Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

Prestígio da educação profissional depende de mudança de mentalidade 9 de novembro de 2012

 Ensino fundamental e médio direcionam jovens para a graduação, mas necessidade do mercado de trabalho reflete outra realidade.

No Brasil, menos de 15% dos jovens entre 18 e 24 anos chegam às universidades, de acordo com o Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) do Ministério da Educação. Ou seja: dos 24 milhões de jovens brasileiros, apenas 3,4 milhões buscam a graduação. O restante, mais de 20 milhões, tem de buscar outros caminhos. Em outra via, todos os setores da economia – indústria, comércio, serviços e agropecuária – apresentam demanda crescente por técnicos. Ha vagas no País, mas faltam profissionais qualificados e com conhecimentos específicos para preenchê-las.

Por isso, a educação profissional no País precisa ser reforçada em um ritmo mais acelerado, defende Rafael Lucchesi, diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), para quem o modelo educacional brasileiro é muito focado na rede regular. O conteúdo dos ensinos fundamental e médio direciona os alunos para a universidade, diz. “Como menos de15% dos jovens brasileiros vão para o ensino superior, milhares de estudantes ficam sem projeto de inserção no mercado de trabalho.”

Esse é um cenário que começa a mudar. Apesar de ainda baixo, o número de jovens no ensino técnico de nível médio tem avançado. De acordo com Marcelo Neri, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2004 a participação dos jovens entre 15 e 17 anos era de apenas 3% nas seis maiores regiões metropolitanas do País. Hoje, já é de 7,6%. “É o que chamamos de onda jovem, estimulada por políticas de ensino estaduais e iniciativas do setor privado, o que antecede o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) do governo federal”, explica.

Principalmente os jovens da classe C passaram a se qualificar. “Quando os jovens partem para os processos de seleção das empresas, percebem que são muitas as exigências. Muitos buscam mais conhecimento, se matriculam em cursos”, acrescenta Luiz Gonzaga Bertelli, presidente do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee).

Modelagem atual – Tradicionalmente, o ensino profissional técnico e os programas de qualificação são oferecidos por escolas particulares e pelo Sistema S, que, apesar de contar com recursos públicos – as contribuições compulsórias de empresas -, é comandado pelo patronato. Por um acordo firmado com o MEC em 2008, as entidades do Sistema S se comprometeram a destinar parcelas significativas de suas receitas aos cursos gratuitos, seguindo metas progressivas até 2014. No caso do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), dois terços do arrecadado terá essa destinação.

“Na formação de técnicos no País, 56% das matrículas estão nas mãos do setor privado; o restante, na esfera pública. Isso mostra que o Estado delegou à iniciativa privada a formação dos trabalhadores técnicos brasileiros”, afirma Aparecida Neri de Souza, professora de Sociologia da Educação na Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com base em dados recentes do Inep. Os governos, explica ela, trabalham na ampliação de suas redes e, em muitos casos, articulados com as instituições privadas e o Sistema S. Dessa forma, o financiamento vem do poder público, mas o ensino é organizado pelas organizações privadas.

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) do governo federal já soma vagas gratuitas no ensino técnico de nível médio e nos cursos de qualificação de trabalhadores. “Hoje isso se dá mais nos cursos de formação inicial e continuada. A oferta de vagas em cursos técnicos ainda é pequena, mas esperamos que aumente”, afirma Almério Araújo, coordenador de Ensino Técnico e Médio do Centro Paula Souza do governo do Estado de São Paulo.

No Brasil, empresas e governos se mobilizam para reverter a situação, acrescenta Antonio Freitas, pró-reitor de Ensino da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro (FGV-RJ) e conselheiro da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Rio de Janeiro (Faetec). “O País é a sexta economia, mas o 60º em educação e o 80º em inovação, o que é inconcebível”, diz o professor. Ele considera importante o lançamento do Programa Ciência sem Fronteiras do governo federal, no qual serão oferecidas 101 mil bolsas ao longo de quatro anos, associadas às ao ensino superior tecnológico e às áreas de engenharia, ciências exatas e biomédicas. O objetivo é que os estudantes tenham acesso às inovações tecnológicas. Além disso, o programa busca atrair pesquisadores do exterior que queiram se fixar no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros.

Defasagens – Na visão de especialistas, o aumento da oferta de ensino técnico deve ser feito seguindo padrões de qualidade no âmbito pedagógico e com base no diálogo com as empresas. “Os cursos devem estar alinhados com as necessidades do mercado”, comenta Ana Luiza Kuller, coordenadora de Educação do Senac-SP.

