Germinal – Educação e Trabalho

Soluções criativas em Educação, Educação Profissional e Gestão do Conhecimento

Alunos do Programa Jovem Aprendiz Rural auxiliam alunos do Sesi 16 de dezembro de 2008

 

O jornal A Tribuna de Jaboticabal, em sua edição de 03/10/2008, publicou a seguinte notícia sobre o Programa Jovem Aprendiz Rural do SENAR/SP:

 

As crianças receberam as orientações necessárias para cuidar das mudas de alface crespa e americana e rúcula

Os integrantes do “Programa Jovem Aprendiz Rural” estiveram quarta-feira (01), no Centro Educacional do Sesi, para auxiliarem os alunos do ciclo inicial II (9 e 10 anos) a montarem uma horta, nas dependências da escola.

Na oportunidade, as crianças receberam as orientações necessárias para cuidar das mudas de alface crespa e americana e rúcula, que foram plantadas no local.

De acordo com a professora de ciências e responsável pelo projeto no Sesi, Áurea Fiel Barbosa, a idéia da implantação da horta surgiu durante as aulas. “Estamos estudando o solo e suas transformações e nas aulas explico que solo é uma camada muito superficial, é onde plantamos, onde os animais e vegetais vivem e comecei a mostrar todo esse processo de diferentes formas. E foi aí que pensamos em fazermos uma horta”, explica.

 Segundo o instrutor do programa “Jovem Aprendiz Rural”, Lucas Gouveia Santana, a escola dispõe de ampla área externa, o que possibilitou a realização do projeto. “Os alunos do programa puderam colocar em prática o que aprenderam no curso até agora, como preparar a terra e as mudas e, além disso, ensinaram as crianças a como plantar e cuidar da horta”, diz.

A aluna Leandra Francieli Silva dos Santos comenta o que achou da iniciativa. “Estou achando muito legal tudo isso. Serve para aprendermos a cuidar mais da natureza”, fala.

 O plantio da horta foi acompanhado pelo prefeito municipal, pelo coordenador do SENAR Sérgio Lui e pela diretora do Centro Educacional do Sesi, Marlene Aparecida Polomini Bonato.

O “Programa Jovem Aprendiz Rural” é desenvolvido pelo Fundo Social de Solidariedade em parceria com o Sindicato Rural e o SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural).

Autor: Ass. Com. Bebedouro

 

O Programa Jovem Aprendiz Rural, destinado aos jovens oriundos do campo e aprendizes, foi desenvolvido pela Germinal Consultoria para o SENAR de São Paulo. Busca desenvolver competências básicas para o trabalho, competências gerais para o trabalho rural e competências para o empreendedorismo.

 

Para o desenvolvimento dessas competências, tem uma organização curricular composta por Projetos e Oficinas, como pode ser visto aqui. A atividade a que se refere a notícia é provavelmente derivada do Projeto de Ação Comunitária, que articula a dimensão  Ser Cidadão e é destinado ao desenvolvimento de competências para o exercício da cidadania.

 

Para cada um dos componentes curriculares foi elaborado um manual para o coordenador docente e uma Cartilha do Aprendiz, de modo a propiciar um referencial para a ação docente, um material de apoio para os alunos e facilitar a integração e o treinamento dos professores do Programa. Para conhecer agumas amostras desses manuais, clique aqui.

 

Ensino Médio – Cursos Técnicos 7 de outubro de 2008

 

A Germinal Consultoria tem significativa experiência em prestar assessoria no desenho e implementação de cursos técnicos de nivel médio.

 

Parte dessa experiência foi obtida no Senac/Rio. A Germinal ajudou a definir e acompanhou toda a estratégia de desenho dos curriculos e de implementação dos cursos técnicos daquele  Regional do Senac. Já no primeiro movimento, em 2000, foram desenhados cerca de 30 diferentes cursos técnicos. A maioria desses cursos foi implementada em 2001 e continua, com pequenos aperfeiçoamentos, a ser oferecida até hoje (2008).

