004 en Brasil.

La oficina de UNESCO Brasil contribuyó con la iniciativa, llevando a cabo un estudio focalizado en los casos concretos de esta implementación. Ese estudio, “La integración entre la escuela secundaria y la formación profesional”, constituye la primera parte de esta publicación.
Si bien el estudio se limitó a dos escuelas en dos estados, el informe sugiere algunas consideraciones para los responsables de las políticas educativas. En el plano general, primeramente se señala que al momento del diseño, planificación y ejecución de una secundaria integrada, debe considerarse la complejidad legal (representada por una red de leyes, decretos y resoluciones, tanto federales como nacionales) de cada nivel. A dicha complejidad, debe sumársele las diferencias en el plano doctrinario que a veces se contraponen. En este sentido, los Lineamientos Curriculares Nacionales y los documentos teóricos oficiales, son en la mayoría de los casos, muy abstractos, lo que dificulta su comprensión y aplicación. Por ese motivo, la primera recomendación apunta a que los lineamientos nacionales y las normas estatales sean más concisos y simples para una mejor comprensión por parte de todos los actores educacionales involucrados. La segunda es promover la compatibilidad de las regulaciones ministeriales y los Lineamientos Curriculares Nacionales y la tercera recomendación es mantener activa la formación continuada especialmente del personal técnico y docente.

En el plano real, el libro señala que las instituciones actúan de forma pragmática y de acuerdo a la motivación que reciben de los órganos superiores. Como consecuencia, para la implementación de los cursos integrados, fue decisivo el apoyo del MEC, como de los órganos y secretarias regionales.

Las escuelas asumen que los cursos integrados que ofertan, propicia la entrada en el mercado de trabajo de sus egresados, atendiendo en menor medida la consecución de una educación tecnológica deseable. La estructura curricular convencional, compartimentada en disciplinas, contribuye a que esta combinación sea más dificultosa.

Otra recomendación es la capacitación sistemática del personal docente, de directivos y técnicos para diseñar, planificar e implementar currículos flexibles desde una perspectiva innovadora y creativa, así como el uso de metodologías inter y trans-disciplinarias.
Se observa, además, que el currículo de la escuela media, no ha resuelto aún el desafío de la obligatoria “preparación básica y general para el trabajo”; y menos aún, la “orientación para el trabajo”, la “educación tecnológica básica” y los “principios científicos y tecnológicos que gobiernan la producción moderna”, que pueden ser los caminos que conducen a la ambicionada “educación tecnología o politécnica”. Difícilmente, esta educación pueda lograrse sin un plan de estudios innovador, que no se limite a la suma de dos planes de estudio tradicionales.

El diseño y construcción de un currículo pertinente para los cursos de nivel medio integrados con la educación profesional técnica es una cuestión pendiente, que debe considerarse de forma prioritaria en las políticas, de vistas a la implementación y desarrollo de esta modalidad en la perspectiva de la educación politécnica.

Respecto de la disponibilidad de plazas, es necesaria la formulación de estrategias. Como el curso integrado tiene una organización propia, se torna problemática la aceptación de alumnos transferidos de cursos regulares de nivel medio, si no se establecen criterios y procedimientos de “adaptación”. Por tanto, se recomienda que los sistemas educativos incentiven a las escuelas a desarrollar y aplicar esos criterios y procedimientos, en el marco de la autonomía que la ley les permite.

Un aspecto particular de la planificación de los cursos integrados, por ser ofrecidos a los jóvenes que egresan de la escuela primaria, es la etapa de “pasantías supervisadas”. Aunque no ocurre en los cursos estudiados, es necesario tener en cuenta que algunas profesiones o lugares de trabajo tienen restricciones legales para el ejercicio del trabajo de los menores de 18 años. Por lo tanto, la recomendación es que el plan de estudio, considere y compatibilice siempre, los factores de competencias profesionales, pasantías obligatorias, edad de los alumnos y las restricciones legales para los menores.

Respecto del cuerpo docente, se recomienda que, incluso aquellos que son profesionales del área de la disciplina, tengan un tratamiento igual a aquellos de formación en magisterio y además, deben ser objeto de programas específicos destinados a desarrollar las competencias docentes. Para los coordinadores, directivos, profesores y técnicos involucrados, se insiste en la capacitación enfocada en la concepción, gestión, planeamiento e implementación curricular a fin de que, se mantenga la integración de la formación general con la formación profesional.
El último comentario se refiere a la falta de recursos, equipos y materiales – que, no sorprende, ya que es una problemática de los sistemas educativos públicos, en general.