Outro desafio é suprir as defasagens da educação básica em português, matemática e ciências. “Cada instituição se organiza para resolver esse problema. Há uma série de opções para que os alunos aprendam o que deveriam ter aprendido na educação básica e possam acompanhar os cursos”, explica Ana Luiza. E não é só: a professora da Unicamp Aparecida Neri de Souza lembra ainda que 10% dos brasileiros são analfabetos.

“O que se espera é que todos os brasileiros consigam terminar pelo menos o ensino médio. Existem cursos gratuitos de formação inicial que dão oportunidade de trabalho a essas pessoas que não tiveram acesso à educação”, acrescenta o professor Antonio Freitas, da FGV-RJ.

Mudança de paradigma – Por muitos anos, o ensino técnico foi preterido no País. “A sociedade brasileira ainda tem a crença que a formação universitária é a base. Nossa escola tem um modelo academicista, não tem a lógica voltada ao mundo do trabalho. Isso acaba sendo uma limitação”, enfatiza Lucchesi. Os jovens precisam conhecer mais as oportunidades que se abrem, derrubando esse paradigma, diz ele, citando pesquisa do Senai que indica que as remunerações de técnicos superam as oferecidas a diversas ocupações universitárias no Brasil.

“As ocupações técnicas empregam mais e apresentam bons salários. E os jovens têm a chance de ingressar cedo no mercado de trabalho e custear novos estudos”, afirma Anna Beatriz Waehneldt, diretora de Educação Profissional do Senac Nacional.

Estudos revelam que os ganhos salariais após cursos de educação profissional são de 1,4% a 12% para formação inicial, de acordo com as áreas; em torno de 14% para cursos técnicos de nível médio e de 24% para tecnólogos. “Os retornos não são desprezíveis, mas pouco conhecidos”, conclui Marcelo Neri, presidente do Ipea.

(O Estado de São Paulo/ Especial Fóruns Estadão Brasil Competitivo)

 

 

 

 

 

 

 

 

Para analistas, baixa qualidade do ensino e taxa de reprovação “expulsam” jovem da escola 2 de outubro de 2012

Alunos assistem a aulas a distância para o ensino médio no AmazonasCom texto de Cristiane Capuchinho,  o UOL publicou a seguinte matéria:

Caiu o número de jovens na escola a partir dos 15 anos de idade. O dado da Pnad 2011 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), explicita um problema que preocupa há algum tempo pesquisadores da educação: a escola não consegue reter o adolescente.

Segundo a Pnad, 83,7% dos jovens entre 15 e 17 anos estudavam em 2011. O número é mais baixo do que o apurado em 2009, quando a taxa era de 85,2%. Isso siginifica 1,7 milhão de jovens fora da escola – população equivalente à de Curitiba.

“O jovem que vai à escola não encontra o professor de determinada disciplina ou não tem a aula de maneira adequada. Esse jovem percebe que essa escola [da maneira como é oferecida] não garante um lugar no mercado de trabalho. Então considera que o mais lógico é abandonar a escola”, explica a professora Marcia Malavasi, da Faculdade de Educação da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas). “Dessa maneira, a escola ‘expulsa’ os jovens do ensino médio”, conclui.

Uma pesquisa realizada pelo Ibope, em parceria com o Instituto Unibanco, em 2011 mostra que os estudantes do ensino médio perdem entre 17% e 40% dos dias de aulas, na maioria dos casos, por falta de professor.

Desinteresse

“O jovem diz que não tem interesse, não tem saco, não gosta da escola”, afirma Haroldo Torres, diretor de análise e disseminação de informações da Fundação Seade. Segundo ele, até existe um reconhecimento de que estudar “é importante para o futuro”, mas isso não se traduz em esforço para se manter na escola.

A falta de interesse do aluno parece ser resultado de um conjunto de situações, que vão da baixa qualidade do ensino, falta de professores e altos índices de reprovação a problemas de infraestrutura escolar, como a falta de bibliotecas e salas de estudo.

“O jovem tem dificuldades para chegar até a escola, pois é longe e o transporte é caro. Quando ele chega, não tem professor e a escola sequer tem uma biblioteca para manter o aluno ali estudando”, critica Marcia.