 

No desenho original, todos os cursos técnicos do Senac Rio foram desenvolvidos a partir de uma mesma estrutura  comum. Esta estrutura curricular concretizava um conjunto de inovações educacionais que vale a pena destacar. Para connecer a estrutura básica dos cursos técnicos do Senac Rio, clique aqui.

 

 

1. Educação básica para o trabalho e para a cidadania

Marina Fedorova, Rússia

 

A legislação atribui ao Ensino Médio, como um todo, o objetivo de educação básica para o trabalho e a cidadania. O objetivo de preparação básica para o trabalho deve ser buscado pelo Ensino Médio mesmo quando ele não é profissionalizate. De forma básica, no mínimo, todo egresso do ensino médio deveria estar preparado para o trabalho. Segundo o Parecer CNE/CEB 15/1998, a educação básica para o trabalho, deve ser entendida como a base da formação de todos e para todos os tipos de trabalho.

 

É sabido, no entanto, que o Ensino Médio de caráter geral não realiza essa preparação básica para o trabalho.  A maioria dos cursos técnicos de nível médio também não se preocupa com ela. A educação profissional , quando desenvolvida de forma concomitante ou seqüencial ao Ensino Médio, é geralmente desenvolvida a partir de um currículo centrado no desenvolvimento de competências técnicas específicas.

 

Todos os levantamentos e análises de mercado, no entanto, apontam que as competências básicas para o trabalho são muito importantes  na obtenção do primeiro emprego e na manutenção dele.

 

A experiência da Geminal, no assesoramento da implementação de programas de educação básica para o trabalho, permite conclusão similar. Programas centrados nas competências básicas são efetivos na inclusão de jovens no mercado de trabalho. Superam inclusive os programas de qualificação destinados ao desenvolvimento de competências técnicas específicas para uma ocupação determinda.

 

Iniciativas como o Programa de Educação para o Trabalho (PET) do Senac de São Paulo, Portal do Futuro do Senac Rio e Trilha Jovem – Turismo e Responsabilidade Social do Instituto de Hospitalidade (IH) têm como resultado um número de jovens incluídos no mercado de trabalho em proporção superior aos convencionais programas de qualificação profissional.

 

Mais recentemente, também as competências ligadas ao exercício da cidadania vêm ganhando importância nos processos seletivos, especialmente nas grandes organizações.

 

 

Marina Fedorova, «Reflection 3» 2007, oil on canvas, Pintura Contemporânea

Levando em consideração esses estudos, análises e constatações, no currículo das habilitações profissionais de nível médio do Senac Rio foi incluído um módulo para o desenvolvimento de competências básicas parao exercício de profissões do Setor de Comércio e Serviços: O Núcleo Básico de Comércio e Serviços.

 

O Núcleo abrange competências básicas para a vida (ser pessoa ou saber ser), para o exercício da cidadania (ser cidadão ou saber conviver) e para o trabalho (ser profissional ou saber fazer). Esta última dimensão é depois complementada pelo desenvolvimento das competências necessárias para o trabalho em uma determinada área profissional e, por fim, pelas competências requeridas por uma habilitação específica.

 

No desenho curricular proposto, a educação básica para o trabalho e a cidadania (LDBN – Artig.35, II) não é o que contextualiza o currículo, embora também o faça ou possa fazer. Não é resultado de um trabalho interdisciplinar, embora facilite a interdisciplinaridade. Também não é produto da “compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando teoria com a prática, no ensino de cada disciplina” (LDBN – Art. 35, IV), embora possa se beneficiar disso.

Lagos, foto António Serra - Fotógrafos de Elvas
Lagos, foto António Serra – Fotógrafos de Elvas

 

É importante observar que se trata de uma inovação curricular. Ao conjunto de experiências de aprendizagem que resultam na educação básica para o trabalho é  reservado um componente curricular específico. O projeto que articula o Núcleo de Comércio e Serviços – a edição do livro MInha Vida, Meu Trabalho – é também aquele que articula o currículo como um todo. A educação básica para o trabalho e cidadania não é a alma do currículo. É o coração dele. Isso será exemplificado em um artigo posterior.