La segunda parte de este libro, expone las discusiones entre los especialistas de educación medio y educación vocacional que tuvieron lugar en un workshop organizado por UNESCO Brasil en 2008. Allí, se debatieron temas fundamentales en materia de formación para el trabajo y de ciudadanía, el diseño y estructuración de las propuestas curriculares y de los proyectos escolares, el perfeccionamiento docente, la financiación, la integración de la escuela al desarrollo local, regional y nacional con el objetivo la inclusión social, la necesidad de elaborar una oferta diversificada de educación secundaria, teniendo en cuenta a la población que está por fuera del grupo en edad de concurrir al nivel medio y desigualdades socioeconómicas.

A continuación, se señalan algunos de los aspectos más destacados por los participantes del simposio:
• El trabajo es un eje estructurante de la educación. Posición consensual del evento. Influye en la formación docente y en la elaboración de los currículos escolares de toda la educación básica. Los modos de implementación, siguen siendo un desafío para los educadores.
• Los ejemplos presentados en el evento resaltan el rol de las escuelas como promotoras del cambio social. La subordinación a las exigencias del mercado de trabajo, no es una medida que favorezca una educación para la autonomía. Resultan necesarios, mayores incentivos a las iniciativas que convierten a las escuelas de educación profesional en polos regionales de innovación en el campo de trabajo.
• Los saberes del trabajo, constituyen un objeto de estudio que merece más atención en los debates sobre la educación y la formación docente. El predominio de modelos de conocimiento que subordinan el saber del trabajo al saber científico, es una tendencia que merece ser examinada. Los conocimientos ocultos que se desarrollan en y por el trabajo deben ganar más importancia en el ámbito educativo.
• La formación de educadores para trabajar en la educación media integrada, debe considerar las competencias laborales como contenido esencial y explícito en el plan de estudios propuesto, de modo que la deseada integración sea efectiva.
• La dualidad entre la educación general y formación profesional no ha desaparecido. Debe ser superada a nivel de las prácticas escolares.
• Datos sobre la escuela pública en el país indican una nueva dualidad: educación de calidad para pocos, educación de poca calidad para muchos.
• La escuela integrada es una alternativa interesante, no sólo como propuesta en el campo de la educación profesional. Su existencia y su funcionamiento son un laboratorio de experimentación sobre los cambios necesarios en toda la escuela secundaria.
• La situación de pobreza de la inmensa mayoría de los jóvenes brasileños, exige educación inclusiva

 

Currículo deve ser direcionado para a emancipação do cidadão 1 de junho de 2012

Repensar, rediscutir, reconstruir um currículo educacional implantado há anos por uma política capitalista que visa a formação do trabalhador em busca de lucros. Essa tarefa nada fácil e desafiadora foi levantada durante o Observatório Mundial 3: Ressignificação de Currículo na Educação Profissional e Tecnológica no Brasil.

Os debatedores foram incisivos: é preciso trabalhar na emancipação do cidadão, formar o pensamento crítico, ressignificar valores pautados em currículos escolares, entender as expectativas sociais e preparar o aluno para a vida.

Segundo a doutora em Literatura e professora da Universidade de Manitoba (Canadá), Diana Brydon, projetos de pesquisa entre o Brasil e Canadá promovem a interdisciplinaridade em um mundo global. “Aprender com outras culturas, outras línguas, promove uma emancipação do descobrir-se autônomo para um aprendizado recíproco. As nossas metas entre a parceria Brasil-Canadá são: a) Fortalecer a alfabetização transnacional; b) treinar professores para a teoria e a prática; c) avançar nos relacionamentos entre os dois países; d) compreensão global na educação; e) fazer parcerias de trabalho transnacional e internacional”, disse.

O aprender outro idioma ensina as pessoas a saírem da zona de conforto e entenderem a cultura e a forma de pensar do outro, pois “um novo mundo é necessário, mas a educação tem que mudar”, completou Diana.

Ao refletir sobre os significados e seus valores no currículo em EPT, a doutora em Educação e professora da pós-graduação em Educação na UFF Maria Aparecida Ciavatta levantou a necessidade de analisar os valores educacionais. “Estamos preparando o jovem para o trabalho simples, que é destinado aos mais pobres. A busca do conhecimento deve promover a interação entre professor-aluno para que as políticas educacionais de EPT no Brasil atendam os direitos de cidadania aos trabalhadores com um currículo voltado à formação humana integral”.