Retenção

A probabilidade de evasão do jovem aumenta conforme o número de repetências no histórico escolar. “O nosso sistema é muito reprovador, sobretudo em algumas regiões. No Nordeste, por exemplo, é muito comum as pessoas ficarem retidas no ensino fundamental”, explica Torres.

O Censo Escolar de 2011 revelou que a taxa de reprovação no ensino médio brasileiro atingiu 13,1%, maior número desde 1999.

A avaliação de que os altos índices de retenção desestimulam o aluno ecoa na fala do pesquisador Simon Schwartzman, do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade).

“A educação pública brasileira é em geral muito mal gerenciada, com níveis absurdos de reprovação e dependência. Basta “arrumar a casa”, garantir que os professores venham e dar aulas de reforço para os alunos que ficam para trás para que os indicadores comecem a melhorar”, diagnostica.

Estrutura

Apesar do aumento no investimento no ensino médio, com a criação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) que atende toda a educação básica, os números do ensino médio não melhoraram. Uma das hipóteses é de que o currículo não agrade a esse jovem.

“É importante deixar de obrigar todos a seguirem os mesmos currículos, abrir espaço para escolhas, e ampliar de maneira muito significativa a alternativa de formaçao profissional sem mantê-la atrelada ao ensino médio regular”, argumenta Schwartzman.

 

Traduzir-se 18 de setembro de 2012

Uma ânfora? Foto de Marcus Teshainer

A atividade de projeto para elaboração do Plano de Vida e Carreira,  no Trilha Jovem, tem início com um momento de introspecção.  Convida-se  o jovem para olhar para si  mesmo. Reconhecer os próprios valores e/ou pontos fortes, aumentar a auto-estima, incentivar a  ampliação  contínua de suas qualidades e potencialidades são objetivos que se quer alcançar nesse momento. Acreditar na própria capacidade de realização é fundamental à formulação de um plano de vida e carreira. Para compor o clima e induzir a reflexão, como aquecimento para a primeira sessão de aprendizagem, foi usado o poema Traduzir-se, de Ferreira Gullar.

Traduzir-se

Uma parte de mim   é todo mundo:   outra parte é ninguém:   fundo sem fundo.

Uma parte de mim   é multidão:   outra parte estranheza   e solidão.Uma parte de mim   pesa, pondera:   outra parte   delira.

Uma parte de mim   almoça e janta:   outra parte   se espanta.

Uma parte de mim   é permanente:   outra parte   se sabe de repente.

Uma parte de mim   é só vertigem:   outra parte,   linguagem.

Traduzir uma parte   na outra parte   – que é uma questão   de vida ou morte –   será arte?

Ferreira Gullar

O poema foi musicado e  pode-se optar pela apresentação do vídeo a seguir, além do poema escrito.

Clique aqui para abrir a página Dinâmica de Aquecimento com Traduzir-se, que apresenta uma amostra do trabalho desenvolvido para o  Projeto Trilha Jovem, pela Germinal Consultoria, para o Instituto de Hospitalidade (IH), de Salvador, na Bahia.

 

Trilha Jovem Iguassu realiza projetos sustentáveis em pontos turísticos de Foz 30 de agosto de 2012

O site do “POLO IGUASSU”- INSTITUTO POLO INTERNACIONAL IGUASSU, publicou a seguinte notícia:

Desde julho, acontece no Parque Tecnológico Itaipu (PTI) a edição 2012 do Projeto Trilha Jovem Iguassu, uma iniciativa do POLOIGUASSU, viabilizado através de importantes parcerias com Itaipu Binacional, Fundação Parque Tecnológico de Itaipu, Cataratas do Iguaçu S.A, instituições, empresas e trade turístico de Foz.

O programa visa ampliar a inserção, a permanência e a ascensão profissional de jovens de baixa renda no setor de turismo na cidade e região, por meio de atividades pedagógicas e vivências profissionais, através de uma metodologia dividida em três eixos. O primeiro, Promover o Desenvolvimento Sustentável do Turismo, está em execução e irá apresentar projetos propostos pelos próprios alunos que apresentaram suas propostas de trabalho e foram a campo em busca de recursos e estrutura para execução. 