 

 

2. Currículo integrado

 

Mais recentemente, a proposta do Parecer CNE/CEB 15/1998 tem sido questinada. A educação básica para o trabalho, como lá entendida, tem sido considerada insuficiente para a superação da histórica dualidade do Ensino Médio. O currículo integrado de formação geral e educação profissional tem sido proposto por muitos educadores.

 

Observa-se, no entanto, que um currículo do Ensino Médio em ato não é apenas dual. Ele é fragmentado em disciplinas desconexas e descontextualizadas. A contextualização e a interdisplinaridade, embora normativas, não são praticadas. Em geral, não há o que integre de forma efetiva as partes ou as disciplinas do currículo, quer sejam de formação geral ou de educação profisional.

 

Embora restrito à parte de educação profissional, os cursos técnicos do Senac Rio são um modelo de integração curricular. O perfil profisional de conclusão de cada curso é um primeiro fator de integração. Dele decorrem as unidades curriculares que compõem o Núcleo Básico de cada área e os Módulos destinados à terminalidade, com uma qualificação ou habilitação profissional específica.

 

Um segundo motor de integração é constituído pelos projetos.  Eles articulam o currículo inteiro, como é o caso do livro Minha Vida, Meu Trabalho. Articulam também cada um dos módulos que compõem a estrutura curricular.

 

A arquitetura do currículo considera o projeto um componente curricular, com atribuição de carga horária para seu desenvolvimento. Atribui aos projetos o desenvolvimento das competências mais gerais e mais próximas do enfrentamento dos desafios e problemas da vida pessoal, cidadã ou profissional, especialmente as competências previstas no perfil profissional.

 

O currículo é completado pelas oficinas que giram em torno dos projetos, desenvolvendo as competências mais específicas ou os elementos de competência que vão ser requeridos pelas competências em desenvolvimento nos projetos.  Esse desenho será mostrado em exemplo a ser postado posteriormente.

 

 

3. Aprender a aprender

 

O incíso IV do artigo 35 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional qualifica a educação profissional básica que se pretende. Ele diz: “preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar a novas condições de ocupação ou aprefeiçoamento posterior”.

 

Espiral, foto João Bravo Pires, Fotógrafos de Elvas
Espiral, foto João Bravo Pires, Fotógrafos de Elvas

Para continuar aprendendo é necessário que o educando adquira mecanismos próprios de aprendizagem. Na vida profissional, é necessário que seja capaz de extrair aprendizagem a partir do enfrentamento dos desafios cotidianos do trabalho e da adaptação aos movimentos dos processos produtivos em evolução. Isso só é possível a partir de um exercício continuado de cliclos de ação – reflexão e ação, que devem ser feitos em condições transitórias e cambiantes.

 

Em príncípio, as condições da aprendizagem do aprender são providas pela metodologia de ensino-aprendizagem, que deve ser desenhada para produzir tais efeitos. Em geral, é uma questão metodológica.

 

Aí também a estrutura curricular dos cursos técnicos do Senac Rio é inovadora. Ela qualifica os projetos a serem desenvolvidos, configurando-os para a facilitação do aprender a aprender. Os projetos que articulam a porção especificamente profissionalizante dos currículos, por exemplo, devem “criar, transformar ou melhorar as atividades do Setor de Comércio e Serviços, onde atuará o profissional de nível técnico em formação”.

 

Os projetos não devem recriar ou simular as condições de vida, de participação comunitária ou do futuro trabalho dos educandos. Eles devem envolver os participantes em processos de transformação de tais condições de vida, de excercío da cidadania e de trabalho. Eles não visam uma adaptação dos educandos à condições mutantes do mercado de trabalho. Eles visam preparar agentes de transformação.

 

Do enfrentamento dos desafios gerados no envolvimento em processos de mudança é que decorre a aprendizagem do aprender. A perspectiva pedagógica de fundo postula que só se aprende efetivamente, de forma própria e significativa, enfrentando os desafios da transformação pessoal, social ou produtiva. 

 

O texto está ficando muito longo. Voltaremos ao tema oportunamente.