Para o doutor em Educação e pesquisador do laboratório de Políticas Públicas e Planejamento Educacional da Unicamp, Luis Aguilar, a reformulação da Rede Federal, em especial dos Institutos Federais, possibilita um novo modelo institucional redefinindo a finalidade dessas instituições dentro do sistema educacional brasileiro. “O currículo diferenciado dos IFs se aproxima mais do povo, porém as expectativas sociais nem sempre passam pela cabeça dos acadêmicos. É preciso abrir as portas, estudar o mercado e as questões curriculares, mas isso não pode fechar as portas desses brasileiros que querem estudar, que sempre quiseram estudar e que agora têm uma oportunidade”.

O coordenador do projeto Protótipos Curriculares de Ensino Médio e Ensino Médio Integrado da Unesco, José Küller, apresentou uma ideia inovadora para a educação no Brasil: uma proposta curricular que prepara o aluno para o trabalho, mas para a possibilidade de desenvolver todo e qualquer tipo de trabalho tamanha a abrangência do conhecimento construído. “Propomos ações anuais desenvolvidas por um Núcleo que integre trabalho/cultura/ciência/tecnologia. Escola e Moradia como Ambiente de Aprendizagem o tema a ser trabalhado no 1º ano; Ação Comunitária no 2º ano e Projetos de Vida e Sociedade no 3º ano”, explicou ele.

Todas as ideias e propostas caminham para que uma análise profunda seja feita na reconstrução do currículo da educação profissional e tecnológica no Brasil. Uma atitude ousada, instigante, complexa, mas necessária. (Nicole Trevisol)

 

Um quinto dos adolescentes brasileiros está fora da escola, diz Unicef 30 de novembro de 2011

O Portal UOL publicou a seguinte notícia:

Em seu primeiro relatório sobre a situação dos adolescentes brasileiros, o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância na sigla em inglês) informou nesta quarta-feira (30) que 20% dos jovens entre 15 e 17 anos de idade estão fora da escola, em uma faixa etária que abrange quase todo o ensino médio. Já entre as crianças entre 6 e 14 anos de idade vivem situação bem menos crítica, com menos de 3% sem estudar.

A íntegra da notícia pode ser acessada clicando aqui.

A constatação, que não é nova, e outros dados recentes sobre  a situação da juventude brasileira, tais como:

  • Quase metade dos desempregados tem menos de 25 anos.
  • 53,1% dos jovens de 15 a 24 anos se encontra fora das salas de aula.
  • Mais de quatro milhões não estudam, não trabalham e não procuram trabalho.
  • Muitos não estudam por puro desinteresse.
  • Apenas 40% dos jovens de baixa renda estudam. Deles, 75% em série não correspondente à faixa etária.
  • Apenas 13,6% dos jovens de 18 a 24 anos frequentam a universidade .
  • Apenas 10% dos que concluem o ensino médio aprendem o que deveriam aprender .
  • 68 milhões de jovens e adultos trabalhadores brasileiros com 15 anos e mais não concluíram o ensino fundamental
  • Desses, apenas, 6 milhões (8,8%) estão matriculados em EJA.

O dados mostram a necessidade de uma radical transformação da realidade do atual Ensino Médio brasileiro. Mudanças revolucionárias no currículo do Ensino médio fazem parte dessa necessária transformação. Um trabalho recente da UNESCO: Protótipos Curriculares de Ensino Médio e de Ensino Médio Integrado é uma resposta a essa necessidade urgente. Para acesso a um Resumo Executivo do projeto da UNESCO, clique aqui.

 

Agregando valor 8 de novembro de 2011

Como sabem os que acompanham este blog, o Programa Jovem Aprendiz Rural foi criado pela Germinal Consultoria para o SENAR de São Paulo. O currículo do Programa é composto por oficinas articuladas por projetos. O principal projeto, que é  articulador de todo o currículo é o “Tornar uma área produtiva de forma sustentável”. O projeto está dividido em cinco partes: planejar a produção agropecuária, plantar culturas diversas e preparar as instalações para a criação de animais, manejar a área de cultivo e a criação de animais, manejo integrado e colheita e, por fim, agregar valor e comercializar produtos.

Os leitores também sabem que, na Oficina de Informática, os alunos são incentivados a criar  um blog como forma de inclusão digital, prática de registro das atividades e de escrita e meio de divulgação de suas atividades.

É através de fotos publicadas em um desses blogs, o da turma de 2011 do Jovem Aprendiz Rural de Lençóis Paulista (SP), que ficamos sabendo dos resultados dessa parte do projeto, em Lençóis. As fotos já incluídas e as que se seguem permitem constatar como essa parte do projeto foi bem desenvolvida pela turma de 2011.

Parabéns aos jovens aprendizes de Lençóis Paulista!