Como resultado, ações que envolvem conscientização – ambiental e turística -, preservação e sustentabilidade, serão realizados em vários atrativos e locais da cidade. Segundo Carolina Scheffer, aluna do projeto e que irá realizar um trabalho junto à Feira da JK, o grupo “gostaria de realizar um dia diferente, com a devida estrutura para os turistas. Vamos colocar barracas temática e mascotes, como o Quati, visando chamar a atenção das pessoas. Além disso, faremos um questionário para coletar sugestões”. Segundo ela, em um segundo momento, buscar parcerias para colocação de lixeiras e para a divulgação de conteúdo através panfletos ajudaria no sucesso trabalho.

As ações dos alunos do TJI poderão ser vistas por toda a cidade e todo morador é convidado a participar. Mais informações aqui mesmo no site www.poloiguassu.org/trilhajovem ou pelo telefone (45) 3576-7112

O “POLO IGUASSU”- INSTITUTO POLO INTERNACIONAL IGUASSU é uma associação de direito privado, sem fins econômicos, com características de entidade trinacional, que obedece à legislação brasileira em Foz do Iguaçu, Estado do Paraná, Brasil: à legislação argentina em Puerto Iguazú, Província de Missiones, Argentina; e à legislação paraguaia em Cildade del Este, Departamento de Alto Paraná, Paraguai. Criado para apoiar as iniciativas, instituições e desenvolvimento da Região Trinacional e do Mercosul; atua nas áreas científico-tecnológica, cultural, ecológica e do meio-ambiente, educaciona, esportiva, de desenvolvimento Institucional e sócio-econômica. No site do Instituro, indicado na notícia,  estão reunidas as informações sobre o desenvolvimento do Trilha Jovem em Foz do Iguaçu, desde 2006.

O Trilha Jovem é um projeto cujo currículo foi desenvolvido pela Germinal Consultoria para o Instituto de Hospitalidade, de Salvador (Ba). Depois de sua implantação em Salvador, o projeto, financiado pelo BID e pelo Ministério do Turismo e outras instituições nacionais e internacionais, ganhou dimensão nacional, incluindo Foz do Iguaçu.  Nesse processo, a Germinal desenvolveu todas as referências para ação docente dos três eixos do Projeto:

  • Eixo I: Promover o desenvolvimento sustentável do turismo
  • Eixo II: Promover a excelência em serviços
  • Eixo III: Construir um plano de vida e carreira

 

 

Ceará implementa os Protótipos Curriculares de Ensino Médio 24 de agosto de 2012

O site do Instituto Aliança veiculou a seguinte notícia:

Alunos do ensino médio de 12 escolas do Ceará tiveram, em 2012, um aumento na carga horária para incluir aulas obrigatórias de metodologia de pesquisa e preparação para o mundo do trabalho, ao longo dos três anos de ensino médio. O programa, ainda piloto, chama-se Trabalho, Pesquisa e Práticas Sociais e foi criado pelo Instituto Aliança em parceria com a Secretaria de Educação do Estado do Ceará, como parte do processo de transferência da tecnologia do Com.Domínio Digital para a rede pública de ensino médio do Estado, tendo como matriz referencial os “Protótipos Curriculares para o Ensino Médio” produzido pela Unesco com o apoio do Ministério da Educação.

(…)

Dando continuidade à implementação dessa nova experiência, nos dias 19 e 20 de junho a Coordenadoria de Desenvolvimento da Escola e da Aprendizagem da SEDUC promoveu um seminário para discutir essa proposta de reorganização curricular do ensino médio, com a participação da UNESCO, Instituto Aliança e Instituto Unibanco, gestores e educadores. Neste encontro, Marilza Regattieri, oficial de Projetos do Setor de Educação da Representação da Unesco no Brasil fez uma apresentação da proposta dos Protótipos Curriculares para o Ensino Médio e
mostrou-se emocionada ao visitar a experiência de reorganização curricular piloto do Ceará com base na abordagem dos “Protótipos” desenhada pela UNESCO.

“No seminário a ideia foi refletir sobre o contexto de Reorganização Curricular no estado do Ceará e buscar estruturar a integração entre este processo e as diversas propostas existentes na rede: Protótipos da UNESCO, Com.Domínio Digital, E-Jovem e o Projeto Jovem de Futuro do Instituto Unibanco”, afirma Rogers Mendes, Coordenador de Aperfeiçoamento Pedagógico da Secretaria de Educação do estado.

A notícai completa pode ser lida clicando aqui.

 

Currículo deve ser direcionado para a emancipação do cidadão 1 de junho de 2012

Repensar, rediscutir, reconstruir um currículo educacional implantado há anos por uma política capitalista que visa a formação do trabalhador em busca de lucros. Essa tarefa nada fácil e desafiadora foi levantada durante o Observatório Mundial 3: Ressignificação de Currículo na Educação Profissional e Tecnológica no Brasil.

Os debatedores foram incisivos: é preciso trabalhar na emancipação do cidadão, formar o pensamento crítico, ressignificar valores pautados em currículos escolares, entender as expectativas sociais e preparar o aluno para a vida.

Segundo a doutora em Literatura e professora da Universidade de Manitoba (Canadá), Diana Brydon, projetos de pesquisa entre o Brasil e Canadá promovem a interdisciplinaridade em um mundo global. “Aprender com outras culturas, outras línguas, promove uma emancipação do descobrir-se autônomo para um aprendizado recíproco. As nossas metas entre a parceria Brasil-Canadá são: a) Fortalecer a alfabetização transnacional; b) treinar professores para a teoria e a prática; c) avançar nos relacionamentos entre os dois países; d) compreensão global na educação; e) fazer parcerias de trabalho transnacional e internacional”, disse.

O aprender outro idioma ensina as pessoas a saírem da zona de conforto e entenderem a cultura e a forma de pensar do outro, pois “um novo mundo é necessário, mas a educação tem que mudar”, completou Diana.

Ao refletir sobre os significados e seus valores no currículo em EPT, a doutora em Educação e professora da pós-graduação em Educação na UFF Maria Aparecida Ciavatta levantou a necessidade de analisar os valores educacionais. “Estamos preparando o jovem para o trabalho simples, que é destinado aos mais pobres. A busca do conhecimento deve promover a interação entre professor-aluno para que as políticas educacionais de EPT no Brasil atendam os direitos de cidadania aos trabalhadores com um currículo voltado à formação humana integral”.

Para o doutor em Educação e pesquisador do laboratório de Políticas Públicas e Planejamento Educacional da Unicamp, Luis Aguilar, a reformulação da Rede Federal, em especial dos Institutos Federais, possibilita um novo modelo institucional redefinindo a finalidade dessas instituições dentro do sistema educacional brasileiro. “O currículo diferenciado dos IFs se aproxima mais do povo, porém as expectativas sociais nem sempre passam pela cabeça dos acadêmicos. É preciso abrir as portas, estudar o mercado e as questões curriculares, mas isso não pode fechar as portas desses brasileiros que querem estudar, que sempre quiseram estudar e que agora têm uma oportunidade”.

O coordenador do projeto Protótipos Curriculares de Ensino Médio e Ensino Médio Integrado da Unesco, José Küller, apresentou uma ideia inovadora para a educação no Brasil: uma proposta curricular que prepara o aluno para o trabalho, mas para a possibilidade de desenvolver todo e qualquer tipo de trabalho tamanha a abrangência do conhecimento construído. “Propomos ações anuais desenvolvidas por um Núcleo que integre trabalho/cultura/ciência/tecnologia. Escola e Moradia como Ambiente de Aprendizagem o tema a ser trabalhado no 1º ano; Ação Comunitária no 2º ano e Projetos de Vida e Sociedade no 3º ano”, explicou ele.

Todas as ideias e propostas caminham para que uma análise profunda seja feita na reconstrução do currículo da educação profissional e tecnológica no Brasil. Uma atitude ousada, instigante, complexa, mas necessária. (Nicole Trevisol)

 

Universalização do ensino médio 28 de março de 2012

Filed under: ensino médio — José Antonio Küller @ 12:30 pm
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Apresentamos a seguir dados da edição de 2009 da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que foram trabalhados pela área de Estudos e Pesquisas do Todos Pela Educação.

Distribuição das Etapas de Ensino dos alunos de 15 a 17 anos

Etapa de Ensino

Número de alunos de 15 a 17 anos

%

Ensino Fundamental

3.315.658

31,9%

Ensino Médio

5.295.192

50,9%

Alfabetização de Jovens e Adultos

21.883

0,2%

EJA Fundamental

124.216

1,2%

EJA Médio

23.137

0,2%

Ensino Superior

62.361

0,5%

Pré-vestibular

17.127

0,2%

Não estudantes

1.539.811

14,8%

Fonte: Pnad 2009 – IBGE. Elaborado pelo Todos Pela Educação

Os dados mostram os dois principais problemas para a universalização do ensino médio brasileiro.

O primeiro deles é a defasagem idade/série, que faz com que muitos (31,9 %) dos jovens que deveriam estar no ensino médio ainda cursem o ensino fundamental. Se todos esses jovens estivessem cursando o ensino médio teríamos mais de 80% dos jovens neste nível de ensino. A solução para o primeiro problema está no Ensino Fundamental.

O segundo problema é o abandono precoce da escola. Este é um problema que tem múltiplas causas. Duas delas são muito importantes. A primeira é o desinteresse que a escola provoca em muitos jovens que, inclusive, não estudam e não trabalham. A segunda é a necessidade de começar a trabalhar mais cedo, que muitos jovens têm. Essas duas principais causas podem ser removidas. Com mudança no currículo e  incentivos à permanência, talvez metade desses jovens não abandonassem a escola.

Resolvida a defasagem idade/série e evitado (pelo menos em parte) o abandono precoce da escola, o ensino médio brasileiro atenderia 90% da nossa juventude. Não é um resultado quantitativo digno de primeiro mundo?

 

Um quinto dos adolescentes brasileiros está fora da escola, diz Unicef 30 de novembro de 2011

O Portal UOL publicou a seguinte notícia:

Em seu primeiro relatório sobre a situação dos adolescentes brasileiros, o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância na sigla em inglês) informou nesta quarta-feira (30) que 20% dos jovens entre 15 e 17 anos de idade estão fora da escola, em uma faixa etária que abrange quase todo o ensino médio. Já entre as crianças entre 6 e 14 anos de idade vivem situação bem menos crítica, com menos de 3% sem estudar.

A íntegra da notícia pode ser acessada clicando aqui.

A constatação, que não é nova, e outros dados recentes sobre  a situação da juventude brasileira, tais como:

  • Quase metade dos desempregados tem menos de 25 anos.
  • 53,1% dos jovens de 15 a 24 anos se encontra fora das salas de aula.
  • Mais de quatro milhões não estudam, não trabalham e não procuram trabalho.
  • Muitos não estudam por puro desinteresse.
  • Apenas 40% dos jovens de baixa renda estudam. Deles, 75% em série não correspondente à faixa etária.
  • Apenas 13,6% dos jovens de 18 a 24 anos frequentam a universidade .
  • Apenas 10% dos que concluem o ensino médio aprendem o que deveriam aprender .
  • 68 milhões de jovens e adultos trabalhadores brasileiros com 15 anos e mais não concluíram o ensino fundamental
  • Desses, apenas, 6 milhões (8,8%) estão matriculados em EJA.

O dados mostram a necessidade de uma radical transformação da realidade do atual Ensino Médio brasileiro. Mudanças revolucionárias no currículo do Ensino médio fazem parte dessa necessária transformação. Um trabalho recente da UNESCO: Protótipos Curriculares de Ensino Médio e de Ensino Médio Integrado é uma resposta a essa necessidade urgente. Para acesso a um Resumo Executivo do projeto da UNESCO, clique aqui.

 

Protótipos de Ensino Médio são apresentados em reunião do CONSED 3 de outubro de 2011

No dia 23 de setembro, em reunião ordinária do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed),  a UNESCO fez uma apresentação dos Protótipos Curriculares de Ensino Médio (EM) e Ensino Médio Integrado (EMI). Em mesa coordenada pela presidente do Consed,  Maria Nilene Badeca da Costa (Secretária de Estado da Educação do Mato Grosso do Sul), a apresentação foi feita por Marilza Regattieri, da Representação da UNESCO no Brasil, por Luis Carlos de Menezes (USP) e José Antonio Küller (Sócio-diretor da Germinal Consultoria), que coordenou o grupo de trabalho que elaborou os protótipos.

Francisco Aparecido Cordão, presidente da Câmara de Educação Fundamental, do Conselho Nacional de Educação (CNE), concluiu a apresentação, discutindo as novas diretrizes curriculares do ensino médio e da educação profissional de nível médio, em processo de aprovação.

Os protótipos foram muito bem recebidos pelos secretários de educação presentes na reunião. Face ao interesse despertado, é possível que os protótipos voltem a ser debatidos em próxima reunião do Consed. Para conhecer a apresentação em Power-Point utilizada na reunião, clique aqui. Para ter acesso ao texto integral do Resumo Executivo do Projeto Protótipos Curriculares de Ensino Médio e de Ensino Médio Integrado, clique aqui.

 

Ainda sobre o Ensino Médio 16 de agosto de 2011

 Em muitos artigos publicados no Blog Germinal – Educação e Trabalho, temos tratado do currículo do Ensino Médio. Entendemos currículo como todas as experiências formais e informais de aprendizagem previstas ou produzidas em um determinado contexto social ou institucional. Entendido assim, o tema é bastante abrangente e complexo. Sobre ele existem muitas dúvidas. Mas, sobre ele já temos algumas certezas.

 

É certo e amplamente discutido que o ensino médio não atende as necessidades de seus alunos. É amplamente divulgado, especialmente nos meios empresariais, que o Ensino Médio não atende às necessidades do mercado de trabalho. É inquestionável, para todos os matizes ideológicos e para todos os que se aproximam do assunto, que o ensino médio está distante de atender as necessidades de preparação da juventude para enfrentar os problemas propostos pela sociedade contemporânea. É quase consenso que não temos, no mundo, caminhos seguros para uma nova escola secundária.

 

Então, o espaço está aberto para a criação. Nas artes, a criação antecipa e estimula as tendências. No mundo das necessidades, as inovações são exigidas pela ruína das velhas estruturas. Esse é o caso do ensino médio no Brasil ou da educação secundária no mundo. Não é uma questão de querer mudar. A mudança é imposta. A mudança é necessária e urgente. É preciso mudar.

 

Quando a necessidade de mudar emerge, é necessário um olhar renovado sobre os fundamentos. Toda mudança é feita a partir do que já está estabelecido. Mesmo nas revoluções ou nas grandes conquistas das civilizações em expansão, a nova sociedade é construída sobre as pedras da antiga.

 

Observe, então, os fundamentos do Ensino Médio. Na educação secundária brasileira ou mundial, quais são os grandes fundamentos? Qual desses fundamentos, que destruído, poderia ser a pedra angular da construção nova? Como a nova estrutura pode ser erigida a partir dos escombros da antiga? O que a antiga estrutura reprime? O que pode ser impulsionar uma escola nova?

 

Alguns dizem que é preciso mais recursos e que a educação deve ser prioridade nacional. Outros dizem que precisamos de novos professores. Alguns dizem que o problema reside nas teorias educacionais equivocadas. Outros dizem que precisamos de famílias que se preocupem com a educação de seus filhos. Outros dizem que…

 

Concordamos com os que dizem que a mudança educacional necessária é uma questão de recursos. Mas, falamos também de um tipo especial de recurso. Existe nos escombros da atual educação média um imenso potencial de recursos não aproveitados e até reprimidos. Falamos da energia juvenil.

 

Os números exatos não importam muito. Mas, hoje, só no Brasil, temos cerca de nove milhões de jovens sentados durante quatro ou mais horas por dia ouvindo um professor falar sobre coisas que vão ser certamente esquecidas. Em termos econômicos, são 28 milhões de homens/ horas/ dia consumidas em um enorme exercício de obediência e de paciência. Horas consumidas na expectativa de passar no vestibular para uma universidade que vai exigir a mesmo exercício e oferecer a mesma promessa: um emprego promissor.

 

Esse exercício monumental deveria pelo menos produzir a paciência e a obediência que são seus pilares.  Hoje, isso não é tão certo. O exagero na dose pode transformar o remédio em veneno. Os jovens detestam as aulas e mesmo com o atrativo da convivência com outros jovens, começam a abandonar a escola.  A violência escolar e as revoltas juvenis são cada vez mais frequentes.  Também na outra ponta, no mercado de trabalho que deveria receber esses jovens, a subserviência é questionada. Dizem que ela não é mais tão necessária como “virtude” do trabalhador na manutenção e no avanço de uma sociedade capitalista avançada. É um consenso pelo menos retórico que o avanço econômico na “sociedade do conhecimento” requer a iniciativa e a criatividade do trabalhador.

 

Propomos que o novo ensino médio seja construído a partir da liberação da energia juvenil. Isso significa convidar o jovem a participar da construção da nova escola.

 

Mas, o espaço escolar é muito limitado para a aplicação de tanta energia requerida. É preciso que a construção da nova escola preveja a participação do jovem na transformação da comunidade e da sociedade em que vive. Junto com o jovem, é preciso derrubar os muros da escola e transformá-la em instrumento de desenvolvimento econômico, cultural, científico e tecnológico da comunidade que a abriga.

 

Esse é um desafio do tamanho da energia reprimida.